Canções de festa
A festa foi bonita pá
A festa foi bonita pá, mas tu agora
voltas ao mesmo sítio onde estiveste
voltas à mesma rua, à mesma casa
voltas ao mesmo copo que bebeste
E o mundo que sonhaste foi andando
o sonho de justiça e a fantasia
que ardemos toda a noite em fogo brando
terá que se enfrentar com o dia-a-dia
Mas há uma coisa enorme que ficou:
(e é nela que teces o amanhã
que deste frente-a-frente resultou)
vontade de viver outra verdade
vontade de acordar noutra manhã
A festa foi bonita pá, mas tu agora
voltas ao mesmo leito onde dormiste
e apesar do sabor que nos deixamos
o termos que partir é sempre triste
O mundo que sonhámos está tão longe
mas tudo o que esta noite se viveu
garante que afinal pode ser hoje
o mundo que se sonha e se esqueceu
Mas há uma coisa enorme que ficou:
(e é nela que teces o amanhã
que deste frente-a-frente resultou)
vontade de viver outra verdade
vontade de acordar noutra manhã
Mas há uma coisa enorme que ficou:
(e é nela que teces o amanhã
que deste frente-a-frente resultou)
vontade de viver outra verdade
vontade de acordar noutra manhã
Letra e música: Pedro Barroso
Intérprete: Pedro Barroso (in CD “Criticamente”, Lusogram, 1999)
Lá na festa da aldeia
[ Festa da Aldeia ]
Lá na festa da aldeia,
Debaixo da cameleira,
Convidaste-me a dançar:
Tamanha era a borracheira
Que no adro da igreja
Nos chegámos a casar.
No nariz, sinal de perigo,
Quem dorme contigo
Má sorte vai enfrentar:
Mas na festa da aldeia,
Com as vizinhas na soleira,
Eu fui-me enamorar.
Peço aos dias tempo emprestado
P’ra apagar esta recordação;
Na frase sem predicado
Há vírgulas sem cuidado
Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.
Lá na festa da aldeia,
Debaixo da cameleira,
A saia sempre a rodar:
A tua mão que se esgueira
Debaixo da pregadeira…
Eu vermelha, a corar.
No banco, dívidas, assombros;
Fiado não vais em ombros;
Fim do mês, falta-te o ar;
Debaixo da cameleira
Foi grande a ciumeira,
Começámos a namorar.
Peço aos dias tempo emprestado
P’ra apagar esta recordação;
Na frase sem predicado
Há vírgulas sem cuidado
Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.
Mas na festa da aldeia,
Tu de mão na algibeira,
Nós chegámos a casar:
Porque na festa da aldeia
Debaixo da cameleira
Tu puseste-me a dançar.
Peço aos dias tempo emprestado
P’ra apagar esta recordação;
Na frase sem predicado
Há vírgulas sem cuidado
Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.
Letra: Filipa Martins
Música: Rogério Charraz
Arranjo: João Balão
Intérprete: Rogério Charraz (in CD “Não Tenhas Medo do Escuro”, Rogério Charraz/Compact Records, 2016)