Canções de Reis

Três reis magos

Canções de reis

Reisadas

O cantar dos reis, também chamado “reisadas”, é uma secular tradição portuguesa que acontece entre o Natal (25 de dezembro) e o dia de Reis (6 de janeiro), assumindo características diferenciadoras em certas regiões.

Acompanhados por instrumentos musicais, grupos de amigos e conhecidos (reiseiros) vão de casa em entoando cantigas com que se deseja boas festas e um feliz ano novo e se pede um donativo. As janeiras têm o foco no desejar um bom ano e não tanto no nascimento de Jesus. As tradicionais janeiras e cantares ao Menino assumem no concelho de Faro a forma particular de encontros de charolas, amplamente participados.

Na linha das tradições musicais portuguesas (e no âmbito de Educação Musical e de Música), podem ser manifestação de empatia com a comunidade educativa. Na escola, as quadras podem ser preparadas com os alunos, atividade que fomenta a criatividade e o gosto da poesia.

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Meloteca, recursos musicais criativos para crianças, professores, educadores e animadores

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A cabana está fechada

1. A cabana está fechada,
o Menino está lá dentro.
Vinde dar as Boas Festas.
Ó que lindo nascimento.

Vamos todos, vamos todos,
vamos todos a Belém
adorar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Reciclanda

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Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. 

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António José Ferreira
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A cantar-vos as janeiras

A cantar-vos as janeiras
aqui estamos reunidos.
Desejamos um bom ano
aos amigos mais queridos.

1. Vivam os colegas,
e os professores,
os auxiliares
e educadores.

Versão das janeiras “Boas festas, boas festas” destinada à escola.

Agora que eu vou cantar

Agora que eu vou cantar,
viva o meu atrevimento.
Quem não me quiser ouvir
bote os ouvidos ao vento.

Por bem cantar, mal não digas
dos que a voz aqui levantam,
pois uns cantam o que sabem
e outros sabem o que cantam.

Popular do Alentejo

Alegres cantam os sinos

1. Alegres cantam os sinos
nesta noite de Natal
em que Jesus veio ao mundo
para nos livrar do mal.

Vinde, pastores, correi a Belém,
ver na lapinha Jesus nosso bem.
Vinde adorar o Menino,
Vinde todos a Belém.

2. Glória a Deus nas alturas,
estão anjos a cantar.
Vinde adorar o Menino
que nasceu p’ra nos salvar.

3. Ó meu menino Jesus,
nascidinho na probreza,
tomai posse da minha alma
que é toda a minha riqueza.

Cantar. 1964, 4ª ed., 162-163.

Aqui estamos nós

Aqui estamos nós
Neste belo dia
Cantando as janeiras
Com muita alegria.

P’ra a nossa família
E p’ra toda a gente
Que o ano novo
seja excelente.

2. Para os colegas
E os professores,
Os auxiliares
E educadores…

3. Que os nossos amigos
Tenham amizade,
Muita alegria
E felicidade.

Aqui estamos nós todos reunidos

Aqui estamos nós
todos reunidos
cantando as janeiras
aos nossos amigos,
sem nenhum interesse
com muita amizade,
cantando as janeiras
à sociedade.

Somos cá da terra
e vimos cantar,
dar as boas festas
p’ra vos alegrar.
Neste ano novo
que Deus nos ajude,
nos dê muita paz
e muita saúde.

1. Somos bons amigos
e vimos cantar
dar as boas festas
p’ra vos alegrar.
Neste novo ano
que Deus nos ajude,
nos dê muita paz
e muita saúde.

2. ‘Stamos a acabar,
temos de partir
mas jamais iremos
sem nos despedir.
Senhores da casa
batam-nos as palmas,
sejam lá bondosos
pelas vossas almas.

Aqui vêm as três rosinhas

Aqui vêm as três rosinhas
quatro ou cinco ou seis
se o senhor nos dá licença
vimos-lhe cantar os reis

Os três reis do oriente
já chegaram a Belém
visitar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

O menino está no berço
coberto c’o cobertor
e os anjinhos estão cantando
louvado sej’o Senhor.

O Senhor por ser Senhor
nasceu nos tristes palheiros,
deixou cravos, deixou rosas,
deixou lindos travesseiros.

Você diz que tem bom vinho
có có có,
venha-nos dar de beber,
rintintin,
florin-tintin,
traililairó.

Donões, Montalegre, Trás-os-Montes

Aqui vimos, aqui estamos

Aqui vimos, aqui estamos,
aqui vimos, bem sabeis,
vimos dar as boas festas
e também cantar os reis.

1. Pastores, pastores,
vamos todos a Belém
visitar Maria
e Jesus também.

2. Nasceu o Menino Jesus,
nasceu para nos salvar;
vamos todos a Belém,
o verdadeiro lugar.

3. Quem diremos nós que viva
no raminho de oliveira?
Viva o Senhor Alberto
e viva a família inteira.

Final:
Pastores, pastores,
vamos a Belém
visitar Maria
e Jesus também.

Trad. Louredo/Resende, Portugal

Boas festas

Boas festas, boas festas
aos amigos vimos dar.
Um bom ano, um bom ano
vos queremos desejar.

1. Ó vós que dormis
em cama macia,
já nasceu o filho
da Virgem Maria.

Boas festas, boas festas

1. Boas festas, boas festas
tenha vossa senhoria,
com boas entradas de ano
com prazer e alegria.

Vamos todos juntos,
todos reunidos
dar as Boas Festas
aos nossos amigos.

2. Como alegres passarinhos
a nossa vida é cantar
e aos senhores desta casa
queremos saudar.

3. Vivam todos meus senhores,
vivam todos em geral.
Deus lhes dê um ano novo
isento de todo o mal.

Cantar 1964, 4ª ed. 158-159.

Boas noites

Boas noites, boas noites,
boas noites de alegria,
que lhas manda o Rei da Glória,
filho da Virgem Maria.

Naquela relvinha,
c ’o vento gelou,
a mãe de Jesus
tão pura ficou.

Dominus excelsis Deo,
que já é nascido
O que nove meses
andou escondido.

De quem é o chapeuzinho
Qu’além ‘stá pendurado?
É do senhor José
que Deus o faça um cravo.

De quem é o vestidinho
cosido com seda branca?
É da senhora Susana
que Deus a faça uma santa.

De quem será é o pente d’oiro
Que se achou no arvoredo?
É da senhora Clara
que lhe caiu do cabelo.

De quem eram as liguinhas
que se acharam entre as ervas?
Eram da senhora Rosa
que lhe caíram das pernas.

De quem seriam eram as botinhas
que estavam no sapateiro?
Eram do senhor Custódio
que as pagou c’o seu dinheiro.

Levante-se lá, senhora
do seu banco de cortiça.
Venha-nos dar as janeiras,
ou morcela ou chouriça.

Levante-se lá, senhora,
desse seu rico banquinho,
Venha-nos dar as janeiras
em louvor do Deus Menino.

Levante-se lá, senhora,
desse seu rico assento.
Venha-nos dar as janeiras
em louvor do Nascimento.

Levante-se lá, senhora,
desse seu banco de prata,
Venha-nos dar as janeiras
que está um frio que mata.

(Se demoram a dar as janeiras…)

Levante-se lá, senhora
dessa cadeirinha torta.
Venha-nos dar as janeiras
se não batemos-lhe à porta.

(Se dão as janeiras, cantam a despedida.)

Despedida, despedida,
despedida quero dar.
Os senhores desta casa
bem nos podem desculpar.

(Se não dão as janeiras)

Esta casa não é alta,
tem apenas um andar.
Estes barbas de farelo
nada têm p’ra nos dar.

Esta casa é bem alta,
forradinha de papel.
O senhor que nela mora
É um grande furriel.

Esta casa é bem alta,
forradinha a papelão.
O senhor que nela mora
é um grande forretão.

(Trelinca a martelo
torna a trelincar.
Estes barbas de chibo
não têm que nos dar.)

(Quando vão comer as janeiras)

Naquela relvinha,
naquela lameira,
detrás da fontinha
se come a Janeira.

Gloria in excelsis Deo,
que já é nascido
O que nove meses
andou escondido.

Recolha de várias com base na de Vale de Lobo, BB – Etnografia da Beira, I vol., Jaime Lopes Dias, 2ª ed. Empresa Nacional de Publicidade, Lisboa 1944, 159. Pequenas adaptações.

Boas noites, meus senhores

Boas noites, meus senhores,
Boas noites vimos dar.
Vimos pedir as janeiras
Se no-las quiserem dar.

Aqui vimos, aqui vimos,
Aqui vimos bem sabeis.
Vimos dar as boas festas
E também cantar os reis.

Ano Novo, Ano Novo,
Ano Novo, melhor ano.
Vimos cantar as janeiras
Como é de lei cada ano.

Levante, linda senhora
Desse banquinho de prata.
Venha-nos dar as janeiras
Que está um frio que mata.

As janeiras são cantadas
Do Natal até aos Reis.
Olhai lá por vossa casa
Se há coisa que nos deis.

Cá estamos à sua porta

Cá estamos à sua porta,
um grupo de amigos seus.
Falar bem nada nos custa:
santa noite lhe dê Deus.

Que tenha um próspero ano
e não esqueça a virtude.
Que tenha muita alegria
e outra tanta saúde.

A quem tanto bem nos faz
Deus livre de pena e dano.
Fiquem com Deus, passem bem!
Até ao próximo ano!

Adapt.
Aqui ‘stou à sua porta
mais dois camaradas meus.
Falar bem nada nos custa:
santas noites lhes dê Deus.

Venho lhes dar os bons anos
que pelas festas não pude.
Venho ao fim de saber
novas da sua saúde.

Trad. Portugal, Peroguarda

Cantemos

Cantemos, cantemos,
cantemos com alegria.
Vimos dar as Boas Festas
à nossa freguesia.

1. A senhora desta casa
está sentada num banquinho.
Venha o prato das filhoses
e o garrafão do vinho.

2. A senhora que aqui mora
seria boa pessoa
se nos trouxesse presunto
e um pedaço de broa.

Cantemos todos lindas canções

Cantemos todos lindas canções.
Louvam a Deus os corações.
Já é nascido, haja alegria!,
o Deus menino, Avé Maria.

Entrai, pastores, entrai
por esse portal sagrado.
Vinde adorar o menino
numas palhinhas deitado.

Da serra veio um pastor
à minha porta bateu.
Trouxe uma carta que diz:
“O Deus menino nasceu!”

Pela oferta que nos deram,
o nosso muito obrigado.
Tenham um bom ano novo
de paz e amor recheado.

Debaixo de uma oliveira

Debaixo de uma oliveira,
um anjo do céu dizia:
a todos os moradores
muita paz e alegria!

1. As janeiras são cantadas
em janeiro pelos Reis.
Nasceu um lindo menino,
o seu nome já o sabeis.

2. Boas festas, boas festas
vos dizemos neste dia;
vós dais-nos as janeirinhas,
nós trazemos a alegria.

3. A todos os que aqui ‘stão
a ouvir-nos a cantar,
nós desejamos bom ano
e saúde a transbordar.

Trad. Portugal

Em Belém, à meia noite

1. Em Belém, à meia noite,
noite de tanta alegria
já nasceu o Deus Menino,
Filho da Virgem Maria.

Pastores, pastores,
vinde todos a Belém
adorar o Deus Menino,
que Nossa Senhora tem.

2. Viva lá, senhora Amélia
raminho de amendoeira.
‘Inda neste mundo anda
já no céu tem a cadeira.

3. Viva lá, o menino Diogo
que lá está juntinho à brasa.
Venha-nos dar as janeiras
que é o morgado da casa.

4. Viva lá, senhor Armando
raminho de salsa crua.
Quando vai para a igreja
alumia toda a rua.

5. A todos que aí estão
ao redor dessa fogueira,
santa paz lhes desejamos
‘té à hora derradeira.

Cf. Cantar. 1964, 4ª ed., 152-153.

Esta casa é tão alta

Esta casa é tão alta,
É forrada de papelão.
Aos senhores que cá moram,
Deus lhe dê a salvação.

Estas Casas São Mui Altas

Estas casas são mui altas,
Mui altas,
Forradinhas de alegria.
Viva quem nelas passeia,
Passeia,
Que é a Senhora Maria!

Estas casas são mui altas,
Mui altas,
Mas não lhes chegamos nós.
Viva quem nelas passeia,
Passeia,
Quem está a fazer filhós!

Levante-se lá, Senhora,
Senhora,
Desse tão lindo assento!
Venha-nos dar as janeiras,
janeiras,
Na boda do Nascimento!

Letra e música: Popular (Monsanto, Idanha-a-Nova, Beira Baixa)
Recolha: António Joyce (1939) (in “A Canção Popular Portuguesa”, de Fernando Lopes Graça, 3.ª edição, Colecção Saber, n.º 23, Mem Martins: Publicações Europa-América, s/d. – p. 109)
Arranjo: Jaime Ferreira
Intérprete: Terra a Terra (in LP “Lá Vai Jeremias”, Orfeu/Rádio Triunfo, 1985, reed. Movieplay, 2005)

Esta noite

Esta noite é de janeiras.
Cantemos com alegria.
Já nasceu o Deus Menino
Filho da Virgem Maria,

Filho da Virgem Maria
Numas palhinhas deitado.
Deu à luz esta criança
O Deus Menino Sagrado.

Estou a ver a dona de casa
Pelo buraco da fechadura.
Venha-me dar a esmola
Que o frio já não se atura.

Quando vinha aí em baixo
Topei com uma cortiça.
Logo o meu coração disse
Que aqui davam uma chouriça.

Autor: Diogo Graça Carolino
Alvalade – Sado

Esta noite é de janeiras

Esta noite é de janeiras
e dum grande merecimento
por ser a noite primeira
em que Deus passou tormento.

Os tormentos que passou,
eu lhes digo a verdade:
o seu sangue derramou
p ’ra salvar a sociedade.

Um raminho, dois raminhos,
um raminho de salsa crua.
Ao pé da tua cama
nasce o sol e põe-se a lua.
Daqui donde estou bem vejo
um canivete a bailar
para cortar a chouriça
que a senhora me há-de dar.

Esta noite é de janeiras, in cancioneiro Popular Português, Michel Giacometti; F. Lopes-Graça. Círculo de Leitores 1981, 46.

Esta noite é de janeiras, é de grande mer’cimento

Esta noite é de janeiras,
é de grande mer’cimento.
Por ser a noite primeira
em que Deus passou tormento.

Os tormentos que passou
de Sua livre vontade,
o Seu Sangue derramou
p’ra salvar a Cristandade.

O Seu Sangue derramou,
Seu Sangue derramaria
p’ra salvar a Cristandade,
São Pedro, Santa Maria!

Ao fim de séculos passados,
foram ver a sepultura.
Acharam ossos mirrados,
o sinal da criatura!

Esta noite de Ano Novo
é de tão alto valor.
Deus lhe dê muita saúde
e pão ao Sr. Doutor!

Viva o Sr. Dr. Carlos
que vela p’los pobrezinhos
Deus lhe dê muita saúde
pra criar os seus filhinhos!

Esta casa está juncada
com junquilhos da ribeira.
Viva o dono desta casa,
mais a sua companheira!

Esta casa está juncada
com ramos de erva cidreira.
Deus lhe dê muita saúde,
e à sua família inteira!

janeiras, in cancioneiro de Serpa, M. Rita Ortigão P. Cortez, Ed. C.M. Serpa 1994, 366-367.

Foi tão belo o que aconteceu

Uma estrela os guiou

Inda agora

‘Inda agora aqui cheguei,
já começo a cantar.
‘Inda não pedi licença,
não sei se ma querem dar.

Pastores, Pastores,
vinde todos a Belém
adorar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Levante-se lá, ó senhora,
desse seu lindo banquinho.
Venha o prato das filhoses
e uma garrafa de vinho.

Levante-se lá, ó senhora
dessa cadeira de prata,
Venha-nos dar as janeiras
que está um frio que mata.

Inda agora aqui cheguei

Inda agora aqui cheguei,
mal pus o pé na escada,
logo o meu coração disse:
aqui mora gente honrada.

Ó irmãos na caridade,
notícias vos trago eu:
às doze horas da noite
o Deus Menino nasceu.

Nasceu numas tristes palhas
como nasce o cordeirinho.
Por causa dos meus pecados
foi preso ao madeirinho.

De quem é a bengalinha
que está ali no bengaleiro?
É do patrão desta casa
que é um bom cavalheiro.

Já os campos averdegam

Já os campos averdegam
noite e dia à bela luz.
Ó que lindo nascimento
teve o menino Jesus.

Andámos de casa em casa
por atalhos e caminhos,
os corações sempre em brasa
como outrora os pastorinhos.

2. Ó meu menino Jesus,
meu lindo amor perfeito,
se vós tendes frio
vinde parar ao meu peito.

Já os três reis vão chegando

1. Já os três reis vão chegando
à lapinha de Belém
adorar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Com muitas graças
aqui viemos
as boas festas
lhes cantaremos.

2. A cabana era pequena,
não cabiam todos três;
adoraram o Menino
cada um por sua vez.

3. Nossa Senhora lhe disse:
– Filho meu, que te farei?!
Não tenho cama nem berço,
nos braços te criarei.

Já os três reis são chegados

1. Já os três reis são chegados
às portas do Oriente
visitar o Deus Menino,
Senhor Deus omnipotente.

2. Já os três reis são chegados
à lapinha de Belém,
visitar o Deus Menino
que a Nossa Senhora tem.

3. Nossa Senhora Lhe disse:
– Filho meu, que Te farei?
Não tenho cama nem berço,
nos braços te criarei.

4. Estas casas são bem altas,
têm defronte um laranjal.
Viva quem está dentro delas,
vivam todos em geral.

Meia noite dada

1. Meia noite dada,
meia noite em pino,
cantavam os galos,
nascia o Menino.

2. Chorava o Menino
como um enjeitado,
em lapa da serra,
não no povoado.

3. Menino tão rico
que pobre estais!…
Deitado no feno,
entre animais!

4. Os filhos dos homens
em berço doirado,
e Vós, meu Menino,
em palhas deitado!

5. Em palhas deitado,
tão pobre esquecido,
filho de uma rosa,
de um cravo nascido.

6. E do Oriente
os três reis vieram.
Oiro, incenso e mirra
lhe ofereceram.

Nesta casa há amor

Nesta casa há amor,
junta-se a paz à lareira
para ouvir cantar em grupo
cantadores, cantadeiras.

1. Vimos cantar as janeiras
Do tempo da nossa avó.
Somos gente das aldeias
unidas num grupo só.

2. Nos braços da bela aurora
vejo o menino brincando
com a mãozinha de fora
todo o Mundo abençoando.

Neste dia de Janeiro

Neste dia de Janeiro
nós cá ‘stamos a cantar.
Um bom ano para todos
vos queremos desejar.

É nascido o Deus Menino,
Filho da Virgem Maria.
Cantemos em seus louvores
nossos hinos de alegria.

Cf. Cantar, 1964, 4ªed., 176.

Nós aqui vimos

Nós aqui vimos,
todos reunidos,
dar as Boas Festas
aos nossos amigos.

Não é com interesse
mas com amizade
dar as Boas Festas
à sociedade.

Sobreirinho ramalhudo
que nos dás a bolota,
se tens filhos ou criados
mandai-nos abrir a porta.

Pela oferta que nos deram
o nosso muito obrigado.
O nosso rancho agradece
nós p’ró ano cá voltamos

Modivas, Ourém

Nós somos os três reis

1. Nós somos os três reis
que vimos do Oriente
trazer as boas festas
com paz p’ra toda a gente.
Nós somos os três reis
guiados por uma luz.
Adoramos o Deus Menino
que se chama Jesus.

2. Nós somos os três reis,
Baltazar e Gaspar.
Também o Belchior
O veio adorar.
Nós somos os três reis
guiados por uma luz.
E trouxemos três presentes
p’ro Menino Jesus.

O ano vem vindo

[ Bons Anos ]

O ano novo vem vindo
Sorridente e a cantar;
O velho que vai saindo
Vai triste por acabar.

Eu já vejo a luz acesa;
Sei que não estás dormindo.
A mulher vai pondo a mesa;
Tua porta vai abrindo.

Está um frio que corta,
Aqui não posso ficar.
Se tu não abres a porta,
Noutro lugar vou cantar.

Letra: Maria Angelina de Arruda Medeiros Ponte
Música: Tradicional (Maia, Ribeira Grande, Ilha de São Miguel, Açores)
Arranjo: Miguel Pimentel
Intérpretes: Miguel Pimentel com Maria José Victória (in CD “A Roda do Ano”, Miguel Pimentel, 2002, reed. Açor/Emiliano Toste, 2019)

Ó da casa, nobre gente

Ó da casa, nobre gente,
escutareis e ouvireis
Das bandas do Oriente
são chegados três reis.

São três reis, são três c’roados,
vinde ver quem vos c’roou,
e mais quem vos ordenou
no vosso santo caminho.

Mandou Deus, por uma estrela
que lhe ensinasse o caminho;
a estrelinha foi pousar
no alto duma cabana…

A cabana era pequena,
não cabiam todos três;
adoraram Deus Menino
cada um por sua vez.

Todos Lhe ofereceram
ouro e mirra e incenso;
não lhe ofereceram mais nada
porque Ele era Deus imenso.

Tradicional de Cinfães, Portugal

Ó de casa, alta nobreza

Ó de casa, alta nobreza,
mandai-nos abrir a porta,
ponde a toalha na mesa
com caldo quente da horta!

Teni, ferrinhos de prata,
ao toque desta sanfona!
Trazemos ovos de prata
fresquinhos, prá vossa dona.

Senhora dona de casa,
à ilharga do seu Joaquim,
vermelha como uma brasa
e alva como um jasmim!

Vimos honrar a Jesus
numas palhinhas deitado:
o candeio está sem luz
numa arribana de gado.

Mas uma estrela dianteira
arde no céu, que regala!
A palha ficou trigueira,
os pastorinhos sem fala.

Dá-lhe calorzinho a vaca,
o carvoeiro uma murra,
a velha o que traz na saca,
seus olho mansos a burra.

Já as janeiras vieram,
os Reis estão a chegar,
Os anos amadurecem:
estamos para durar!

Já lá vem Dom Melchior
sentado no seu camelo
cantar as loas de cor
ao cair do caramelo.

Ó incenso, mirra e oiro,
que cheirais e luzis tanto,
não valeis aquele tesoiro
do nosso Menino santo!

Abride a porta ao peregrino,
que vem de num longe, à neve,
de ver nascer o Menino
nas palhinhas do preseve.

Acabou-se esta cantiga,
vamos agora à chacota:
já enchemos a barriga,
sigamos nossa derrota!

Rico vinho, santa broa
calça o fraco, veste os nus!
Voltaremos a Lisboa
pró ano, querendo Jesus.

Recolha de Vitorino Nemésio (1901-1978)

O Menino está deitado

1. O Menino está deitado
com Maria e José.
Cantamos nós com os anjos:
“Gloria tibi Domine”. .

2. Entrai, pastores, entrai
na lapinha de Belém.
Adorai o Deus Menino
que nasceu p’ra nosso bem.

Cf. Cantar. 1964, 4ª ed.

Os pastores vão andando

Os pastores vão andando,
andando sempre à porfia
a ver quem chega primeiro
aos pés da Virgem Maria.

Boas festas, meus senhores,
festas de tanta alegria.
Já nasceu o Deus Menino,
Filho da Virgem Maria.

Para quem está ouvindo
esta nossa melodia,
pedimos ao Deus Menino
lhes dê paz e alegria.

Aqui ‘stou à sua porta
c’um pé frio e outro quente.
Venha dar-nos as janeiras,
um copinho de aguardente.

Cantar. 1964, 4ª ed., 174-175.

Para te cantar os Reis

[ Os Reis ]

Para te cantar os Reis
Trepei tua canadinha,
Trepei tua canadinha;
Daqui não levanto o pé
Sem chouriço ou galinha,
Sem chouriço ou galinha!

Está um terrale que corta!
Se tu és homem de brio,
Se tu és homem de brio,
Vem-nos abrir a porta!
Estou enrilhado com frio,
Estou enrilhado com frio.

Ó porta que te não abres,
Ó ferrolho que não corres,
Ó ferrolho que não corres,
Ó almas, em consciência,
Não considereis que morres?
Não considereis que morres?

Letra e música: Tradicional (Vila do Nordeste, Ilha de São Miguel, Açores)
Recolha: Artur Santos (campanha de 1960) (in 7LP “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de S. Miguel”, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1965, reed. 4CD “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de S. Miguel”: CD 1, faixa 5, Açor/Emiliano Toste, 2001)
Intérprete: Helena Oliveira (in CD “EssênciasAcores”, Helena Oliveira/HM Música, 2010)

Reis na Casa dos Açores em Toronto

Reis na Casa dos Açores em Toronto

Que estás a fazer, criança

Que estás a fazer, criança,
sentado na pedra fria?
Estou à espera do menino
Filho divino à luz do dia.

1. Andamos de casa em casa
por atalhos e caminhos,
os corações sempre em brasa
como outrora os pastorinhos.

2. Vimos dar as Boas Festas,
Boas Festas vimos dar,
que nasceu o Deus menino
nas palhinhas ao luar.

Senhora dona da casa

Senhora dona da casa
Deixe-se estar que está bem.
Mande-nos dar a esmola
Pela rosa que aí tem.

1. Abram-se lá essas portas
Ainda não estão bem abertas
Que nasceu o Deus menino
Vou-lhe dar as boas festas.

2. Boas festas meus senhores
Boas festas lhes vou dar.
Que nasceu o Deus menino
Nesta noite de Natal.

3. Nesta noite de Natal
Noite de santa alegria
Já nasceu o Deus menino
Filho da Virgem Maria

Senhores, nós vos trazemos

1. Senhores, nós vos trazemos
a mensagem de Belém:
nasceu já o Deus Menino
e Maria é sua mãe.

2. Nas bandas do Oriente
Uma estrelinha brilhou
E guiando os três reis Magos
Sobre o presépio poisou.

Nestas noites de Natal
como é bom pelo luar
vir até vós meus senhores
lindas janeiras cantar.

3. Tudo acorre à lapinha
para adorar o Senhor.
Não deixemos nós também
de cantar o seu louvor.

4. Como somos mensageiros,
não podemos demorar.
A boa nova iremos
a outros anunciar.

5. Levantai-vos, vinde ver-nos
e trazei-nos as janeiras
porque esta noite está fria,
só nos sabem as fogueiras.

6. Vamos dar a despedida
até ao ano que vem.
Fiquem-se com Deus, senhores,
e sua divina mãe.

Letra: Delmar Barreiros, Cantar. 1964, 4ª ed, p. 166-167.

Um Ano Novo entrou

Um Ano Novo entrou,
as janeiras vamos cantar
pedindo a vossa bondade
de quem nos queira ajudar.

janeiras, lindas janeiras,
senhores vimos cantar.
Boas Festas e alegria
vos queremos desejar.

Que todos os Mirenses
Tenham muitas felicidades,
presentes e ausentes
de todas as idades.

Senhores não demoreis
que é muito frio o luar,
Vinde-nos dar as janeiras
que nós temos de caminhar.

Boas noites meus senhores
até p’ró ano que vem.
Alegria e paz em Deus
e na Virgem, Sua Mãe.

Uma estrela

[ Cantar à Porta ]

Uma estrela, uma estrela nos guia
No caminho, no caminho da virtude…

Uma estrela nos guia
No caminho, no caminho da virtude…

Ó dono, ó dono da moradia,
Lá vai à… lá vai à vossa saúde!

Ó dono da moradia,
Lá vai à… lá vai à vossa saúde!

Reis Magos, Reis Magos viram Jesus
Numa gruta, numa gruta em Belém;

Reis Magos viram Jesus
Numa gruta, numa gruta em Belém;

Guiados, guiados pela mesma luz,
Queremos, queremos vê-lo também!

Guiados pela mesma luz,
Queremos, queremos vê-lo também!

Letra e música: Popular (Ilha Terceira, Açores)
Intérprete: Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense* (in CD “Festa Redonda”, Açor/Emiliano Toste, 2003)

Vamos cantar as janeiras

Vamos cantar as janeiras,
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras.

Vamos cantar orvalhadas,
Vamos cantar orvalhadas.
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas.

Vira o vento e muda a sorte,
Vira o vento e muda a sorte.
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte.

Muita neve cai na serra,
Muita neve cai na serra.
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra.

Quem tem a candeia acesa,
Quem tem a candeia acesa.
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza.

Já nos cansa esta lonjura,
Já nos cansa esta lonjura.
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura.

José Afonso

Vimos cantar as janeiras

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano para toda a escola
com saúde e alegria.

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano p’ra toda a família
com saúde e alegria.

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano para os moradores
desta linda freguesia.

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano para toda a gente
com saúde e alegria.

Para a melodia de janeiras de José Afonso

Vinde, pastores

Vinde, pastores, depressa
que já nasceu o Menino.
Já se cumpriu a promessa,
vamos a tocar o sino.

1. janeiras, lindas janeiras,
janeiras da minha aldeia.
Sois quais estrelas fagueiras
nas noites de lua cheia.

2. janeiras, lindas janeiras
senhores, vimos cantar.
Boas Festas e alegrias
vos queremos desejar.

3. Sopram os ventos da serra,
caem estrelas do céus,
Alegre-se toda a terra,
nasceu o Menino Deus.

4. Senhores, não demoreis,
que é muito frio o luar.
Vinde-nos dar as janeiras,
que temos de caminhar.

5. Levantai-vos da lareira
e vinde depressa ver
a grandiosa fogueira
que o Menino há-de aquecer.

6. Ó janeiras de Vilar
Como vós não há igual.
Dais consoada aos pobres
nestas noites de Natal.

7. A mensagem de Natal
a todos dê luz e amor.
Oxalá por toda a vida
vos guie com seu fulgor.

8. Boas noites, meus senhores,
até para o ano que vem.
Alegria e paz em Deus
e na Virgem sua Mãe.

Letra: J. Geraldes, Cantar. 1964, 4ª ed., 169-171.

Viva lá

Viva lá, minha senhora,
casaquinho de veludo;
Quando mete a mão ao bolso,
tem dinheiro para tudo.

Refrão:
Boas Festas, Boas Festas,
vos dizemos neste dia.
Venham-nos dar as janeiras,
com prazer e alegria.

Viva lá, minha senhora,
no seu livrinho a ler;
Quando vai para a janela,
parece o sol a nascer.

Viva lá, minha senhora,
linda estrela do norte.
Que Deus a deixe criar
para uma boa sorte.

Levante-se lá, minha senhora,
desse banco de cortiça.
Venha-nos dar as janeiras,
ou de carne, ou de chouriça.

Alegrias populares, vol. II, Jaime Pinto Pereira, Ed. autor 1967, 22
Vila Verde, Tourais

Viva lá, minha senhora

Viva lá, minha senhora,
Raminho de salsa crua.
Quando chega à janela
Põe-se o sol e nasce a lua.

Viva lá minha senhora
Linda boquinha de riso,
Linda maçã camoesa
Criada no paraíso.

Ó que estrela tão brilhante
Que vem dos lados do norte.
À família desta casa
Deus lhe dê a melhor sorte.

De quem é o anel d’oiro
Com pedrinhas no Redol.
É do menino João
Que é bonito como o sol.

Viva lá menina Rita.
Suas faces são romãs.
Seus olhos são mais galantes
Do que a estrela da manhã.

Ó que estrela tão brilhante
Que vem dos lados do norte.
À família desta casa
Deus lhe dê a melhor sorte.

A silva que nasce à porta
Vai beber à cantadeira.
Levante daí senhora
Venha-nos dar a Janeira.

Alegrai-vos companheiros
Que já sinto gente andar.
É a senhora da casa
Que nos vem a convidar.

Ó que estrela tão brilhante
Que vem dos lados do norte.
À família desta casa
Deus lhe dê a melhor sorte.

QUADRAS INTRODUTÓRIAS

Boas noites, boas noites,
boas noites de alegria,
que lhas manda o Rei da Glória,
filho da Virgem Maria.

Os três reis do oriente
já chegaram a Belém
visitar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Cá estamos à sua porta,
um grupo de amigos seus.
Falar bem nada nos custa:
santa noite lhe dê Deus.

Andámos de casa em casa
por atalhos e caminhos,
os corações sempre em brasa
como outrora os pastorinhos.

O menino está no berço
coberto c’o cobertor
e os anjos estão cantando
louvado seja o Senhor.

Aqui ‘stou à sua porta
mais dois camaradas meus.
Falar bem nada nos custa:
santas noites lhes dê Deus.

Venho lhes dar os bons anos
que pelas festas não pude.
Venho ao fim de saber
novas da sua saúde.

QUADRAS PARA REFRÃO

A cantar-vos as janeiras
aqui estamos reunidos.
Desejamos um bom ano
aos amigos mais queridos.

Aqui vimos, aqui estamos
A cantar, já o sabeis.
vimos dar as boas festas
e também cantar os reis.

Boas festas, boas festas
aos amigos vimos dar.
Um bom ano, um bom ano
vos queremos desejar.

QUADRAS PARA VIVAS

Viva lá quem nos escuta,
vivam todos em geral.
Deus vos dê um ano novo
E a todo o Portugal.

Como aqueles passarinhos
que estão sempre a cantar.
Aos senhores desta casa
nós queremos saudar.

Boas festas, boas festas
tenha vossa senhoria,
com boas entradas de ano
com prazer e alegria.

Quem diremos nós que viva
no raminho de oliveira?
Viva o Senhor Alberto
e viva a família inteira.

Por bem cantar, mal não digas
dos que a voz aqui levantam,
pois uns cantam o que sabem
e outros sabem o que cantam.

Boas noites, meus senhores,
Boas noites vimos dar.
Vimos pedir as janeiras
Se no-las quiserem dar.

As janeiras são cantadas
Do Natal até aos Reis.
Olhai lá por vossa casa
Se há coisa que nos deis.

Levante, linda senhora
desse banquinho de prata.
Venha-nos dar as janeiras
que está um frio que mata.

De quem é o vestidinho
cosido com seda branca?
É da senhora Susana
que Deus a faça uma santa.

De quem seriam eram as botinhas
que estavam no sapateiro?
Eram do senhor Custódio
que as pagou c’o seu dinheiro.

Levante-se lá, senhora
do seu banco de cortiça.
Venha-nos dar as janeiras,
ou morcela ou chouriça.

Levante-se lá, senhora,
desse seu rico assento.
Venha-nos dar as janeiras
em louvor do Nascimento.

Levante-se lá, senhora
dessa cadeirinha torta.
Venha-nos dar as janeiras
se não batemos-lhe à porta.

DESPEDIDA

Que tenha um próspero ano
e não esqueça a virtude.
Que tenha muita alegria
e outra tanta saúde.

A quem tanto bem nos faz
Deus livre de pena e dano.
Fiquem com Deus, passem bem!
Até ao próximo ano!

Despedida, despedida,
despedida quero dar.
Os senhores desta casa
bem nos podem desculpar.

Esta casa não é alta,
tem apenas um andar.
Estes barbas de farelo
nada têm p’ra nos dar.

Esta casa é bem alta,
forradinha a papelão.
O senhor que nela mora
Tem um grande coração.

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