O poemário do cancioneiro português (incluindo fado, música tradicional e ligeira) pretende fomentar o gosto da poesia como parceira da música e a divulgação dos poetas cuja importância nem sempre é justamente reconhecida. Fontes: Blogue A Nossa Rádio, Álvaro José Ferreira.
De fragrâncias feiticeiras, este aroma que há em mim é p’ra carícias ligeiras, para dedos de cetim.
Manjerico – eu sou assim, eu sou flor que se não cheira, mas perfuma a noite inteira; Sou mais doce que o jasmim.
Dá-me um afago de mão e depois acaricia quem mais queiras, e confia que eu lhe aqueço o coração.
[ Jasmim: ]
Não sei se vivo se é sonho, tem brilho doce de estrela, tem luz e cor e eu componho a minh’alma só por ela.
Algo entre brisa e perfume passa tão perto de mim: é coisa entre flor e lume, um improvável jasmim.
Não sei se vivo se é sonho, tem brilho doce de estrela, tem luz e cor e eu componho a minh’alma só por ela.
Algo entre brisa e perfume passa tão perto de mim: é coisa entre flor e lume, um improvável jasmim.
Letra: Afonso Dias (“Manjerico”) e Maria da Conceição Silveira (“Jasmim”) Música: Afonso Dias Intérprete: Afonso Dias com Teresa Silva (in CD “Andanças & Cantorias”, Bons Ofícios – Associação Cultural, 2016)
De rosa branca ao peito
[ Rosa Branca ]
De Rosa ao peito na roda Eu bailei com quem calhou Tantas voltas dei bailando Que a rosa se desfolhou
Quem tem, quem tem Amor a seu jeito Colha a rosa branca Ponha a rosa ao peito
Ó roseira, roseirinha Roseira do meu jardim Se de rosas gostas tanto Porque não gostas de mim?
Autores: José de Jesus Guimarães/Resende Dias Intérprete: Mariza
Dizer-te namorada
[ Teu Nome Simplesmente ]
Dizer-te namorada será pouco, Chamar-te companheira não me basta; Quisera dar-te um nome bem mais louco Porque a palavra amante já está gasta.
Teu nome é um sorriso na manhã, Uma rima de sol na minha mão, Que sabe a Primavera e a romã Com travo de hortelã e de limão.
Quisera amor-perfeito, minha amiga, Chamar-te verde nome: Alecrim! Mas tu, além de flor, és a cantiga No chão deste poema que há em mim.
Assim eu gasto os dias à procura De um nome que não seja feito à toa, E com palavras gastas de ternura Chamo-te, simplesmente, só Lisboa!
Letra: Mário Rainho Música: José Fontes Rocha Intérprete: Joana Amendoeira (in CD “Amor Mais Perfeito: Tributo a José Fontes Rocha”, CNM, 2012) Versão original: Maria Armanda (in LP/CD “Simplesmente”, Discossete, 1991)
Maria Armanda, Simplesmente
Dó-me ser a flor do cardo
[ Flor do Cardo ]
Dói-me ser a flor do cardo, Não ter a mão de ninguém; Tenho a estranha natureza De florir com a tristeza E com ela me dar bem.
Dói-me o Tejo e dói-me a Lua, Dói-me a luz dessa aguarela; Tudo o que foi criação Se transforma em solidão Visto da minha janela.
O tempo não me diz nada, Já nada em mim se consome; Não sou princípio nem fim, Já nada chama por mim, Até me dói o meu nome.
Dói-me ser a flor do cardo, Não ter a mão de ninguém; Hei-de ser cravo encarnado Que vive em pé separado E acaba na mão de alguém.
Letra: João Monge Música: Joaquim Campos (Fado Tango) Intérprete: Aldina Duarte (in CD “Crua”, EMI Music Portugal, 2006)
Eu vi a buganvília
[ Buganvília ]
Eu vi a buganvília a dançar na ventania a trepar numa janela Eu vi a buganvília entre o acender da lua e o encanto da manhã
Eu vi a buganvília de noite junto ao lago a molhar o seu sorriso Sonhara que morrera nos ramos da buganvília nos tons do seu vestido
Eu vi a buganvília a fazer do teu vermelho um bordado marinheiro Quando encontras o sol no branco da cal te pões de amarelo
Quando encontras o sol no branco da cal…
Eu vi a buganvília a dançar na ventania a trepar numa janela Eu vi a buganvília entre o acender da lua e o encanto da manhã
Eu vi a buganvília de noite junto ao lago a molhar o seu sorriso Sonhara que morrera nos ramos da buganvília nos tons do seu vestido
Eu vi a buganvília a fazer do teu vermelho um bordado marinheiro Quando encontras o sol no branco da cal te pões de amarelo
Eu vi a buganvília a dançar na ventania a trepar numa janela Eu vi a buganvília entre o acender da lua e o encanto da manhã
Letra e música: João Afonso Lima Intérprete: João Afonso com Mafalda Serrano (in CD “Missangas”, Mercury/Polygram, 1997, reed. Universal Music, 2017)
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e a qualidade de vida dos idosos.
Contacte-nos:
António José Ferreira 962 942 759
Muito bem parece
[Moda:]
Muito bem parece Raminho de flores Gravado no peito, Gravado no peito Dos trabalhadores.
Dos trabalhadores, Dos oficiais… No meu lindo amor, No meu lindo amor Inda brilha mais.
[Cantiga:]
Algum dia eu era, Agora já não, Da tua roseira, Da tua roseira O melhor botão.
[Moda:]
Muito bem parece Raminho de flores Gravado no peito, Gravado no peito Dos trabalhadores.
Dos trabalhadores, Dos oficiais… No meu lindo amor, No meu lindo amor Inda brilha mais.
Letra e música: Popular (Alentejo) Intérprete: Grupo Coral “Os Ganhões de Castro Verde”* (in CD “Modas”, Robi Droli, 1994; Livro/2CD “Terra: Antologia 1972-2006”: CD 1, Associação de Cante Alentejano “Os Ganhões”, 2006)
Na mesma campa nasceram
[ Lenda das Rosas ]
Na mesma campa nasceram Duas roseiras a par; Conforme o vento as movia, Iam-se as rosas beijar.
Deu uma rosas vermelhas, Desse vermelho que os sábios Dizem ser a cor dos lábios Onde o amor põe centelhas; Da outra, gentis parelhas De rosas brancas vieram; Só nisso diferentes eram, Nada mais as diferençou: A mesma seiva as criou, Na mesma campa nasceram.
Dizem contos magoados Que aquele triste coval Fora leito nupcial De dois jovens namorados, Que no amor contrariados Ali se foram finar, E continuaram a amar Lá no Além, todavia: E por isso ali havia Duas roseiras a par.
A lenda simples, singela, Conta mais: que as rosas brancas Eram as mãos puras, francas, Da desditosa donzela; E ao querer beijar as mãos dela, Como na vida o fazia, A boca dele se abria Em rosas de rubra cor E segredavam o amor, Conforme o vento as movia.
Quando as crianças passavam Junto à linda sepultura, Toda a gente afirma e jura Que as rosas brancas coravam E as vermelhas se fechavam Para ninguém lhes tocar; Mas que, alta noite, ao luar, Entre um séquito de goivos, Tal qual os lábios dos noivos, Iam-se as rosas beijar.
Letra: João Linhares Barbosa Música: Popular e Maria Teresa de Noronha (Fado da Horas) Arranjo: José Pracana Intérprete: José Pracana (in EP “Lenda das Rosas”, Parlophone/VC, 1972; 2CD “Biografia do Fado”: CD 2, EMI-VC, 1994)
Sete dias da semana
Sete dias da semana Vou mandá-los dividir Com cantigas de amor, Menina, se queres ouvir.
A segunda é pelo trevo Que nasce pelo chão Também o meu amor nasce Da raiz do coração.
A terça-feira é pela rosa Que nasce na Primavera Desejava eu saber A tua intenção qual era.
Quarta-feira é pela água Que rega a bela verdura Também rega esses teus olhos Que têm tanta formosura.
Quinta-feira é pela perpétua Que dá flor excelente Falo bem ao meu amor Às vezes também me mente.
Sexta é pelo alecrim Carregadinho de flor Dentro do meu coração Não existe outro amor.
Sábado é pelo cravo Que dá flor encarnada Eu só queria um beijinho E não queria mais nada.
Tradicional da Madeira, com adaptações
Rosa
https://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2020/05/rosa.jpg400400António Ferreirahttps://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/03/Logomarca-MELOTECA-300x86.jpgAntónio Ferreira2020-05-01 11:40:352025-06-12 20:24:23Canções de flores
Cebolas, semilhas, Também batatinhas, Pimentas e alhos, Galinhas e galos, Ovos e trigo, Laranjas, cuscuz… Tudo aqui trazemos. Desculpa, Jesus!
Ó meu Menino Jesus, Desculpa ser poucochinho: O carro não leva mais, O ‘chaufer’ é pequenino!
Quem nasceu na manjedoura Foi o Menino Jesus! Eu p’ra o ano, se for viva, Trago um prato de cuscuz.
Cebolas, semilhas, Também batatinhas, Pimentas e alhos, Galinhas e galos, Ovos e trigo, Laranjas, cuscuz… Tudo aqui trazemos. Desculpa, Jesus!
Cebolas, semilhas, Também batatinhas, Pimentas e alhos, Galinhas e galos, Ovos e trigo, Laranjas, cuscuz… Tudo aqui trazemos. Desculpa, Jesus!
Ó meu Menino Jesus, Que nasceu num curralinho, Aqui trago esta lembrança Que comprei ao meu vizinho.
Do bairrinho da Lombada Só vem este comerzinho… Mas é de boa vontade Que ofer’cemos ao Menino.
Cebolas, semilhas, Também batatinhas, Pimentas e alhos, Galinhas e galos, Ovos e trigo, Laranjas, cuscuz… Tudo aqui trazemos. Desculpa, Jesus!
Letra (quadras populares): Tradicional (Ponta Delgada, São Vicente, Madeira) Recolha: Horácio Bento de Gouveia Música: Tradicional (Calheta, Madeira) Recolha: João Arnaldo Rufino da Silva Adaptação: Xarabanda (2001) Intérprete: Xarabanda (in CD “Cantigas ao Menino Jesus: Natal Tradicional Madeirense”, Associação Musical e Cultural Xarabanda, 2002)
Da Serra Veio um Pastor
Da serra veio um pastor, À minha porta bateu; Trouxe uma carta que diz Que o Deus-Menino nasceu.
Essa notícia tivemos À meia-noite seria; Por isso, nós vamos dar Os parabéns a Maria.
Também diz a tal cartinha Que a Virgem estava a chorar, Por não ter uma roupinha Com que o pudesse abafar.
A carta diz que Ele está Nas campinas de Belém, Numa caminha de palhas, Sozinho sem mais ninguém.
Essa notícia tivemos Logo que cantou o galo, E deixámos nossos campos Para virmos adorá-Lo.
Ó meu Menino Jesus, Meu lindo amor-perfeito, Se Vós tendes frio, vinde, Vinde parar ao meu peito!
Nos braços da Bela Aurora Vejo o Menino brincando, Com a mãozinha de fora Todo o mundo abençoando.
Letra e música: Tradicional (Boaventura, São Vicente, Madeira) Recolha: Xarabanda (1988) Intérprete: Xarabanda (in CD “Cantigas ao Menino Jesus: Natal Tradicional Madeirense”, Associação Musical e Cultural Xarabanda, 2002)
Deus do Céu mandou-me aqui
[ Anunciação do Anjo (aos Pastores) ]
Deus do Céu mandou-me aqui Anunciar aos pastores Que em Belém nasceu Jesus: Vinde cantar seus louvores!
Participo a vós, pastores, A maior das alegrias: Que ali mesmo, em Belém, Já é nascido o Messias!
Que será, o que será? Ora pois, que há-de ser? É por certo o Deus-Menino Que acaba de nascer.
Despontou a vossa esperança, Despontou a vossa luz, Acabaram vossas queixas: Entre nós está Jesus!
P’ra conhecer o Menino Eu vou dar-vos uns sinais: Está deitado num presépio Encostado aos animais.
Que será, o que será? Ora pois, que há-de ser? É, por certo, o Deus-Menino Que acaba de nascer.
Ele estará deitadinho Nas palhinhas de um curral, Embrulhado em paninhos: Tudo isto é o sinal.
Agora vou p’ra Belém Adorar o nosso Deus… Correi todos, ide vê-lo! Até logo, adeus, adeus!
Que será, o que será? Ora pois, que há-de ser? É, por certo, o Deus-Menino Que acaba de nascer.
Letra e música: Tradicional (Cabeço da Oliveira, Ponta Delgada, São Vicente, Madeira) Informante: Eulália de Freitas Recolha: Xarabanda (1996) Intérprete: Xarabanda (in CD “Cantigas ao Menino Jesus: Natal Tradicional Madeirense”, Associação Musical e Cultural Xarabanda, 2002)
Entre as portas de Belém
[ Cante ao Menino ]
Entre as portas da Belém Está uma mulher cosendo; Está fazendo as camisinhas P’ró Deus-Menino em nascendo.
O Deus-Menino nasceu Numa noite de Natal, Ali junto à meia-noite Antes do galo cantar.
Letra e música: Popular (Baixo Alentejo) Intérprete: Rancho Coral e Etnográfico de Vila Nova de São Bento (in livro/CD “Cante ao Menino, janeiras, Reis do Concelho de Serpa”, Confraria do Cante Alentejano, 2019)
Meia-Noite Dada
Meia-noite dada, Meia-noite em pino, Cantavam os galos, Nascia o Menino.
Meia-noite dada, Meia-noite em pino, Cantavam os galos, Chorava o Menino.
Chorava o Menino, Como um enjeitado Em lapa da serra, Não num povoado.
A Virgem Lhe disse Com mui grande dor: «Calai-vos, meu Filho Jesus, meu Amor…
Que não tenho berço! E quem T’o faria? Dormi Vós no feno Desta estrebaria!»
Menino tão rico, Que tão pobre estais Deitado no feno Entre os animais!
Os filhos dos homens, Em berço doirado… E Vós, meu Menino, Em palhas deitado!
Em palhas deitado, Tão pobre, esquecido… Filho de uma rosa, De um cravo nascido.
Letra e música: Tradicional (Câmara de Lobos, Madeira) (in livro “cânticos Religiosos do Natal Madeirense”, de João Arnaldo Rufino da Silva, Direcção-Regional dos Assuntos Culturais, 1998) Intérprete: Xarabanda (in CD “Cantigas ao Menino Jesus: Natal Tradicional Madeirense”, Associação Musical e Cultural Xarabanda, 2002)
Menino Jesus
[ Ó Viva Jesus! ]
Menino Jesus, Dizei à mamã Que mate o porquinho, Que a Festa já vem!
E o que levaremos Para Lhe of’recer? Bolinhos do caco E mel para comer.
Ó viva Jesus, José e Maria! Ora viva, viva A nossa romaria!
Menino tão rico, Tão pobre que estás Deitado nas palhas Entre os animais!
E olhai para Ele: A graça que tem! Tanto se parece Com a sua Mãe!
Ó viva Jesus, José e Maria! Ora viva, viva A nossa romaria!
Maria e José Com Ele lá estão: Aquilo é que é Uma satisfação!
Meu rico Menino, Meu amor profundo, Dê-nos bom Natal E a paz no mundo!
Ó viva Jesus, José e Maria! Ora viva, viva A nossa romaria!
Letra e música: Tradicional (Paul do Mar, Calheta, Madeira) Informante: Maria Lucília Abreu Gouveia Recolha: Xarabanda (1982) Intérprete: Xarabanda (in CD “Cantigas ao Menino Jesus: Natal Tradicional Madeirense”, Associação Musical e Cultural Xarabanda, 2002)
Ó meu Menino Jesus
Ó meu Menino Jesus Dizei-me que Noite é esta. Hoje é Noite de Natal E amanhã Dia de Festa. I Tocam os sinos em Belém Vamos todos a correr Vamos ver o Deus Menino Que acabou de nascer. II Entrai pastorinhos, Por este portão sagrado, Vamos ver o Deus Menino Que está numas palhinhas deitado. III Menino Jesus Ditoso é quem vos ama. Quem toma amor com Jesus Não dorme amanhã na cama.
I Nossa Senhora faz meias, Com linha feita de luz, O novelo é lua cheia, As meias são para Jesus. II As meias são para Jesus, A linha é feita do alto. Para quem fazia ela as meias Se Cristo anda descalço? III Não chores mais Meu Menino Que a mãezinha logo vem Foi lavar os cueirinhos À fontinha de Belém.114
I Ó Meu Menino Jesus Que é dos vossos sapatinhos? Esqueci-me na ribeira Onde lavei os pezinhos. II Correi pastorinhos Vamos a Belém Beijar o Menino Que a Virgem tem.
Oh! Duas falas deu Maria
[ Oração ao Menino Jesus ]
Oh! Duas falas deu Maria, Meu Menino Jesus, Quando nasceu Menino: «Oh! Vem-te cá, meu bago d’oiro, Meu Menino Jesus, Meu sacramento divino!»
Oh! Cantigas cantavam-me já, Meu Menino Jesus, Quando embalava Jesus: «Calai-Vos, meu filho, não chores, Meu Menino Jesus, Que haverás de morrer na cruz!»
Oh! Menino, vamos ao Céu, Meu Menino Jesus, Numa escadinha de prata! Oh! Visitai Jesus Menino, Meu Menino Jesus, Menino Jesus da lapa!
Oh! Menino, vamos ao Céu, Meu Menino Jesus, Numa escadinha de oiro! O Vosso poder é tão grande, Meu Menino Jesus, Governai o mundo todo!
Oh! Ai ó lari la lai la! Oh! Ai ó lari ló ló! Oh! Ai ó lari la lai la! Oh! Ai ó lari ló ló! Oh! Ai ó lari la lai la! Oh! Ai ó lari ló ló! Oh! Ai ó lari la lai la! Oh! Ai ó lari ló ló! Oh! Ai ó lari la lai la! Oh! Ai ó lari ló ló!
Letra e música: Tradicional (Ribeira Seca, Machico, Madeira) Informantes: Maria José Ferreira Clemente, Cristina Ferreira Clemente, Serafina Ferreira Clemente, Rosa Marques Recolha: António Aragão e Artur Andrade (1970) Arquivo: DRAC (Direcção-Regional dos Assuntos Culturais) Intérprete: Xarabanda (in CD “Cantigas ao Menino Jesus: Natal Tradicional Madeirense”, Associação Musical e Cultural Xarabanda, 2002)
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
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Pastorinhos do Deserto
Pastorinhos do deserto, Correi todos a Belém Adorar o Deus-Menino Nos braços da Virgem mãe!
Os anjos primeiro pegam No Menino Deus nascido: Não deixais cair no chão Em seus braços entretido!
Depois a Virgem Maria Nos seus braços o recebe; Como mãe, lhe beija a face Mais alva que a pura neve!
Foste nascer numa gruta, Ó grande Rei das nações!… Vinde derreter a frieza Dos nossos duros corações!
Estas águas cristalinas Vão direitas parar ao mar… Vou lavar as minhas mãos Para no Menino pegar.
Letra e música: Tradicional (Ribeira Seca, Machico, Madeira) Informantes: Maria José Ferreira Clemente, Cristina Ferreira Clemente, Serafina Ferreira Clemente e Rosa Marques Recolha: António Aragão e Artur Andrade (1970) Arquivo: DRAC (Direcção-Regional dos Assuntos Culturais) Intérprete: Xarabanda (in CD “Cantigas ao Menino Jesus: Natal Tradicional Madeirense”, Associação Musical e Cultural Xarabanda, 2002)
Vinde já
I Vinde já, meu Deus Menino, Nascer no meu coração, Tomai dele inteira posse, Tomai-o na vossa mão. II Meia noite já é dada Prazer santo respiremos Em honra ao Filho da Virgem Alegres hinos cantemos. III Do varão nasceu a vara Da vara nasceu a flor, Da flor nasceu Maria, De Maria o Redentor. IV Pastorinhos do deserto Correi todos, ide ver A pobreza da lapinha Onde Cristo quis nascer.
Tradicional da Madeira
Searinhas da Festa, Natal na Madeira
https://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2020/05/searinhas-da-festa-nelson-verissimo-funchal-noticias.jpg400400António Ferreirahttps://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/03/Logomarca-MELOTECA-300x86.jpgAntónio Ferreira2020-05-01 11:06:542025-06-15 18:43:42Canções de Natal
Letras de canções sobre a festa, sobre o magustos e as castanhas
Asso a castanha
Asso a castanha no meu fogareiro. E quem é que a ganha? É quem tiver dinheiro.
Tiro a castanha do meu fogareiro. E quem é que a ganha? Quem for um bom parceiro.
(António José Ferreira, Outono Encantado)
Caem castanhas
Caem castanhas do castanheiro antigo. Quero partilhá-las com o melhor amigo.
Caem castanhas, dezenas e centenas. Há castanhas grandes, há médias, há pequenas.
(António José Ferreira, Musatividades)
Cai a castanha
Cai a castanha do velho castanheiro. E quem é que a ganha? É quem chegar primeiro!
Cai a castanha No campo de erva verde. Castanha escondida, Castanha que se perde.
(António José Ferreira, Musatividades 3)
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
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Cai a castanha, é de quem a apanha; cai a castanhinha, talvez seja minha.
É castanha crua, deve ser a tua; esta é bem assada, para a minha amada.
Esta é cozida, é boa comida; se é bem descascada, não restará nada.
(António José Ferreira, O Ritmo e a Rima)
Castanhas, castanhas
Castanhas, castanhas, Assadinhas com sal, Quentinhas, quentinhas, Que não te façam mal!
Saltitam, crepitam, Toma lá e dá cá. S. Martinho sem vinho, Castanhas não há.
Chega o outono
Chega o outono, a castanha é rainha. Uma será tua, a outra será minha.
Caem castanhas do castanheiro antigo. Quero partilhá-las com o melhor amigo.
(António José Ferreira, Musatividades 1)
Descasca a castanha
Descasca a castanha muito bem descascadinha. Verás que, dentro da casca, há outra casca castanha clarinha.
(Destrava a Língua)
No Verão de São Martinho
No Verão de São Martinho todos gostam de saltar e as castanhas, na fogueira, também ficam a pular.
Uma vez, o São Martinho, viajava a cavalo. Encontrou um sem abrigo e quis logo ajudá-lo.
São Martinho deu a capa àquele pobre mendigo e o sol fez um milagre porque também é amigo.
(António José Ferreira, Música e Cidadania)
Pelo S. Martinho
Pelo S. Martinho Eu faço um magusto. Estalam castanhas Mas eu não me assusto.
Ai vamos assar castanhas Que é dia de S. Martinho; Castanhas quentes e boas Ai, eu te dou com carinho!
Pelo S. Martinho Que ando a fazer? Assando o bacalhau Para se comer!
São Martinho de Tours
S. Martinho indo nos montes
S. Martinho indo nos montes… A cavalgar encontrou um pobre Que lhe pediu uma esmola. Como ele não tinha nada para lhe dar Cortou a capa para o abafar.
Que dia de Outono tão belo! É dia de S. Martinho. Comemos bacalhau e castanhas E tomamos uns copinhos de vinho.
Castanheiro dá castanhas Menina, parta os ouriços! Se adoecer Não diga que são feitiços.
Ó meu rico São Martinho
Ó meu rico São Martinho Ó meu adorado santo Dá-me castanhas e vinho É coisa que eu gosto tanto.
És padroeiro do meu pai Serás sempre também meu Quando a pipa a meio vai Eu já espero um milagre teu.
São Martinho milagroso São Martinho da alegria Todos vivem ansiosos Esperam pelo seu dia.
Foi São Martinho Que trinta pipas encheu Com um só cacho E ainda bagos cresceu.
[ Tradicional da Madeira ]
https://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2020/05/sao-martinho-de-tours.jpg400400António Ferreirahttps://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/03/Logomarca-MELOTECA-300x86.jpgAntónio Ferreira2020-05-01 09:04:332024-11-13 11:19:34Canções de São Martinho
A azeitona por ser preta Ai, vai-se a moer ao lagar; Também eu por ser trigueira Ai, na terra me hei-de eu casar.
A oliveira pequenina Ai, que azeitona pode dar? Um baguinho, até dois Ai, até muito carregar.
Nós andamos na vindima, Ai, que lindos cachos que saem! Havemos de pendurá-los, Ai, todo o tempo sabem bem.
A azeitona por ser preta Ai, vai-se a moer ao lagar; Também eu por ser trigueira Ai, na terra me hei-de eu casar.
A oliveira pequenina Ai, que azeitona pode dar? Um baguinho, até dois Ai, até muito carregar.
Nós andamos na vindima, Ai, que lindos cachos que saem! Havemos de pendurá-los, Ai, todo o tempo sabem bem.
Letra e música: Tradicional (Outeiro, Sertã, Beira Baixa) Recolha: Armando Leça (1939-40) Intérprete: Ai! (in CD “Lavra, Boi, Lavra: Canções de Trabalho”, Ai!/Coruja do Mato, 2015)
Ramo de oliveira
De mão na anca
[ Fado Varina ]
De mão na anca, descompõem a freguesa: atrás da banca, chamam-lhe gosma e burguesa. Mas nessa voz, como insulto à portuguesa, há o sal de todos nós, há ternura e há beleza. Do alto mar chega o pregão que se alastra: têm ondas no andar quando embalam a canastra.
Minha varina, que chinelas por Lisboa! Em cada esquina é o mar que se apregoa. Nas escadinhas dás mais cor aos azulejos, quando apregoas sardinhas que me sabem como beijos. Os teus pregões são iguais à claridade: caldeirada de canções que se entorna na cidade.
Os teus pregões são iguais à claridade: caldeirada de canções que se entorna na cidade.
Cordões ao peito, numa luta que é honrada; a sogra a jeito na cabeça levantada. De perna nua, com provocante altivez, descobrindo o mar da rua que esse, sim, é português. São as varinas dos poemas do Cesário a vender a ferramenta de que o mar é o operário.
Minha varina, que chinelas por Lisboa! Em cada esquina é o mar que se apregoa. Nas escadinhas dás mais cor aos azulejos, quando apregoas sardinhas que me sabem como beijos. Os teus pregões nunca mais ganham idade: versos frescos de Camões com salada de saudade.
Os teus pregões nunca mais ganham idade: versos frescos de Camões com salada de saudade.
Letra: José Carlos Ary dos Santos Música: Mário Moniz Pereira Intérprete: Carlos do Carmo* (in LP “Um Homem na Cidade”, Trova/Movieplay Portuguesa, 1977, reed. Fatum/UPAV, 1991, Philips/Polygram, 1995, Série “Carlos do Carmo 50 Anos”, Vol. 06, Universal Music Portugal, 2013; 2CD/DVD “Fado Maestro”: CD 2, Universal Music Portugal, 2008; 10 livro/CD “100 Canções, Uma Vida”: CD 2 – “Lisboa”, Universal Music Portugal/Público, 2010)
Dezembro
[ O Cavador ]
Dezembro, noite, canta o galo… Rouco na treva canta o galo… Aldeão não durmas!… Vai chamá-lo, Miséria negra, vai chamá-lo!… — Oh, dor! oh, dor! oh, dor! — Bate-lhe à porta, é teu vassalo, Que traga a enxada, é teu vassalo, Fantasma negro, o cavador!
Vem roxa a estrela d’alvorada… Vem morta a estrela d’alvorada — Montanhas nuas sob a geada!… Hirtas, de bronze, sob a geada!… — Oh, dor! oh, dor! oh, dor! — Torvo, inclinado sobre a enxada, Rasga as montanhas com a enxada, Fantasma negro, o cavador!
Cavou, cavou desde que é dia… Cavou, cavou… Bateu meio-dia… De pé na encosta erma e bravia, Triste na encosta erma e bravia, — Oh, dor! oh, dor! oh, dor! — Largando a enxada, «Ave-Maria!…» Reza em silêncio… «Ave-Maria!…» Fantasma negro, o cavador!
Cavou cem montes… que é do trigo? Gerou seis bocas… que é do trigo? Bateu a Fome ao seu postigo… Bateu a Morte ao seu postigo… — Oh, dor! oh, dor! oh, dor! — «Que a paz de Deus seja comigo!… Que a paz de Deus seja comigo!…» Disse, expirando, o cavador!
Poema: Guerra Junqueiro (excerto adaptado) Música: Luís Cília Intérprete: Luís Cília (in LP “La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours – 2”, Moshé-Naïm, 1969; CD “La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours”, EMEN, 1996)
Reciclanda
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Ai, ó gentinha desta terra
[ Moda de Malhar ]
Ai, ó gentinha desta terra, Ai, venham ver a grande malha!
Umas ceifam, outras erguem E outras seguram… E outras seguram… E outras seguram a palha.
Ai, nosso amo anda agastado, Ai, é por ver o sol baixinho.
Estamos ao cimo da eira, Ai, venha a botelha… Ai, venha a botelha… Ai, venha a botelha do vinho!
Ai, lá baixo vem a raposa Ai, com seu rabo pelo chão,
Procurar aos lenhadores Se têm um carneiro… Se têm um carneiro… Se tem um carneiro ou não.
Nosso amo tem uma vaca, Ai, também tem um bezerrinho:
A vaca chama-se Andurra E o bezerro vem… E o bezerro vem… E o bezerro vem ao vinho.
Ai, já roubaram ao moleiro Ai, a filha pelo telhado:
Julgavam que era presunto Que estava depen… Que estava depen… Que estava dependurado.
Moda de Malhar Letra e música: Tradicional (Cedovim, Vila Nova de Foz Côa, Beira Alta) Intérprete: Ai!* (in CD “Lavra, Boi, Lavra: Canções de Trabalho”, Ai!/Coruja do Mato, 2015)
César Prata
Amaduraram-se os cachos
[ Vindimeiro ]
Amaduraram-se os cachos torna o tempo da vindima bagos novos bagos novos arde-lhes o oiro em cima
vergam-se as vides pesadas bagos ciosos se animam vindimeiro vindimando vinho moço em velha vinha
Vindimeiro vindimado quem te vindima a ansiedade? cachos verdes quem tos dera para vindimares a saudade
tens mais sede de vindima do que tem a farta uva a sede de ser colhida se cai a primeira chuva
Como cachos para o lagar saltam os seios às vindimeiras bagos cheios bagos cheios de desejo e bebedeiras
anda a serpente da terra na dança das parras soltas vindimeiras vindimadas rebentam bagos na boca
Vindimeiro vindimado quem te vindima a ansiedade? cachos verdes quem tos dera para vindimares a saudade
tens mais sede de vindima do que tem a farta uva a sede de ser colhida se cai a primeira chuva
tens mais sede de vindima do que tem a farta uva a sede de ser colhida se cai a primeira chuva
Letra: Manuel Lima Brummon Música: Vítor Manuel Rodrigues Intérprete: Tereza Tarouca (in LP “Portugal Triste”, Alvorada/Rádio Triunfo, 1980; CD “Tereza Tarouca”, col. O Melhor dos Melhores, vol. 32, Movieplay, 1994; CD “Teresa Tarouca”, col. Clássicos da Renascença, vol. 15, Movieplay, 2000)
Ao meu ceifãozinho novo
Ao meu ceifãozinho novo Olha lá como ceifas Não cortes os meus dedos São penas que tu me dás.
Fui à ceifa do Porto Santo Fui à igrejinha dos profetas Olhei para o altar e vi O padre em cuecas.
Fui à ceifa ao Porto Santo À fama do bom ceifar Fui para amarrar as gavelas Puseram-me a respigar.
Fui à ceifa ao Porto Santo Com as cearas amarelas As moças me deram fitas Para amarrar as gavelas.
Fiz a cama na feiteira Travesseiro na giesta De que serve a cama boa Se o travesseiro não presta.
Meloteca, recursos musicais criativos para crianças, professores e educadores
Apanhámos este trigo
Apanhámos este trigo e colhemos a nossa aveia, falámos da nossa vida, deixámos a vida alheia.
Eu subi à ladeira, ó João canta comigo: És um botão de rosa, botão de cravo sou eu,
assobia cana verde, assobia de nó em nó, a falar com o meu amor, julgava que estava só.
Quando eu comecei a amar, foi numa segunda-feira, fui amando e fui gostando, amei a semana inteira!
Ó que lindo chapéu preto naquela cabeça vai, ó que lindo rapazinho era genro para ser de meu pai!
Passei à tua porta, pus a mão na fechadura, estavas dentro, não falaste, coração de pedra dura.
(Tradicional da Madeira, cantigas que se cantavam quando se apanhava o trigo.)
As lavadeiras
As lavadeiras sempre a lavar Muito ligeiras roupas a corar Ligeiras são com alegria, O ganha-pão de cada dia.
Sou vaidosa não me chames Faz favor de se calar Na ribeira de João Gomes, Minha roupa vou lavar.
Minha roupa estou lavando Com isso eu tenho alegria, Eu sou sempre lavadeira Ganho o pão de cada dia.
Tradicional da Madeira
Bela ceifeira
Bela ceifeira d’outrora Elas linda mesmo trigueira E quando eu te olho agora Nem pareces tu ceifeira
Nos teus tempos de moçoila Eras tu, ó linda cara A mais bonita papoila Que se via pela seara
Tinhas cabelos loirinhos Como espigas nos trigais Mas hoje são tão branquinhos Como linho ou talvez mais
Numa tarde de sol quente Em ceifa do Zé das Navas Eu atava alegremente O trigo que tu ceifavas
Eu já no fim de Junho Tu não te lembras, amiga Em que tu de foice em punho Me cantaste esta cantiga
Ao atares estas gavelas Agora as que ceifo aqui Repara que dentro delas Vão beijinhos para ti
Minha resposta, afinal Já não me recorda toda Sei que dia do Natal Foi a nossa bela boda
Passou o tempo, discordámos Era dia de Santo André À lareira conversávamos Sobre a vinda de um bebé
Eu desejava um menino Tu uma menina, e depois Por milagre divino Fomos brindados os dois
Essa menina, porém És mesmo o retrato teu O menino, sabe-lo bem, Esse não, esse é o meu
Nossa casa tão modesta Pequenina mas tão bela Tem sempre um ar de festa Paz e amor dentro dela
Anos, já lá vão setenta Sempre pobre, mas enfim Qualquer coisa me contenta Até quem me fala assim:
“Onde vai, de braço dado, Senhor Nuno com Ti Arriça?” Respondo, muito animando: “É domingo, vou à missa.”
Constantino José Abreu, “o Caipira”
Bóia, bóia, binha
Bóia, bóia, binha, que faz assim, assim. 1. Ora agora a costureira faz assim, assim, assim.
2. o alfaiate
3. o sapateiro
4. a brunideira
Santo Tirso, Douro Litoral
Corta, minha foice
[ Cantiga da Ceifa ]
Corta, minha foice, corta Ai, neste pão tão miudinho! Ai, quem houver de andar p’ra outrem Ai, há-de andar com cuidadinho!
Por cima se ceifa o pão, Ai, por baixo fica o restolho. Ai, menina não se ‘namore Ai, do rapaz que empisca o olho!
O rapaz do chapéu preto Ai, precisa a cara partida: Ai, por baixo do chapéu preto Ai, pisca o olho à rapariga.
Quem me dera já cá noite: Ai, o pão da ceia na mão, Ai, o dinheiro na algibeira, Ai, o amor no coração.
Corta, minha foice, corta Ai, neste pão tão miudinho! Ai, quem houver de andar p’ra outrem Ai, há-de andar com cuidadinho!
Letra e música: Tradicional (Fernão Joanes, Guarda, Beira Alta) Intérprete: Ai!* (in CD “Lavra, Boi, Lavra: Canções de Trabalho”, Ai!/Coruja do Mato, 2015) Outra versão com César Prata: César Prata – “Cantiga da Ceifa e Nome de Maria” (in CD “Futuras Instalações”, César Prata/RequeRec, 2014)
César Prata
De onde vieste agora
[ Cantiga de apanhar o trigo ]
De onde vieste agora Boca cheia de alegria A tua cara merece Trinta beijos cada dia.
Da minha janela à tua Um saltinho de uma cobra Eu gostava de chamar Tua mãe por minha sogra.
Eu mandei buscar lá fora O que não há na Madeira, Uma cangalha de cornos Para te fincar na caveira.
Minha mãe para me casar Prometeu-me quanto tinha, Depois de me ver casada Deu-me uma agulha sem linha.
Trigo louro, trigo louro Trigo de palha amarela, De baixo do trigo loiro Namorei uma donzela.
Trigo loiro trigo loiro Trigo de palha dourada, Debaixo do trigo loiro Namorei uma casada.
Trigo loiro, trigo loiro Quem me dera a tua cor, Para andar nos calos santos Servir a Deus Nosso Senhor.
Deitei um limão correndo À tua porta parou, Quando o limão te quer bem Que fará quem o deitou.
Semeei no meu quintal O brio das raparigas, Nasceu-me uma rosa branca Cercada de margaridas.
Cantiguinhas que eu sabia Todas me têm esquecido, Agora me têm esquecido Na apanhadinha do trigo.
Minha mãe mandou-me à lenha Trouxe lenha de giesta, Minha mãe ficou contente Para cozer o pão da festa.
Tradicional da Madeira
E oh lera
[ Lerar o Gado ]
E oh lera, oh! Inda Lucinda, oh andas oh?! Diz-me onde andas com as ovelhas, Lá vou ter! E oh lera!
E oh lera, oh! Inda Zulmira, oh andas oh?! Ando noutra rua ali oer, Vem cá ter! E oh lera!
E oh lera, oh! Inda Lucinda, pois sim oer! Então vou lá ter, Guarda-me da tua merenda! E oh lera!
E oh lera, oh! Inda Zulmira, ohi, pois sim! E oh lera!
E oh lera, oh! Inda Lucinda, oheu, adeus! E oh lera!
Letra e música: Tradicional (Vouzela, Beira Alta) Intérprete: Ai! (in CD “Lavra, Boi, Lavra: Canções de Trabalho”, Ai!/Coruja do Mato, 2015)
Lavra, boi, lavra
Elas lavam
[ As lavadeiras ]
Elas lavam, elas lavam, Elas lavam sem parar.
Põe aqui o teu pezinho, põe aqui na brincadeira. Vamos ver as lavadeiras a lavarem na Ribeira.
Elas esfregam, elas esfregam, Elas esfregam sem parar. Elas torcem, elas torcem, Elas torcem sem parar.
Elas dobram, elas dobram, Elas dobram sem parar. Elas falam, elas falam, Elas falam sem parar.
Tradicional da Madeira
Ele não é empregado da aplicação
[ Escravo do Patrão ]
Autor: Luís Varatojo Intérprete: Luta Livre
Eu sou o Xico pastor
Eu sou o Xico pastor Minha vida é guardar gado Eu juro que tenho amor Às ovelhinhas que guardo
São todas de bom tamanho Lindas e bem arraçadas E das trezentas do rebanho Tenho oito baptizadas
É a Má e a Princesa A Churra e a Vaidosa A Manca, a Baronesa A Bonita e a Gulosa
A Cabresto, a mais gorducha Que traz o maior chocalho É vendida baratucha É machorra, vai para o talho
Um borrego temporão Que lá tenho com a lã vasta Eu direi ao meu patrão Para o deixar para casta
Meu ajuda vai à fonte Traz notícias da aldeia À noitinha vai ao monte Com o tarro buscar a ceia
Durmo no alto da serra Do São Miguel até Março São vistas da minha terra As fogueiras que ali faço
Deitado na minha choça Vejo em noites luarentas Lá no pino duma rocha As corujas agoirentas
E a raposa esperta Quer-me um borrego roubar Meu canito está alerta Não a deixa aproximar
Ao chegar o santo dia Eu fico cheio de alegria Olho o prado, é um jardim A minha flauta a tocar Passarinhos a cantar É tão bom viver assim
Constantino José Abreu, “o Caipira”
Eu sou o Zé da enxada
Eu sou o Zé da enxada Caminhando de madrugada Oiço a linda cotovia Voando alto sem a ver O seu canto quer dizer: “Vem aí um novo dia”
Ao passar junto ao silvado Abala o melro assustado Lá foge o espertalhão O rouxinol não se espanta Em vez de fugir canta A sua linda canção
Chego ao lugar destinado De pão como um bocado Sentado a descansar Nasce o sol e de repente Diz o manajeiro: “Ó gente, Nós temos de ir a trabalhar!”
Vou-me à enxada agarrar E então começo a cavar Com vontade e valentia Assim que chega o sol-posto Eu volto a casa com gosto Para junto da Maria
Chego, as boas-noites dou A seguir, lavar-me vou Já está na mesa a ceia Enquanto eu estou ceando A Maria está contando Novidades da aldeia
Esta vida para mim Espinhosa, mas enfim Mas vivo com alegria Tem sido e continua A enxada e a charrua Darem-me o pão de cada dia
Constantino José Abreu, “o Caipira”
Foge a minha mocidade
[ Lamento do Camponês ]
Foge a minha mocidade E a tua foge também; E ninguém tem caridade Da vida que a gente tem.
Cavo em terra não minha As ânsias de oiro do meu senhor, Que desabrocham e crescem Regadas com o meu suor.
As rugas da minha face São fundos golpes que eu senti, Todas as vezes que à vida Esperançado sorri.
Haja paz e alegria, Pois que a tristeza Nunca aos homens deu o pão!
Vê que na maior pobreza Nunca pode um bom cristão Esquecer-se que é mais santo Viver com resignação.
Haja paz e alegria, Pois que a tristeza Nunca aos homens deu o pão!
Ouço conselhos que apagam Todo o sentido do meu viver, E aos poucos sinto o meu corpo Sobre a terra pender.
E assim eu vou uma à uma Nesse chão frio aprofundar A cova grande que um dia Há-de então ser o meu lar.
Haja paz e alegria, Pois que a tristeza Nunca aos homens deu o pão!
Vê que na maior pobreza Nunca pode um bom cristão Esquecer-se que é mais santo Viver com resignação.
Haja paz e alegria, Pois que a tristeza Nunca aos homens deu o pão!
Haja paz e alegria, Pois que a tristeza Nunca aos homens deu o pão!
Letra: Popular (1.ª quadra) e Onésimo Teotónio Almeida Música: Popular Arranjo: Carlos Sousa Intérprete: Belaurora / introdução por Folia do Maranhão (in CD “Achados do Tempo”, Açor/Emiliano Toste, 2003)
Fui ao Douro à vindimas
Fui ao douro às vindimas, não achei que vindimar. Vindimaram-me as costelas. Olha o que lá fui ganhar!
Retira-te das janelas. Retira-te do balcão. Vem comigo p’ràs vindimas, amor do meu coração.
Fui ao douro às vindimas, pagaram-me a trinta réis. Vim pela feira do Pêso; empreguei-os em anéis.
Não se me dá que vindimem videirinha que eu podei. Não se me dá que outros logrem o que eu por gosto deixei.
Não se me dá que vindimem, nem também de vindimar. Só me dá das tristes noites que se passam no lagar.
Vindimas no Douro
Tradicional do Minho
Lavra, boi, lavra
Lavra, boi, lavra No chão da Portela! Repica, repica Na vaca amarela! Ei, boi a lavrar! Ei, boi!
Lavra, boi, lavra No chão do Vilar! Comer e beber E toca a virar! Ei, boi a lavrar! Ei, boi!
Lavra, boi, lavra! Não digas que não! Repica, repica, Rodinha no chão! Ei, boi a lavrar! Ei, boi!
Lavra, boi, lavra No chão da Portela! Repica, repica Na vaca amarela! Ei, boi a lavrar! Ei, boi!
Letra e música: Tradicional (São Martinho de Crasto, Ponte da Barca, Minho) Recolha: Gonçalo Sampaio (1890-1925, in “cancioneiro Popular Português”, de Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça, Lisboa: Círculo de Leitores, 1981 – p. 103) Intérprete: Ai!* (in CD “Lavra, Boi, Lavra: Canções de Trabalho”, Ai!/Coruja do Mato, 2015) Outra versão com César Prata: César Prata (in CD “Futuras Instalações”, César Prata/RequeRec, 2014)
Igreja Matriz de São Martinho de Crasto
Linda ceifeira
Linda ceifeira Loira e trigueira Gosto de ti Teu rosto, linda flor Encantador Outro não vi
Ao ver-te no mês de Junho De foice em punho Ceifando o trigo Dás alegria aos meus olhos Fazendo molhos Canto contigo
Com o chapéu desabado Rosto suado Sorrindo estás Mas tantas vezes ceifando Andas pensando No teu rapaz
À sombra da oliveira Linda ceifeira À sesta dormes Debaixo do sol ardente Ceifas contente O pão que comes
Constantino José Abreu, “o Caipira”
Meus Senhores
[Moda:]
Meus senhores, eu venho à praça Este meu corpo oferecer, Este meu corpo-carcaça De se comprar e vender!
De se comprar e vender Por bem se negociar, No negócio de render Sem ter nele nada a ganhar…
[ Cantiga: ]
É tempo de se ceifar Trigos, cevadas e fenos… Quem dá mais pelo meu suar? Quem dá mais ou quem dá menos?
Letra: Vicente Rodrigues (1910-1982) Música: Modas à Margem do Tempo Intérprete: Modas à Margem do Tempo (in CD “Cantarolices”, Associ’Arte, 2003)
Na ponte da viola
Na ponte da viola (bis), toda a gente passa lá (bis). Lavadeiras fazem assim, sapateiros fazem assim, caçadores fazem assim, camponeses fazem assim.
Lárálálá.
Não se me dá que vindimem
Não se me dá que vindimem Vinhas que eu já vindimei Não se me dá que outros logrem Ai amores que já rejeitei.
Fui um ano à vindima Pagaram-me a trinta réis Dei um vintém ao barqueiro Ai vim p’ra casa com dez réis.
Pela folha da videira Conheço eu a latada. Faço-me dasatendida Ai a mim não me escapa nada.
Eu estou debaixo da latada Nem à sombra nem ao sol. Estou ao pé do meu amor Ai não há regalo maior.
Letra e música: Popular (Monsanto, Beira Baixa) Recolha: Fernando Lopes Graça Intérprete: Né Ladeiras e Luís Represas Outras versões: Jorge Lomba (in CD “Jorge Lomba”, UPAV, 1990); Contrabando (in CD “Fresta”, 2000); Filipa Pais (in CD “À Porta do Mundo”, Vachier & Associados, 2003)
Numa terra distante
[ A Menina da Canastra ]
Numa terra distante Viviam tranquilos sem grande mudança Os campos eram campos O vinho macio, a água era mansa
E a menina da canastra Tanta neve e ela passa Pelo caminho mais longo Segue o cheiro da fumaça
Segue o carreiro do maninho Rosmaninho, avelãs, o cheiro a pão
Dia de animação, O espeto na mão, o bicho sebado Rezas e devoção, Bruxarias, magia, tudo está destinado
E a menina da canastra Tanta neve e ela passa Pelo caminho mais longo Segue o cheiro da fumaça
Segue, como a roca faz o fio, Segue a lua que ilumina a escuridão
O desejo desceu à terra De caravela por entre a serra
Um partiu e depois Emigraram mais dois para fugir à desgraça Do sustento que dá semear tanto pranto Lavrar o que embaraça
Mas a menina da canastra Tanta neve e ela passa Pelo caminho mais longo Segue o cheiro da fumaça
Segue o carreiro do maninho Rosmaninho, avelãs, o cheiro a pão
O desejo desceu à terra De caravela por entre a serra
Como a roca faz o fio Assim vai a sua dor E de fio-a-pavio Partem para mal menor
Caravela do desejo Traz-lhe do céu uma flor A canastra da menina Não tem pão, só tem suor
Como a roca faz o fio Assim vai a sua dor E de fio-a-pavio Partem para mal menor
Caravela do desejo Traz-lhe do céu uma flor A canastra da menina Não tem pão, só tem suor
Como a roca faz o fio Assim vai a sua dor E de fio-a-pavio Partem para mal menor
Caravela do desejo Traz-lhe do céu uma flor A canastra da menina Não tem pão, só tem suor
A menina…
Letra e música: André Cardoso Intérprete: A Presença das Formigas com Amélia Muge (in CD “Ciclorama”, A Presença das Formigas, 2011)
Ó Margarida moleira
1. Ó Margarida moleira, dá-me da tua farinha. Ai, ai, ai, que a quero peneirar ai, ai, ai, pela nova peneirinha.
2. Ó Margarida moleira, a tua farinha é boa; ai ai ai, se agora não tens moída ai, ai, ai, dá-me então da tua broa.
3. Ó Margarida moleira tens moinho de moer; ai, ai, ai, p’ra moer quem te quer bem, ai, ai, ai, não tens pouco que fazer.
4. Ó Margarida moleira, amostra-me o teu moinho; ai, ai, ai, quero ver se ele trabalha, ai, ai, ai, devagar ou ligeirinho.
Cabeceiras de Basto, Minho
O que é feito das mondadeiras?
O que é feito das mondadeiras Que no Verão eram ceifeiras E apanhavam a azeitona? Onde estão os passarinhos A cantar entre os raminhos, Nas árvores aqui da zona?
As rolas fazendo o ninho, Grandes bandos de estorninhos, Para nós são uma saudade; Até as lindas perdizes E as vaidosas codornizes São já uma raridade.
Já ninguém dorme nas eiras, Por modo as debulhadeiras Que ao trigo fazem tudo. As danças, ai que saudade Os bailes da Sociedade Quando chegava o Entrudo!
Dizem-nos, por brincadeira, Que esta terra hospitaleira Tem brilhantes tradições; Por todos é adorada, Por muitos é visitada E fica em seus corações.
Letra: José Correia Música: Armando Torrão Intérprete: Pedro Mestre (in CD “Campaniça do Despique”, Viola Campaniça Produções Culturais/Pedro Mestre, 2015) Outra versão de Pedro Mestre (in DVD “No CCB: Pedro Mestre & Convidados”, Pedro Mestre, 2017)
Ora bate, padeirinha
Ora bate, padeirinha, ora bate o pé no chão. Ora bate, padeirinha, amor do meu coração.
Fui à fonte p’ra te ver, fui ao rio p’ra te falar. Nem na fonte nem no rio nunca te pude encontrar.
Os moleiros deste açude
[ Canção de Açude – Poema em Cor ]
Os moleiros deste açude, os moleiros deste açude, Os moleiros deste açude, os moleiros deste açude…
Os moleiros deste açude adoram a virgem de branco Os moleiros deste açude adoram a virgem vermelha Os moleiros deste açude adoram a virgem de verde Os moleiros deste açude adoram a virgem de preto
Branco, vermelho, amarelo, preto Branco, verde, azul, preto
De sol a sol, a trabalhar Tanto suor e sem tempo para o limpar Tanta farinha na minha mão Bem moidinha vai formar um grande pão
Eu não pertenço a esta aldeia Vim para aqui p’ra fazer o meu pé-de-meia Ai este rio corre p’ró mar Tão fugidio não pára p’ra descansar
‘Tou tão cansado de labutar Ai esta nora que não pára de girar
Branco, vermelho, amarelo, preto Branco, verde, azul, preto
Letra: Rodrigo Crespo e Tânia Cardoso Música: Rodrigo Crespo Intérprete: Canto Ondo (in CD “Entre o Alto do Peito e as Campainhas da Garganta”, A Monda – Associação Cultural/Canto Ondo, 2016)
Primavera das Flores
[ A Primavera ]
Primavera das flores Como esta não há mais A Primavera vai e volta sempre A mocidade não volta mais.
Ai borda rica filha, borda, borda Ai borda rica filha, borda, bem Em casa rica filha todos bordam Refrão Borda o pai borda a filha borda a mãe E eu também.
Bordadeira madeirense
Quem quiser regar
[ Cantiga de Rega ]
Quem quiser regar que regue Ai cá lhe fica o regador
Palavra dada Eu tenho Ai esta noite Ao meu amor
A palavra É igual à água Que há no regador Rega todo este chão Conversador
E com palavras Nós vamos regando Este longe que então Faz o perto crescer E dar seu pão
Tradicional portuguesa e Amélia Muge / Tradicional
Raparigas camponesas
[ Raparigas Mondadeiras ]
Raparigas camponesas, Ao rigor do temporáli Não há vento que as queime Nem sol que lhes faça máli.
Ó ló, ai larilolela! Ó ló, ai lariloló!
Raparigas mondadeiras, Andai lá com cuidadinho, Que manda o nosso patrão! Mondai lá bem o triguinho!
Ó ló, ai larilolela! Ó ló, ai lariloló! Ó ló, ai larilolela! Ó ló, ai lariloló!
Raparigas mondadeiras, Vamos todas a cantári! Já lá vem nossa patroa A trazer-nos o jantári.
Ó ló, ai larilolela! Ó ló, ai lariloló! Ó ló, ai larilolela! Ó ló, ai lariloló!
Já lá vem a noite em baixo, Já lá vem nossa alegria; Tristeza p’ra o nosso amo, Que já se lhe acaba o dia.
Ó ló, ai larilolela! Ó ló, ai lariloló! Ó ló, ai larilolela! Ó ló, ai lariloló! Ó ló, ai larilolela! Ó ló, ai lariloló! Ó ló, ai larilolela! Ó ló, ai lariloló! Ó ló, ai larilolela! Ó ló, ai lariloló! Ó ló, ai larilolela! Ó ló, ai lariloló!
Letra e música: Tradicional (Penha Garcia, Idanha-a-Nova, Beira Baixa) Recolha: GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) Intérprete: Brigada Victor Jara / voz solo de Catarina Moura (in Livro/11CD “Ó Brigada!: Discografia Completa da Brigada Victor Jara – 40 Anos”: CD Extra, Tradisom, 2015)
Rema
Rema Rema que rema Que é bom remar Rema, lanchinha P’ró alto mar
Rema Rema que rema Que é bom remar Rema, lanchinha P’ró alto mar
Rema que rema No mar irado Gostar de ti É um triste fado
Rema que rema Na calmaria Senhor S. Pedro És o meu guia
Rema Rema que rema Que é bom remar Rema, lanchinha P’ró alto mar
Rema Rema que rema Que é bom remar Rema, lanchinha P’ró alto mar
Rema que rema Pelo mar fora Segure o leme Nossa Senhora
Rema que rema P’ró areal Se te não vejo Passo bem mal
Rema Rema que rema Que é bom remar Rema, lanchinha P’ró alto mar
Rema Rema que rema Que é bom remar Rema, lanchinha P’ró alto mar
Rema Rema que rema Que é bom remar Rema, lanchinha P’ró alto mar
Letra e música: Aníbal Raposo (2000-08-07) Intérprete: Aníbal Raposo (in CD “Rocha da Relva”, Aníbal Raposo/Global Point Music, 2013)
Senhora Dona Anica
1. Senhora Dona Anica, venha abaixo ao seu jardim. Venha ver as lavadeiras a fazer assim, assim.
2. Senhora Dona Anica, venha abaixo ao seu jardim. Venha ver as costureiras a fazer assim, assim.
3. Senhora Dona Anica, venha abaixo ao seu jardim. Venha ver os jardineiros a fazer assim, assim.
4. Senhora Dona Anica, venha abaixo ao seu jardim. Venha ver os sapateiros a fazer assim, assim.
5. Senhora Dona Anica, venha abaixo ao seu jardim. Venha ver as brunideiras a fazer assim, assim.
6. Senhora Dona Anica, venha abaixo ao seu jardim. Venha ver os carpinteiros a fazer assim, assim.
7. Senhora Dona Anica, venha abaixo ao seu jardim. Venha ver as cozinheiras a fazer assim, assim.
Stando la molinera
[ Molinera ]
Stando la molinera Sentadita en su molino… Passou por alla un soldado, olé! olé! Vengo de moler el trigo. Que vengo de moler, morena.
Que vengo de moler, morena, De los molinos de abajo… Dormí con la molinera, olé! olé! No me ha cobrado el trabajo. Que vengo de moler, morena.
Que vengo de moler, morena, De los molinos de arriba… Dormí con la molinera, olé! olé! No me ha cobrado la maquia. Que vengo de moler, morena.
Que vengo de moler, morena, De los molinos del frente… Dormí con la molinera, olé! olé! Se enteró toda la gente. Que vengo de moler, morena.
Que vengo de moler, morena, De los molinos azules… Dormí con la molinera, olé! olé! Sabado, domingo y lunes. Que vengo de moler, morena.
Letra e música: Tradicional (Trás-os-Montes) Intérprete: Ai! (in CD “Ai!”, Ai!/RequeRec, 2013)
Sua o martelo
[ Instrumentos de Trabalho ]
Sua o martelo nas mãos como soa uma navalha instrumentos de trabalho em dedos que nunca falham
Instrumentos de trabalho ou mortes de mão primeiro Cresce o tempo no trabalho de um martelo de ferreiro
Primeiro os mortos são peso (ferro no sangue não fere) Instrumentos de trabalho de um calor que não requer
Desespero não é palavra nem será nunca instrumento A mão recobra o metal de material nos dedos
Dado o trabalho transpira a fome de um operário instrumento de acidente na justiça de um salário
Semidesliza o arado que o camponês não acusa Ou comemora a semente com as mãos sem armadura
Movimento de calor nos músculos que se recusam Sol a sol de instrumentos ou mortes de qualquer cura
Sua o martelo nas mãos como soa uma navalha instrumentos de trabalho em dedos que nunca falham
Dado o trabalho transpira a fome de um operário instrumento de acidente na justiça de um salário
Semidesliza o arado que o camponês não acusa Ou comemora a semente com as mãos sem armadura
Poema: Maria Teresa Horta (adaptado) Música: Lindolfo Paiva Intérprete: Dialecto* (in CD “Aromas”, Dialecto/Cloudnoise, 2011)
Instrumentos de trabalho
(Maria Teresa Horta, in “Cronista Não É Recado”, Lisboa: Guimarães Editores, 1967; “Poesia Reunida”, pref. Maria João Reynaud, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2009 – p. 262-63)
Instrumentos de trabalho ou mortes de mão primeiro
Cresce o tempo no trabalho de um martelo de ferreiro
Primeiro os mortos são peso (ferro no sangue não fere)
Instrumentos de trabalho de um calor que não requer
Desespero não é palavra nem será nunca instrumento
A mão recobra o metal de material nos dedos
Dado o trabalho transpira a fome de um operário instrumento de acidente na justiça de um salário
Semidesliza o arado que o camponês não acusa
Ou comemora a semente com as mãos sem armadura
Movimento de calor nos músculos que se recusam
Sol a sol de instrumentos ou mortes de qualquer cura
Sua o martelo nas mãos como soa uma navalha instrumentos de trabalho em dedos que nunca falham
Toda a vida fui pastor
1. Toda a vida fui pastor, toda a vida guardei gado. Tenho uma mágoa no peito, ai, ai, de me encostar ao cajado.
2. De me encostar ao cajado, lá pelos campos a rigor. Toda a vida guardei gado, ai ai! Toda a vida fui pastor.
3. Meu lírio roxo do campo, criado na Primavera, desejava amor saber, ai, ai, a tua intenção qual era.
4. A tua intenção qual era desejava amor saber. Meu lírio roxo do campo, ai, ai, quem te pudera colher.
Mel. trad. Alentejo
Trigo loiro
[ Cantiga de ceifa ]
Trigo loiro, trigo loiro, Ai! Quem me dera o teu valor! Que entrara no cálice de oiro Ai! Onde entra Nosso Senhor.
Trigo loiro, trigo loiro, Ai! Quem me dera o teu valor! Levara a cruz ao Calvário Ai! Como fez Nosso Senhor.
Trigo loiro, trigo loiro, Ai! Quem me dera o teu valor! Que entrara no cálice de oiro Ai! Onde entra Nosso Senhor.
Trigo loiro, trigo loiro, Ai! Quem me dera o teu valor! Levara a cruz ao Calvário Ai! Como fez Nosso Senhor.
Letra e música: Tradicional (Gonçalo, Guarda, Beira Alta) Intérprete: Ai! (in CD “Ai!”, Ai!/RequeRec, 2013) Outras versões com César Prata: Chuchurumel – “Canção da Ceifa” (in CD “No Castelo de Chuchurumel”, Chuchurumel/Luzlinar, 2005); Ai! (in CD “Lavra, Boi, Lavra: Canções de Trabalho”, Ai!/Coruja do Mato, 2015)
Vamos apanhar o trigo [ Este trigo ]
Vamos apanhar o trigo Vamos escolher da aveia Falamos na nossa vida Deixamos a vida alheia.
Este trigo está bom trigo Parece trigo de relva Calai a boca menina Deus do céu é que governa.
Nossa Senhora do Monte É madrinha de João Eu também sou afilhada Da Virgem da Conceição
Esta noite vai dar vento Também vai dar viração As rosas vão voar Não vai ficar nem um botão.
Este trigo está bom trigo As favas estão mais falidas Os olhos do meu amor É a flor das raparigas.
Tradicional da Madeira
Vamos apanhar o trigo [ Trigo louro ]
[ Trigo Louro ]
Vamos apanhar o trigo Vamos lhe escolher a veia Cuidamos da nossa vida Deixemos a vida alheia.
Trigo louro, trigo louro Empresta-me a tua cor Quero ir ao sacrário Oferecer a Nosso Senhor.
Trigo louro, trigo louro Trigo da folha amarela Debaixo do trigo louro Namorei uma donzela.
Trigo louro, trigo louro Trigo da folha estreita A apanhar o trigo louro Namorei uma sujeita.
Trigo louro, trigo louro Trigo da folha miúda Debaixo do trigo louro Namorei uma viúva.
Tradicional da Madeira
Vamos todos a cantar
[ As profissões ]
Vamos todos a cantar, estas nossas profissões, neste grupo que é alegre, com bailados e canções.
Eu aqui sou bordadeira, neste pano vou bordar, que o bordado da Madeira, é para se exportar.
Eu sou um agricultor, com a enxada na mão, é que a vida no campo, também é uma profissão.
Também vamos começar, aqui todos trabalhando, com amor a esta vida, alegres também cantando.
Eu também vou fiar linho, de estopa e de tomentos, e nesta história do linho, se passam muito tormentos.
Eu que debulho o milho, é o que eu vou fazer, isto é o comer do pobre, temos que o defender.
Todo o homem que trabalha, honra a pátria e aos seus, havendo comida em casa, todos dão graças a Deus.
Também eu vou fazer tricot, isto para me entreter, temos nós que trabalhar, para se poder viver.
Também vou apanhar erva, para os meus animais, esta foi a bela arte, que me deram os meus pais.
E todos nós trabalhámos, para se poder comer, e nós também cantamos, é para nos entreter.
Neste lugar sou ceifeira, do trigo que é o nosso pão, eu apanho muito sol, que é neste tempo de verão.
Eu também sou marceneiro, que é uma arte fina, sou eu que faço os móveis, desde a sala até às cozinhas.
Todas estas profissões, quem trabalha tem saúde, o trabalho vem dos velhos, e passa para a juventude.
Foi a ovelha que deu, esta lã que vou fiar, mas neste trabalho falta, é lavá-la e cardar.
Eu trabalho de pedreiro, é com areia e cimento, para fazer nossas casas, para se abrigar do tempo.
Tradicional da Madeira
Vi-te a trabalhar
[ Que Força É Essa? ]
Vi-te a trabalhar o dia inteiro, construir as cidades pr’a os outros, carregar pedras, desperdiçar muita força p’ra pouco dinheiro! Vi-te a trabalhar o dia inteiro, muita força p’ra pouco dinheiro!…
Que força é essa? Que força é essa que trazes nos braços, que só te serve para obedecer, que só te manda obedecer? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo, que te põe de bem com outros e de mal contigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo?
Não me digas que não me compr’endes! Quando os dias se tornam azedos, não me digas que nunca sentiste uma força a crescer-te nos dedos e uma raiva a nascer-te nos dentes! Não me digas que não me compr’endes!…
Que força é essa? Que força é essa que trazes nos braços, que só te serve para obedecer, que só te manda obedecer? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo, que te põe de bem com outros e de mal contigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo?
Vi-te a trabalhar o dia inteiro, construir as cidades pr’a os outros, carregar pedras, desperdiçar muita força p’ra pouco dinheiro! Vi-te a trabalhar o dia inteiro, muita força p’ra pouco dinheiro!…
Que força é essa? Que força é essa que trazes nos braços, que só te serve para obedecer, que só te manda obedecer? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo, que te põe de bem com outros e de mal contigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo? Que força é essa, amigo?
Letra e música: Sérgio Godinho (in LP “Os Sobreviventes”, Guilda da Música/Sassetti, 1972, reed. Philips/Polygram, 1990, Universal, 2001, 2019)
Pastor alentejano
https://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2020/05/pastor-alentejano-postal-antigo-quadrado.jpg400400António Ferreirahttps://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/03/Logomarca-MELOTECA-300x86.jpgAntónio Ferreira2020-05-01 08:31:482025-06-13 17:36:14Canções de trabalho
Acordai! Acordai, homens que dormis a embalar a dor, a embalar a dor dos silêncios vis! Vinde no clamor das almas viris, arrancar a flor que dorme na raiz!
Acordai! Acordai, raios e tufões que dormis no ar, que dormis no ar e nas multidões! Vinde incendiar de astros e canções, as pedras e o mar o mundo e os corações…
Acordai! Acordai, de almas e de sóis, este mar sem cais, este mar sem cais, nem luz de faróis! E acordai, depois das lutas finais, os nossos heróis que dormem nos covais! Acordai!
Poema: José Gomes Ferreira Música: Fernando Lopes Graça
Meloteca, recursos musicais criativos para crianças, professores e educadores
Dá o Outono
[ As Balas ]
Dá o Outono as uvas e o vinho Dos olivais o azeite nos é dado Dá a cama e a mesa o verde pinho As balas deram sangue derramado
Dá a chuva o Inverno criador Às sementes dá sulcos o arado No lar a lenha em chama dá calor As balas deram sangue derramado
Dá a Primavera o campo colorido Glória e coroa do mundo renovado Aos corações dá o amor renascido As balas deram sangue derramado
Dá o sol as searas pelo Verão O fermento no trigo amassado No esbraseado forno cresce o pão As balas deram sangue derramado
Dá cada dia ao homem novo alento De conquistar o bem que lhe é negado Dá a conquista um puro sentimento As balas deram sangue derramado
De meditar, concluir, ir e fazer Dá sobre o mundo o homem atirado À paz de um mundo novo de viver As balas deram sangue derramado
Dá a certeza, o querer e o construir O que tanto nos negou o ódio armado Que a vida construir é destruir Balas que deram sangue derramado
Essas balas deram sangue derramado Só roubo e fome e o sangue derramado Só ruína e peste e o sangue derramado Só crime e morte e o sangue derramado
Poema: Manuel da Fonseca Música: Adriano Correia de Oliveira Intérprete: Cantaremos Adriano (in CD “Homenagem a Adriano Correia de Oliveira: 25 anos após a sua morte”, Musicart, 2007) Versão original: Adriano Correia de Oliveira (in “Que Nunca Mais”, Orfeu, 1975, reed. Movieplay, 1997; “Obra Completa”, Movieplay, 1994)
Havia um poeta-cantor
[ O Zeca ]
Havia um poeta-cantor nascido à beira da Ria que em Coimbra foi estudante e cavaleiro andante por amor à poesia.
Sendo cantor andarilho não se cansou da viagem e fez a canção de roda que juntou a malta toda com a esperança na bagagem.
Ele era o menino de oiro, campeão da rebeldia e o canto era o tesoiro p’ra quem entrava no coro dessa nova melodia.
Mandou embora os vampiros que o puseram na prisão; ouviu gritos e ouviu tiros, ouviu queixas e suspiros antes da Revolução.
Se Grândola era morena, era verde a utopia; a verdade era um poema pelo qual valeu a pena esperar anos por um dia.
O bravo cantor-poeta deu a cantar o sinal, boina negra na cabeça e nos lábios a promessa de um novo Portugal.
Letra: José Jorge Letria Música: Manuel Freire Intérprete: Manuel Freire (in Livro/CD “Abril, Abrilzinho”, Praça das Flores e Público, 2006)
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias.
Contacte-nos:
António José Ferreira 962 942 759
Dos que morreram sem saber porquê
[ Madrugada ]
Dos que morreram sem saber porquê Dos que teimaram em silêncio e frio Da força nascida do medo Da raiva à solta manhã cedo Fazem-se as margens do meu rio. Das cicatrizes do meu chão antigo E da memória do meu sangue em fogo Da escuridão a abrir em cor De braço dado e a arma flor Fazem-se as margens do meu povo Canta-se a gente que a si mesma se descobre E acordem luzes, arraiais Canta-se a terra que a si mesma se devolve Que o canto assim nunca é demais Em cada veia o sangue espera a vez Em cada fala se persegue o dia E assim se aprendem as marés Assim se cresce e ganha pé Rompe a canção que não havia Acordem luzes nos umbrais que a tarde cega Acordem vozes, arraiais Cantem despertos na manhã que a noite entrega Que o canto assim nunca é demais Cantem marés por essas praias de sargaços Acordem vozes, arraiais Corram descalços rente ao cais, abram abraços Que o canto assim nunca é demais O canto assim nunca é demais.
Texto e música: José Luís Tinoco Intérprete: Duarte Mendes
E depois do Adeus
E depois do Adeus Quis saber quem sou O que faço aqui Quem me abandonou De quem me esqueci Perguntei por mim Quis saber de nós Mas o mar Não me traz Tua voz. Em silêncio, amor Em tristeza e fim Eu te sinto, em flor Eu te sofro, em mim Eu te lembro, assim Partir é morrer Como amar É ganhar E perder. Tu vieste em flor Eu te desfolhei Tu te deste em amor Eu nada te dei Em teu corpo, amor Eu adormeci Morri nele E ao morrer Renasci. E depois do amor E depois de nós O dizer adeus O ficarmos sós Teu lugar a mais Tua ausência em mim Tua paz Que perdi Minha dor Que aprendi. De novo vieste em flor Te desfolhei… E depois do amor E depois de nós O adeus O ficarmos sós.
Letra: José Niza Música: José Calvário Intérprete: Paulo de Carvalho* (1974) (in CD “Vida”, Farol, 2006)
Este parte
[ Cantar de Emigração ]
Este parte, aquele parte e todos, todos se vão Galiza, ficas sem homens que possam cortar teu pão
Tens em troca órfãos e órfãs tens campos de solidão tens mães que não têm filhos, filhos que não têm pais
Coração que tens e sofre longas ausências mortais viúvas de vivos mortos que ninguém consolará
Este parte, aquele parte e todos, todos se vão Galiza, ficas sem homens que possam cortar teu pão
Poema: Rosalía de Castro; trad. José Niza Música: José Niza Intérprete: Adriano Correia de Oliveira* (in “Cantaremos”, Orfeu, 1970, reed. Movieplay, 1999; “Obra Completa”, Movieplay, 1994; “Vinte Anos de Canções”, Movieplay, 2001)
Grândola, vila morena
Grândola, vila morena Terra da fraternidade O povo é quem mais ordena Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade O povo é quem mais ordena Terra da fraternidade Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo Em cada rosto igualdade Grândola, vila morena Terra da fraternidade
Terra da fraternidade Grândola, vila morena Em cada rosto igualdade O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira Que já não sabia a idade Jurei ter por companheira Grândola a tua vontade
Poema: José Afonso Música: José Afonso Intérprete: José Afonso, Cantigas do Maio, 1971
Lisboa adormeceu
[ Lisboa à Noite ]
Lisboa adormeceu, já se acenderam Mil velas nos altares das colinas. Guitarras, pouco a pouco, emudeceram Cerraram-se as janelas pequeninas.
Lisboa dorme um sono repousado, Nos braços voluptuosos do seu Tejo, Cobriu-a a colcha azul do céu estrelado E a brisa veio, a medo, dar-lhe um beijo.
Lisboa andou de lado em lado, Foi ver uma toirada, depois bailou, bebeu. Lisboa ouviu cantar o fado, Rompia a madrugada quando ela adormeceu.
Lisboa não parou a noite inteira, Boémia, estouvada, mas bairrista, Foi à sardinha assada, lá na feira, E à segunda sessão duma revista.
Dali p’ró Bairro Alto enfim galgou, No céu, a lua cheia refulgia, Ouviu cantar a Amália e então sonhou Qu’era saudade, aquela voz que ouvia.
Lisboa andou de lado em lado, Foi ver uma toirada, depois bailou, bebeu. Lisboa ouviu cantar o fado, Rompia a madrugada quando ela adormeceu.
Letra: Fernando Santos Música: Carlos Dias Intérprete: Milú (Maria de Lurdes de Almeida Lemos) (in CD “Milú: O Melhor dos Melhores”; vol. 16, Movieplay, 1994; CD “Melodias de Sempre: vol. 2”, Movieplay, 1995)
Meu pensamento
[ Pensamento ]
Meu pensamento Partiu no vento Podem prendê-lo Matá-lo não.
Meu pensamento Quebrou amarras Partiu no vento Deixa guitarras.
Meu pensamento Por onde passas Estátua de vento Em cada praça.
Meu pensamento Partiu no vento Podem prendê-lo Matá-lo não.
Foi à conquista Do novo mundo Foi vagabundo Contrabandista.
Foi marinheiro Maltês ganhão Foi prisioneiro Mas servo não.
Meu pensamento Partiu no vento Podem prendê-lo Matá-lo não.
E os reis mandaram Fazer muralhas Tecer as malhas De negras leis.
Homens morreram Chamas ao vento Por ti morreram Meu pensamento.
Poema: Manuel Alegre Música: Adriano Correia de Oliveira e António Portugal Intérprete: Adriano Correia de Oliveira [in EP “Trova do Vento Que Passa”, Orfeu, 1964; LP “Adriano Correia de Oliveira: Baladas”, Orfeu, 1969; LP “Trova do Vento Que Passa”, Orfeu, 1982; “7CD “Adriano: Obra Completa”: CD “Trova do Vento Que Passa: Adriano canta Manuel Alegre (I)”, Movieplay, 1994; 7 livros/CD “Obra Completa de Adriano Correia de Oliveira”: vol. 3 – “Trova do Vento Que Passa: Adriano canta Manuel Alegre I”, Movieplay/Público, 2007]
Não há machado que corte
[ Livre ]
Não há machado que corte a raiz ao pensamento: não há morte para o vento, não há morte.
Se ao morrer o coração morresse a luz que lhe é querida, sem razão seria a vida, sem razão.
Nada apaga a luz que vive num amor, num pensamento, porque é livre como o vento, porque é livre.
Não há machado que corte a raiz ao pensamento: não há morte para o vento, não há morte.
Se ao morrer o coração morresse a luz que lhe é querida, sem razão seria a vida, sem razão.
Nada apaga a luz que vive num amor, num pensamento, porque é livre como o vento, porque é livre.
Poema: Carlos de Oliveira (ligeiramente adaptado) Música: Manuel Freire Intérprete: Manuel Freire (in EP “Manuel Freire canta Manuel Freire”, Tagus, 1968; LP “Dedicatória”, Tecla, 1972, reed. Tecla, 1974; livro/CD “Manuel Freire”, col. Canto & Autores, vol. 09, Levoir/Público, 2014)
No céu cinzento
[ Vampiros ]
No céu cinzento sob o astro mudo Batendo as asas pela noite calada Vem em bandos com pés veludo Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo E lhes franqueia as portas à chegada Eles comem tudo, Eles comem tudo Eles comem tudo e não deixam nada.
A toda a parte chegam os vampiros Poisam nos prédios poisam nas calçadas Trazem no ventre despojos antigos Mas nada os prende às vidas acabadas
São os mordomos do universo todo Senhores à força mandadores sem lei Enchem as tulhas bebem vinho novo Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo eles comem tudo Eles comem tudo e não deixam nada No chão do medo tombam os vencidos Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo E não se esgota o sangue da manada Se alguém se engana com seu ar sisudo E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo, eles comem tudo Eles comem tudo e não deixam nada
José Afonso
O Cantador
O cantador chegou de madrugada, venceu a noite pelas praias do mar; na sua voz teceu uma balada: amanhecer que havemos de cantar.
O cantador rasgou as nossas penas num canto moço que havemos de acender; na sua voz ergueu vilas morenas: Maio maduro que havemos de colher.
Ergueu cidades sem muros nem ameias, lançou sementes na terra de ninguém; cantou o sol, rompeu nossas cadeias, trouxe consigo outro amigo também.
O cantador chegou de madrugada, venceu a noite pelas praias do mar; na sua voz teceu uma balada: amanhecer que havemos de cantar.
O cantador rasgou as nossas penas num canto moço que havemos de acender; na sua voz ergueu vilas morenas: Maio maduro que havemos de colher.
Ergueu cidades sem muros nem ameias, lançou sementes na terra de ninguém; cantou o sol, rompeu nossas cadeias, trouxe consigo outro amigo também.
Letra e música: José Medeiros Arranjo: Paulo Borges e José Medeiros Intérprete: José Medeiros com Mariana Abrunheiro (in CD “Torna-Viagem”, Memórias/Fortes & Rangel, 2004)
O meu amor disse que vinha
[ Trova do Vento Que Passa n.º 2 ]
O meu amor disse que vinha quando a lua viesse A lua já acolá vem meu amor não aparece
Vi minha pátria na margem dos rios que vão pró mar como quem ama a viagem mas tem sempre de ficar
Vi florir os verdes ramos direitos e ao céu voltados E a quem gosta de ter amos vi sempre os ombros curvados
Se o verde trevo desfolhas pede notícias e diz ao trevo de quatro folhas que eu morro por meu país
Letra: Popular (1.ª quadra) e Manuel Alegre Música: Adriano Correia de Oliveira Intérprete: Adriano Correia de Oliveira (in “O Canto e as Armas”, Orfeu, 1969; reed. Movieplay, 1997; “Obra Completa”, Movieplay, 1994)
O teu silêncio de estanho
O teu silêncio de estanho Não alimenta a esperança De ver o mundo mudar, De haver alguma mudança. O teu silêncio de estanho…
O mundo ficou tão estranho Desde que tu te calaste; Tomara que abandonasses O teu silêncio de estanho! O mundo ficou tão estranho…
Foi num beco sem saída Que procuraste um abrigo, Onde encontraste guarida, Tua liberdade em perigo. Foi num beco sem saída…
Andas de cabeça baixa, Os olhos postos no chão; Toda a gente te rebaixa, E agora é tarde de mais, Esqueceste o teu irmão. Com os olhos postos no chão…
O desespero é tamanho, Já não se sente a fragrância Daquela força de antanho, Daquela antiga pujança. O desespero é tamanho…
Já não se sente a esperança, Desde que tu desististe, Desde que te demitiste, Baixaste os braços, caíste. Já não se sente a esperança…
Foste tu é que deixaste Aquele estranho a mandar; Calado, inerte ficaste, Teu destino abandonaste, Morreste sem se notar. Deixaste um estranho a mandar…
Liberdade, tem cuidado, que te matam! Tem cuidado, que te matam, Liberdade! Liberdade, tem cuidado, que te matam! Tem cuidado, que te matam, Liberdade! Liberdade, Liberdade, tem cuidado, que te matam! Tem cuidado, que te matam, Liberdade, tem cuidado! Liberdade, Liberdade, tem cuidado, que te matam! Tem cuidado, que te matam, Liberdade!…
Liberdade, tem cuidado! Tem cuidado, que te matam! Liberdade, tem cuidado! Tem cuidado, que te matam! Liberdade, tem cuidado! Tem cuidado, que te matam!
Andas de cabeça baixa. Baixaste os braços, caíste. Eles que decidam por ti.
Não queres saber do futuro, Eles decidem por ti, Andas perdido no escuro; E agora cobram-te o juro, «— Porquê? Eu já me esqueci!», Eles decidem por ti.
Mas quando quiseres matar O medo e a sua lembrança Já vai ser tarde de mais; Vais com certeza esbarrar No teu silêncio de estanho.
Vais com certeza esbarrar No teu silêncio de estanho. Vais com certeza sair Do teu silêncio de estanho. Vais com certeza sair Do teu silêncio de estanho. Vais com certeza sair Do teu silêncio de estanho… Vais com certeza sair Do teu silêncio de estanho… Vais com certeza sair…
Letra e música: Rodrigo Crespo Intérprete: Canto Ondo (in CD “Entre o Alto do Peito e as Campainhas da Garganta”, A Monda – Associação Cultural/Canto Ondo, 2016)
Pergunto ao vento
[ Trova do Vento Que Passa ]
Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça há sempre alguém que semeia canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não.
Poema (excerto): Manuel Alegre Música: António Portugal Intérprete: Adriano Correia de Oliveira (in EP “Trova do Vento Que Passa”, Orfeu, 1963; “Obra Completa”, Movieplay, 1994)
Quando a corja topa
[ O Que Faz Falta ]
Quando a corja topa da janela O que faz falta Quando o pão que comes sabe a merda O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta O que faz falta O que faz falta é avisar a malta O que faz falta
Quando nunca a noite foi dormida O que faz falta Quando a raiva nunca foi vencida O que faz falta
O que faz falta é animar a malta O que faz falta O que faz falta é acordar a malta O que faz falta
Quando nunca a infância teve infância O que faz falta Quando sabes que vai haver dança O que faz falta
O que faz falta é animar a malta O que faz falta O que faz falta é empurrar a malta O que faz falta
Quando um cão te morde uma canela O que faz falta Quando à esquina há sempre uma cabeça O que faz falta
O que faz falta é animar a malta O que faz falta O que faz falta é empurrar a malta O que faz falta
Quando um homem dorme na valeta O que faz falta Quando dizem que isto é tudo treta O que faz falta
O que faz falta é agitar a malta O que faz falta O que faz falta é libertar a malta O que faz falta
Se o patrão não vai com duas loas O que faz falta Se o fascista conspira na sombra O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta O que faz falta O que faz falta é dar poder à malta O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta O que faz falta O que faz falta é avisar a malta O que faz falta
O que faz falta é acordar a malta O que faz falta O que faz falta é empurrar a malta O que faz falta
O que faz falta é agitar a malta O que faz falta O que faz falta é libertar a malta O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta O que faz falta O que faz falta é dar poder à malta O que faz falta
Letra e música: José Afonso Intérprete: José Afonso (in “Coro dos Tribunais”, Orfeu, 1974; reed. Movieplay, 1987, 1996)
Quero falar-te
[ Zeca ]
Quero falar-te e o coração, de comovido, perde as palavras que juntara para ti. Cantar-te sei e apenas isso faz sentido. Menino d’oiro, vem sentar-te aqui! Menino d’oiro, vem sentar-te aqui!
Por todo o ano é tempo de cantar janeiras. Mulher da erva, inda agora a vi passar. Por mar profundo, terra e todas as fronteiras venham mais cinco mil p’ra te saudar. Venham mais cinco mil p’ra te saudar.
Pode o Sol morrer de velho, pode o gelo arder também, mas a voz que de ti nasce já não morre com ninguém.
No céu cinzento, o astro mudo inda revela um bater de asas, o disfarce do seu pé. Bebem do sangue, comem tudo… olhai, cautela! O que faz falta já se sabe o que é. O que faz falta já se sabe o que é.
Junta-te a nós, ó bairro negro! vem, falua, p’la noite fora até que se erga o sol de Verão! Solta as amarras, sopra, ó vento! continua, que este homem não se foi embora, não! Que este homem não se foi embora, não!
Pode o Sol morrer de velho, pode o gelo arder também, mas a voz que de ti nasce já não morre com ninguém.
Letra: Hélia Correia Música: Janita Salomé Intérprete: Janita Salomé [in CD “Utopia: Vitorino e Janita Salomé cantam José Afonso (ao vivo)”, Virgin/EMI-VC, 2004]
Sempre tão constante
[ Liberdade ]
Sempre tão constante o pulsar da Liberdade ameaçada a cada instante, perseguida pela vaidade em que a mentira gera ambiguidade.
Hoje, tão desperta como nunca, a Humanidade é confrontada com a severa, insidiosa impunidade… e a indiferença esmaga a vontade.
Ferozmente silenciadas as Palavras necessárias às mudanças, tão contrárias às ideias instaladas…
Brilha, por entre as sombras rompe a Claridade insubmissa, a chama da Verdade.
Luta por encontrar um rumo, para cumprir-se imaculada a Dignidade, a insubmissa chama da Verdade.
Letra: Teresa Salgueiro Música: Teresa Salgueiro, Rui Lobato, Óscar Torres, Marlon Valente e Graciano Caldeira Intérprete: Teresa Salgueiro (in CD “O Horizonte”, Teresa Salgueiro/Lemon, 2016)
Somos filhos da madrugada
[ Canto Moço ]
Somos filhos da madrugada Pelas praias do mar nos vamos À procura de quem nos traga Verde oliva de flor no ramo Navegamos de vaga em vaga Não sabemos de dor nem mágoa Pelas praias do mar nos vamos À procura da manhã clara
Lá no cimo de uma montanha Acendemos uma fogueira Para não se apagar a chama Que dá vida na noite inteira Mensageira pomba chamada Companheira da madrugada Quando a noite vier que venha Lá no cimo de uma montanha
Onde o vento cortou amarras Largaremos p’la noite fora Onde há sempre uma boa estrela Noite e dia ao romper da aurora Vira a proa minha galera Que a vitória já não espera Fresca brisa moira encantada Vira a proa da minha barca
Letra e música: José Afonso Intérprete: José Afonso (in “Traz Outro Amigo Também”, Orfeu, 1970; reed. Movieplay, 1987) Outras versões: Teresa Silva Carvalho (in “Ó Rama, Ó Que Linda Rama”, Orfeu, 1977, reed. Movieplay, 1994); Vitorino e Janita Salomé (in CD “Utopia”, EMI-VC, 2004); Zé Eduardo Unit (in CD “A Jazzar no Zeca”, Clean Feed, 2004); Erva de Cheiro (in CD “Que Viva o Zeca”, Musicart, 2007)
Sonhei
[ O Madrugar de um Sonho ]
Sonhei… que já alta madrugada, Viera a Razão armada P’ra defender a Cidade; Olhei… e vi que este nosso Povo Levantara-se de novo Aos vivas à Liberdade.
Depois…, e já de janela aberta, Ouvi um bradar – “Alerta!” – E o eco, p’la rua fora, Gritou p’ra dizer com Razão pura Que uma era de tortura Terminava àquela hora!
Julguei ser um sonho, Mas foi realidade; E às vezes suponho Que não foi verdade!
Mas se alguém disser “Não há Liberdade!”, Eu posso morrer Mas não é verdade!
Saí… e vi uns homens libertos, Todos de braços abertos… Todos a pedir justiça! Alguns já de saúde perdida E com metade da vida Em prisões de luz mortiça.
Ouvi… milhões de palmas e brados; Trabalhadores e soldados Vivendo a mesma euforia; Senti… que havia um Portugal novo; Vi tão alegre o meu povo, Que até chorei de alegria!
Julguei ser um sonho, Mas foi realidade; E às vezes suponho Que não foi verdade!
Mas se alguém disser “Não há Liberdade!”, Eu posso morrer Mas não é verdade!
Mas se alguém disser “Não há Liberdade!”, Eu posso morrer Mas não é verdade!
Letra e música: Frederico de Brito Arranjo: Pedro Osório Intérprete: Carlos do Carmo* (in LP “Álbum”, Philips/Polygram, 1980, reed. Universal Music, 2003, Universal Music, Série ’50 Anos’, 2013)
Tejo que levas as águas
Tejo que levas as águas correndo de par em par lava a cidade de mágoas leva as mágoas para o mar
Lava-a de crimes espantos de roubos, fomes, terrores, lava a cidade de quantos do ódio fingem amores
Leva nas águas as grades de aço e silêncio forjadas deixa soltar-se a verdade das bocas amordaçadas
Lava bancos e empresas dos comedores de dinheiro que dos salários de tristeza arrecadam lucro inteiro
Lava palácios, vivendas casebres, bairros da lata leva negócios e rendas que a uns farta e a outros mata
Tejo que levas as águas correndo de par em par lava a cidade de mágoas leva as mágoas para o mar
Lava avenidas de vícios vielas de amores venais lava albergues e hospícios cadeias e hospitais
Poema: Manuel da Fonseca Música: Adriano Correia de Oliveira Intérprete: Cantaremos Adriano (in CD “Homenagem a Adriano Correia de Oliveira: 25 anos após a sua morte”, Musicart, 2007) Versão original: Adriano Correia de Oliveira (in “Que Nunca Mais”, Orfeu, 1975, reed. Movieplay, 1997; “Obra Completa”, Movieplay, 1994; “Vinte Anos de Canções”, Movieplay, 2001)
Venham mais cinco
Venham mais cinco Duma assentada Que eu pago já Do branco ou tinto Se o velho estica Eu fico por cá
Se tem má pinta Dá-lhe um apito E põe-no a andar De espada à cinta Já crê que é rei D’aquém e d’além-mar
Não me obriguem A vir para a rua gritar Que é já tempo D’embalar a trouxa e zarpar
A gente ajuda Havemos de ser mais Eu bem sei Mas há quem queira Deitar abaixo O que eu levantei
A bucha é dura Mais dura é a razão Que a sustém Só nesta rusga Não há lugar P’rós filhos da mãe
Não me obriguem A vir para a rua gritar Que é já tempo D’embalar a trouxa e zarpar
Bem me diziam Bem me avisavam Como era a lei Na minha terra Quem trepa No coqueiro é o rei
A bucha é dura Mais dura é a razão Que a sustém Só nesta rusga Não há lugar P’rós filhos da mãe
Não me obriguem A vir para a rua gritar Que é já tempo D’embalar a trouxa e zarpar
Letra e música: José Afonso Intérprete: Cristina Branco (in CD “Abril”, Universal Classics France, 2007) Versão original: José Afonso (in “Venham Mais Cinco”, Orfeu, 1973; reed. Movieplay, 1987, 1996) Outras versões: Miguel Salerno com sua Orquestra e Coros (in LP “E Depois do Adeus… e Outros Grandes Êxitos da Música Portuguesa”, Alvorada, 1974); A Turma (in EP “O Facho”, Discos Estúdio, 1975); Nana Sousa Dias (in “Ousadias”, Polydor/Polygram, 1986); Tubarões (in CD “Filhos da Madrugada Cantam José Afonso”, BMG Ariola, 1994); Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra (in CD “Em Cantos”, Movieplay, 1995); Incógnita (in CD “A Morte Saiu à Rua”, Virtual Records, 1995); Hi-Tech Ensemble (in CD “Memórias II: Versões Instrumentais”, CNM, 1995); Banda da Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense (in CD “Terra da Fraternidade”, C. M. de Grândola, 1999); Vozes da Terra (in CD “Tributos (ao Vivo)”, Música a Metro, 2003); Nem Truz Nem Muz (in CD “Ao Vivo”, InforArte, 2004); Mar Fora (in CD “Ao Vivo”, Mar Fora, 2004); Mário Laginha e Bernardo Sassetti (in CD “Grândolas”, MVM, 2004); Sons da Fala (in CD “Sons da Fala”, Som Livre, 2007); Milladoiro (in CD “A Quinta das Lágrimas”, Pai Música, Galiza, 2008); Grupo Vocal Canto Décimo (in CD “Conta-me Um Conto (Ao Vivo)”, Canto Décimo, 2008)
Viemos com o peso do passado
[ Liberdade ]
Viemos com o peso do passado e da semente Esperar tantos anos torna tudo mais urgente e a sede de uma espera só se estanca na torrente e a sede de uma espera só se estanca na torrente Vivemos tantos anos a falar pela calada Só se pode querer tudo quando não se teve nada Só quer a vida cheia quem teve a vida parada Só quer a vida cheia quem teve a vida parada Só há liberdade a sério quando houver A paz, o pão habitação saúde, educação Só há liberdade a sério quando houver Liberdade de mudar e decidir quando pertencer ao povo o que o povo produzir quando pertencer ao povo o que o povo produzir
Sérgio Godinho
Zeca Afonso
https://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/09/jose-afonso-cantautor.jpg400400António Ferreirahttps://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/03/Logomarca-MELOTECA-300x86.jpgAntónio Ferreira2020-04-24 19:05:132025-06-09 18:07:16Canções de liberdade
A barata diz que tem uma cama de marfim. (bis) É mentira da barata, ela dorme no jardim. Ah ah ah, eh eh eh, ela dorme no jardim. (bis)
A barata diz que tem sapatinhos de fivela. (bis) É mentira da barata, os sapatos não são dela. Ah ah ah, eh eh eh, os sapatos não são dela. (bis)
A chuva
A chuva cai, cai, a chuva cai, cai. A chuva cai na cabeça.
A mover-se
A andar, a andar, os patinhos vão nadar.
A correr, a correr,
os gatinhos vão comer.
A voar, a voar,
as pombinhas vão no ar.
A nadar, a nadar,
os peixinhos vão no mar.
A trotar, a trotar,
os cavalos vão ganhar.
A saltar, a saltar,
os esquilos vão brincar.
As pombinhas
As pombinhas da Cat’rina andaram de mão em mão. Foram ter à Quinta Nova, ao pombal de São João.
Ao pombal de São João, à quinta da Rosalina. (bis) Minha mãe mandou-me à fonte e eu parti na cantarinha. (bis)
Ao passar o ribeirinho
Ao passar o ribeirinho, água sobe, água desce, (bis) dei a mão ao meu amor, não quiz que ninguém soubesse. (bis)
Se tu és o meu amor, dá-me cá os braços teus. (bis) Se não és o meu amor, vai-te embora, adeus, adeus. (bis)
Cai neve
Cai neve, cai neve, cai neve no jardim. Branquinha cobre o chão e então tudo é branquinho assim.
Cai chuva, cai chuva, cai chuva no jardim! (bis) A água cobre o chão e então, parece um lago assim! (bis)
– Coelhinho da Páscoa que trazes p’ra mim? Um ovo, dois ovos, três ovos assim. (2 v.)
– Coelhinho da Páscoa com quem vais dançar? Com uma menina que saiba cantar. (2 v.) Com uma menina
– Coelhinho da Páscoa que lhe vais of’recer? Um saco de amêndoas p’ra ela comer. (2 v.)
Eu fui ao jardim celeste
Eu fui ao jardim celeste. O que foste lá fazer… Fui lá buscar uma rosa… Para quem é essa rosa… É para a menina…
Eu tenho um martelo
Eu tenho um martelo para martelar. (bis) Trás trás trás, trás trás trás, eu já sei pregar. (bis)
Eu tenho uma serra para trabalhar: (bis) rr rr rr, rr rr rr, eu já sei serrar. (bis)
Ignez Mazoni ]
Faz como eu
Faz assim como eu, assim assim. (bis)
Bate o pé como eu, assim assim. (bis)
Bate palmas como eu, assim assim. (bis)
Dá estalinhos como eu, assim assim. (bis)
Mexe os ombros como eu, assim assim. (bis)
Ergue os braços como eu, assim, assim. (bis)
Toca assim como eu, assim, assim. (bis)
Dança assim como eu, assim, assim. (bis)
Marcha assim como eu, assim, assim. (bis)
Faz assim, como o Paulo…
Havia um lindo balão
Havia um lindo balão que sempre queria voar. Descia e subia, descia e subia e ao céu já queria chegar.
António José Ferreira ]
Lagarto pintado
Lagarto pintado, quem te pintou? Foi uma velha que aqui passou.
No tempo da eira, fazia poeira.
Puxa, lagarto, por aquela orelha.
ALTERNATIVA
– No campo da aldeia, ó que poeira! Puxa, lagarto, por esta orelha!
Marcha soldado
Marcha soldado, cabeça de melão. Se não marchar’s direito, sairás do batalhão.
O carro da Rita
O carro da Rita rr rr rr rr rr rr rr rr rr. O carro da Rita rr rr rr corre pela rua.
A abelha bonita, bz bz bz, bz bz bz, bz bz bz. A abelha bonita, bz bz bz, faz uma algazarra.
O Manel tinha uma bola
O Manel tinha uma bola, mas, por falta de atenção, lá deixou ele ir a bola Presa aos dentes de um cão.
O Manel tinha uma bola, mas agora não tem, não. E a gente, a ver se o consola, vai cantar-lhe esta canção.
Olha a laranjinha
Olha a laranjinha, foi do chão ao ar. O meu amorzinho não veio ao jantar.
Não veio ao jantar, não veio ao almoço. Olha a laranjinha, foi do chão ao poço.
Olha a laranjinha, foi do chão à terra. O meu amorzinho é de lá da serra.
É de lá da serra, é de lá do monte. Olha a laranjinha, foi do chão à fonte.
Os olhos da Joaninha, tenho-os, eu, aqui na mão. (bis)
Os olhos da Susaninha são negros, cor do carvão. (bis)
Que tens, canguru
Que tens canguru nessa linda bolsinha. Eu levo o meu filho à sua escolinha.
– Diz lá, cangurú: vais de carro ou a pé? Eu vou aos saltinhos com o meu bebé.
Gira a roda
Gira a roda, gira, gira, gira a roda e vai girar. Gira a roda, gira, gira, gira a roda até parar.
Se queres ser meu amigo
Se queres ser meu amigo, diz-me o nome.
… dá-me a mão…
… diz olá…
… diz por favor…
… diz desculpa…
… com licença…
… até logo…
Meu lindo balão
Meu lindo balão, ão, ão, pelo ar subiu, iu, iu, mas caiu no chão, ão, ão, nunca mais se viu, iu, iu.
Todos os patinhos
Todos os patinhos sabem bem nadar, cabeça para baixo, rabino para o ar.
Quando estão cansados, da água vão sair. Depois em grande fila p’ra o ninho querem ir.
Traz traz
Traz-traz, p’ra aquecer, bate palminhas, bate palminhas! Traz-traz, que bem que faz. Bate palminhas, traz-traz-traz.
Texto de M.C. Diogo
Truz-truz, p’ra aquecer bate na mesa, bate na mesa! Truz-truz, que bem faz. Bate na mesa, truz-truz-truz!
Um copo com água
Um copo com água, uma escova e pasta p’ra lavar os dentes é o que me basta.
‘Sfrego, ‘sfrego, ‘sfrego,
muito esfregadinho:
Com os dentes lavados,
que rico cheirinho!
Luiza da Gama Santos ]
Um dedo assim
Um dedo assim tiquitim, tiquitim, eu mexo já já tacatá tacatá. Um dedo assim tiquitim, tiquitim, eu mexo já já tacatá tacatá.
Uma mão…
Um braço…
Um pé…
Uma perna…
O corpo assim….
Um elefante se balanceava
Um elefante se balanceava sobre a teia de uma aranha. Como ele sabia que não cairia, foi chamar outro elefante.
Dois elefantes… Três elefantes… (…)
Dez elefantes se balanceavam
sobre a teia de uma aranha.
Como eles sabiam que já cairiam
não chamaram mais nenhum.
Na última estrofe, as notas finais são dó – dó.
Texto português de Un elefante se balanceava por António José Ferreira ]
Vamos dançar
Vamos dançar: Começa devagar; Depois de começar, Não podes mais parar.
Falado:
Um dedo
Outro dedo
Uma mão
Outra mão
Um cotovelo
Outro cotovelo
Um ombro
Outro ombro
Um pé
Outro pé
Uma perna
Outra perna
A cabeça
O corpo inteiro
https://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2020/04/pre-escola-instrumentos.jpg400400António Ferreirahttps://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/03/Logomarca-MELOTECA-300x86.jpgAntónio Ferreira2020-04-19 14:11:222023-05-02 12:37:04Cantigas para a Pré-Escola
A ouvir, a tocar que tens bom ouvido vais mostrar. A sentir, a cheirar, que tens bom olfato vais mostrar. A tocar, a apalpar, que és bom no tacto vais mostrar. A comer, a mascar, mostra-me que tens bom paladar. A olhar, a piscar, mostra a visão para o teu par.
António José Ferreira ]
Animais
Animais da terra, animais do mar, uns movem-se rápido, outros devagar.
Tartaruga, vai devagar. Tens o tempo todo p’ra chegar. Assim tu não vais transpirar. Tartaruga vai devagar.
Corre lebre, corre lebre, não podes parar. Se não corres para a meta não irás ganhar.
Meloteca, recursos musicais criativos para a infância
Cai a castanha
Cai a castanha, é de quem a apanha; cai a castanhinha, talvez seja minha. É castanha crua, deve ser a tua; esta é bem assada, para a minha amada. Esta é cozida, é boa comida; se é bem descascada, não restará nada.
António José Ferreira ]
Cuida sempre da alimentação
Cuida sempre da alimentação, come sopa, arroz e feijão. Cuida sempre da alimentação, come uvas, pera, melão.
Cuida sempre da alimentação, come truta, polvo, salmão; cuida sempre da alimentação, bebe água até mais não.
António José Ferreira ]
Da abóbora faz melão
Da abóbora faz melão, do melão faz melancia. Faz dança, faz dança, faz dança, ó Maria.
Quem quer dançar melhor, vai à casa do José. Ele pula, ele roda, ele mexe bem o pé.
Trad. do Brasil ]
Eu fui ao Senhor doutor
Eu fui ao senhor doutor, eu fui ao senhor doutor, que me disse que eu tenho um tique, que me disse que eu tenho um tique, eu tenho um tique, eu tenho um tique, tique tique, tique tique.
Eu fui ao Senhor doutor que mandou mexer as pernas… Eu tenho um tique, Eu tenho um tique, tique tique, tique tique. … mexer a anca… … mexa os braços… … mexa os ombros… … mexer a cabeça…
La la, chickalileelo
La la, chickalileelo, la la, chickalileelo.
Quem soube escutar, tocou, quem soube escutar tocou.
Vou escolher para tocar, aquele que sabe escutar,
Quem sabe ouvir e calar, este tambor vai tocar.
Mãezinha
Mãezinha, querida mãezinha, diz quando me levas a passear. A criança pergunta então:
Mãe, quando me levas a passear? A mãe diz, por exemplo:
Domingo! A criança diz com ansiedade:
Ah se já fosse Domingo….
Na segunda
Na segunda, venho à escola; na terça, trago a sacola; na quarta, visto a camisola; na quinta, jogo à bola; na sexta, fecho a escola; no sábado, bebo coca-cola; no domingo, toco viola.
António José Ferreira ]
Ó abre a roda
Ó abre a roda, tingolelé. Ó abre a roda, tingolelá. Ó abre a roda, tingolelé, tingolelé, tingolalá.
Ó fecha a roda…
Ó gira a roda…
Ó bate o pé…
Ó dá um pulo…
Ao pé coxinho…
Ó bate palmas…
Ó dá um abraço…
Trad. do Brasil ]
Ó filho!
Ó filho, lava a cara. Ó pai, eu já lavei. Quando lavaste a cara? Ó pai, eu lavei ontem.
Lavaste, lavas e lavarás. (2 v.)
Ó filho, faz a cama. Ó pai, eu já a fiz. Quando fizeste a cama? Ó pai, eu já fiz ontem.
Fizeste, fazes e farás. (2 v.)
Ó filho, arruma o quarto. Ó pai, já arrumei. Quando arrumaste o quarto? Ó pai, arrumei ontem.
Arrumaste, arrumas e arrumarás. (2 v.)
Ó filho, põe a mesa. Ó pai, eu já a pus. Quando puseste a mesa. Ó pai, eu já pus ontem.
Puseste, pões e porás. (2v.)
Ó filho, come a sopa. Ó pai, eu já comi. Quando comeste a sopa? Ó pai, eu comi ontem.
Comeste, comes e comerás. (2 v.)
Ó filho, lava os dentes. Ó pai, eu já lavei. Quando lavaste os dentes? Ó pai, eu lavei ontem.
Lavaste, lavas e lavarás. (2v.)
António José Ferreira ]
O maestro manda
O maestro manda tocar um ritmo. (2 v.) O maestro manda fazer estalos. (2 v.) O maestro manda bater nos ombros. (2 v.) O maestro manda bater as palmas. (2 v.) O maestro manda bater nas pernas. (2 v.) O maestro manda bater o pé. (2 v.)
Olha o bichinho
Olha o bichinho que está no meio. Deixai-o ‘star, ‘stá a dormir, ‘stá a descansar, vem agora ó bichinho, anda ‘scolher o teu par.
Papá Pinguim
Papá pinguim, papá pinguim, eu sou o papá pinguim, pois sim. e se és um bom filho, vem atrás de mim.
Para a frente, para trás
Para a frente, para trás, é assim que a gente faz. Para trás, para a frente, é assim que faz a gente
Para um lado, para o outro; esta dança sabe-me a pouco. Para baixo, para cima; é a dança da minha prima.
Para cima, para baixo; que em breve damos despacho. Para o lado, ao pé cochinho. Aguenta mais um pouquinho.
Mãos nas ancas a dançar que esta moda vais recordar.
António José Ferreira ]
Saltam castanhas
Salta uma, saltam duas, três castanhas a estalar. Dá-me uma, dá-me duas, dá-me outra p’rò meu par.
António José Ferreira ]
Se eu for doutor
Se eu for doutor, cuidarei bem do Senhor. Se eu for enfermeira, ‘starei sempre à tua beira. Se eu for pianista, vou tocar como um artista. Se eu for costureira, farei roupas de primeira. Se eu for bombeiro, chegarei sempre em primeiro. Se eu for bombeiro, chegarei sempre em primeiro. Se eu cozinheira, farei pratos à maneira.
António José Ferreira ]
Animais
Animais da terra, animais do mar, uns movem-se rápido, outros devagar.
Tartaruga, vai devagar. Tens o tempo todo p’ra chegar. Assim tu não vais transpirar. Tartaruga vai devagar.
Corre lebre, corre lebre, não podes parar. Se não corres para a meta não irás ganhar.
António José Ferreira ]
Tenho uma vassoura
Tenho uma vassoura, vassoura com magia. Ela me transporta de noite e de dia.
Imaginação, imaginação…
Monstros e vampiros e múmias e aranhas; bruxas e fantasmas, e músicas estranhas.
António José Ferreira ]
Uma pipoca
Uma pipoca a estourar numa panela, vem logo outra e começa a responder. Aí começa um tremendo falatório e já ninguém se consegue entender.
É tal o ploc, plo-ploc ploc ploc. É tal o ploc, plo-ploc ploc ploc.
Trad. do Brasil ]
Vamos lá cantar
Vamos lá cantar, rir e festejar. Ao nosso amigo Carlos um abraço vamos dar.
Parabéns! Parabéns! Ao nosso amigo Carlos um abraço vamos dar. Oh yeah! Um abraço! Mais uma vez!
António José Ferreira ]
Vamos parar e escutar
Vamos parar e escutar. Vamos ouvir o João a tocar.
Vamos parar e escutar. Vamos ouvir as meninas a tocar.
Vamos parar e escutar. Vamos ouvir os rapazes a tocar.
Vamos parar e escutar. Vamos ouvir toda a turma a tocar.
António José Ferreira
Vou no carro azul
Vou no carro azul, vou de férias para o sul. Vou no carro azul, vou a casa do Raúl.
Ponho sempre o cinto.
Meto a primeira.
Ando para a frente.
Ando para trás.
Viro à direita.
Viro à esquerda.
Paro no vermelho.
António José Ferreira ]
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Criança tocando jambé
https://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2020/04/jambe-crianca.jpg400400António Ferreirahttps://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/03/Logomarca-MELOTECA-300x86.jpgAntónio Ferreira2020-04-18 00:24:322023-05-02 12:36:26Canções e animação
A viuvinha está triste Que lhe morreu seu marido Não tem quem lhe aqueça a cama Anda com o sono perdido.
A Senhora Viuvinha Com quem é que quer casar É com o Senhor da Alemanha Ou com o Senhor General.
Eu não quero esses homens Que eles não são para mim Eu sou uma pobre viúva Ninguém tem dó de mim
Tradicional da Madeira ]
Ai, eu entrei na roda
Ai, eu entrei na roda. Ai, eu não sei como se dança. Ai, eu entrei na “rodadança”. Ai, eu não sei dançar.
Sete e sete são quatorze, com mais sete, vinte e um. Tenho sete namorados só posso casar com um.
Namorei um rapazinho do colégio militar. O diabo do garoto, só queria me beijar.
Todo mundo se admira de a macaca fazer renda. Eu já vi uma perua ser caixeira de uma venda.
Lá vai uma, lá vão duas, lá vão três pela terceira. Lá se vai o meu benzinho, de avião para a Madeira.
Essa noite tive um sonho que chupava picolé Acordei de madrugada, chupando dedo do pé.
Tradicional do Brasil ]
Cai, cai, balão
Cai, cai, balão, cai, cai, balão Aqui na minha mão. Não cai, não, não cai, não, não cai, não, Cai na rua do Sabão.
Tradicional do Brasil ]
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias.
Contacto
António José Ferreira 962 942 759
Ciranda
Ciranda, cirandinha, Vamos todos cirandar. Vamos dar a meia-volta, Volta e meia vamos dar.
O anel que tu me deste Era de vidro e quebrou. O amor que tu me tinhas Era pouco e acabou.
Por isso, colega Ana, Entre dentro desta roda. Diga um verso bem bonito, Diga adeus e vá-se embora.
Escravos de Jó
Escravos de Jó Jogavam caxangá. Tira, bota, deixa ficar. Guerreiros com guerreiros fazem zigue-zigue-zá. Guerreiros com guerreiros fazem zigue-zigue-zá.
Tradicional do Brasil ]
Ó condessa
[ Condessinha de Aragão ]
Ó condessa, ó condessinha, Ó condessa de Aragão, Venho pedir-te uma filha Destas três que aqui estão.
Minhas filhas não as dou, Nem por ouro nem por prata, Nem por sangue de zaragata Que me custou a criar Com a ponta da minha agulha E com o rabo do meu dedal.
Ai que contente que eu vinha, Que triste me vou achar! Pedi a filha à condessa, Condessa não ma quis dar.
Volta atrás ó cavaleiro Se fores homem de bem Entra aqui no meu chiqueiro E escolhe a que for capaz.
Esta quero, esta levo Por seres a minha condessa Que me come o pão da cesta E o vinho da Calheta.
Tradicional da Madeira ]
Olha a Rosa
Olha a Rosa amarela, Rosa Tão Formosa, tão bela, Rosa Olha a Rosa amarela, Rosa Tão Formosa, tão bela, Rosa
Iá-iá meu lenço, ô Iá-iá Para me enxugar, ô Iá-iá Esta despedida, ô Iá-iá Já me fez chorar, ô Iá-iá
Vai correndo o lindo anel
Vai correndo o lindo anel, corre, voa, sem parar. Onde está, onde se encontra? Quem o pode adivinhar?!
Quem o pode adivinhar, se é que não adivinhou? Onde pára o lindo anel que da minha mão voou?!
T. Nogueira ]
Vai de galho em galho
Vai de galho em galho Vai de flor em flor Vai de braço dado Vai de braço dado mais o seu amor.
Muito chorei eu num Domingo à tarde Aqui este meu lenço Aqui está o meu lenço que fala a verdade.
Ah, seu ladrão, seu ladrão manjerico Não queiras ficar Não queiras ficar na praia sozito.
Na praia sozito não hei-de eu ficar Eu hei-de ir à roda Eu hei-de ir à roda escolher meu par.
Tradicional da Madeira ]
https://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2020/04/cancao-de-roda.jpg400400António Ferreirahttps://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/03/Logomarca-MELOTECA-300x86.jpgAntónio Ferreira2020-04-17 15:08:572024-11-13 14:32:36Canções de roda
Clique AQUI para adquirir a coletânea temática “Canta a criança”, partitura (MIDI partilhados).
A barca virou
A barca virou, deixá-la virar. A menina Júlia não sabe remar.
Se eu fosse um peixinho, sabia nadar. Tirava a Júlia do fundo do mar.
A pomba caiu ao mar
A pomba caiu ao mar, a pomba ao mar caiu. A pomba caiu ao mar, agarrei a pomba e lá me fugiu. (bis)
A rola caiu ao rio, a rola ao rio caiu. A rola caiu ao rio, agarrei a rola e lá me fugiu. (bis)
O cuco caiu ao rio, o cuco ao rio caiu. O cuco caiu ao rio, agarrei o cuco e lá me fugiu. (bis)
Trad. adapt. ]
Ai, ai, ai, minha machadinha
Ai, ai, ai, minha machadinha, (bis) quem te pôs a mão sabendo que és minha? (bis)
Sabendo que és minha, também eu sou tua. (bis) Salta machadinha para o meio da rua. (bis)
Lá p’rò meio da rua não hei-de eu saltar. (bis) Eu hei-de ir à roda escolher o meu par. (bis)
As mulheres do monte, quando vão à vila, levam cestos de ovos, galinhas em cima.
Duma vez, a uma, caiu-lhe a cestinha. Quebraram-se os ovos, fugiu-lhe a galinha.
Chegando ao Outeiro: “Pira, pira, pira.” Quanto mais chamava, mais ela fugia.
Trad. ]
Ao belo sol d’oiro
Ao belo sol d’oiro que é loiro balão, já toca o besoiro no seu rabecão.
E logo a compasso a clara cigarra ameiga o espaço, tocando guitarra.
Moscardo esperto zumbindo mais fino ajuda ao concerto tocando violino.
Mosquitos vibrando mil asas inquietas alegram o bando tocando trombetas.
O solo é do grilo, cantor e poeta: Lá baila, ao seu trilo, a flor-borboleta.
E a música erguida p’ra os céus não tem fim! Que festa! Que vida sorri no jardim!
A. M. Couto Viana ]
Barqueiro
Barqueiro, deita o barco ao Mira, barqueiro vamos navegar, mas olha se o barco vira lá no meio do Mira: eu não sei nadar.
Se tu soubesses, amigo, se tu soubesses nadar, deitava-se o barco ao rio, eu e tu, amigo, íamos navegar!
Trad. ]
Bóia
Bóia, bóia binha que faz assim assim Ora agora a costureira a fazer assim, assim.
… cozinheira…
… motorista…
… bombeiro…
Trad. ]
Borboleta do pomar
Borboleta do pomar, poisa aqui, poisa acolá. Quem te pudesse apanhar! Coisa mais linda não há!
Sem cessar, a borboleta bate as asas de cetim, sempre alegre, sempre inquieta, a voar assim, assim.
Helena Maria Maia Malta ]
Castanhas
Castanhas, castanhas, assadinhas com sal, quentinhas, quentinhas, que não te façam mal.
Saltitam, crepitam, toma lá e dá cá. São Martinho sem sol e sem castanhas não há.
Dó ré mi fá sol
Dó ré mi fá sol, olha o caracol. Dó ré mi fá sol, deitadinho ao sol.
A a a a a, quá quá quá quá quá.
E e e e e, mé mé mé mé mé.
I i i i i, Gri gri gri gri gri.
O o o o o, Có có có có có.
U u u u u, glu glu glu glu glu.
Eu queria unir as pedras desavindas
[ Não Me Mintas ]
Eu queria unir as pedras desavindas escoras do meu mundo movediço aquelas duas pedras perfeitas e lindas das quais eu nasci forte e inteiriço
Eu queria ter amarra nesse cais para quando o mar ameaçar a minha proa e queria vencer todos os vendavais que se erguem quando o diabo se assoa
Tu querias perceber os pássaros Voar como o Jardel sobre os centrais Saber por que dão seda os casulos Mas isso já eram sonhos a mais
Conta-me os teus truques e fintas Será que os Nikes fazem voar Diz-me o que sabes não me mintas ao menos em ti posso confiar
Agora diz-me agora o que aprendeste De tanto saltar muros e fronteiras Olha p’ra mim vê como cresceste Com a força bruta das trepadeiras
Põe aqui a mão e sente o deserto Tão cheio de culpas que não são minhas E ainda que nada à volta bata certo eu juro ganhar o jogo sem espinhas
Tu querias perceber os pássaros Voar como o Jardel sobre os centrais Saber por que dão seda os casulos Mas isso já eram sonhos a mais
Letra: Carlos Tê Música: Rui Veloso Intérprete: Rui Veloso (in filme “Jaime”, de António Pedro Vasconcelos, 1999; CD “O Melhor de Rui Veloso”, EMI-VC, 2000)
Lá vai uma
Lá vai uma, lá vão duas, três pombinhas a voar. Uma é minha, outra é tua, outra é de quem a apanhar.
A criada lá de cima é feita de papelão. Quando vai fazer a cama diz assim para o patrão:
Sete e sete são catorze, com mais sete, vinte e um. Tenho sete namorados e não gosto de nenhum.
Na mochila guardei
Na mochila guardei meia dúzia de castanhas. De tão quentes que estão, ‘inda queimo a minha mão!
Vou dá-las ao pai, vou dá-las à mãe, castanhas quentinhas que cheiram tão bem.
O Outono, ao voltar, a todos vai dar castanhas assadas no lume a estalar.
Luiza da Gama Santos ]
No alto daquela serra
No alto daquela serra (2v.) está um lenço, está um lenço a acenar.
‘Stá dizendo viva, viva, (bis) morra, morra, morra quem não sabe amar. (bis)
Trad. ]
Papagaio loiro
Papagaio loiro de bico doirado, leva-me esta carta para o outro lado.
Para o outro lado, Para a outra margem, Papagaio loiro De linda plumagem.
Salta o canguru
Salta o canguru, gosta de saltar. Salta com o filho e com o seu par.
Coça o chimpazé, gosta de coçar. Quando alguém começa, já não quer parar.
Senhora Dona Anica
Senhora Dona Anica venha abaixo ao seu jardim. Venha ver as lavadeiras a fazer assim, assim.