A Música e a Missão
A Música e a Missão
Música na Casa Mãe da Congregação da Missão
Convento de Rilhafoles
O Convento de Rilhafoles, depois Hospital de Rilhafoles e desde 1911 Hospital Miguel Bombarda GOB, pertenceu primeiramente à Congregação da Missão de São Vicente de Paulo e foi fundado por autorização pontifícia (Breve de 10 de Setembro de 1717) e do Cardeal-Patriarca D. Tomás de Almeida (alvará de 4 de Janeiro de 1717).
Também era designado por: Casa Mãe da Congregação da Missão, Casa da Congregação da Missão em Rilhafoles, Casa de São João e São Paulo, Casa de Rilhafoles.
Festas de Beatificação de S. Vicente de Paulo
A 27 de Setembro de 1727 tinha o Papa Bento XIII publicado um decreto que declarava a heroicidade das virtudes praticadas pelo Servo de Deus Vicente de Paulo.
A 14 de Julho de 1729 mandou publicar e expedir o Breve de Beatificação, ao qual se seguiu, a 13 de Agosto, outro que permitia a recitação do Ofício e a celebração da missa do Bem-aventurado no dia 27 de Setembro, aniversário da sua morte. Este favor era concedido à terra natal de Vicente de Paulo, às freguesias de Paris onde ele estabelecera as suas obras, e aos membros e casas da Congregação da Missão, bem como aos seus convictores e seminaristas.
Era autorizada outrossim, naquele ano, sob rito duples maior, a solenidade da Beatificação em dia autorizado pelo ordinário, mas não anterior à celebração da mesma solenidade em S. Pedro de Roma, onde devia realizar-se a 21 de Agosto. Podia fazer-se essa festa em todas as igrejas às quais fora concedida a missa e o ofício.
O Breve gratulatório ‘Si gloria hominis ex honore Patris’, mandado por Bento XIII, em 29 de Agosto de 1729, ao P.e Bonnet, Superior Geral, ao mesmo tempo que felicitava a Congregação, exortava-a a renovar-se no espírito do Beato Fundador.
Apesar de estar sozinho com o irmão, o P.e Joffreu não quis deixar de comemorar, como lhe fosse possível, o fausto acontecimento, e no dia 26 de Setembro de 1729 comunicou a Sua Majestade a intenção de celebrar no dia seguinte, em Rilhafoles, a missa do novo Bem-aventurado.
O rei, após um instante de surpresa, respondeu: “Bem, meu Padre, quero que essa missa seja solene. Há-de, pois, ser cantada, e cantadas serão também as vésperas. E eu mesmo quero assistir.”
Surpreendido com tal determinação, tomada assim de improviso, o P.e Joffreu opôs as suas dificuldades, agradecendo a Sua Majestade, mas alegando que lhe parecia impossível.
“Ora adeus! – diz do lado o Cardeal da Mota, que se encontrava presente – Com esses impossíveis é que Sua Majestade sabe fazer milagres!”
Tratou-se pois, imediatamente, de ornar o melhor possível a capela dos Padres da Missão, enquanto o rei dava por seu lado as suas ordens. Tudo se fez solenemente, como se projectara, e mais ainda.
Desde a alvorada do dia 27 foram rezadas várias missas, houve primeiras vésperas, missa solene, segundas vésperas e matinas cantadas. A tudo assistiu D. João V, mesmo às matinas, apesar de entrarem bastante pela noite adiante.
A missa foi celebrada e as Vésperas presididas por Mons. Ferreira, arcediago de Santa Cristina, e mais tarde dignitário da catedral. Às matinas oficiou o P.e Ambrósio Viedma, padre da diocese de Valença e músico da Patriarcal, que trouxe consigo a orquestra da mesma. Mais tarde foi este digno eclesiástico um dos convictores de Rilhafoles, e muito concorreu para a fundação de um asilo de órfãos.
Entre a assistência, além de Sua Majestade, figuraram algumas pessoas de distinção, e os religiosos capuchos do vizinho convento de Santo António. Da casa real, foram também, de manhã, o Príncipe D. José, e de tarde, a Rainha, a Princesa e a Infanta D. Francisca, bem como Sua Eminência o Cardeal da Mota, e o Sr. Patriarca.
O facto teve bastante notoriedade para ser assinalado, com relevo, pela ‘Gazeta de Lisboa’, o jornal da época, nos seus números de 29 de Setembro e de 6 de Outubro seguinte.
Não faltaram também, segundo o costume das grandes festas públicas, demonstrações de regozijo popular, estando à noite a casa da Missão brilhantemente iluminada.
As notícias que temos só nos falam em um dia de festa. Ter-se-á feito tríduo no ano seguinte, ao comemorar o aniversário desta data? Também não achamos vestígio desse tríduo nos apontamentos de que dispomos, mas no segundo volume dos Sermões de Rafael Bluteau encontram-se três panegíricos do Beato Vicente de Paulo com indicação de serem para as festas da sua Beatificação (61); é claro que estas não podiam ser as de 1729, pois a improvisação de tais festas não podia dar tempo a preparar qualquer panegírico, nem dele se faz menção no relato bastante pormenorizado que ainda temos.
É de notar que no exórdio do primeiro desses panegíricos, o P.e Bluteau refere uma circunstância pessoal que merece ser recordada:
“Perdoai, meu Santo – exclama ele – a confiança com que aceitei a honra de orador e panegirista da vossa glória neste tríduo da solenidade da vossa Beatificação”.
“Há mais de setenta anos que na cidade de Paris, na vossa casa de S. Lázaro, recebi, de joelhos, a vossa santa bênção, e no mesmo tempo vos vi lançado aos meus pés (humilhação excessiva) de que fiquei tão admirado e confuso que emudeci”.
“Mas quis Deus que se reservassem as palavras para estes dias em que já não vos considero, como naquele tempo, pela vossa veneranda canície, candidato da Eternidade, mas devotamente vos venero vestido do paludamento da glória sempiterna, possuidor da bem-aventurança”.
“Quando na vossa presença me prostrei em terra eu era de muito tenra idade, etc.”
Como quer que seja desse tríduo, é certo que o rei D. João V não deixou mais de ir, todos os anos, assistir em Rilhafoles à festa do dia 27 de Setembro, e ainda não deixou de se apresentar nessa data no ano de 1737, no ano da canonização, quando a Santa Sé acabava de fixar no dia 19 de Julho a festa litúrgica do Santo Fundador. Era particular a devoção que o rei tinha ao grande Santo da Caridade.
As festas da Beatificação foram um motivo de espiritual conforto para o P.e Joffreu, mas nem por isso modificaram a situação que tanto o fazia sofrer. A correspondência com o Visitador da Província de Roma, P.e della Torre, e por esse meio a comunicação com a sua família religiosa, era um lenitivo precioso na sua soledade, mas esse mesmo lhe foi tirado quando, após conflitos surgidos entre Lisboa e Roma, se consumou o corte das relações diplomáticas.
P.e BRÁULIO GUIMARÃES, Apontamentos para a História da Província Portuguesa da Congregação da Missão – Volume 1 – páginas 149 a 152.
Festas da canonização de S. Vicente de Paulo
Foi em 16 de Junho de 1737 que foi publicada a Bula de Clemente XII que inscrevia na lista dos Santos o nome glorioso do Beato Vicente de Paulo.
Tanto os seus filhos de Lisboa como o rei D. João V pensaram, desde logo em comemorar com solenidades condignas um tão jubiloso facto. Pensou-se primeiro em fazê-lo no mês de Outubro. Mas para que houvesse mais tempo para a devida preparação, o rei determinou que ficassem as festas para depois da Páscoa de 1738.
Por ser pequena e não estar concluída de todo a igreja de Rilhafoles, aventou-se a hipótese de se fazer a festa num templo mais amplo, chegando a indicar-se como mais próxima, a igreja do vizinho convento de S. António dos Capuchos.
O P. e Joffreu, insurgiu-se. Pequena a igreja? Mas mais pequeno era, antes dela, o oratório doméstico, e isso não impediu que nele se realizassem com esplendor, e com a presença de Sua Majestade, as festas da Beatificação.
O rei compreendeu, e condescendeu com o desejo do Padre a quem não queria desagradar. Ficou assente que as festas se fariam na igreja de Rilhafoles.
Uma primeira preparação para as festas foi a publicação, a expensas do rei, de uma Vida de S. Vicente de Paulo e das Regras Comuns da Congregação da Missão.
A ‘Vida de S. Vicente’ foi traduzida do espanhol, de Fr. João do SS. mo Sacramento, por D. José Barbosa, Teatino, LX 1738 fol. gr. – XX, 612 pág.
É uma bela edição, em óptimo papel, impressão nitidíssima, e gravuras de Debrie (retrato de S. Vicente a vinhetas).
Das “Regras” fizeram-se duas edições: uma in 8º, outra in 12º. São belos exemplares, com um prólogo que é, em latim, o resumo da Vida de S. Vicente, e com Bulas, em apêndice, que se não encontram na edição de Paris.
Delas se fez uma tiragem numerosa. O P.e Manuel José Vieira pôde dizer, hiperbolicamente, que se se conservassem todos os exemplares, havia com que dar um a cada membro da Congregação, mesmo que esta subsistisse até ao fim dos séculos!… Apesar disso, infelizmente, até para bibliotecas é hoje difícil encontrar algum.
Notaremos que, se a Vida de S. Vicente apareceu em 1738, um mês antes das festas, as Regras só apareceram cinco anos depois. Compreende-se facilmente que assim fosse, por ser a primeira publicação destinada ao público, com o fim de tornar conhecido o Santo, e a segunda, reservada à Comunidade, que quase não existia ainda em Portugal.
Para preparar mais directamente a festa, que seria um oitavário a começar no dia 19 de Julho, com a festa litúrgica de S. Vicente, foi ornada sumptuosamente a nova igreja da casa, que veio substituir, no mesmo lugar amplificado, a antiga e pequena capela da quinta de José de Melo, tornada primeiro oratório da Comunidade. O rei ofereceu, para a circunstância, uma rica lâmpada de prata, do valor de 500$000 reis, e ricas ornamentações deram ao interior do templo a majestade e beleza que convém às grandes solenidades.
As festas começaram no dia 18, que era uma quinta-feira, sendo cantadas as primeiras vésperas de S. Vicente com a assistência do rei, do príncipe herdeiro D. José, de D. Pedro, esposo da augusta D. Maria, e dos infantes D. António e D. Manuel.
Na casa ainda se conservou por muito tempo, datado de 14 de Julho e destinado ao príncipe D. José, um programa com indicação pormenorizada de todas as solenidades do oitavário.
No mesmo dia as segundas vésperas foram presididas pelo Deão da Igreja Patriarcal.
No dia 19, que era o da festa litúrgica e primeiro do oitavário, houve missa pontifical celebrada pelo Sr. Patriarca, ficando por isso para a função da tarde o panegírico do Santo, que foi pregado, com notável brilho, pelo nosso comensal, o distinto orador D. Mariano Gavila, já nosso conhecido.
Nesse dia, como em um outro da oitava, assistiu também a rainha, que habitualmente estava impedida por ter de ficar em Belém a velar a princesa sua filha que se encontrava doente.
Os outros dias da oitava foram repartidos entre as diferentes comunidades religiosas da cidade, das quais cada uma, no seu dia, fornecia, por via de regra, oficiante e pregador.
O segundo dia, 20, coube aos Padres Jesuítas, sendo pregador um Padre da Companhia, do Colégio de Évora, que veio propositadamente a Lisboa para esse fim, havendo no entanto missa pontifical em que celebrou um cónego da Sé.
O terceiro dia, 21, foi atribuído aos Cónegos Regulares da Divina Providência; foi ainda um cónego da Sé que oficiou à missa, mas o pregador foi o Cónego Regular D. José Barbosa cujo discurso foi impresso, e se conservava na biblioteca de Rilhafoles.
No quarto dia, 22, reservado aos Dominicanos, oficiou um religioso da Ordem, e pregou Fr. Manuel Coelho, antigo Reitor do Colégio de Coimbra, Prior do Convento de Lisboa, Provincial da sua Ordem e Deputado do Santo Ofício, em Lisboa.
O quinto dia, 23, coube aos Religiosos Agostinhos, celebrando um deles e pregando Fr. António da Piedade, antigo Prior do Convento da Graça, de Santarém, e autor do livro intitulado “Meio Dia Agustiniano”.
No sexto dia, 24, que pertenceu aos Trinitários, dos quais um celebrou a missa, foi pregador Fr. Manuel de São Tomás, que viria a morrer sob as ruínas do terremoto de 1755. O seu discurso, impresso, conservava-se no Convento da Trindade, e pereceu no incêndio que o devorou então.
O sétimo dia, 25, foi atribuído aos Carmelitas, que forneceram celebrante da missa e pregador do dia, que foi o antigo Provincial da Ordem, Fr. Filipe de Santa Teresa.
No dia 26, oitavo dia, houve, ofício pontifical em que celebrou um cónego da Patriarcal, sendo pregador um padre do Convento de Santo António da Convalescença, dos religiosos da Província de Santo António aos quais cabia esse dia.
Os religiosos de cada instituto assistiam às solenidades no dia que a esse instituto estava reservado.
Os três ofícios pontificais celebrados por cónegos durante este oitavário, foram-no em virtude de um privilégio concedido à Igreja Patriarcal por Clemente XI na Bula ‘In supremo’, de Novembro de 1716, recorrendo-se ao Cabido da Sé por terem coro particular nesses dias as ordens designadas para oficiar neles.
Todos os dias do oitavário, assistiram regularmente o rei e os príncipes, que vinham de manhã e ficavam para a tarde, passando na casa todo o dia. Todos os dias também eram os músicos da Patriarcal que vinham com as suas harmonias, contribuir para o esplendor e beleza dos actos litúrgicos.
O rei D. João V tomou à sua conta todas as despesas com as solenidades, querendo que nada faltasse à sua pompa e magnificência.
As festas terminaram no dia 26 com uma solene procissão em que foram conduzidas triunfalmente a imagem e as relíquias de S. Vicente de Paulo, com a assistência de todas as comunidades religiosas já referidas e do clero secular das freguesias da Pena, Socorro e S. José. Saindo do pátio de Rilhafoles dirigiu-se para a avenida, percorrendo o campo de Sant’Ana para regressar pela Rua da Cruz da Carreira.
À noite houve iluminações gerais dos conventos que tinham tomado parte nas festas, associando-se igualmente o dos Padres de S. Filipe Néri. A casa de Rilhafoles, naturalmente, não podia ficar atrás nestas demonstrações festivas, sendo magnífica a sua Iluminação.
O cronista faz notar que também o refeitório participou da festa, sendo a mesa servida naquelas dias com a profusão e magnificência que traduzia a régia generosidade. Cada dia tomavam parte nas refeições os religiosos que nesse dia tinham oficiado. Quiseram escusar-se os Jesuítas por não costumarem comer fora de casa, mas obrigou-os o rei, pondo à porta guardas que os não deixaram sair.
Tudo decorreu com a ordem, com esplendor, com a beleza e majestade que se podia desejar, para glória de Deus e do seu humilde servo Vicente de Paulo. Compreenda-se que ficasse consolado, e imensamente grato ao rei, o digno filho de S. Vicente que era o P.e Joffreu; mas consolação maior e motivo de gratidão mais viva, havia ele ainda de ter com um facto que havia de ser o mais apetecível fruto das festas que acabavam de celebrar-se.”
P.e BRÁULIO GUIMARÃES, Apontamentos para a História da Província Portuguesa da Congregação da Missão – Volume 1 – páginas 160 a 163)
Merecem destaque as diversas actuações da Orquestra da Patriarcal na Igreja da Casa-Mãe da Congregação da Missão, de Rilhafoles, certamente devido ao apoio do monarca à instituição. Já durante das festas da beatificação de S. Vicente de Paulo, em 1727, a sua música marcou presença.
Mas aquando das magníficas comemorações da canonização, em Julho de 1737, a recentemente construída Igreja acolheu oito dias consecutivos de uma das melhores Orquestras de música barroca da Europa, fundada e aperfeiçoada por D. João V e que rivalizava com a Orquestra do Vaticano.
Note-se que a Orquestra da Patriarcal, além da ser uma orquestra barroca alargada, dispunha de cantores para dois ou mais coros, a quatro vozes cada, e de solistas de elevadíssimo virtuosismo, alguns deles castratti italianos, e que o seu reportório, de influência italiana mas com características da tradição polifónica portuguesa, era constituído maioritariamente por obras de compositores portugueses do mais alto nível europeu, alguns dos quais haviam estudado em Roma, enquanto bolseiros do rei, como António Teixeira, Francisco António de Almeida e João Rodrigues Esteves, também músicos, e que, pelo menos os dois últimos, foram dirigentes e professores nessa orquestra e escola.
Nesses oito dias, na presença de D. João V, um melómano sabedor que não iria ouvir obras em repetição, decorreu na Igreja da Congregação da Missão em Rilhafoles, o que podemos considerar um prolongado Festival de música sacra barroca portuguesa, sabendo-se que no último dia das comemorações, após a procissão já referida, estas encerraram com um Te Deum, perante a assistência de muitos fiéis.
Um festival da mais sofisticada música europeia da época, com obras decerto muito variadas, desde as cantatas até aos monumentais Te Deum (um destes Te Deum, de António Teixeira, que sobreviveu ao terramoto de 1755, além de orquestra instrumental alargada, inclui 4 coros a 4 vozes cada, e 8 solistas).
Embora ainda hoje não se conheçam em pormenor o conjunto das actuações e digressões da Orquestra da Patriarcal, podemos afirmar que os espectáculos de Julho de 1738, na Casa-Mãe da Congregação da Missão, constituíram um acontecimento raro e de grande nível artístico, na história da música barroca portuguesa.
No Arquivo de Música da Biblioteca Nacional de Lisboa, encontram-se diversas obras dedicadas a S. Vicente de Paulo, que a seguir elencamos, com anotações dos serviços desse arquivo:
1- Novena de S. Vicente de Paulo, música manuscrita da autoria de António Leal Moreira, 1817.
2 – Responsórios de S. Vicente de Paulo. Manuscrito, para coro a quatro vozes e órgão, com partes para solista, Lisboa, 1835, Frei José Marques e Silva, entre 1800 e 1837, dedicado ao Conde do Redondo.
3 – Hymno das primeiras vésperas de S. Vicente de Paulo, manuscrito autógrafo, Frei José Marques e Silva, entre 1800 e 1837.
4 – Hymno das Matinas de S. Vicente de Paulo, manuscrito autógrafo, Frei José Marques e Silva, entre 1800 e 1837, oferecida e dedicada ao Conde do Redondo.
5 – Missa de S. Vicente de Paulo, anónimo, entre 1800 e 1850.
6 – Mottetos de S. Vicente de Paulo, autor desconhecido, entre 1830 e 1870, em 5 partes.
7 – Hymno de Laudes de S. Vicente de Paulo, para coro a 4 vozes, Frei José Marques e Silva, entre 1800 e 1837.
A existência destas partituras (e outras que possivelmente se guardem noutro local ou que foram destruídas em 1834), indicia que a música na Casa de Rilhafoles desempenhava papel de relevo, atingindo um nível que é lícito considerar alto, em Portugal.
Com efeito, estas obras musicais foram criadas, muito possivelmente, para as Casas da Congregação e em louvor de S. Vicente de Paulo, e por compositores bem reconhecidos da época, como António Leal Moreira (1758-1819), suplantado talvez só por Marcos Portugal, e como Marques da Silva (1780-1837).
O facto de algumas pautas (que não sabemos serem um de vários originais), conterem dedicatórias ou a indicação de serem oferecidas ao Conde do Redondo, um amigo da instituição, não invalida aquela interpretação, sendo ainda de colocar a hipótese de terem sido encomendadas e custeadas pelo Conde para utilização litúrgica nas Igrejas da Congregação da Missão, em especial na de Rilhafoles.
Cf: Bráulio Guimarães, Ob. Cit., Vol. I, p. 165.
O Dr. Vitor Freire, último Director do Hospital Miguel Bombarda e que pertence a uma Comissão de Preservação do Hospital Miguel Bombarda, a qual tem tentado que não seja destruído e se apague a memória quer da Congregação, quer de todo o património histórico daquela casa (museu, capela, balneários).