barítono José de Freitas

JOSÉ DE FREITAS

José de Freitas, de nome completo José Cirilo de Freitas Silva, nasceu na Madeira e foi padre da Congregação da Missão (Padres Vicentinos). Já depois de padre, estudou nos conservatórios do Porto e de Lisboa, onde concluiu o Curso Superior de Canto com excelente classificação. Em 1978 tornou-se artista residente do Teatro Nacional de São Carlos onde se estreou com Schaunard em La Bohème. Foi intérprete de importantes papéis de barítono e de baixo-barítono em Portugal e no estrangeiro. Foi também diretor de coros e compositor de cânticos litúrgicos.

ENTREVISTA

Qual foi o primeiro momento em que se lembra de ter tido consciência de que a música era importante para si?

O primeiro momento?! Preferiria falar de uma pequena série de momentos… Concretizando: No meu 5º ano do seminário (hoje 9º ano), cerca dos 16 anos, quando a chamada “mudança de voz” era já algo acentuada, o meu ilustre professor de música, Padre António Ferreira Telles, poucos dias após ter-me convidado para tocar harmónio em algumas cerimónias litúrgicas (ele era o harmonista oficial, obviamente) e pedir-me para, alternadamente com outro colega, iniciar os cânticos na liturgia (o equivalente a solista), veio falar comigo na véspera da festa do Padroeiro do seminário (S. José), e disse-me: “Confio muito em ti para “segurares” a 4ª voz na missa solene de amanhã.” Ora aí tem um “puzzle” com bastante significado na minha “consciência musical” de jovem seminarista…

Quais os professores que mais o influenciaram no tempo de seminário?

Vou referir-me apenas a professores de música, obviamente. Desde os primeiros anos, tive uma veneração especial por um ilustre mestre, muito “sui generis”, mas muito competente e sabedor: o Padre António Ferreira Telles, a que atrás aludi. Era excelente harmonista, compositor, ótimo harmonizador. O Pe. Fernando da Cunha Carvalho, felizmente ainda entre nós, também teve influência na minha orientação musical, e não só. Mas vou salientar, sem querer ser injusto para os atrás citados e porventura outros, o Pe. João Dias de Azevedo, que muito me ajudou sobretudo no harmónio e no órgão, no Seminário de Mafra, onde fiz o meu noviciado (1954-1956). Nesse período, cheguei a tocar órgão em algumas celebrações dominicais e festas na Basílica de Mafra… E, para completar os anos do seminário, não poderei omitir o Pe. Fernando Pinto dos Reis (1929-2010).

Depois de ir para o seminário e de ser padre, quando é que se apercebeu de que cantar era o mais importante na sua vida profissional?

Como disse, cedo me iniciei e fui crescendo na função de solista. Continuei-a ao longo de todo o curso, alternando-a com o múnus de harmonista. Terminado o curso, fui incumbido da disciplina de Música (além de outras), no seminário menor. O concílio do Vaticano II acabava de privilegiar o vernáculo na liturgia. Iniciei a renovação de todo o repertório vigente. Eu próprio dei largas a uma velha paixão e iniciei a composição de cânticos em português, incluindo o “ordinário” e o “próprio” da missa para determinadas solenidades, além de outros cânticos circunstanciais. Aconselhado por não poucos, matriculei-me no Conservatório do Porto. Canto? Composição? Duas paixões. Muito incitado e encorajado pela professora D. Isabel Mallaguerra, decidi-me mais seriamente pelo canto, sem descurar a composição musical.

Após o curso geral de canto no Conservatório do Porto, vim a concluir o Curso Superior no Conservatório Nacional com a professora D. Helena Pina Manique. Com o programa do exame do curso superior concluído com alta classificação, fui convidado para vários recitais em Lisboa e não só. Iniciei logo de seguida o curso de ópera com o professor Álvaro Benamor e D. Helena Pina Manique. Fui admitido no Coro Gulbenkian, onde estive durante alguns meses até seguir para Paris com uma bolsa de estudos.

O diretor do Teatro Nacional de São Carlos, Eng. João Paes, que já me ouvira no Conservatório, convidou-me para, temporariamente, interromper o estágio em Paris e vir a Lisboa preparar o desempenho de um importante papel numa ópera portuguesa. Bem sucedido, pediu-me para, após o estágio parisiense, seguir para Florença, afim de preparar, com o famoso Gino Bechi, o importantíssimo papel de primeiro barítono (Lord Enrico d’Ashthon) da ópera Lucia di Lamermoor, de Donizetti. Cantei esse papel em novembro de 1977, no Teatro Rivoli (Porto)…

Toda esta “bola de neve” a partir da conclusão do curso superior de canto em 1974, todo o incrível desencadear de situações até finais de 1977, todo o ano de 1977 sobretudo, tudo isso responde à sua pergunta… Parafraseando, em contraste, um fadista, diria: “Ser cantor não foi meu sonho, mas cantar foi o meu fado…”

Dos anos em que estudou Música e Canto, que professores tiveram uma influência mais decisiva?

Nos conservatórios do Porto e de Lisboa, tive a felicidade de ser orientado respetivamente pelas professoras D. Isabel Mallaguerra e D. Helena Pina Manique, e ainda, por algum tempo, pela D. Arminda Correia, sem esquecer o Prof. Álvaro Benamor (cena).

Em Paris, como olvidar o trabalho com a famoso baixo Huc-Santana e o não menos célebre barítono Gabriel Bacquier? Em Itália, e aqui em Portugal, Gino Bechi foi simplesmente precioso no trabalho vocal e cénico. Este famoso barítono, que também me honrava com a sua amizade, cantou nos anos 40, em todos os grandes palcos do mundo. A sua famosa “entrega” aos espetáculos e nos espetáculos, quer cenicamente mas sobretudo vocalmente, levou-o a tal desgaste que teve de terminar a sua carreira por volta dos 40 anos, precisamente com a idade com que eu comecei…

Foi difícil deixar de ser padre e optar pela carreira musical?

Quando, em finais dos anos 60, me matriculei no Conservatório do Porto, confesso que o meu sonho era dar uma componente artística à minha missão de padre.

Começaram a surgir, porém, situações que não deixaram de me ir perturbando. Alguma confusão começou a instalar-se nos meus horizontes… Estávamos em pleno pós-74… Sobretudo a partir de 1977, comecei a sentir-me ultrapassado pelos acontecimentos. Tinham de ser tomadas decisões… Não podia viver na ambiguidade!… Houve muitas dúvidas, muitas incertezas… O meu Padre Provincial de então propôs-me fazer as duas coisas: padre e cantor… Tudo se desenrolava vertiginosamente… Eram convites para concertos, para óperas, etc.
Cheguei mesmo a atuar durante não pouco tempo, estando ainda no exercício do ministério… Fui chegando à conclusão de que as duas funções não faziam grande sentido… Em finais de 1978, acabei por tomar a decisão: pedi para Roma a dispensa do exercício das ordens. Não tive resposta fácil. Demorou mais de dois anos. Pelo meio, um apelo a que repensasse…

Qual foi o papel da Igreja na sua vida musical?

Primeiramente, como é obvio, penso em todo o curso do seminário. Para além de todos os aspetos da formação, a música da Igreja, o canto gregoriano, ocupou uma grande parte desse período, quer na teoria, quer na prática. O nosso Cantuale, um livro específico da Congregação da Missão com os mais belos cânticos gregorianos e muitos outros, a uma ou mais vozes, dominou grande parte desses anos, as nossas vozes e as nossas almas.

No seminário Maior, durante o curso de filosofia e teologia, para além das mais belas obras de polifonia sacra, cantávamos, todos os domingos e festas, o “comum” e o “próprio” em gregoriano, de acordo com o emblemático Liber Usualis, a mais completa obra do canto da Igreja. Tudo isto, naturalmente acompanhada da parte teórica, marca indelevelmente a minha personalidade e a minha formação musical. E não esqueço que quase sempre, alternadamente, fui organista e solista…

Após a ordenação, seguiram-se anos dominados pelo Concílio do Vaticano II, com uma série extraordinária de documentos sobre a música e a liturgia em vernáculo,com o aparecimento de excelentes compositores. E foram sempre surgindo, com os diversos papas, importantes documentos sobre a música litúrgica. Não posso esquecer os “famosos” cursos gregorianos de Fátima que frequentei.

Durante os anos 1977-1995, em que a vida artística teve o seu lado prioritário, nunca deixei de estar atento aos documentos da Igreja sobre música sacra e à obra de excelentes compositores que temos.

A partir de 1997, já no pós – S. Carlos, a pedido do meu grande amigo Conégo José Serrasina que acabava de ficar à frente da Paróquia dos Anjos, em Lisboa– a minha paróquia -, comecei a orientar o coro paroquial, tomando a peito a renovação dos cânticos e a dinamização litúrgica. Baseava-me sempre nos textos de cada celebração. Após 5 anos de intenso e profícuo trabalho, abracei outro projeto – na Capela do Palácio da Bemposta (Academia Militar), onde colaborei durante 13 anos (2003 – 2016). Durante este período, compus dezenas de cânticos que vieram a ser publicados pela Academia Militar, em 2012, num volume com o título Deus é Amor. Porque o “contexto” de então era “específico”, o referido volume irá “sofrer” brevemente substancial alteração.

Qual foi a maior deceção na sua vida?

Se me permite, não apresentaria uma mas duas deceções, e ambas no âmbito do mundo lírico. A primeira, logo de início. Tinha feito 40 anos. Eram diferentes, agora, o sonho e o ideal. Imaginava que perante mim, ia surgir um meio pleno de elevação, um ambiente superior, de arte, de cultura, etc. Cedo, porém, fui verificando e concluindo que as cores que sonhara belas, não, não o eram assim tanto… A realidade era bastante mais prosaica… Bem!… Respirei fundo, bem fundo, passe a expressão… E, vamos a isso!… Mas vamos mesmo! O desafio que ora iniciava era para ganhar, era mesmo para vencer!… E foi! Não tive o caminho atapetado de rosas, longe disso, muito longe! Foram necessárias uma fibra excecionalmente forte como considero ter, uma fé inabalável em Deus como efetivamente tenho, e também, obviamente, uma grande confiança nos talentos que Deus me deu, aliados à formação que tive (não poderei esquecê-lo!) E…aí vou eu!… E nem tudo foram espinhos, digamos em abono da verdade. Tive um público que me admirava e apoiava bastante, excelentes e excecionais críticas, outras nem tanto… E, entre um pessoal que rodava as três centenas (coro, orquestra, cantores, técnicos, etc), tive não poucos amigos e admiradores! Não esqueço que, logo no começo, nos primeiros ensaios, vi lágrimas nos olhos de algum do pessoal, ao verem a minha entrada enérgica, decidida, confiante, e pensando no “mundo” donde acabava de chegar… aos 40 anos!…

A segunda deceção foi no fim. Em finais de 92, a SEC, tendo à frente o Dr. Pedro Santana Lopes, achou por bem dissolver a Companhia Portuguesa de Ópera (cantores, orquestra, etc). Éramos 14 os cantores principais. Mesmo tendo em conta que eu continuava a cantar no país e não só, esta foi sem dúvida uma grande deceção. Aos 55 anos, encontrava-me no ponto mais alto da carreira, a nível vocal e cénico, na minha opinião e na de quantos me conheciam e ouviam! Esperava estar “em grande” mais uma boa dezena de anos… Lembrei-me então das palavras de Gino Bechi, quando, certo dia, nos anos 80, após fazer as célebres e espetaculares demonstrações, vocais e cénicas, durante um ensaio, e quando já contava perto dos 80 anos, teve este desabafo: “Agora é que eu sei cantar!”

Pois é!… Parafraseando o meu mestre, diria: “Agora… é que eu sabia cantar!…”

Qual foi o momento mais alto da carreira como cantor lírico?

Desempenhei os mais diversos papéis de 1º barítono, de baixo-barítono, papéis característicos, enfim, foram cerca de 50… Nunca tive um fracasso nos meus desempenhos. Pelo contrário! Escolher o momento mais alto?!… É difícil!… Estou a lembrar-me de não poucos… Do “Le Grand-Prêtre de Dagom” da ópera Samson et Dalila, de Saint-Saëns, em 1983. Quis preparar o papel em Lyon com o meu ex-professor de Paris, o grande barítono Gabriel Bacquier. Estou a recordar-me do “Dulcamara” da ópera L’Elisir d’Amore, de Donizetti, em 1984 e 1985… Do “Rocco”, da ópera Fidelio de Beethoven… Enfim, não vou alongar-me na citação de outras boas e belas hipóteses…

Mas vou escolher como momento mais alto uma ópera fora do estilo clássico: a ópera Kiú, do compositor espanhol Luís de Pablo, levada à cena em 1987 no Teatro Nacional de São Carlos. O meu papel de Babinshy, o pivô da ópera, na sua grande espetacularidade e dificuldade vocal e cénica, foi na verdade um momento muito alto na minha carreira! Não foi por acaso que o próprio compositor Luís de Pablo e o maestro Jesús Ramón Encimar me convidaram, 5 anos depois (dezembro de 1992 – janeiro de 1993), para interpretar em Madrid o mesmo papel!…

Quais foram os cantores líricos mundiais que mais o inspiraram?

Estavam na moda, nos anos 60, cantores líricos que deveras nos entusiasmavam. Lembro-me, por exemplo, de Mário Lanza, de Luís Mariano, de Alfredo Krauss que vim a conhecer em São Carlos, e com o qual contracenei, inicialmente, num ou noutro pequeno papel. E vários outros, quase todos tenores. O meu tipo de voz é de barítono ou de baixo-barítono. Mas foi sobretudo a partir do Curso Superior de Canto que comecei a interessar-me por vozes líricas, o que é absolutamente natural. Dado o meu tipo de voz, cerca de cinco ou seis cantores internacionais dominavam particularmente os meus gostos. Comecemos pelos alemães Dietrich Fischer-Dieskau e Hermann Prey, barítonos. O primeiro, absolutamente excecional em lied, tendo cantado praticamente tudo o que havia nesse domínio. Muitos o consideraram o maior músico do século XX. Foi inclusivamente maestro de música sacra. Ouvi-o ao vivo em Paris. Hermann Prey era superior como ator. As suas interpretações em óperas de Mozart, Rossini, Donizetti ficaram memoráveis. Outros dois barítonos ou baixo-barítonos, Fernando Corena e Rolando Panerai, eram também grandes cantores e atores, mais característicos que os anteriores. Outro barítono que, vocalmente (não cenicamente) me enchia as medidas, era Piero Cappuccilli. Era um barítono a que eu chamaria heróico-dramático, com uma incrível potência de voz. Jamais esquecerei o seu desempenho em Simon Boccanegra de Verdi, no São Carlos…

Poderia obviamente alongar-me, no que às vozes masculinas diz respeito. Mas também não posso deixar de me referir a vozes femininas que, além de nós deixarem siderados, tanto nos ensinaram! Antes de mais, Maria Callas!… Depois, uma Victoria de los Angeles que cheguei a ouvir na Gulbenkian. Fiorenza Cossotto, Mirella Freni, Christa LudwigMonserrat Caballé que ouvi em Paris dirigida por Leonard Bernstein… Uma Joan Sutherland, La Stupenda, a tal que cantou a Traviata no Coliseu na famosa noite de 24 para 25 de abril de 1974, com o já citado Alfredo Kraus… E eu estava lá!…

Quais os músicos portugueses mais influentes na sua carreira?

Por músicos, entendo compositores, professores, pianistas, ensaiadores, “pontos”, cantores, e, porque não, críticos… Antes de mais, as minhas duas professoras nos conservatórios do Porto e de Lisboa, respetivamente: Isabel Malaguerra e Helena Pina Manique. A professora D. Arminda Correia fez de forma extraordinária a breve transição entre uma e outra. Álvaro Benamor, na classe de ópera. A pianista Maria Helena Matos que me acompanhou com enorme competência desde o Conservatório Nacional, incluindo o exame final, e praticamente em todos os recitais que fui dando ao longo da carreira. O maestro Armando Vidal, músico de gema, com o qual preparei, como a generalidade dos artistas, quase todos os papéis que tinha a desempenhar nas dezenas de óperas em que fui interveniente. Entre os maestros – “pontos” – , não esquecerei o maestro Pasquali que tão competentemente orientou, durante os primeiros tempos, as nossas intervenções em palco, e o maestro Ascenso de Siqueira, grande e bom amigo e incrível ser humano… Tive a felicidade de trabalhar com encenadores como António Manuel Couto Viana, que me honrava com a sua amizade, Carlos Avillez (em várias óperas), Luís Miguel Cintra, João Lourenço

Cantores? Álvaro Malta, Hugo Casaes, Elizette Bayan, Armando Guerreiro, e outros… Lembro-me ainda de preciosas “dicas” que me deu Álvaro Malta

Compositores? Antes de mais, o Prof. Cândido Lima. Conheci-o em Paris. Conversávamos muito. Não esqueço o dia em que ele me apresentou ao seu amigo Iannis Xenakis… Fomos juntos a vários concertos. Preparei, com ele ao piano, algumas obras suas para canto. Foi meu pianista num concurso de canto em que fui premiado… Tudo isto em Paris, em 1977.

Com o grande compositor Fernando Lopes-Graça, tive a honra de preparar um importante papel de solista na sua obra As Sete Predicações d’Os Lusíadas, em vista à estreia mundial da mesma no VI Festival da Costa do Estoril (1980).
Joly Braga Santos honrava-me com a sua amizade e admiração. Com ele ensaiei o papel de solista na sua Cantata Das Sombras, sobre texto de Teixeira de Pascoaes, para primeira audição mundial no Teatro de S. Luís, a 27 de julho de 1985, com o Coro Gulbenkian, e enquadrada no XI Festival de Música da Costa do Estoril. De Joly Braga Santos nunca poderei esquecer as suas palavras, em pleno palco, no fim da última récita da sua Trilogia das Barcas, em maio de 1988: “Estou a compor uma ópera, para a Expo de Sevilha (daí a 4 anos), baseada numa obra de Frederico Garcia Llorca, Bodas de Sangue e tenho um muito bom papel para si”. Entretanto, o maestro falecia 2 meses depois, a 18 de julho de 1988, o que constituíu uma grande perda para o País, para a cultura portuguesa.

Quanto a críticos, devo dizer que, entre outros, Francine Benoit, João de Freitas Branco, José Blanc de Portugal muito me encorajaram e elogiaram!

E hoje, o que acha da evolução da ópera em Portugal?

Francamente, tenho dificuldade em responder. Há cerca de vinte e cinco anos, após a extinção da Companhia Portuguesa de Ópera e de ter dado como terminada a minha carreira lírica, abracei outro projeto e alheei-me bastante desse tema. Sei que, sobretudo por razões orçamentais, a programação se ressente, e muito. Tudo parece ser diferente. Repito: não tenho dados que me permitam fazer qualquer juízo de valor…

O que pensa do papel da música na Igreja?

Desde o Seminário Maior, fui lendo atentamente, e mais que uma vez, os documentos papais que surgiram desde o princípio do século XX:
o Motu próprio de São Pio X (1903) sobre a Restauração da Música Sacra;
a Constituição Apostólica Divini Cultus (1928) no pontificado de Pio XI, sobre a liturgia e a música sacra; a Encíclica Musicae Sacrae Disciplina (1953), do Papa Pio XII, sobre a Música Sacra, vocal e instrumental.

Logo após o Concílio do Vaticano II, surge a Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium (1963), a realçar que “a acção litúrgica reveste maior nobreza quando é celebrada com canto, com a presença dos ministros sagrados e a participação ativa do povo”. E quando fala de canto, obviamente que se refere ao canto sagrado intimamente unido com o texto. E se o canto gregoriano ocupa sempre um lugar privilegiado em igualdade de circunstâncias, não são excluídos os outros géneros de música sacra mormente a Polifonia, desde que em harmonia com o espírito da ação litúrgica, e de acordo com os diversos tempos litúrgicos, com as diversas celebrações e os vários momentos da celebração. Compositores, organistas, mestres de coro, cantores, músicos (instrumentistas) devem formar um todo para o esplendor do canto.

Alguns anos após o Concílio, a famosa Instrução Musicam Sacram (1967), da Sagrada Congregação dos Ritos, é a síntese, diria perfeita, do que à Música Sacra diz respeito, desde o canto na celebração da missa, passando pela preparação de melodias para os textos em vernáculo, depois a música para instrumental, o Canto no Ofício, etc etc.

O assunto levar-nos-ia ainda a três ou quatro intervenções de São João Paulo II, a uma célebre conferência do Cardeal Ratzinger (mais tarde Papa Bento XVI) em 1985, a uma Nota Pastoral dos nossos bispos por ocasião do Ano Europeu da Música (em novembro de 1985).

E o nosso Papa Francisco, por mais de uma vez, tem insistido que a Música Sacra e Canto Litúrgico devem estar plenamente inculturados nas linguagens artísticas atuais.

Quais os compositores que mais ouve e, desses, que obras prefere?

J.S. Bach é incontornável. Oiço com frequência, por exemplo, a Cantata do Café, cuja ária Hat man nicht mit seinen kindern fez parte do programa do meu exame do Curso Superior de Canto de Concerto, e foi uma das provas de acesso ao Coro Gulbenkian, em novembro de 1974; a Missa em Si m, cujas árias de baixo cantei; e a Paixão Segundo S. João, em que interpretei o papel de Jesus, no Porto, em abril de 1977, quando ainda estagiava em Paris…
Haëndel (O Messias, e Música Aquática); Beethoven (Sinfonias 3, 6 e 9) e a ópera Fidelio, cujo papel de Rocco desempenhei em junho de 1986; Mozart (o Requiem que, enquanto membro do Coro Gulbenkian, cantei no Coliseu em 1975, com gravação para a Erato; a Sinfonia nº 40, etc etc); Haydn (A criação, a Missa de Santa Cecília e a Sinfonia Concertante); Bizet (Carmen); Bramhs (Um Requiem Alemão);Rossini (Stabat Mater); Tchaickowsky (Romeu e Julieta e Francesa da Rimini; Dvorak (Sinfonia nº 9, O Novo mundo); Ravel (Bolero); Rodrigo (Concerto de Aranjuez); Strauss (valsas); Elgar (Concerto para violoncelo).

E muito, muito mais, obviamente.

O que o levou a colecionar livros e discos?

Certamente, e de uma forma geral, o meu gosto pela música, a ligação à Igreja, o meu profissionalismo, a cultura. É claro que tudo se desenrola de acordo com as diversas etapas da vida:

a minha função de professor de Música (além de outras disciplinas) no seminário menor, após a minha formação, e o começo dos meus estudos no Conservatório;

a minha transição para a vida pastoral, durante 3 anos;

a minha ida para Lisboa para concluir o curso Superior, do Conservatório, e a minha curta passagem pela Fundação Gulbenkian;

o meu estágio de dois anos em Paris, concluído com 2 meses em Itália;

o começo e a continuação da minha carreira lírica no Teatro Nacional de São Carlos;

os 3 anos pós-São Carlos em que continuei a minha carreira;

o abraçar de novo projeto: “trabalhar” um coro inserido numa missão pastoral na Paróquia dos Anjos (Lisboa), a minha Paróquia, a partir de 1997 e, posteriormente, de 2003 a 2016, na capela do Palácio da Bemposta (Academia Militar);

e porque não dizê-lo, as minhas viagens de automóvel, algumas longas, nos anos 70 e daí para cá, para já não falar da minha própria casa…

Como vê, são muitas as etapas e as circunstâncias em que procurei estar sempre em dia e dentro das exigências das mesmas. Livros, discos, cassetes, CDs, DVDs eram verdadeiros instrumentos de trabalho, de cultura, de ocupação, de prazer…

Julgo ter sintetizado as razões da minha importante biblioteca e discoteca, das quais progressivamente e criteriosamente, me vou voluntariamente desfazendo.

Antes da sua formação académica no conservatório, que lugar tinha a música erudita no seu papel de formador no seminário?

Além de renovar completamente o repertório de cânticos religiosos que vinha de há longos anos (o que supunha rodear-me de bom material), comecei a interessar-me por vozes maravilhosas que os discos faziam chegar até nós (Mario Lanza, Luis Mariano, Alfredo Krauss etc, e por orquestras excecionais que nos traziam as mais belas melodias clássicas, canções famosas, música de filmes históricos…

Tive sempre a preocupação de partilhar com os meus jovens alunos algum desse maravilhoso mundo musical… Era importante para a educação da sua sensibilidade, dos seus gostos, da sua cultura.

Lembro-me, e muitos ex-alunos (quer do seminário, quer do ensino público) se recordarão de ter dado a ouvir, entre outras obras, uma pequena peça do compositor russo Alexander Borodine. Tratava-se de Nas estepes da Ásia Central. Era a caravana que surgia ao longe, a marcha dos camelos, a intensidade instrumental que “subia” a anunciar a chegada da caravana, a permanência no terreno, o retomar da marcha, os sons que se iam extinguido… até a caravana se perder de vista!… Era tudo tão belo, tão claro! Apaixonante!… O interesse era enorme. Os alunos começavam a compreender que a música tem um sentido, um conteúdo, uma intenção, uma finalidade, uma expressão!
O mesmo sucedeu com outras obras, como o Hino da Alegria, da IX Sinfonia de Beethoven! Etc etc.

Mas adverti-os sempre para que nada disto desviasse a atenção do essencial da sua formação!…

Em três palavras como se caracteriza a si mesmo?

Persistente! Perfecionista! Brioso!

Lisboa, 19 de março de 2018

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JOSÉ DE FREITAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL

Um barítono que é crítico de si próprio

Correio da Manhã, 28 de abril de 1986

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De padre a cantor principal de ópera no Teatro São Carlos

Diário de Notícias do Funchal, 11 de maio de 1986

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José de Freitas: de padre a cantor

Correio da Manhã, 02 de agosto de 1987

Três reis magos

Canções de reis

Reisadas

O cantar dos reis, também chamado “reisadas”, é uma secular tradição portuguesa que acontece entre o Natal (25 de dezembro) e o dia de Reis (6 de janeiro), assumindo características diferenciadoras em certas regiões.

Acompanhados por instrumentos musicais, grupos de amigos e conhecidos (reiseiros) vão de casa em entoando cantigas com que se deseja boas festas e um feliz ano novo e se pede um donativo. As janeiras têm o foco no desejar um bom ano e não tanto no nascimento de Jesus. As tradicionais janeiras e cantares ao Menino assumem no concelho de Faro a forma particular de encontros de charolas, amplamente participados.

Na linha das tradições musicais portuguesas (e no âmbito de Educação Musical e de Música), podem ser manifestação de empatia com a comunidade educativa. Na escola, as quadras podem ser preparadas com os alunos, atividade que fomenta a criatividade e o gosto da poesia.

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Meloteca, recursos musicais criativos para crianças, professores, educadores e animadores

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A cabana está fechada

1. A cabana está fechada,
o Menino está lá dentro.
Vinde dar as Boas Festas.
Ó que lindo nascimento.

Vamos todos, vamos todos,
vamos todos a Belém
adorar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Reciclanda

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O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.

Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. 

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António José Ferreira
962 942 759

A cantar-vos as janeiras

A cantar-vos as janeiras
aqui estamos reunidos.
Desejamos um bom ano
aos amigos mais queridos.

1. Vivam os colegas,
e os professores,
os auxiliares
e educadores.

Versão das janeiras “Boas festas, boas festas” destinada à escola.

Agora que eu vou cantar

Agora que eu vou cantar,
viva o meu atrevimento.
Quem não me quiser ouvir
bote os ouvidos ao vento.

Por bem cantar, mal não digas
dos que a voz aqui levantam,
pois uns cantam o que sabem
e outros sabem o que cantam.

Popular do Alentejo

Alegres cantam os sinos

1. Alegres cantam os sinos
nesta noite de Natal
em que Jesus veio ao mundo
para nos livrar do mal.

Vinde, pastores, correi a Belém,
ver na lapinha Jesus nosso bem.
Vinde adorar o Menino,
Vinde todos a Belém.

2. Glória a Deus nas alturas,
estão anjos a cantar.
Vinde adorar o Menino
que nasceu p’ra nos salvar.

3. Ó meu menino Jesus,
nascidinho na probreza,
tomai posse da minha alma
que é toda a minha riqueza.

Cantar. 1964, 4ª ed., 162-163.

Aqui estamos nós

Aqui estamos nós
Neste belo dia
Cantando as janeiras
Com muita alegria.

P’ra a nossa família
E p’ra toda a gente
Que o ano novo
seja excelente.

2. Para os colegas
E os professores,
Os auxiliares
E educadores…

3. Que os nossos amigos
Tenham amizade,
Muita alegria
E felicidade.

Aqui estamos nós todos reunidos

Aqui estamos nós
todos reunidos
cantando as janeiras
aos nossos amigos,
sem nenhum interesse
com muita amizade,
cantando as janeiras
à sociedade.

Somos cá da terra
e vimos cantar,
dar as boas festas
p’ra vos alegrar.
Neste ano novo
que Deus nos ajude,
nos dê muita paz
e muita saúde.

1. Somos bons amigos
e vimos cantar
dar as boas festas
p’ra vos alegrar.
Neste novo ano
que Deus nos ajude,
nos dê muita paz
e muita saúde.

2. ‘Stamos a acabar,
temos de partir
mas jamais iremos
sem nos despedir.
Senhores da casa
batam-nos as palmas,
sejam lá bondosos
pelas vossas almas.

Aqui vêm as três rosinhas

Aqui vêm as três rosinhas
quatro ou cinco ou seis
se o senhor nos dá licença
vimos-lhe cantar os reis

Os três reis do oriente
já chegaram a Belém
visitar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

O menino está no berço
coberto c’o cobertor
e os anjinhos estão cantando
louvado sej’o Senhor.

O Senhor por ser Senhor
nasceu nos tristes palheiros,
deixou cravos, deixou rosas,
deixou lindos travesseiros.

Você diz que tem bom vinho
có có có,
venha-nos dar de beber,
rintintin,
florin-tintin,
traililairó.

Donões, Montalegre, Trás-os-Montes

Aqui vimos, aqui estamos

Aqui vimos, aqui estamos,
aqui vimos, bem sabeis,
vimos dar as boas festas
e também cantar os reis.

1. Pastores, pastores,
vamos todos a Belém
visitar Maria
e Jesus também.

2. Nasceu o Menino Jesus,
nasceu para nos salvar;
vamos todos a Belém,
o verdadeiro lugar.

3. Quem diremos nós que viva
no raminho de oliveira?
Viva o Senhor Alberto
e viva a família inteira.

Final:
Pastores, pastores,
vamos a Belém
visitar Maria
e Jesus também.

Trad. Louredo/Resende, Portugal

Boas festas

Boas festas, boas festas
aos amigos vimos dar.
Um bom ano, um bom ano
vos queremos desejar.

1. Ó vós que dormis
em cama macia,
já nasceu o filho
da Virgem Maria.

Boas festas, boas festas

1. Boas festas, boas festas
tenha vossa senhoria,
com boas entradas de ano
com prazer e alegria.

Vamos todos juntos,
todos reunidos
dar as Boas Festas
aos nossos amigos.

2. Como alegres passarinhos
a nossa vida é cantar
e aos senhores desta casa
queremos saudar.

3. Vivam todos meus senhores,
vivam todos em geral.
Deus lhes dê um ano novo
isento de todo o mal.

Cantar 1964, 4ª ed. 158-159.

Boas noites

Boas noites, boas noites,
boas noites de alegria,
que lhas manda o Rei da Glória,
filho da Virgem Maria.

Naquela relvinha,
c ’o vento gelou,
a mãe de Jesus
tão pura ficou.

Dominus excelsis Deo,
que já é nascido
O que nove meses
andou escondido.

De quem é o chapeuzinho
Qu’além ‘stá pendurado?
É do senhor José
que Deus o faça um cravo.

De quem é o vestidinho
cosido com seda branca?
É da senhora Susana
que Deus a faça uma santa.

De quem será é o pente d’oiro
Que se achou no arvoredo?
É da senhora Clara
que lhe caiu do cabelo.

De quem eram as liguinhas
que se acharam entre as ervas?
Eram da senhora Rosa
que lhe caíram das pernas.

De quem seriam eram as botinhas
que estavam no sapateiro?
Eram do senhor Custódio
que as pagou c’o seu dinheiro.

Levante-se lá, senhora
do seu banco de cortiça.
Venha-nos dar as janeiras,
ou morcela ou chouriça.

Levante-se lá, senhora,
desse seu rico banquinho,
Venha-nos dar as janeiras
em louvor do Deus Menino.

Levante-se lá, senhora,
desse seu rico assento.
Venha-nos dar as janeiras
em louvor do Nascimento.

Levante-se lá, senhora,
desse seu banco de prata,
Venha-nos dar as janeiras
que está um frio que mata.

(Se demoram a dar as janeiras…)

Levante-se lá, senhora
dessa cadeirinha torta.
Venha-nos dar as janeiras
se não batemos-lhe à porta.

(Se dão as janeiras, cantam a despedida.)

Despedida, despedida,
despedida quero dar.
Os senhores desta casa
bem nos podem desculpar.

(Se não dão as janeiras)

Esta casa não é alta,
tem apenas um andar.
Estes barbas de farelo
nada têm p’ra nos dar.

Esta casa é bem alta,
forradinha de papel.
O senhor que nela mora
É um grande furriel.

Esta casa é bem alta,
forradinha a papelão.
O senhor que nela mora
é um grande forretão.

(Trelinca a martelo
torna a trelincar.
Estes barbas de chibo
não têm que nos dar.)

(Quando vão comer as janeiras)

Naquela relvinha,
naquela lameira,
detrás da fontinha
se come a Janeira.

Gloria in excelsis Deo,
que já é nascido
O que nove meses
andou escondido.

Recolha de várias com base na de Vale de Lobo, BB – Etnografia da Beira, I vol., Jaime Lopes Dias, 2ª ed. Empresa Nacional de Publicidade, Lisboa 1944, 159. Pequenas adaptações.

Boas noites, meus senhores

Boas noites, meus senhores,
Boas noites vimos dar.
Vimos pedir as janeiras
Se no-las quiserem dar.

Aqui vimos, aqui vimos,
Aqui vimos bem sabeis.
Vimos dar as boas festas
E também cantar os reis.

Ano Novo, Ano Novo,
Ano Novo, melhor ano.
Vimos cantar as janeiras
Como é de lei cada ano.

Levante, linda senhora
Desse banquinho de prata.
Venha-nos dar as janeiras
Que está um frio que mata.

As janeiras são cantadas
Do Natal até aos Reis.
Olhai lá por vossa casa
Se há coisa que nos deis.

Cá estamos à sua porta

Cá estamos à sua porta,
um grupo de amigos seus.
Falar bem nada nos custa:
santa noite lhe dê Deus.

Que tenha um próspero ano
e não esqueça a virtude.
Que tenha muita alegria
e outra tanta saúde.

A quem tanto bem nos faz
Deus livre de pena e dano.
Fiquem com Deus, passem bem!
Até ao próximo ano!

Adapt.
Aqui ‘stou à sua porta
mais dois camaradas meus.
Falar bem nada nos custa:
santas noites lhes dê Deus.

Venho lhes dar os bons anos
que pelas festas não pude.
Venho ao fim de saber
novas da sua saúde.

Trad. Portugal, Peroguarda

Cantemos

Cantemos, cantemos,
cantemos com alegria.
Vimos dar as Boas Festas
à nossa freguesia.

1. A senhora desta casa
está sentada num banquinho.
Venha o prato das filhoses
e o garrafão do vinho.

2. A senhora que aqui mora
seria boa pessoa
se nos trouxesse presunto
e um pedaço de broa.

Cantemos todos lindas canções

Cantemos todos lindas canções.
Louvam a Deus os corações.
Já é nascido, haja alegria!,
o Deus menino, Avé Maria.

Entrai, pastores, entrai
por esse portal sagrado.
Vinde adorar o menino
numas palhinhas deitado.

Da serra veio um pastor
à minha porta bateu.
Trouxe uma carta que diz:
“O Deus menino nasceu!”

Pela oferta que nos deram,
o nosso muito obrigado.
Tenham um bom ano novo
de paz e amor recheado.

Debaixo de uma oliveira

Debaixo de uma oliveira,
um anjo do céu dizia:
a todos os moradores
muita paz e alegria!

1. As janeiras são cantadas
em janeiro pelos Reis.
Nasceu um lindo menino,
o seu nome já o sabeis.

2. Boas festas, boas festas
vos dizemos neste dia;
vós dais-nos as janeirinhas,
nós trazemos a alegria.

3. A todos os que aqui ‘stão
a ouvir-nos a cantar,
nós desejamos bom ano
e saúde a transbordar.

Trad. Portugal

Em Belém, à meia noite

1. Em Belém, à meia noite,
noite de tanta alegria
já nasceu o Deus Menino,
Filho da Virgem Maria.

Pastores, pastores,
vinde todos a Belém
adorar o Deus Menino,
que Nossa Senhora tem.

2. Viva lá, senhora Amélia
raminho de amendoeira.
‘Inda neste mundo anda
já no céu tem a cadeira.

3. Viva lá, o menino Diogo
que lá está juntinho à brasa.
Venha-nos dar as janeiras
que é o morgado da casa.

4. Viva lá, senhor Armando
raminho de salsa crua.
Quando vai para a igreja
alumia toda a rua.

5. A todos que aí estão
ao redor dessa fogueira,
santa paz lhes desejamos
‘té à hora derradeira.

Cf. Cantar. 1964, 4ª ed., 152-153.

Esta casa é tão alta

Esta casa é tão alta,
É forrada de papelão.
Aos senhores que cá moram,
Deus lhe dê a salvação.

Estas Casas São Mui Altas

Estas casas são mui altas,
Mui altas,
Forradinhas de alegria.
Viva quem nelas passeia,
Passeia,
Que é a Senhora Maria!

Estas casas são mui altas,
Mui altas,
Mas não lhes chegamos nós.
Viva quem nelas passeia,
Passeia,
Quem está a fazer filhós!

Levante-se lá, Senhora,
Senhora,
Desse tão lindo assento!
Venha-nos dar as janeiras,
janeiras,
Na boda do Nascimento!

Letra e música: Popular (Monsanto, Idanha-a-Nova, Beira Baixa)
Recolha: António Joyce (1939) (in “A Canção Popular Portuguesa”, de Fernando Lopes Graça, 3.ª edição, Colecção Saber, n.º 23, Mem Martins: Publicações Europa-América, s/d. – p. 109)
Arranjo: Jaime Ferreira
Intérprete: Terra a Terra (in LP “Lá Vai Jeremias”, Orfeu/Rádio Triunfo, 1985, reed. Movieplay, 2005)

Esta noite

Esta noite é de janeiras.
Cantemos com alegria.
Já nasceu o Deus Menino
Filho da Virgem Maria,

Filho da Virgem Maria
Numas palhinhas deitado.
Deu à luz esta criança
O Deus Menino Sagrado.

Estou a ver a dona de casa
Pelo buraco da fechadura.
Venha-me dar a esmola
Que o frio já não se atura.

Quando vinha aí em baixo
Topei com uma cortiça.
Logo o meu coração disse
Que aqui davam uma chouriça.

Autor: Diogo Graça Carolino
Alvalade – Sado

Esta noite é de janeiras

Esta noite é de janeiras
e dum grande merecimento
por ser a noite primeira
em que Deus passou tormento.

Os tormentos que passou,
eu lhes digo a verdade:
o seu sangue derramou
p ’ra salvar a sociedade.

Um raminho, dois raminhos,
um raminho de salsa crua.
Ao pé da tua cama
nasce o sol e põe-se a lua.
Daqui donde estou bem vejo
um canivete a bailar
para cortar a chouriça
que a senhora me há-de dar.

Esta noite é de janeiras, in cancioneiro Popular Português, Michel Giacometti; F. Lopes-Graça. Círculo de Leitores 1981, 46.

Esta noite é de janeiras, é de grande mer’cimento

Esta noite é de janeiras,
é de grande mer’cimento.
Por ser a noite primeira
em que Deus passou tormento.

Os tormentos que passou
de Sua livre vontade,
o Seu Sangue derramou
p’ra salvar a Cristandade.

O Seu Sangue derramou,
Seu Sangue derramaria
p’ra salvar a Cristandade,
São Pedro, Santa Maria!

Ao fim de séculos passados,
foram ver a sepultura.
Acharam ossos mirrados,
o sinal da criatura!

Esta noite de Ano Novo
é de tão alto valor.
Deus lhe dê muita saúde
e pão ao Sr. Doutor!

Viva o Sr. Dr. Carlos
que vela p’los pobrezinhos
Deus lhe dê muita saúde
pra criar os seus filhinhos!

Esta casa está juncada
com junquilhos da ribeira.
Viva o dono desta casa,
mais a sua companheira!

Esta casa está juncada
com ramos de erva cidreira.
Deus lhe dê muita saúde,
e à sua família inteira!

janeiras, in cancioneiro de Serpa, M. Rita Ortigão P. Cortez, Ed. C.M. Serpa 1994, 366-367.

Foi tão belo o que aconteceu

Uma estrela os guiou

Inda agora

‘Inda agora aqui cheguei,
já começo a cantar.
‘Inda não pedi licença,
não sei se ma querem dar.

Pastores, Pastores,
vinde todos a Belém
adorar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Levante-se lá, ó senhora,
desse seu lindo banquinho.
Venha o prato das filhoses
e uma garrafa de vinho.

Levante-se lá, ó senhora
dessa cadeira de prata,
Venha-nos dar as janeiras
que está um frio que mata.

Inda agora aqui cheguei

Inda agora aqui cheguei,
mal pus o pé na escada,
logo o meu coração disse:
aqui mora gente honrada.

Ó irmãos na caridade,
notícias vos trago eu:
às doze horas da noite
o Deus Menino nasceu.

Nasceu numas tristes palhas
como nasce o cordeirinho.
Por causa dos meus pecados
foi preso ao madeirinho.

De quem é a bengalinha
que está ali no bengaleiro?
É do patrão desta casa
que é um bom cavalheiro.

Já os campos averdegam

Já os campos averdegam
noite e dia à bela luz.
Ó que lindo nascimento
teve o menino Jesus.

Andámos de casa em casa
por atalhos e caminhos,
os corações sempre em brasa
como outrora os pastorinhos.

2. Ó meu menino Jesus,
meu lindo amor perfeito,
se vós tendes frio
vinde parar ao meu peito.

Já os três reis vão chegando

1. Já os três reis vão chegando
à lapinha de Belém
adorar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Com muitas graças
aqui viemos
as boas festas
lhes cantaremos.

2. A cabana era pequena,
não cabiam todos três;
adoraram o Menino
cada um por sua vez.

3. Nossa Senhora lhe disse:
– Filho meu, que te farei?!
Não tenho cama nem berço,
nos braços te criarei.

Já os três reis são chegados

1. Já os três reis são chegados
às portas do Oriente
visitar o Deus Menino,
Senhor Deus omnipotente.

2. Já os três reis são chegados
à lapinha de Belém,
visitar o Deus Menino
que a Nossa Senhora tem.

3. Nossa Senhora Lhe disse:
– Filho meu, que Te farei?
Não tenho cama nem berço,
nos braços te criarei.

4. Estas casas são bem altas,
têm defronte um laranjal.
Viva quem está dentro delas,
vivam todos em geral.

Meia noite dada

1. Meia noite dada,
meia noite em pino,
cantavam os galos,
nascia o Menino.

2. Chorava o Menino
como um enjeitado,
em lapa da serra,
não no povoado.

3. Menino tão rico
que pobre estais!…
Deitado no feno,
entre animais!

4. Os filhos dos homens
em berço doirado,
e Vós, meu Menino,
em palhas deitado!

5. Em palhas deitado,
tão pobre esquecido,
filho de uma rosa,
de um cravo nascido.

6. E do Oriente
os três reis vieram.
Oiro, incenso e mirra
lhe ofereceram.

Nesta casa há amor

Nesta casa há amor,
junta-se a paz à lareira
para ouvir cantar em grupo
cantadores, cantadeiras.

1. Vimos cantar as janeiras
Do tempo da nossa avó.
Somos gente das aldeias
unidas num grupo só.

2. Nos braços da bela aurora
vejo o menino brincando
com a mãozinha de fora
todo o Mundo abençoando.

Neste dia de Janeiro

Neste dia de Janeiro
nós cá ‘stamos a cantar.
Um bom ano para todos
vos queremos desejar.

É nascido o Deus Menino,
Filho da Virgem Maria.
Cantemos em seus louvores
nossos hinos de alegria.

Cf. Cantar, 1964, 4ªed., 176.

Nós aqui vimos

Nós aqui vimos,
todos reunidos,
dar as Boas Festas
aos nossos amigos.

Não é com interesse
mas com amizade
dar as Boas Festas
à sociedade.

Sobreirinho ramalhudo
que nos dás a bolota,
se tens filhos ou criados
mandai-nos abrir a porta.

Pela oferta que nos deram
o nosso muito obrigado.
O nosso rancho agradece
nós p’ró ano cá voltamos

Modivas, Ourém

Nós somos os três reis

1. Nós somos os três reis
que vimos do Oriente
trazer as boas festas
com paz p’ra toda a gente.
Nós somos os três reis
guiados por uma luz.
Adoramos o Deus Menino
que se chama Jesus.

2. Nós somos os três reis,
Baltazar e Gaspar.
Também o Belchior
O veio adorar.
Nós somos os três reis
guiados por uma luz.
E trouxemos três presentes
p’ro Menino Jesus.

O ano vem vindo

[ Bons Anos ]

O ano novo vem vindo
Sorridente e a cantar;
O velho que vai saindo
Vai triste por acabar.

Eu já vejo a luz acesa;
Sei que não estás dormindo.
A mulher vai pondo a mesa;
Tua porta vai abrindo.

Está um frio que corta,
Aqui não posso ficar.
Se tu não abres a porta,
Noutro lugar vou cantar.

Letra: Maria Angelina de Arruda Medeiros Ponte
Música: Tradicional (Maia, Ribeira Grande, Ilha de São Miguel, Açores)
Arranjo: Miguel Pimentel
Intérpretes: Miguel Pimentel com Maria José Victória (in CD “A Roda do Ano”, Miguel Pimentel, 2002, reed. Açor/Emiliano Toste, 2019)

Ó da casa, nobre gente

Ó da casa, nobre gente,
escutareis e ouvireis
Das bandas do Oriente
são chegados três reis.

São três reis, são três c’roados,
vinde ver quem vos c’roou,
e mais quem vos ordenou
no vosso santo caminho.

Mandou Deus, por uma estrela
que lhe ensinasse o caminho;
a estrelinha foi pousar
no alto duma cabana…

A cabana era pequena,
não cabiam todos três;
adoraram Deus Menino
cada um por sua vez.

Todos Lhe ofereceram
ouro e mirra e incenso;
não lhe ofereceram mais nada
porque Ele era Deus imenso.

Tradicional de Cinfães, Portugal

Ó de casa, alta nobreza

Ó de casa, alta nobreza,
mandai-nos abrir a porta,
ponde a toalha na mesa
com caldo quente da horta!

Teni, ferrinhos de prata,
ao toque desta sanfona!
Trazemos ovos de prata
fresquinhos, prá vossa dona.

Senhora dona de casa,
à ilharga do seu Joaquim,
vermelha como uma brasa
e alva como um jasmim!

Vimos honrar a Jesus
numas palhinhas deitado:
o candeio está sem luz
numa arribana de gado.

Mas uma estrela dianteira
arde no céu, que regala!
A palha ficou trigueira,
os pastorinhos sem fala.

Dá-lhe calorzinho a vaca,
o carvoeiro uma murra,
a velha o que traz na saca,
seus olho mansos a burra.

Já as janeiras vieram,
os Reis estão a chegar,
Os anos amadurecem:
estamos para durar!

Já lá vem Dom Melchior
sentado no seu camelo
cantar as loas de cor
ao cair do caramelo.

Ó incenso, mirra e oiro,
que cheirais e luzis tanto,
não valeis aquele tesoiro
do nosso Menino santo!

Abride a porta ao peregrino,
que vem de num longe, à neve,
de ver nascer o Menino
nas palhinhas do preseve.

Acabou-se esta cantiga,
vamos agora à chacota:
já enchemos a barriga,
sigamos nossa derrota!

Rico vinho, santa broa
calça o fraco, veste os nus!
Voltaremos a Lisboa
pró ano, querendo Jesus.

Recolha de Vitorino Nemésio (1901-1978)

O Menino está deitado

1. O Menino está deitado
com Maria e José.
Cantamos nós com os anjos:
“Gloria tibi Domine”. .

2. Entrai, pastores, entrai
na lapinha de Belém.
Adorai o Deus Menino
que nasceu p’ra nosso bem.

Cf. Cantar. 1964, 4ª ed.

Os pastores vão andando

Os pastores vão andando,
andando sempre à porfia
a ver quem chega primeiro
aos pés da Virgem Maria.

Boas festas, meus senhores,
festas de tanta alegria.
Já nasceu o Deus Menino,
Filho da Virgem Maria.

Para quem está ouvindo
esta nossa melodia,
pedimos ao Deus Menino
lhes dê paz e alegria.

Aqui ‘stou à sua porta
c’um pé frio e outro quente.
Venha dar-nos as janeiras,
um copinho de aguardente.

Cantar. 1964, 4ª ed., 174-175.

Para te cantar os Reis

[ Os Reis ]

Para te cantar os Reis
Trepei tua canadinha,
Trepei tua canadinha;
Daqui não levanto o pé
Sem chouriço ou galinha,
Sem chouriço ou galinha!

Está um terrale que corta!
Se tu és homem de brio,
Se tu és homem de brio,
Vem-nos abrir a porta!
Estou enrilhado com frio,
Estou enrilhado com frio.

Ó porta que te não abres,
Ó ferrolho que não corres,
Ó ferrolho que não corres,
Ó almas, em consciência,
Não considereis que morres?
Não considereis que morres?

Letra e música: Tradicional (Vila do Nordeste, Ilha de São Miguel, Açores)
Recolha: Artur Santos (campanha de 1960) (in 7LP “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de S. Miguel”, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1965, reed. 4CD “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de S. Miguel”: CD 1, faixa 5, Açor/Emiliano Toste, 2001)
Intérprete: Helena Oliveira (in CD “EssênciasAcores”, Helena Oliveira/HM Música, 2010)

Reis na Casa dos Açores em Toronto

Reis na Casa dos Açores em Toronto

Quais São os Três Cavalheiros?

Quais são os três cavalheiros
Que fazem sombra no mar?
São os três do Oriente
Que Jesus vêm buscar.

Não perguntam por pousada,
Nem aonde irão pousar;
Perguntam por Jesus Cristo:
Aonde o irão achar.

Letra e música: Popular (Baixo Alentejo)
Intérprete: Grupo de Cantares Alentejanos da Brigada Territorial N.º 3 da Guarda Nacional Republicana (in 2CD “O ‘Cante’ Alentejano”: CD 2, Public-Art, 1998)

Que estás a fazer, criança

Que estás a fazer, criança,
sentado na pedra fria?
Estou à espera do menino
Filho divino à luz do dia.

1. Andamos de casa em casa
por atalhos e caminhos,
os corações sempre em brasa
como outrora os pastorinhos.

2. Vimos dar as Boas Festas,
Boas Festas vimos dar,
que nasceu o Deus menino
nas palhinhas ao luar.

Senhora dona da casa

Senhora dona da casa
Deixe-se estar que está bem.
Mande-nos dar a esmola
Pela rosa que aí tem.

1. Abram-se lá essas portas
Ainda não estão bem abertas
Que nasceu o Deus menino
Vou-lhe dar as boas festas.

2. Boas festas meus senhores
Boas festas lhes vou dar.
Que nasceu o Deus menino
Nesta noite de Natal.

3. Nesta noite de Natal
Noite de santa alegria
Já nasceu o Deus menino
Filho da Virgem Maria

Senhores, nós vos trazemos

1. Senhores, nós vos trazemos
a mensagem de Belém:
nasceu já o Deus Menino
e Maria é sua mãe.

2. Nas bandas do Oriente
Uma estrelinha brilhou
E guiando os três reis Magos
Sobre o presépio poisou.

Nestas noites de Natal
como é bom pelo luar
vir até vós meus senhores
lindas janeiras cantar.

3. Tudo acorre à lapinha
para adorar o Senhor.
Não deixemos nós também
de cantar o seu louvor.

4. Como somos mensageiros,
não podemos demorar.
A boa nova iremos
a outros anunciar.

5. Levantai-vos, vinde ver-nos
e trazei-nos as janeiras
porque esta noite está fria,
só nos sabem as fogueiras.

6. Vamos dar a despedida
até ao ano que vem.
Fiquem-se com Deus, senhores,
e sua divina mãe.

Letra: Delmar Barreiros, Cantar. 1964, 4ª ed, p. 166-167.

Um Ano Novo entrou

Um Ano Novo entrou,
as janeiras vamos cantar
pedindo a vossa bondade
de quem nos queira ajudar.

janeiras, lindas janeiras,
senhores vimos cantar.
Boas Festas e alegria
vos queremos desejar.

Que todos os Mirenses
Tenham muitas felicidades,
presentes e ausentes
de todas as idades.

Senhores não demoreis
que é muito frio o luar,
Vinde-nos dar as janeiras
que nós temos de caminhar.

Boas noites meus senhores
até p’ró ano que vem.
Alegria e paz em Deus
e na Virgem, Sua Mãe.

Uma estrela

[ Cantar à Porta ]

Uma estrela, uma estrela nos guia
No caminho, no caminho da virtude…

Uma estrela nos guia
No caminho, no caminho da virtude…

Ó dono, ó dono da moradia,
Lá vai à… lá vai à vossa saúde!

Ó dono da moradia,
Lá vai à… lá vai à vossa saúde!

Reis Magos, Reis Magos viram Jesus
Numa gruta, numa gruta em Belém;

Reis Magos viram Jesus
Numa gruta, numa gruta em Belém;

Guiados, guiados pela mesma luz,
Queremos, queremos vê-lo também!

Guiados pela mesma luz,
Queremos, queremos vê-lo também!

Letra e música: Popular (Ilha Terceira, Açores)
Intérprete: Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense* (in CD “Festa Redonda”, Açor/Emiliano Toste, 2003)

Vamos cantar as janeiras

Vamos cantar as janeiras,
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras.

Vamos cantar orvalhadas,
Vamos cantar orvalhadas.
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas.

Vira o vento e muda a sorte,
Vira o vento e muda a sorte.
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte.

Muita neve cai na serra,
Muita neve cai na serra.
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra.

Quem tem a candeia acesa,
Quem tem a candeia acesa.
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza.

Já nos cansa esta lonjura,
Já nos cansa esta lonjura.
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura.

José Afonso

Venho-lhe dar os Bons Anos

[ Os Bons Anos ]

Venho-lhe dar os Bons Anos
Que as Boas-Festas não pude;
Venho a fim de saber
Novas da sua saúde.

Novas da sua saúde…
Venho-lhe dar os Bons Anos,
Venho-lhe dar os Bons Anos
Que as Boas-Festas não pude.

Esta casa cheira a rosas,
Bem perto está a roseira;
Viva o dono desta casa
Mais a sua companheira!

Mais a sua companheira…
Esta casa cheira a rosas,
Esta casa cheira a rosas,
Bem perto está a roseira.

Lá vai uma, lá vão duas
Por cima do seu telhado;
Deus lhe dê muita saúde
Ao que lá tem semeado.

Ao que lá tem semeado…
Lá vai uma, lá vão duas,
Lá vai uma, lá vão duas
Por cima do seu telhado.

Daqui donde eu estou bem vejo
O canivete a bailar,
Para cortar a chouriça
Que a senhora me há-de dar.

Que a senhora me há-de dar…
Daqui donde eu estou bem vejo,
Daqui donde eu estou bem vejo
O canivete a bailar.

Toda esta noite aqui ando
Com os pés pela geada;
A barriga vem vazia
E a taleiga não traz nada.

E a taleiga não traz nada…
Toda esta noite aqui ando,
Toda esta noite aqui ando
Com os pés pela geada.

Já que Deus me fez tão pobre,
Venho esta noite a pedir
Em casa de gente nobre:
Sem esmola não hei-de ir.

Sem esmola não hei-de ir…
Já que Deus me fez tão pobre,
Já que Deus me fez tão pobre
Venho esta noite a pedir.

Letra e música: Popular (Baixo Alentejo)
Intérprete: Grupo Coral e Etnográfico “As Camponesas de Castro Verde” (in CD “Cante de Natal e de Ano Novo”, Imenso Sul, 1995; CD “Cantes ao Menino: Corais Polifónicos Alentejanos”, Imagem Imenso, 1999)

Vimos cantar as janeiras

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano para toda a escola
com saúde e alegria.

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano p’ra toda a família
com saúde e alegria.

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano para os moradores
desta linda freguesia.

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano para toda a gente
com saúde e alegria.

Para a melodia de janeiras de José Afonso

Vinde, pastores

Vinde, pastores, depressa
que já nasceu o Menino.
Já se cumpriu a promessa,
vamos a tocar o sino.

1. janeiras, lindas janeiras,
janeiras da minha aldeia.
Sois quais estrelas fagueiras
nas noites de lua cheia.

2. janeiras, lindas janeiras
senhores, vimos cantar.
Boas Festas e alegrias
vos queremos desejar.

3. Sopram os ventos da serra,
caem estrelas do céus,
Alegre-se toda a terra,
nasceu o Menino Deus.

4. Senhores, não demoreis,
que é muito frio o luar.
Vinde-nos dar as janeiras,
que temos de caminhar.

5. Levantai-vos da lareira
e vinde depressa ver
a grandiosa fogueira
que o Menino há-de aquecer.

6. Ó janeiras de Vilar
Como vós não há igual.
Dais consoada aos pobres
nestas noites de Natal.

7. A mensagem de Natal
a todos dê luz e amor.
Oxalá por toda a vida
vos guie com seu fulgor.

8. Boas noites, meus senhores,
até para o ano que vem.
Alegria e paz em Deus
e na Virgem sua Mãe.

Letra: J. Geraldes, Cantar. 1964, 4ª ed., 169-171.

Viva lá

Viva lá, minha senhora,
casaquinho de veludo;
Quando mete a mão ao bolso,
tem dinheiro para tudo.

Refrão:
Boas Festas, Boas Festas,
vos dizemos neste dia.
Venham-nos dar as janeiras,
com prazer e alegria.

Viva lá, minha senhora,
no seu livrinho a ler;
Quando vai para a janela,
parece o sol a nascer.

Viva lá, minha senhora,
linda estrela do norte.
Que Deus a deixe criar
para uma boa sorte.

Levante-se lá, minha senhora,
desse banco de cortiça.
Venha-nos dar as janeiras,
ou de carne, ou de chouriça.

Alegrias populares, vol. II, Jaime Pinto Pereira, Ed. autor 1967, 22
Vila Verde, Tourais

Viva lá, minha senhora

Viva lá, minha senhora,
Raminho de salsa crua.
Quando chega à janela
Põe-se o sol e nasce a lua.

Viva lá minha senhora
Linda boquinha de riso,
Linda maçã camoesa
Criada no paraíso.

Ó que estrela tão brilhante
Que vem dos lados do norte.
À família desta casa
Deus lhe dê a melhor sorte.

De quem é o anel d’oiro
Com pedrinhas no Redol.
É do menino João
Que é bonito como o sol.

Viva lá menina Rita.
Suas faces são romãs.
Seus olhos são mais galantes
Do que a estrela da manhã.

Ó que estrela tão brilhante
Que vem dos lados do norte.
À família desta casa
Deus lhe dê a melhor sorte.

A silva que nasce à porta
Vai beber à cantadeira.
Levante daí senhora
Venha-nos dar a Janeira.

Alegrai-vos companheiros
Que já sinto gente andar.
É a senhora da casa
Que nos vem a convidar.

Ó que estrela tão brilhante
Que vem dos lados do norte.
À família desta casa
Deus lhe dê a melhor sorte.

QUADRAS INTRODUTÓRIAS

Boas noites, boas noites,
boas noites de alegria,
que lhas manda o Rei da Glória,
filho da Virgem Maria.

Os três reis do oriente
já chegaram a Belém
visitar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Cá estamos à sua porta,
um grupo de amigos seus.
Falar bem nada nos custa:
santa noite lhe dê Deus.

Andámos de casa em casa
por atalhos e caminhos,
os corações sempre em brasa
como outrora os pastorinhos.

O menino está no berço
coberto c’o cobertor
e os anjos estão cantando
louvado seja o Senhor.

Aqui ‘stou à sua porta
mais dois camaradas meus.
Falar bem nada nos custa:
santas noites lhes dê Deus.

Venho lhes dar os bons anos
que pelas festas não pude.
Venho ao fim de saber
novas da sua saúde.

QUADRAS PARA REFRÃO

A cantar-vos as janeiras
aqui estamos reunidos.
Desejamos um bom ano
aos amigos mais queridos.

Aqui vimos, aqui estamos
A cantar, já o sabeis.
vimos dar as boas festas
e também cantar os reis.

Boas festas, boas festas
aos amigos vimos dar.
Um bom ano, um bom ano
vos queremos desejar.

QUADRAS PARA VIVAS

Viva lá quem nos escuta,
vivam todos em geral.
Deus vos dê um ano novo
E a todo o Portugal.

Como aqueles passarinhos
que estão sempre a cantar.
Aos senhores desta casa
nós queremos saudar.

Boas festas, boas festas
tenha vossa senhoria,
com boas entradas de ano
com prazer e alegria.

Quem diremos nós que viva
no raminho de oliveira?
Viva o Senhor Alberto
e viva a família inteira.

Por bem cantar, mal não digas
dos que a voz aqui levantam,
pois uns cantam o que sabem
e outros sabem o que cantam.

Boas noites, meus senhores,
Boas noites vimos dar.
Vimos pedir as janeiras
Se no-las quiserem dar.

As janeiras são cantadas
Do Natal até aos Reis.
Olhai lá por vossa casa
Se há coisa que nos deis.

Levante, linda senhora
desse banquinho de prata.
Venha-nos dar as janeiras
que está um frio que mata.

De quem é o vestidinho
cosido com seda branca?
É da senhora Susana
que Deus a faça uma santa.

De quem seriam eram as botinhas
que estavam no sapateiro?
Eram do senhor Custódio
que as pagou c’o seu dinheiro.

Levante-se lá, senhora
do seu banco de cortiça.
Venha-nos dar as janeiras,
ou morcela ou chouriça.

Levante-se lá, senhora,
desse seu rico assento.
Venha-nos dar as janeiras
em louvor do Nascimento.

Levante-se lá, senhora
dessa cadeirinha torta.
Venha-nos dar as janeiras
se não batemos-lhe à porta.

DESPEDIDA

Que tenha um próspero ano
e não esqueça a virtude.
Que tenha muita alegria
e outra tanta saúde.

A quem tanto bem nos faz
Deus livre de pena e dano.
Fiquem com Deus, passem bem!
Até ao próximo ano!

Despedida, despedida,
despedida quero dar.
Os senhores desta casa
bem nos podem desculpar.

Esta casa não é alta,
tem apenas um andar.
Estes barbas de farelo
nada têm p’ra nos dar.

Esta casa é bem alta,
forradinha a papelão.
O senhor que nela mora
Tem um grande coração.

Sagrada Família

A todos, feliz Natal

A todos, feliz Natal
e um bom Ano Novo.

1. Já pus no presépio
o que é importante
e no meu pinheiro
uma bola brilhante.

2. Já tenho uma ideia
para dar um presente.
E sei que o Natal
há-de ser diferente.

3. Já tenho receita
para o pão de ló
e vou fazer doces
com a mãe e a avó.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia inglesa

CLICA!

Loja Meloteca, recursos musicais criativos para a infância

Loja Meloteca, recursos musicais criativos para a infância

A todos um bom Natal

A todos um bom Natal,
a todos um bom Natal.
Que seja um bom Natal para todos nós.
Que seja um bom Natal para todos nós.

1. No Natal pela manhã
ouvem-se os sinos tocar
e há uma grande alegria no ar.

2. Nesta manhã de Natal
há em todos os países,
muitos milhões de meninos felizes

3. Vão aos saltos pela casa
descalços ou em chinelas,
procurar as suas prendas tão belas.

4. Depois há danças de roda
as crianças dão as mãos.
No Natal todos se sentem irmãos.

5. Se isso fosse verdade
para todos os meninos
era bom ouvir os sinos a cantar.

Alegrem-se os céus e a terra

Alegrem-se os céus e a terra,
cantemos com alegria
que nasceu o Deus Menino,
Filho da Virgem Maria!

1. Entrai, pastores, entrai,
por este portal sagrado.
Vinde adorar o Menino
numas palhinhas deitado.

2. Entrai, pastores, entrai,
por este portal adentro;
vinde adorar o Menino
no seu santo nascimento.

3. Vinde todos, vinde todos,
à lapinha de Belém
adorar o Deus menino
que nasceu p’ra nosso bem.

Linhares, Beira Alta

Alta Vai a Lua Alta

Alta vai a Lua alta
como o Sol do meio-dia.
Mais alta ia a Senhora
quando para Belém ia.

São José ia atrás dela,
alcançá-la não podia.
Foi alcançá-la a Belém
onde ela estava parida.

Tão grande era a sua pobreza
que nem um panal tenia.
Botou as mãos à cabeça,
a um véu que ela trazia.

Partiu-o em três bocados,
em três bocados o partia:
um era para de manhã,
outro para o meio-dia,

outro para a meia-noite
quando Jesus adormia.
Desceram os anjos do Céu
Cantando: avé, Maria!
Avé, Maria de graça, de graça avé, Maria!

Letra e música: Tradicional (Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal)
Arranjo: Catarina Moura, César Prata e Anel Ninas
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

Beijai o Menino

Beijai o Menino!
Beijai-o agora!
Beijai o Menino
De Nossa Senhora!

Beijai o Menino!
Beijai-o agora!
Beijai o Menino
De Nossa Senhora!

Beijai o Menino!
Beijai-o no pé!
Beijai o Menino
De S. José!

São os filhos dos homens
Em berços doirados…
E vós, meu Menino,
Em palhinhas deitado.

Em palhinhas deitado,
Em palhinhas esquecido…
Filho de uma rosa,
De um cravo nascido.

Beijai o Menino!
Beijai-o agora!
Beijai o Menino
De Nossa Senhora!

Sois manso cordeiro
Que estais nessa cruz,
Com os braços abertos;
Perdoai-nos, Jesus!

Letra e música: Tradicional (Trás-os-Montes)
Adaptação: José Barros
Arranjo: José Manuel David e José Barros
Intérprete: Navegante (in CD “Meu Bem, Meu Mal”, Tradisom, 2008)
Outra versão de Navegante (in CD “Cantigas Tradicionais Portuguesas de Natal e janeiras”, José Barros/MediaFactory, 2009)

Cai a neve branca

1. Cai a neve branca
sobre a natureza
e na terra inteira
há paz e beleza.

2. Em tudo há doçura,
tudo é irreal
quando é meia noite,
noite de Natal.

3. Uma estrelinha
de uma estranha luz
anuncia ao mundo:
já nasceu Jesus.

Cantam os anjos sem cessar

1. Cantam os anjos sem cessar:
já é Natal.
Tocam os sinos sem parar,
já é Natal.
Reis vão ao presépio,
com lindos presentes.
Todos cantamos sem cessar,
já é Natal.

2. Cantam os anjos sem cessar:
nasceu Jesus.
Tocam os sinos sem parar:
nasceu Jesus.
Vão também pastores
com os seus presentes.
Todos cantamos sem cessar:
nasceu Jesus.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia inglesa

Chove. É dia de Natal.

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal.
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo inda outra quadra
Fico gelada dos pés.

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal.
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal.
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Poema: Fernando Pessoa (ligeiramente adaptado) 
Música: César Prata
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

Chove. É dia de Natal.

Dim dom, sinos a tocar

1. Dim dom, sinos a tocar
e anjos a cantar.
Dim dom, sinos a tocar
e reis a caminhar.

Gloria. Hosana in excelsis.

2. Dim dom, sinos a tocar
e luzes a brilhar.
Dim dom, sinos a tocar,
e gente a partilhar.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia tradicional

É Natal, Deus Menino nasceu

É Natal, Deus Menino nasceu.
Vê-se ao longe uma estrela a brilhar.
São os Reis, são os Reis, são os Reis.
Vêm a Belém para O visitar.

Entrai pastores entrai

Entrai pastores entrai,
por este portal sagrado.
Vinde adorar o Menino
numas palhinhas deitado!

Pastorinhos do deserto
todos correm para O ver
Trazem mil e um presente
para o Menino comer!

Ó meu Menino Jesus
convosco é que eu estou bem
Nada neste mundo quero,
nada me parece bem!

Alegrem-se os Céus e a Terra,
cantemos com alegria
Que nasceu o Deus Menino,
filho da Virgem Maria!

Deus Menino já nasceu,
andai ver o Rei dos Reis.
Ele é quem governa o Céu,
quer que vós O adoreis!

Ó meu Menino Jesus
que lindo amor perfeito.
Se vem muito cansadinho,
vem descansar em meu peito!

Natal da Beira

Está na hora do menino deitar

Está na hora do menino deitar
e na chaminé pôr os sapatinhos.
Já é noite, o Pai Natal vai chegar
para a todos deixar presentinhos.
Cedo acordo ouço os sinos a tocar
e levanto-me alegre aos saltinhos.

Devagar para ninguém acordar
vou contente ver os meus presentinhos.

Lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá…

Devagar para ninguém acordar
vou contente ver os meus presentinhos.

Esta noite é noite santa

[ Toca, Sino, Toca! ]

Esta noite é noite santa.
Não é noite de dormir
que um lindo botão de rosa
à meia-noite há-de abrir.

Harpas de oiro, liras d’oiro,
anjos do Céu afinai.
Paz na Terra e nas Alturas,
Glória e louvor cantai.

Esta noite é noite santa.
Outra mais santa não há
que um lindo botão de rosa
desabrochou em Judá.

Tangedores de viola,
de pandeiro e tamboril,
tomai vós a minha lira
e dai-me o vosso arrabil!

Toca, sino, toca
tão badalão!
Toca, sino, toca
no meu coração!

Toca, sino, toca!

Letra e música: Tradicional (Portugal)
Arranjo: César Prata
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

Eu hei-de dar ao Menino

[ Arre, Burriquito! ]

Eu hei-de dar ao Menino
Uma fitinha p’ró chapéu;
Ele também me há-de dar
Um lugarzinho no Céu.

Olhei para o Céu,
Estava estrelado;
Vi o Deus-Menino

Em palhas deitado.
Em palhas deitado,
Em palhas estendido;
Filho duma Rosa,
Dum Cravo nascido.

Arre, burriquito!
Vamos a Belém
Ver o Deus-Menino
Que a Senhora tem!

Que a Senhora tem,
Que a Senhora adora;
Arre, burriquito!
Vamo-nos lá embora!

Eu hei-de dar ao Menino
Uma fitinha p’ró boné;
Ele também me há-de dar
Prendinhas na chaminé.

Olhei para o Céu,
Estava estrelado;
Vi o Deus-Menino
Em palhas deitado.

Em palhas deitado,
Em palhas estendido;
Filho duma Rosa,
Dum Cravo nascido.

Arre, burriquito!
Vamos a Belém
Ver o Deus-Menino
Que a Senhora tem!

Que a Senhora tem,
Que a Senhora adora;
Arre, burriquito!
Vamo-nos lá embora!

Olhei para o Céu,
Estava estrelado;
Vi o Deus-Menino
Em palhas deitado.

Em palhas deitado,
Em palhas estendido;
Filho duma Rosa,
Dum Cravo nascido.

Arre, burriquito!
Vamos a Belém
Ver o Deus-Menino
Que a Senhora tem!

Que a Senhora tem,
Que a Senhora adora;
Arre, burriquito!
Vamo-nos lá embora!

Letra e música: Tradicional
Arranjo: Artesãos da Música
Intérprete: Artesãos da Música

Eu Hei-de Ir ao Presépio

Eu hei-de ir ao presépio
assentar-me num cantinho,
a ver como o Deus-Menino
nasceu lá tão pobrezinho.

Abra lá o seu postigo,
deixe estar um pouco aberto!
Quero ver o Deus-Menino
armadinho no presépio.

Eu hei-de dar ao Menino,
ao Menino hei-de dar
uma cadeirinha de oiro
para o Menino assentar.

Ó meu Menino Jesus,
ó meu rico fidalguinho,
hei-de dar-te papa doce,
hei-de ter-te mimosinho!

Ó meu Menino Jesus,
quem vos pudera valer
com sopinhas da panela
sem a vossa mãe saber!

Ó meu Menino Jesus,
quem vos há-de dar a mama?
Vossa mãe foi ao moinho,
vosso pai ficou na cama.

Ó meu Menino Jesus,
ó meu rico fidalguinho,
hei-de dar-te papa doce,
hei-de ter-te mimosinho!

Ó meu Menino Jesus,
quem vos pudera valer
com sopinhas da panela
sem a vossa mãe saber!

Ó meu Menino Jesus,
quem vos há-de dar a mama?
Vossa mãe foi ao moinho,
vosso pai ficou na cama.

Letra e música: Tradicional (Portugal)
Arranjo: César Prata
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

Faça “ai, ai”, meu menino

[ Embalo do Algarve ]

Faça “ai, ai”, meu menino,
Que a mãezinha logo vem!
Foi lavar os cueirinhos
À fontinha de Belém.

Vai-te embora, papá negro,
De cima desse telhado!
Deixa dormir o menino,
Está no sono descansado.

Embala, José, embala!
Embala suavemente,
Entretendo o inocente
Com esta cantiga em verso!

Dorme, dorme, meu menino,
Que a mãezinha logo vem!
Dorme, dorme, meu menino,
Que a mãezinha, ai, logo vem!

Letra e música: Tradicional (Alvor, Portimão, Algarve)
Recolha: Michel Giacometti (“Faça ‘ai, ai’, meu menino”, in LP “Algarve”, série “Antologia da Música Regional Portuguesa”, Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1962; 5CD “Portuguese Folk Music”: CD 5 – Algarve, Strauss, 1998; 6CD “Música Regional Portuguesa”: CD 6 – Algarve, col. Portugal Som, Numérica, 2008)
Intérprete: Segue-me à Capela (ao vivo no Teatro da Luz, Lisboa)
Primeira versão de Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)

Feliz Natal, bom Ano Novo

1. Feliz Natal,
bom Ano Novo,
presentes para partilhar.

A melhor prenda é a alegria
que Jesus tem para nos dar.

2. Felizes festas,
família unida,
muitas histórias p’ra contar.

Feliz Natal, Feliz Natal

Feliz Natal, feliz Natal.
Para todos, um ano especial.

1. Um menino diferente
e três reis do Oriente.

2. Uma rena, um trenó,
bolo-rei e pão-de-ló.

3. Um presépio, um pinheiro,
um amigo verdadeiro.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia inglesa

Eu fiz um pão diferente

Padeiro

1. Eu fiz um pão diferente
para a Família provar.

Jesus, dou-te a melhor prenda
que tenho para Te dar.

Sapateiro

2. Eu fiz uns sapatos novos
para Te poderes calçar.

Costureira

3. Eu fiz uma roupa linda
para Te agasalhar.

Carpinteiro

4. Eu fiz um berço bonito
para a Mãe Te embalar.

Letra e música: António José Ferreira

Jesus vem ao mundo

1. Jesus vem ao mundo:
que paz e bondade!
ó quanta doçura,
amor e humildade.

Vinde, adoremos,
Jesus salvador.
A estrela nos aponta
o rumo, a salvação,
Belém e Deus Menino,
celeste mansão.

2. Jesus no presépio,
vede quanto amor:
nascer pobrezinho
o Deus criador!

Logo que nasceu

1. Logo que nasceu,
Jesus acampou
e à luz das estrelas
uma voz soou,

um ah, ah, ah.

2. Maria, a Senhora,
seu Filho embalou
e à luz das estrelas
uma voz soou,

um ah, ah, ah.

Luzes no céu

Luzes no céu
em Dezembro a brilhar,
música e festa
por onde se andar,
uma vaquinha
que não quer pastar:
junto ao Menino,
em Belém, quer estar.

Letra e música: António José Ferreira

Maria, Mãe bendita

Maria, Mãe bendita,
encantaste o Senhor:
hoje e sempre louvamos
tua fé, teu amor.

Felizes como os anjos
a cantar lá nos céus
nós dizemos contigo:
poderoso é Deus.

Menino Jesus

[ Vestir o Menino ]

Menino Jesus,
tenho que vos dar
sapatinhos novos
para vos calçar.

Sapatos já tendes,
faltam-vos meiinhas:
eu vo-las darei,
de salvé-rainhas.

Meiinhas já tendes,
faltam-vos calções:
eu vo-los darei,
de mil orações.

Calções já os tendes,
falta-vos camisa:
eu vo-la darei,
de cambraia lisa.

Camisa já tendes,
falta-vos colete:
eu vo-lo darei,
de pano de crepe.

Colete já tendes,
falta-vos casaco:
eu vo-lo darei,
de pano bem guapo.

Casaco já tendes,
falta-vos lencinho:
eu vo-lo darei,
de pano de linho.

Lencinho já tendes,
falta-vos chapéu:
eu vo-lo darei,
levai-me p’ró Céu.

Letra e música: Tradicional (Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal)
Arranjo: Catarina Moura, César Prata e Anel Ninas
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata* (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

Menino Jesus do céu

Menino Jesus do céu,
‘screvi-te um lindo postal
para me mandar’s brinquedos
no dia de Natal.

Menino Jesus do céu
que és rico e me tens amor,
dá-me uma prenda bonita,
talvez um computador.

Menino Jesus do céu
dá-me uma linda viola
p’ra praticar em casa
e aprender na escola.

Não há noite mais alegre

Não há noite mais alegre
Que é a noite de Natal
Onde nasceu o Deus-Menino
Antes do galo cantar.

Deu o galo três cantadas,
Deu o Menino nascido;
Bendito seja o ventre
Que o trouxe nove meses escondido!

E a mula, como maldosa,
Destapava-o com a ferradura;
Mas o boi, como era manso,
Tapava-o com a armadura.

E ao boi, Nosso Senhor
Lhe deu a sua bênção:
«As terras que tu lavrares
Todas elas dêem pão!

Cada bago dê uma espiga!
Cada espiga um milhão!
Todo ele se aguardará
Lá no mês de S. João!»

Não há noite mais alegre
Que é a noite de Natal
Onde nasceu o Deus-Menino
Antes do galo cantar.

Letra e música: Tradicional (Alte, Loulé, Algarve)
Intérprete: Vozes do Imaginário (in CD “Cantos ao Menino, Reis e janeiras da tradição musical portuguesa”, Do Imaginário – Associação Cultural, Évora, 2009

Noite feliz

1. Noite feliz! Noite feliz!
O Senhor, Deus de amor,
pobrezinho nasceu em Belém.
Eis na lapa Jesus, nosso bem.
Dorme em paz, ó Jesus.
Dorme em paz, ó Jesus.

2. Noite feliz! Noite feliz!
Ó Jesus, Deus da luz,
quão amável é teu coração
que quiseste nascer nosso irmão
e a nós todos salvar,
e a nós todos salvar.

3. Noite feliz! Noite feliz!
Eis que no ar vêm cantar
aos pastores os anjos dos céus
anunciando a chegada de Deus,
de Jesus Salvador,
de Jesus Salvador.

Nós somos os três Reis

Nós somos os três Reis
que viemos do Oriente
Trazer as Boas Festas
com Paz p’ra toda a gente.

Nós somos os três Reis
guiados por uma luz.
Adoramos Deus Menino
que se chama Jesus.

Nós somos os três Reis
Baltazar e Gaspar.
Também o Belchior
o veio adorar.

Nós somos os três Reis
guiados por uma luz
e trouxemos três presentes
para o Menino Jesus.

Não há noite mais alegre

Não há noite mais alegre
Que é a noite de Natal
Onde nasceu o Deus-Menino
Antes do galo cantar.

Deu o galo três cantadas,
Deu o Menino nascido;
Bendito seja o ventre
Que o trouxe nove meses escondido!

E a mula, como maldosa,
Destapava-o com a ferradura;
Mas o boi, como era manso,
Tapava-o com a armadura.

E ao boi, Nosso Senhor
Lhe deu a sua bênção:
«As terras que tu lavrares
Todas elas dêem pão!

Cada bago dê uma espiga!
Cada espiga um milhão!
Todo ele se aguardará
Lá no mês de S. João!»

Não há noite mais alegre
Que é a noite de Natal
Onde nasceu o Deus-Menino
Antes do galo cantar.

Letra e música: Tradicional (Alte, Loulé, Algarve)
Intérprete: Vozes do Imaginário (in CD “Cantos ao Menino, Reis e janeiras da tradição musical portuguesa”, Do Imaginário – Associação Cultural, Évora, 2009

Ó luz de Deus

1. Ó luz de Deus, ó doce luz
que brilhas nas alturas,
vem com teu brilho e teu fulgor
trazer ao mundo o teu calor.
Ó luz de Deus, ó doce luz
que brilhas nas alturas.

2. O mundo viu o Salvador
nascer humilde e pobre.
Ouviu os anjos proclamar
a paz que os homens vem salvar.
O mundo viu o Salvador
nascer humilde e pobre.

3. O Deus do céu vem junto a nós
viver a nossa vida.
Vem das alturas o Senhor
manifestar o seu amor.
O Deus do céu vem junto a nós
viver a nossa vida.

Ó, ó, ó, ó, menino, ó

Ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Teu pai foi ao eiró,
C’uma vara de aguilhão,
P’ra matar o perdigão.

Ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó!

Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Teu pai foi ao eiró;
Tua mãe à borboleta,
Logo te vem dar a teta.

Ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Teu pai foi ao eiró,
C’uma vara de aguilhão,
P’ra matar o perdigão.

Ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó!

Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Teu pai foi ao eiró;
Tua mãe à borboleta,
Logo te vem dar a teta.

Letra e música: Tradicional (Nozedo de Cima, Tuizelo, Vinhais, Trás-os-Montes)
Recolha: Kurt Schindler (1932, in livro “Folk Music and Poetry from Spain and Portugal”, New York: Hispanic Institute in the United States, 1941; “A Canção Popular Portuguesa”, de Fernando Lopes-Graça, col. Saber, Vol. 23, Lisboa: Publicações Europa-América, 1953 – p. 63; 3.ª edição, col. Saber, Vol. 23, Mira-Sintra: Publicações Europa-América, s/d. – p. 60; “Cancioneiro Popular Português”, de Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça, Lisboa: Círculo de Leitores, 1981 – p. 16)
Intérpretes: Ana Tomás & Ricardo Fonseca (in CD “Canções de Labor e Lazer”, Ana Tomás & Ricardo Fonseca, 2017)

O menino está dormindo

1. O menino está dormindo
nas palhinhas despidinho.
Os anjos lhe estão cantando
por amor tão pobrezinho.

2. O menino está dormindo
nos braços da Virgem pura.
Os anjos lhe estão cantando:
“hossana lá na altura”.

3. O menino está dormindo
nos braços de São José.
Os anjos lhe estão cantando:
“Gloria tibi Domine”.

Natal de Évora

Ó meu Menino Jesus

Ó meu Menino Jesus,
Ó meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo.

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer.

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André.

O Menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Que eu lhe darei os saltinhos.

Dá-me o teu menino!
Não dou, não dou, não dou!
Dá-me o teu menino,
Vai à missa que eu lá vou.
Dá-me o teu menino!
Não dou, não dou, não dou!

Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Recolhas: Michel Giacometti (in LP “Alentejo”, série “Antologia da Música Regional Portuguesa”, Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD “Portuguese Folk Music”: CD 4 – Alentejo, Strauss, 1998; 6CD “Música Regional Portuguesa”: CD 5 – Alentejo, col. Portugal Som, Numérica, 2008 – vide nota infra); Michel Giacometti (in série documental “Povo Que Canta”, RTP-1, 1970-73)
Intérprete: Brigada Victor Jara / voz solo de Joaquim Caixeiro (in LP “Quem Sai aos Seus”, Vadeca/J.C. Donas, 1981, reed. Edições Valentim de Carvalho/Iplay, 2008)

Ó Meu Menino Jesus

Ó meu Menino Jesus,
quem vos tirou do altar?
Foi o ministro de Cristo
para nos dar a beijar.

Ó meu Menino Jesus,
boquinha de marmelada,
dá-me da tua merenda
que a minha mãe não tem nada.

Ó meu Menino Jesus,
boquinha de requeijão,
dá-me da tua merenda
que a minha mãe não tem pão.

Ó meu Menino Jesus,
ó meu Menino tão belo,
só vós vieste nascer
no rigor do caramelo.

Entrai, pastores, entrai
por esses portais adentro!
Vinde ver o Deus-Menino
no sagrado nascimento!

Letra e música: Tradicional (Beiras, Portugal)
Arranjo: Catarina Moura, César Prata e Anel Ninas
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

O que levas ao Menino

1. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-Lhe um casaquinho
p’ra Jesus se agasalhar

2. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-Lhe um brinquedinho
p’ra Jesus poder brincar.

3. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-lhe uma bola
p’ra Jesus poder jogar.

4. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-lhe uma viola
p’ra Jesus poder tocar.

5. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-lhe um livrinho
p’ra Jesus poder ‘studar.

6. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-lhe o coração
p’ra Jesus nele morar.

Letra e música: António José Ferreira

Oh Bento Airoso

Oh Bento Airoso,
Mistério divino!
Encontrei a Maria
À beira do rio
E lavando os cueiros
Do bendito Filho.

Maria lavava,
São José ‘stendia,
O Menino chorava
Com o frio que fazia.

Calai, meu menino!
Calai, meu amor!
(E) que as vossas verdades
Me matam de dor.

Letra e música: Tradicional (Paradela, Miranda do Douro, Trás-os-Montes)
Recolha: Michel Giacometti (1960, in “Cancioneiro Popular Português”, Lisboa: Círculo de Leitores, 1981 – p. 43)
Intérpretes: Ana Tomás & Ricardo Fonseca (in CD “Canções de Labor e Lazer”, Ana Tomás & Ricardo Fonseca, 2017)

Para quem são as janeiras

– Para quem são as janeiras?
Para quem é a canção?
– Para a nossa professora
que temos no coração.

Para quem são as janeiras?
Para que é a cantiga?
-Para a Professora Carla
que é muito nossa amiga.

– Para quem são as janeiras?
Para quem é a canção?
É para as educadoras
que temos no coração.

– Para quem são as janeiras?
Para quem é a canção?
É para as auxiliares
que temos no coração.

– Para quem são as janeiras?
Para quem é a canção?
É p’ra todos os amigos
que temos no coração.

– Para quem são as janeiras?
Para quem é a canção?
Para a nossa professora
que se chama Conceição.

Letra e música: António José Ferreira

Pastorinhos

Pastorinhos do deserto,
é, pois, certo
que, na noite de Natal,
num curral,
baixou o Filho de Deus
lá dos céus.

Quem nos deu tanta alegria?
Foi Maria!
E quem nos deu tanta luz?
Foi Jesus!
Cantemos os seus louvores,
ó pastores.

Pastorinhos do deserto

Pastorinhos do deserto,
vinde todos a Belém
adorar o Deus Menino
nos braços da Virgem Mãe.
Pastorinhos do deserto,
vinde todos a Belém.

Pinheirinho, pinheirinho

Pinheirinho, pinheirinho
de ramos verdinhos,
p’ra enfeitar, p’ra enfeitar,
bolas, bonequinhos. (2 v. )

1. Uma bola aqui,
outra acolá,
luzinhas que piscam,
que lindo que está.

Olha o pai Natal
de barbas branquinhas.
Traz o saco cheio
de lindas prendinhas.

(Menino)
Pai Natal, Pai Natal
dá-me um avião
Não faz mal, não faz mal
que ande pelo chão.

(Menina) )
Pai Natal, Pai Natal
dá-me uma boneca.
Não faz mal, não faz mal
que seja careca.

Que todo o tempo seja de Natal

1. Que todo o tempo seja de Natal,
que todo o ano seja de Natal.
Que sempre haja alegria
igual à deste dia.
Que todo o tempo seja de Natal.

3. Que todo o tempo seja de Natal,
que todo o ano seja de Natal.
Que sempre haja esperança
nos sonhos da criança.
Que todo o tempo seja de Natal.

3. Que todo o tempo seja de Natal,
que todo o ano seja de Natal.
Que sempre haja amizade,
justiça e liberdade.
Que todo o tempo seja de Natal.

Letra e música: António José Ferreira

Rodolfo era uma rena

Rodolfo era uma rena,
de nariz avermelhado
Se vocês observassem,
viam-no logo encarnado.

Todas as outras renas,
gostavam muito de troçar.
E ao pobre Rodolfo,
nunca deixavam brincar.

Então numa bela noite
o Pai Natal lhe disse:
“Com o teu nariz encarnado,
guia o meu trenó prendado”

Então todas as renas
aplaudiram o Rodolfo
“Rena do nariz vermelho,
tu vais ser o mais famoso”

Sobre a gruta estava um anjo

1. Sobre a gruta estava um anjo;
cantava como ninguém cantou.
Um pastor escutou a voz
e os amigos logo chamou:

Gloria in excelsis Deo.
Gloria in excelsis Deo.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia francesa

Tã tã, vão pelo deserto

1. Tã tã, vão pelo deserto,
tã tã, Melchior e Gaspar,
tã tã, e atrás outro mago,
que todos conhecem por rei Baltazar.

2. Tã tã, surgiu uma estrela,
tã tã, no céu a brilhar,
tã tã, tão pura e tão bela,
que a terra inteira está ‘inda hoje a iluminar.

3. Tã tã, cansado o camelo,
tã tã, cansado de andar,
tã tã, assim carregado
de incenso, de mirra, de oiro p’ra dar.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia tradicional de Espanha

Três estrelas de alumínio

[ Presépio de Lata ]

Três estrelas de alumínio
A luzir num céu de querosene;
Um bêbedo julgando-se césar
Faz um discurso solene.

Sombras chinesas nas ruas,
Esmeram-se aranhas nas teias;
Impacientam-se as gazuas,
Corre o cavalo nas veias.

Há uma luz na barraca,
Lá dentro uma sagrada família;
À porta um velho pneu com terra
Onde cresce uma buganvília.

É o presépio de lata!
Jingle bells, jingle bells!

Oiçam um choro de criança:
Será branca, negra ou mulata?
Toquem as trompas da esperança
E assentem bem qual a data.

A lua leva a boa-nova
Aos arrabaldes mais distantes:
Avisa os pastores sem tecto,
Tristes reis magos errantes.

E vem um sol de chapa fina
Subindo a anunciar o dia:
Dois anjinhos de cartolina
Vão cantando “aleluia!”.

É o presépio de lata!
Jingle bells, jingle bells!

Nasceu enfim o menino,
Foi posto aqui à falsa fé:
A mãe deixou-o sozinho
E o pai não se sabe quem é.

É o presépio de lata!
Jingle bells, jingle bells!
Jingle bells, jingle bells!

Letra: Carlos Tê
Música: Rui Veloso
Intérprete: Rui Veloso (in CD “Avenidas”, EMI-VC, 1998)

Um dia, um pastorinho

1. Um dia, um pastorinho,
um dia, um pastorinho,
guiava as ovelhas
tocando pifarinho.

2. No céu viu um sinal,
no céu viu um sinal:
um anjo anunciava
o dia de Natal.

3. Que lindo era o Bébé,
que lindo era o Bebé
no colo de Maria
sorrindo p’ra José.

4. Então o pastorinho,
então o pastorinho
chegou-se ao Bébé
e deu-lhe um beijinho.

Letra e música: António José Ferreira

Um rei do Oriente

1. Um rei do Oriente,
um rei do Oriente,
viu que no céu luzia
um astro diferente.

2. O rei de outro país,
o rei de outro país,
ao ver a nova estrela,
achou-se o mais feliz.

3. Noutro país distante,
Noutro país distante,
um outro mago viu
o astro deslumbrante.

4. Ao verem essa luz,
ao verem essa luz,
puseram-se a caminho
e foram ver Jesus.

5. Que lindo era o Bébé,
que lindo era o Bébé,
no colo de Maria
sorrindo p’ra José.

6. Os reis deram-lhe ouro,
os reis deram-lhe ouro,
voltaram ao palácio
com o maior tesouro.

Letra e música: António José Ferreira

Uma estrela e três magos

Uma estrela e três reis magos
levam prendas ao Menino.
Alguns anjos cantam: “Glória!”
e outros tocam violino.

Uma estrela e três reis magos
levam prendas ao bebé.
Alguns anjos cantam: “Glória!”
e outros tocam jambé.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia tradicional da Hungria

Vai-te embora, ó passarinho

1. Vai-te embora, ó passarinho,
deixa a baga do loureiro.
Deixa dormir o Menino
que está no sono primeiro.

2. Dorme, dorme, meu Menino
que a Mãezinha logo vem.
Foi lavar os cueirinhos
à fontinha de Belém.

Ilha de São Jorge, Açores

Vimos cantar as janeiras

1. Vimos cantar as janeiras.
Por esses quintais adentro, vamos
às raparigas solteiras.

Pam-pararan-ri-ri,
pam-pararan-ri-ri
pam, pam, pam, pam.

2. Vamos cantar orvalhadas,
por esses quintais adentro, vamos
às raparigas casadas.

3. Vira o vento e muda a sorte.
Por aqueles olivais perdidos
foi-se embora o vento norte.

4. Muita neve cai na serra.
Só se lembra dos caminhos velhos
quem tem saudades da terra.

5. Quem tem a candeia acesa
rabanadas, pão e vinho novo
matava a fome à pobreza.

6. Já nos cansa essa lonjura.
Só se lembra de caminhos velhos
quem anda a noite à aventura.

José Afonso

Sino

Canções de festa

Letras

A festa foi bonita pá

A festa foi bonita pá, mas tu agora
voltas ao mesmo sítio onde estiveste
voltas à mesma rua, à mesma casa
voltas ao mesmo copo que bebeste

E o mundo que sonhaste foi andando
o sonho de justiça e a fantasia
que ardemos toda a noite em fogo brando
terá que se enfrentar com o dia-a-dia

Mas há uma coisa enorme que ficou:
(e é nela que teces o amanhã
que deste frente-a-frente resultou)
vontade de viver outra verdade
vontade de acordar noutra manhã

A festa foi bonita pá, mas tu agora
voltas ao mesmo leito onde dormiste
e apesar do sabor que nos deixamos
o termos que partir é sempre triste

O mundo que sonhámos está tão longe
mas tudo o que esta noite se viveu
garante que afinal pode ser hoje
o mundo que se sonha e se esqueceu

Mas há uma coisa enorme que ficou:
(e é nela que teces o amanhã
que deste frente-a-frente resultou)
vontade de viver outra verdade
vontade de acordar noutra manhã

Mas há uma coisa enorme que ficou:
(e é nela que teces o amanhã
que deste frente-a-frente resultou)
vontade de viver outra verdade
vontade de acordar noutra manhã

Letra e música: Pedro Barroso
Intérprete: Pedro Barroso (in CD “Criticamente”, Lusogram, 1999)

Lá na festa da aldeia

[ Festa da Aldeia ]

Lá na festa da aldeia,
Debaixo da cameleira,
Convidaste-me a dançar:
Tamanha era a borracheira

Que no adro da igreja
Nos chegámos a casar.
No nariz, sinal de perigo,
Quem dorme contigo

Má sorte vai enfrentar:
Mas na festa da aldeia,
Com as vizinhas na soleira,
Eu fui-me enamorar.

Peço aos dias tempo emprestado
P’ra apagar esta recordação;
Na frase sem predicado
Há vírgulas sem cuidado

Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.
Lá na festa da aldeia,
Debaixo da cameleira,

A saia sempre a rodar:
A tua mão que se esgueira
Debaixo da pregadeira…
Eu vermelha, a corar.

No banco, dívidas, assombros;
Fiado não vais em ombros;
Fim do mês, falta-te o ar;
Debaixo da cameleira

Foi grande a ciumeira,
Começámos a namorar.
Peço aos dias tempo emprestado
P’ra apagar esta recordação;

Na frase sem predicado
Há vírgulas sem cuidado
Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.

Mas na festa da aldeia,
Tu de mão na algibeira,
Nós chegámos a casar:
Porque na festa da aldeia
Debaixo da cameleira

Tu puseste-me a dançar.
Peço aos dias tempo emprestado
P’ra apagar esta recordação;
Na frase sem predicado

Há vírgulas sem cuidado
Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.

Letra: Filipa Martins
Música: Rogério Charraz
Arranjo: João Balão
Intérprete: Rogério Charraz (in CD “Não Tenhas Medo do Escuro”, Rogério Charraz/Compact Records, 2016)

Reciclanda

Reciclanda

O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.

Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.

Contacte-nos:

António José Ferreira
962 942 759