Amândio Pires
Figuras ligadas à música que partiram ao longo do ano

Fontes: Meloteca, João Carlos Callixto, Germano Campos

Alex

Alex (1940-2023) foi um “cantor algarvio que usou também o nome Mark Olivier, tendo começado a carreira na década de 60. Em 1967, gravou o primeiro disco, o EP abaixo, para a firma portuense Rádio Triunfo, onde foi acompanhado pela orquestra de Manuel Viegas, tendo depois prosseguido o seu percurso artístico em Angola. Autor da maior parte das canções que interpretou ao longo de mais de 55 anos (incluindo “Mister Gay”), foi também dos primeiros a cantar originais de António Sala (a “Sinfonia dos Cabelos Compridos”, em 1969), para além de divulgar vários autores brasileiros ou ainda nomes como o americano Kris Kristofferson ou o francês Michel Berger. (João Carlos Callixto)

Alexandre Samardjiev

Alexandre Samardjiev (n. 1946 – m. 3 de julho de 2023) foi uma personalidade marcante para o Ensino Profissional, para os estudantes de música, para os profissionais da música e para todos os que com ele privaram no dia a dia. Durante mais de trinta anos, primeiro nas orquestras e posteriormente no ensino, nas escolas profissionais, Alexandre Samardjiev revelou-se uma personalidade incontornável que construiu não só classes de contrabaixo muito robustas em todos os locais onde lecionou, mas principalmente elevou para patamares muito elevados a qualidade artística dos alunos e das instituições onde colaborou, graduando-as ao que de melhor se faz a nível internacional.

Fonte: ARTAVE

Amândio Pires

Amândio Pires (1935-2023) foi um músico portuense que, entre os anos 50 e 80, “teve um percurso de valor não só em Portugal como a nível internacional. Se cá foi um dos fundadores do Trio Boreal, no final da década de 50, veio mais tarde a gravar trabalhos a solo entre o fado e a canção latina e a integrar o Trio Siboney, que acompanhou alguns nomes maiores da canção de língua espanhola, como Maria Dolores Pradera ou Chavela Vargas.”

Fonte: João Carlos Callixto

Amândio Pires

Amândio Pires

Ana Quinteiro Lopes

Ana Quinteiro Lopes (-2023) foi uma mezzo-soprano e professora de Canto. Foi coordenadora do CONSERVATÓRIO REGIONAL DE COIMBRA e trabalhou na Contracanto Associação Cultural. Foi professora de Formação Musical na ESPROARTE – Escola Profissional de Arte de Mirandela e lecionou no Conservatório de Música e Dança de Bragança. Trabalhou como Professora de Piano na Academia de Artes da Póvoa de Varzim e foi maestrina no Coral Juvenil de Gaia. Estudou Canto na Universidade de Aveiro.

António Cartaxo

Radialista, professor, comunicador e divulgador de grandes músicas, António Cartaxo (1934-2023) foi um dos maiores Autores da História da Rádio em Portugal. Após muitos anos da sua vida passados em Londres, no Serviço Português da BBC, António regressou a Portugal depois do 25 de Abril para felizmente se fixar com a sua Arte de musicólogo-contador-de-histórias na Antena 2. É um imenso prazer para os sentidos fruir do clima interior e interiorizado dos seus Textos e da sua Voz, acompanhando o Ouvinte em mágicos percursos pelos tempos e pelos espaços da vida dos Músicos de todos os tempos. António Cartaxo procede sempre com uma mestria comunicacional única e exclusiva.*

Aquando da atribuição do Prémio de Carreira Igrejas Caeiro, pela SPA, em 2016, a Antena 2 homenageou-o com a retrospectiva António Cartaxo 40 Anos de Programas de Rádio, abarcando todos os géneros que o autor realizou desde 1976 – ensaios documentários, dramaturgias sobre temas da grande música.

António Cartaxo nasceu na Amadora em 1934, mas desde cedo, por via da carreira militar de seu pai, passa por Angola, Évora e Portalegre. Fez os estudos secundários em Lisboa, nos Liceus Pedro Nunes e Camões, mas também no Colégio Moderno, onde aprende com Álvaro Salema, Mário Dionísio, Rui Folha e Morgado Rosa. Fez a licenciatura na Faculdade de Letras de Lisboa, ao mesmo tempo que trabalhou, primeiro como empregado de escritório num sindicato, depois arquivista do Metro de Lisboa, e quando cumpre o serviço militar, na Biblioteca do Estado-Maior do Exército.

Quando a secção portuguesa da BBC reabriu as emissões para Portugal, concorreu e foi para Londres, como funcionário da rádio pública britânica, onde ficou até 1976. Nesses anos, ia quase todos os dias a um concerto de música clássica (grande música, como escreve), construindo assim as bases para os seus programas em Portugal (as notas que foi tirando ao longo dos concertos serviram como matéria-prima futura).

Na secção portuguesa da BBC, sentiu particular gosto em dar notícias sobre a situação do Portugal ditatorial, expondo as censuras, proibições e prisões políticas, tentativas goradas de manifestações, notícia do assassinato de Humberto Delgado e sua origem política. No período de 1970-1974, trabalhou com colegas como Manuela de Oliveira, Paulo David, Jorge Ribeiro, António Borga, José Júdice, Carlos Alves e Joaquim Letria, em que incluiu as reportagens que fez da campanha eleitoral de 1973 em Portugal. Neste ano, António Cartaxo recebeu um Special Award (prémio especial) pelas realizações radiofónicas ao longo da sua permanência na BBC. Se tinha dificuldades em entrevistar políticos da oposição, por recomendação ou resposta negativa da linha hierárquica, era mais fácil entrevistar cantores da resistência na qualidade simples de artistas: José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho e padre José Fanhais.

Depois de Abril de 1974, António Cartaxo e Jorge Peixoto foram acusados de apresentarem uma visão de esquerda e foram alvo de sanções, que culminaram em tribunal e despedimento da BBC; história que narrou nos seus livros BBC Versus Portugal. História de um Despedimento Político (com Jorge Ribeiro)(1977) e Quase Verdade como são Memórias (2009).

Ingressou na rádio pública portuguesa em 1976, onde trabalharia durante 40 anos, em especial na Antena 2, realizando programas como “Em Sintonia”, “Histórias da música… e outras” e “De Olhos bem abertos”, mas também na Antena 1 com “Grandes Músicas”.

Ainda em 1976, António Cartaxo e o realizador Jorge Ribeiro fizeram o programa Você gosta de Beethoven?, em que eram entrevistados operários da Sorefame sobre a música de Beethoven, e que será vencedor no concurso pró-música de Rádio Budapeste.

Em 1978, através do Instituto de Cultura Portuguesa, António Cartaxo foi para Varsóvia, na Polónia, onde foi leitor de português na Universidade daquela cidade. A experiência letiva mantê-la-ia durante vinte anos na Universidade Clássica em Lisboa.

Em 1987, António Cartaxo venceu o Prémio Gazeta de Jornalismo na modalidade Rádio, com um programa sobre Fernando Lopes Graça. Em 2016, António Cartaxo foi distinguido com Prémio Carreira Igrejas Caeiro, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores.

Em 2012, publicou o livro Quase Verdade como São Memórias, ao qual é atribuído o Prémio António Alçada Baptista. António Cartaxo é ainda autor dos livros Palavras em Jogo (1990), Ao Sabor da Música (1996), O Meu Primeiro Mozart (com Rosa Mesquita, e ilustrações de Pedro Machado), e Efemérides Românticas (2010).

Fonte: Antena 2

Avelino Tavares

Avelino Tavares (Pinheiro da Bemposta, Oliveira de Azeméis, 9 de abril de 1938 – Porto, 24 de setembro de 2023) foi um editor, divulgador, importador, distribuidor e produtor de espectáculos português. Contactei-o há algum tempo para completar a revista MC Mundo da Canção, de que me faltavam alguns números. A icónica revista foi por ele fundada em 1969.

Bela Bueri

Bela Bueri, nome artístico de Gabriela Bueri (Santarém, 1948 – 28 de junho de 2023) foi uma fadista portuguesa.  Gravou o seu primeiro disco aos 19 anos, graças a Tony de Matos, que reconheceu o seu talento quando a viu e ouviu cantar na Feira de Artesanato do Estoril. “Na década de 1960 tentou trazer um “Sentido Diferente” para o fado. Depois de três discos, registados para a editora Estúdio (de Emílio Mateus), Bela Bueri só voltaria a gravar já no início dos anos 90, num LP auto-editado e que contou com assistência de José Mário Branco.” (João Carlos Callixto). Lançou muitos fadistas e músicos, dando-lhes palco na mítica casa de fados de Cascais, o “Amália”. Manteve a sua atividade de professora de Ensino Especial. A 23 de novembro de 2023 houve uma homenagem à fadista que residia em Cascais.

Bela Bueri, 1948-2023

Bela Bueri, 1948-2023

Carlos Ançã

Carlos Ançã, nome artístico de Carlos Jorge Ançã de Sousa Mendes, foi músico, maestro e cantor. Nasceu em Lisboa, a 22 de janeiro de 1967, cidade onde residia, e  faleceu a 12 de maio de 2023, aos 56 anos, vítima de acidente vascular cerebral. Estudou no Instituto Gregoriano de Lisboa, na Escola Superior de Música de Lisboa e posteriormente no Chapitô. Entre 1987 e 1990 fez parte do Coro do Teatro Nacional de São Carlos, como tenor. Entrou para os Shout no início deste grupo em 1995 e aí permaneceu até 1998. Também como tenor fez parte do Coro da Fundação Gulbenkian entre 1995 e 1999. Foi diretor vocal do musical Amália de Filipe La Féria, entre 2000 e 2001 e participou no musical Kiss, Kiss entre 2004 e 2005. Foi maestro do grupo Coral de Mafra entre 2010 e 2015 e fez parte como coralista do Coro Gregoriano de Lisboa, para o qual entrou em 1988. Foi professor de técnica vocal e maestro do Coro Gospel de Lisboa. Foi um dos jurados do programa All Together Now, na TVI. Esteve presente na quarta semifinal do Festival da Canção 1997, onde interpretou o tema Sonhos de Verão, em dueto com Paula Cardoso.

Carlos Avilez

Carlos Avilez (1935?, 1937? 1939? – 2023), nome artístico de Carlos Vítor Machado. O teatro e a ópera em Portugal ficam muito mais pobres. Encenador, ator e professor, e foi mestre para gerações de atores. Estreou-se profissionalmente como ator, em 1956, na Companhia Amélia Rey Colaço- Robles Monteiro, onde permaneceu até 1963. A conselho de Amélia Rey Colaço orientou a vida para a encenação. Até fundar o Teatro Experimental de Cascais, em 1965, passou pela Sociedade Guilherme Cossoul, o Teatro Experimental do Porto e pelo CITAC – o Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra. Trabalhou em França com Peter Brook e, na Polónia, com Jerzi Grotowsky. Entre 1993 a 2000 foi Diretor do Teatro Nacional D. Maria II, Diretor do Teatro Nacional de São João e Presidente do Instituto de Artes Cénicas. Em 1993 fundou a Escola Profissional de Teatro de Cascais, onde foi director e docente. Comendador pela Ordem do Infante D. Henrique (9 de Junho de 1995), foi agraciado com as Medalhas de Mérito Municipal da Câmara Municipal de Cascais, de Mérito Cultural da Secretaria de Estado da Cultura e da Associação 25 de Abril. Trabalhou com importantes maestros, orquestras e cantores líricos portugueses e estrangeiros e encenou várias produções de ópera.

Carlos Cavalheiro

Carlos Cavalheiro (1949-2023) foi “um dos grandes vocalistas do nosso rock… Ainda que o seu percurso em disco não conte muitos trabalhos, quase todos eles são bem marcantes. E a estreia, em 1973, não podia ter sido mais grandiosa: os dois singles gravados pelo seu grupo Xarhanga (ao lado de Júlio Pereira, Carlos Patrício, Rui Venâncio e Zé da Cadela Lopes) praticamente “inauguram” o hard rock nacional. Aquela voz e aquela urgência de tudo transformar com a força do rock continuam hoje a prender-nos e a conquistar novos públicos também a nível internacional, não sendo de somenos que a quase totalidade das letras das canções do grupo sejam da autoria de Carlos Cavalheiro. O fim do grupo traz a única experiência em álbum, “Bota Fora”, editado já em 1975 e novamente ao lado de Júlio Pereira. Aqui, alguns dos campos do rock progressivo cruzam-se com os da canção de intervenção, cantando de forma despudorada sobre a independência das então colónias com palavras de Sérgio Godinho, Manuel Alegre, Fausto ou José Mário Branco, e com música maioritariamente de Júlio Pereira. Esse foi também o ano em que Carlos Cavalheiro se apresentou no Festival RTP da Canção, onde apenas dois pontos separaram a sua interpretação de “A Boca do Lobo” (de Sérgio Godinho) da vencedora “Madrugada”. Depois de ter sido convidado no primeiro álbum a solo de Júlio Pereira, em 1976, Cavalheiro surgiu em disco comercial pela última vez em 1982 com o grupo nazareno Alarme (que viria a reunir-se e a gravar de novo já neste século). “Desconto Especial” é ainda hoje recordado por muitos dos que seguiam mais atentamente o rock de 80s, servindo aqui de epitáfio para este vocalista que nos dizia “Venham todos, está na hora”…

Fonte: João Carlos Callixto

Carlos Correia

Carlos Correia (m. 2023)foi um baterista madeirense que teve uma carreira de sucesso regional na Madeira. Carlinhos, como era carinhosamente conhecido, integrou o famoso grupo Salsinhas D’abalada.

Fonte: Jornal da Madeira

Cláudia Krasmann

Cláudia Krasmann (1968-2023) foi uma cantora e assistente de realização. Era filha do compositor e maestro alemão Thilo Krasmann, sobejamente conhecido, e que participou em inúmeros Festivais da Canção. Estudou na Escola Alemã. Teve uma curta carreira na música, tendo-se celebrizado por ser a voz infantil do tema Algodão Doce, de 1976, cantado por Joel Branco e composto pelo seu pai e por César de Oliveira. Ainda bem nova participou no coros do tema Aqui Fica Uma Canção, no Festival da Canção 1978, com letra e música de Fernando Guerra e João Henrique e arranjos de Thilo Krasmann. Mais tarde, em 1986/1987, fez parte do coro residente do programa A Quinta do Dois, apresentado por Carlos Cruz.

Trabalhou como assistente de produção na EDIPIM, tendo desempenhado essa tarefa em vários programas, novelas e séries como Lá Em Casa Tudo Bem, Passerelle, Eu Show Nico, Humor de Perdição e Pisca-Pisca.

Fonte: Festivais da Canção

Carolina Bermejo

Carolina Bermejo (Montijo, 1991 – Basileia, 2023), falecida com 32 anos, foi uma cantora vocacionada para a música antiga e estudante de música na qual os familiares e amigos depositavam fundadas esperanças de sucesso. Fez a licenciatura na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (Porto) e estava na Suíça a fazer o mestrado em Música Medieval. Morreu atropelada por um camião a 25 de abril de 2023 quando circulava de bicicleta.

Daniela Coimbra

Daniela Coimbra (n. 1971 – m. 2023) foi uma investigadora, pedagoga e conferencista. Era docente da ESMAE (Escola Superior de Artes do Espetáculo, Porto) e membro do Conselho Geral do Instituto Politécnico do Porto. Introduziu a disciplina de Psicologia da Música e criou aa disciplina opcional de Gestão da Carreira Artística na ESMAE. Dedicou muitos anos ao estudo – de instrumentos, mas sobretudo da Psicologia da Música – para perceber de que matéria são feitos instrumentistas e cantores. É autora e co-autora de vários estudos sobre Saúde e Bem-Estar dos Músicos. A obra que deixa continuará a inspirar professores e músicos.

Diogo Ferreira

Diogo Ferreira (1986-2023) foi um trompista, maestro e professor de música nas Atividades de Enriquecimento Curricular. Mestrado em Ensino da Música pelo Instituto Piaget, vivia em Melres, Gondomar.

Elísio Donas

Natural do Porto, Elísio Donas (Porto, setembro de 1974- Olhão, 28 de maio de 2023) foi produtor e teclista dos Ornatos Violeta, fundados em 1991, no Porto, ao lado de Manel Cruz (voz), Peixe (guitarra) Nuno Prata (baixo) e Kinorm (bateria). Com eles gravou os álbuns Cão! (1997) e O monstro precisa de amigos (1999). O músico tinha ainda um projeto em nome próprio, intitulado Gato Morto, através do qual estava a preparar um primeiro álbum, com a participação de vários convidados, como Dana Colley (dos Morphine), Miguel Lestre, Inês Sousa, Vicente Palma, António Bento, Viviane, Emmy Curl e João Cabrita.

Estela Alves

Estela Luísa de Paulo Alves (Lisboa, 15 de dezembro de 1930 – 21 de novembro de 2023), foi uma fadista portuguesa. Os seus maiores êxitos foram os fados Ou Tarde ou Cedo, de Jerónimo Bragança e Nóbrega e Sousa, e Eu Canto P’ra Toda a Gente, de José Mariano e Jaime Santos. Fez parte do elenco de várias casas de fado, incluindo a Adega Mesquita, onde actuou nas décadas de 1950 e 1960. Aqui foi acompanhada por Joaquim do Vale e Ilídio dos Santos. Participou ainda em vários programas de rádio e num programa de televisão transmitido pela Rádio e Televisão de Portugal (RTP), com coordenação do fadista João Ferreira-Rosa. Foi acompanhada, entre outros, pelo quarteto de cordas de Raul Nery, que incluía José Fontes Rocha, Joel Pina e Júlio Gomes, e também pelo conjunto de Guitarras de Jorge Fontes, com António Chainho, José Maria Nóbrega e Raul Silva, com os quais gravou.

Fonte: Wikipédia

Estela Alves, 1930-2023

Estela Alves, 1930-2023

Gualdino Barros

Gualdino Barros (1938-2023) foi um “baterista nascido em Angola que viveu várias vidas numa. Tocou pelo mundo, rezando a lenda que acompanhou Nina Simone em Paris, e tocou em Portugal, onde nos anos 60 gravou ao lado do Thilo’s Combo com os seus conterrâneos do Duo Ouro Negro. Mais tarde, ajudou a lançar vários nomes do jazz, da música africana e do pop rock e, em 2013, teve um filme a ele dedicado, com realização de Filipe Araújo: “A Sétima Vida de Gualdino”…

Fonte: João Carlos Callixto

Gualdino Barros, 1938-2023

Gualdino Barros, 1938-2023

Inês Sacadura

Inês Sacadura (1997- 2023) foi uma flautista e professora. “Concluiu a licenciatura de flautista na Academia Nacional Superior de Orquestra com muita distinção, sempre em ascensão desde o 1º ano, tendo concluído posteriormente, de forma absolutamente notável, o mestrado em ensino artístico especializado da música na Escola Superior de Música de Lisboa. Tinha um futuro muito promissor quer como professora – profissão que já estava a exercer de modo excepcional com os alunos que a adoravam (e como não?) -, quer como flautista. Foi modelar no seu percurso. Desenvolveu as suas competências técnicas e artísticas de um modo muito dedicado e exemplar, vencendo dificuldades com imenso trabalho, perseverança e inteligência, e alcançando um virtuosismo, bravura e sensibilidade musical francamente assinaláveis em vários estilos. Podendo perfeitamente fazer carreira a solo ou em música de câmara, a Inês era aquele tipo de flautista que qualquer maestro de uma orquestra prestigiada à escala mundial gosta de ter.”

Fonte: Nuno Bettencourt Mendes

Isabel Mallaguerra

Isabel Mallaguerra (1932-2023), cantora lírica (meio-soprano) natural do Porto. Entre 1961-2002 foi professora de canto no Conservatório de Música do Porto, onde se diplomou com o Curso Superior de Canto. Na ópera, estreou-se na “Carmen” de Bizet. Formou várias gerações de cantores líricos. Foi Prémio Alcaide em. 1983 Concluiu no Conservatório de Música do Porto o Curso Superior de Canto na Classe de Stella da Cunha, com as mais altas classificações. Com Paul Schilhawsky trabalhou Lied e ópera alemã e depois foi discípula de Lola Rodriguez de Aragon,
tendo cursado a Escola Superior de Canto de Madrid. Deu inúmeros recitais por todo o país, Madeira, Espanha e Brasil, onde realizou uma triunfante digressão. Habitualmente colaboradora da Radiotelevisão Portuguesa, Teatro de São Carlos, Teatro da Trindade, Orpheon Portuense e das principais organizações musicais do País. Ganhou os prémios João Arroyo e Guilhermina Suggia. Frequentou o curso de Rudolph Knoll, do Mozarteum de Salzburg. Desde 1965 foi professora do Curso Superior de Canto no Conservatório de Música do Porto. Interpretou a protagonista das óperas Carmen e Orfeo, Principessa de Suor Angélica, Fidalma de O Matrimónio Secreto, Emília do Otello, Dorabella de Cosi Fan Tutte, Marcelina de Le Nozze di Figaro, Cirene de As Variedades de Proleti, Dianora de La Spinalba, etc., e a parte de contralto das obras corais sinfónicas Requiem, de Mozart, Requiem, de Domingos Bomtempo, IX Sinfonia, de Beethoven, Magnificat, de Bach, Paixão segundo São João, de Bach, Sonho de Uma Noite de Verão, de Mendelssohn, Israel no Egipto, de Haendel, Messias, de Haendel, Rapsódia, de Brahms, Petite Messe Solennele, de Rossini, Stabat Mater, de Rossini. Cantou ainda as Canções de Wesendonk, de Wagner.

João da Silva Cascão

João da Silva Cascão (2023)  foi um maestro, compositor e músicos nascido na Figueira da Foz. Trabalhou no Casino da Figueira e organizou a Gala dos Pequenos Cantores, para a qual fez arranjos. Depois de integrar a orquestra do maestro Santos Rosa, criou a sua orquestra e percorreu vários países, tendo sido pianista na Rodésia. Faleceu em 2023 com 83 anos.

Fonte: O Figueirense

João Neves

João Neves foi um maestro, pedagogo, promotor e violoncelista João Neves. Dirigiu bandas filarmónicas e outros agrupamentos musicais em Portugal e no estrangeiro. Em 1973 entrou para a Orquestra Filarmónica de Lisboa – Orquestra de Ópera do Teatro Nacional de S. Carlos – dali transitando em 1976 para a Orquestra da Radiodifusão Portuguesa, onde por várias vezes foi 1.º violoncelo. Gravou mais de uma dezena de discos. Como organizador promoveu o 1.º Festival Nacional de Bandas Civis, tendo para o efeito composto duas marchas e dirigido as 18 Bandas presentes dos 18 distritos portugueses. Preparou com Amália Rodrigues o seu último espetáculo que decorreu no Coliseu de Recreios e no qual dirigiu a orquestra que acompanhou a grande fadista. Dirigiu também durante alguns anos e até à reforma no início de 2002, a Banda Marcial da GNR de Lisboa e a respectiva Orquestra Ligeira e ainda algumas vezes como músico, outras como maestro, integrou a Orquestra de Câmara da GNR.

Joaquim Campos

Joaquim Campos (1944-2023) nasceu na Beira Baixa, aldeia de Salvador (concelho de Penamacor), mas bem cedo se mudou para Lisboa. Cresceu a ouvir o fado, na rádio e coletividades onde o fado é rei. Em Angola e Moçambique cantou muitos anos, e teve a possibilidade de trabalhar com grandes nomes do fado. Em Lisboa, cantou no Faia, Fragata Real, Parreirinha de Alfama, Taverna d’El Rey. No Porto cantou no Rabelo, Requinte, Castiço, Marceneiro, Hotel D. Henrique, Xaile Negro. Conheceu e trabalhou com Manuel Fernandes, Tristão da silva, Fernando Maurício, Filipe Duarte, Carlos do Carmo, Argentina Santos, Lucília do Carmo, Maria Albertina, Beatriz da Conceição, Maria José da Guia e outros outros. Em França, onde se radicou, continuou a cantar fado e música popular. Organizou eventos de fado.

Joaquim Campos

Joaquim Campos, 1944-2023

Joaquim Pessoa

Joaquim Pessoa (1948-2023) foi o “Poeta do Amor… Também artista plástico e publicitário, estreou-se em disco nas canções logo no início da década de 1970, ainda antes de publicar o primeiro livro (“O Pássaro no Espelho”, em 1975). Mas, na Música, foi ao lado de Carlos Mendes (a partir de 1976) que mais aprendemos a amar a sua Poesia, num eterno “Amor Combate” que nos revelou dezenas de Amélias “de Olhos Doces”. Várias outras vozes, no entanto, o musicaram e cantaram, como Joana Amendoeira, Paco Bandeira, Luísa Basto, José Mário Branco, Tozé Brito, Carlos do Carmo, Paulo de Carvalho, Manuel Freire, Fernando Guerra, Katia Guerreiro, Carlos Alberto Moniz, Pedro Osório, Jorge Palma, Samuel, Tonicha, Fernando Tordo, Rui Veloso ou Vitorino, numa gigante e envolvente “Canção da Alegria” – que há bem pouco tempo teve nova e encantadora versão por Ana Bacalhau e Mitó.”

Fonte: João Carlos Callixto

José Beiramar

José Beiramar (1944-2023) foi o “letrista da maior parte das canções dos Perspectiva (“Lá Fora a Cidade”, “Os Homens da Minha Terra” e “Rei Posto Rei Morto”), na segunda metade dos anos 70, responsáveis por aquilo que foi um tardio – mas seguro e valioso – movimento do rock progressivo em Portugal. José Beiramar teve um percurso profissional na área da Psicologia Clínica e dos Recursos Humanos.

Fonte: João Carlos Callixto

José Duarte

José Duarte nasceu a 23 junho 1938, no Bairro Alto, perto do Conservatório, em Lisboa, e morreu na madrugada de 30 de março de 2023. Com uma carreira de mais de seis décadas ao serviço da música, foi uma das grandes figuras do jazz português. Era desde 1966 autor da rubrica radiofónica “5 minutos de Jazz”.

José Firmino

José Firmino (-2023) foi um pedagogo, maestro e compositor. Foi uma figura importante para as cidades de Chaves e Coimbra, e para todo o país em especial no que diz respeito a educação musical.

Laura Rodrigues (Dady)

Laura Rodrigues, conhecida por Dady (m. 2023) foi uma cantora que fez parte da antiga girlsband feminina Delirium. Morreu nos Países Baixos, onde residia.

Fonte: Notícias ao Minuto

Lisete Marques

Lisete Marques (1942-2023) foi uma cantora lírica e coralista. Como membro do Coro do Teatro Nacional de São Carlos, a contralto desenvolveu uma importante e longa carreira de mais de três décadas, a par de apresentações como solista. Para além da dedicação ao Coro e Teatro Nacional de São Carlos, teve um importante papel na criação da Apoiarte – Casa do Artista, da qual era associada fundadora e onde viveu os últimos anos.

Lúcio Bamond

Lúcio Bamond (1954-2023), cantou, nos anos 70, em todas as casas de Fado da zona de Cascais, que tanto divulgaram o Fado nessa época, destacando-se o “Arreda”, “Estribo”, “Forte Dom Rodrigo”, “Galito”, “Kopus Bar” e o “Tabuínhas”. Nos anos 80 foi até Lisboa para cantar n’ “O Faia” ao lado de Maria Albertina, Tilla Maria e Maria da Luz. Seguiu-se “A Severa”, com Ada de Castro, Arminda da Conceição, Lina Santos e a “Tia Ló”,em Alfama, juntamente com Tony de Matos, Lídia Ribeiro, Julieta Brigue, José Pracana e Carlos Zel. No “Painel do Fado”, actuou com fadistas como Beatriz da Conceição, João Casanova e Maria José Valério, tendo, posteriormente, feito parte do elenco da “Taverna d’El Rey”, em Alfama, que contava com Maria Jôjô, Lídia Ribeiro e Natalino de Jesus. Lúcio foi também gerente do “Novital”, propriedade de Nuno da Câmara Pereira. Simultaneamente, actuava neste espaço juntamente com Teresa Tarouca, José Manuel Barreto e Maria Mendes. A sua carreira internacional levou-o a diferentes países, como Suíça, Espanha, Alemanha, Turquia, Grécia, Holanda, Tunísia, Itália, Bulgária, Ucrânia, Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo e Maringá), Venezuela (Caracas, Puerto la Cruz e Maracay). Em 2011, comemorou os 40 anos de carreira com um concerto especial no Casino de Montreux, Suíça, tendo aproveitado a data para apresentar o seu disco “O Meu Fado Cúmplice”, que havia sido lançado no ano anterior. Neste espectáculo contou com os músicos Armando Santos (guitarra portuguesa), Carlos Nogueira (Viola) e Carlos Matias (Viola baixo). A sua discografia é vasta e variada. Ao longo de mais de 40 anos, Lúcio gravou vários singles, EPs, LPs e CDs e podemos encontrar a sua música em compilações como “Fado Capital – A Essência Do Fado De A a Z” e “Original Fado de Lisboa”, ambos da editora Ovação.

Margarida Amaral

Margarida Amaral nasceu em Lisboa, a 10 de março de 1928 e teve uma carreira como cantora de mais de 50 anos. Iniciou o percurso artístico nos programas de José Oliveira Cosme, no Rádio Clube Português. Trabalhou na Emissora Nacional até 1975, tendo sido parte integrante do Coro Feminino da Emissora, do Quarteto Feminino, solista da Orquestra Típica Portuguesa de Belo Marques e da Orquestra Ligeira de Tavares Belo, onde cantou até se reformar. Além da carreira como cantora na Emissora Nacional e na RTP, gravou vários discos e cantigas de homenagem a localidades portuguesas, como são exemplo Caldas da Rainha, Sesimbra, Estoril (Cascais) e São Pedro de Moel (Marinha Grande). Morreu na Casa do Artista, em Lisboa, a 7 de outubro de 2023.

Fonte: Wikipédia

Luís Barroso

Natural da freguesia da Sé, em Braga, e membro ativo da vida cultural da região, Luís José Dias Barroso foi um músico, actor e professor. Formado em Educação Visual e Tecnológica, na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, ingressou no elenco do Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana em 1994, através de uma audição.

Paralelamente ao seu percurso académico, que havia de prosseguir através da carreira docente, entre 1994 e 1999 integrou o elenco dos espetáculos: “O Entremez Famoso da Pesca entre Douro e Minho”, com encenação de Francisco Costa; “Auto das Cortes da Morte, Companhia de Angulo, o Mau”, “A Casa de Bernarda Alba”, “A Rosa do Adro”, “Amor de Perdição”, “Comédia Mosqueta”, “Gota de Guerra” e “O Dia da Inês Negra”, dirigidos por José Martins; e “O Lugre”, “A Ilustre Casa de Ramires” e “O Auto da Alma”, dirigidos por Castro Guedes.

Luís foi também músico e membro da banda La Resistance.

Fonte: O Minho

Luís Ferreira da Luz

Luís Ferreira da Luz (1951-2023) foi um antigo baixista dos Perspectiva, provavelmente o mais importante dos grupos de rock nascidos no Barreiro. E ele soube ainda reunir várias outras valências, como a pintura, a fotografia e a recolha de histórias da sua terra natal, sendo reconhecido por ela o seu papel de relevo. (João Carlos Callixto) A Cooperativa Guitarrística Barreirense tinha prestado homenagem aos míticos Perspectiva.

Luís Ferreira da Luz

Luís Ferreira da Luz, créditos Carlos Silvestre

Maria João Quadros

Fadista nascida em Moçambique em 1950, Maria João Quadros (1948-2023) editou vários discos e realizou inúmeros espetáculos, nomeadamente na sua casa de fados em Lisboa e a Casa da Mariquinhas. Nos retiros e nas casas de fado, Maria João foi construindo, noite a noite, um prestígio que a colocou entre as mais importantes figuras do Fado. Foi esse prestígio que permitiu que compositores brasileiros de primeira linha se reunissem à sua volta para fazer um disco de «fados» que juntasse o melhor da canção portuguesa com o melhor da música popular brasileira. Seduzidos pela sua voz e pela sua alma onde o fado é soberano, Ivan Lins, Francis Hime, Zeca Baleiro, Chico César, Olivia Byington, entre muitos outros, deitaram mãos à obra a esta tarefa de fazer fados para uma fadista castiça e verdadeira.

Fonte: Lisboa em Fado

Maria João Quadros

Maria João Quadros

Maria Teresa Xavier

Maria Teresa Xavier (1933-1923), mãe da também pianista Teresa Xavier, foi uma professora e pianista. Foi professora de muitos músicos e estudantes de música especialmente ligados ao Conservatório de Música do Porto e ao Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, e à ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo. No Conservatório de Braga tem uma sala com o seu nome.

Paula Ribas

A cantora farense Paula Ribas (1932-2023) é senhora de uma vasta discografia e de uma biografia rica e variada. Curiosamente, estudou no Conservatório Nacional de Música, onde tirou os cursos superiores de Piano, com Campos Coelho, e de Canto, com Marieta Amstad. Seduzida por Nóbrega e Sousa, substitui os estudos de música clássica pelo mundo da Música Ligeira. Em 1970 já tinha mais de 20 discos gravados e tinha atuado em 17 países. Estabeleceu-se no Brasil, em 1972, com o artista angolano Luis N’Gambi. No Brasil, gravaram um disco antológico “ANGOLA – Folclore e Canções Tradicionais”, que revela a afinidade entre o Samba brasileiro e o Semba de Angola.

Ruy Castelar

Ruy Castelar (Lisboa, 19 de setembro de 1932 – Lisboa, 3 de março de 2023) foi um ator, locutor e realizador de rádio e produtor musical português. Iniciou a atividade na rádio no Rádio Club de Angra, em Angra do Heroísmo. Trabalhou no Rádio Clube Português, Rádio Comercial. Foi correspondente da revista Semana Ilustrada, de Luanda. Como ator, participou em cinema, teatro e telenovelas. Destaca-se a participação no filme Rapazes de Táxis (1965), ao lado de Tony de Matos e António Calvário. No teatro, teve pequenos papéis, na Companhia de Francisco Ribeirinho.

Produziu vários álbuns, como Maria da Fé Canta com Orquesta de 1968 e Versos de orgulho de Maria Leopoldina Guia de 1996.

Rui Malhoa

Rui Malhoa (3 de janeiro de 1944-2023), de seu nome completo Rui Malhoa do Amaral e Santos,  foi um cantor e letrista. Residia na Nazaré. Fez uma parceria de sucesso nos Festivais da Canção com o compositor Pedro Jordão. Por muitos considerada a primeira canção de protesto do certame Balada da Traição do Mar, foi o tema que trouxe à primeira semifinal do IV Grande Prémio TV da Canção Portuguesa 1967, tema que seria para Simone de Oliveira interpretar e que foi recusada, acabando o letrista por cantá-la, ficando-se pelas semifinais. No ano seguinte, a mesma dupla concorreu ao certame com quatro temas: Vento Não Vou Contigo, interpretado por Mirene Cardinalli (8º lugar), Fui Ter Com A Madrugada defendido por Tonicha (2º lugar), Ao Vento e Às Andorinhas pela voz de João Maria Tudella (5º lugar) e Canção Ao Meu Piano Velho cantado por Simone de Oliveira (6º lugar). Depois disso seguiu com a sua carreira de professor de Filosofia e Psicologia, onde marcou de forma extraordinária os seus alunos, conforme alguns dos testemunhos das redes sociais.

Fonte: Festivais da Canção

Teresa Silva Carvalho

Teresa Silva Carvalho (1935-2023) foi uma  “voz envolvente do fado e da música popular, que foi também autora de várias das canções que interpretava. Escolhendo sempre a melhor poesia, são suas as melodias de “Amar”, de “Barca Bela” ou de “Canção Grata”, tendo esta última chegado a vozes como as de Carlos do Carmo ou da brasileira Fafá de Belém. Mas Teresa Silva Carvalho é marcante também por ter sido a primeira a gravar em disco uma música com poema de Mário de Sá-Carneiro, logo no seu disco de estreia, em 1967, ou pela grande cumplicidade artística com Manuela de Freitas, uma das vozes mais cantadas do fado e de quem foi a primeira intérprete. José Afonso, sempre atento às novas vozes e músicos de valor que iam despontando, chamou-a para o seu trabalho “Eu Vou Ser como a Toupeira”, de 1972, sendo que no álbum “Ó Rama Ó Que Linda Rama”, gravado já em 1977 e produzido por Vitorino, Teresa Silva Carvalho incluiu várias canções do nosso maior cantautor. Entre e depois de tudo isto, a cantora participou por duas vezes no Festival RTP da Canção, gravou o famoso “Adágio” (atribuído a Albinoni) com texto de José Carlos Ary dos Santos e integrou a banda sonora de uma das primeiras telenovelas portuguesas, “Chuva na Areia” – aí cantando outro dos seus autores de eleição, o multifacetado José Luís Tinoco. Em 1994, o álbum “Canções Gratas” é o seu despedir da cena artística, nele reunindo simbolicamente músicos de várias gerações, como os já desaparecidos Fontes Rocha e Zé da Ponte e os mais jovens Alexandre Manaia e Ricardo Rocha.” (João Carlos Callixto)

Sara Pinto

Sara Pinto (1962-2023) foi uma “cantora que surgiu na cena musical portuguesa do final dos anos 80. Teve duas presenças no Festival RTP da Canção, em 1990 e em 1994. Na primeira dessas participações, cantou um original de Alexandra Solnado e Paulo de Carvalho que bem deveria ter-se tornado realidade: “Deixa Lá (O Pior Já Passou)”…

Fonte: João Carlos Callixto

Sara Tavares

Sara Tavares, nome artístico de Sara Alexandra Lima Tavares (Lisboa, 1 de fevereiro de 1978 – Lisboa, 19 de novembro de 2023), foi uma cantora portuguesa de world music com ascendência cabo-verdiana. Ganhou a final da 1ª edição (1993/1994) do concurso Chuva de Estrelas da SIC onde interpretou um tema de Whitney Houston.

Valentina Félix

Valentina Félix foi uma fadista natural do Algarve. Natural do Algarve, Valentina Condeço Rebelo, seu nome verdadeiro, vivia nos EUA. ‘O Gesto é Tudo’ (1962), ‘Vamos à Festa’ (1963) e ‘Opá Não Fiques Calado’ (1963) são peças de teatro que constam no seu currículo. Em televisão conta-se a participação em projetos como ‘Estúdio 1’ (1963) e ‘A Hora das Guitarras’ (1964). Valentina Félix sofria de Alzheimer desde 2016 e morreu a 7 de março de 2023, com 85 anos. Foi referido pela família que seria feita uma cerimónia em Massachusettes, Estados Unidos, para homenagear a cantora.

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Presépio da Madre de Deus. Séc. XVIII. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa

Adeste Fideles: quem é o autor?

por Rui Vieira Nery

Todos os anos, mais ou menos por esta altura, há uma alma patriótica que desenterra não se sabe bem de onde, com a melhor das intenções o disparate musicológico absoluto da atribuição do conhecido hino de Natal “Adeste fideles” ao nosso Rei D. João IV, o que desperta logo uma corrente interminável de “likes” de orgulho nacional.

Tocador de violino. Machado de Castro. Séc. XVIII. Basílica da Estrela, Lisboa

Tocador de violino. Machado de Castro. Séc. XVIII. Basílica da Estrela, Lisboa

Ano sim, ano não, a irritação profissional pela perpetuação desta atoarda faz-me tentar desmentir como posso o boato (tanto mais que a figura de D. João IV, sobre quem trabalho há quase quarenta anos, nos deve merecer a todos o maior respeito pelo seu papel inimitável de protector da Música e dos músicos portugueses do seu tempo, e não precisa para tal desta atribuição abusiva de paternidade musical).

Aqui fica, pois, mais uma vez, o devido esclarecimento, embora sabendo que estarei provavelmente a pregar no deserto, porque a mística do mito tem sempre mais força do que qualquer argumento racional.

  1. O “Adeste fideles” é uma obra composta em harmonia funcional inteiramente tonal, com acompanhamento de baixo contínuo, num estilo absolutamente incompatível com a prática musical do tempo de D. João IV, que morreu em 1656. Atribui-lo ao nosso Rei ou a qualquer compositor europeu da sua geração seria sensivelmente o mesmo disparate do que dizer que Bach poderia ter escrito da “Nona Sinfonia” de Beethoven ou que Brahms poderia ter sido o autor da “Sagração da Primavera”…
    2) Como se isto não bastasse, o próprio texto “Adeste fideles” não consta de quaisquer livros litúrgicos antes do século XVIII, até à sua edição por John Francis Wade no início da década de 1740, embora possa ter sido baseado, remotamente, num texto medieval. Estes dois argumentos deveriam ser suficientes para qualquer pessoa que saiba alguma coisa de Música do século XVII. Mas deve referir-se ainda que:
  2. É absolutamente falso que existam em Vila Viçosa quaisquer manuscritos do início do século XVII – ou de qualquer outro período, por sinal, até pelo menos meados do século XX – com esta obra. Trata-se de uma invenção surrealista de quem escreveu o artigo “Adeste fideles” da Wikipedia portuguesa.
  3. Nenhuma das várias fontes contemporâneas de D. João IV que enumeram detalhadamente as suas composições refere que ele tenha composto qualquer “Adeste fideles” (o que em qualquer caso não poderia ter feito porque o texto ainda não existia). E mesmo quando no final do século XVIII começou a haver a moda de atribuir arbitrariamente ao Rei obras anónimas, como o “Crux fidelis” ou o “Adjuva nos”, nunca o “Adeste fideles” foi sequer incluído nestas falsas atribuições.
    De onde nasceu então o mito da atribuição a D. João IV? É simples:
  4. Ao “Adeste fideles” foi dado o nome de “Portuguese Hymn” em várias publicações inglesas porque esta composição era cantada na capela da Embaixada de Portugal em Londres, que até à legalização do culto católico em Inglaterra, com a promulgação do Roman Catholic Relief Act de 1829, era um dos únicos locais em que ele podia ser celebrado em território britânico. Vincent Novello (1781–1861), que foi a partir de 1797 Mestre de Capela e Organista da Capela Portuguesa, publicou em 1811 uma colectânea intitulada A Collection of Sacred Music, as Performed at the Royal Portuguese Chapel in London que teve depois grande influência na constituição de um repertório católico inglês, e como “Adeste fideles” estava nela incluído passou a ser conhecido como o “Hino Português” e assim se foi divulgando no mundo católico internacional. Mais tarde seria incluído, numa versão “pseudo-gregoriana”, no próprio “Liber Usualis” editado na sequência da reforma litúrgica de Pio X, no início do século XX.
  5. A atribuição da obra a D. João IV é, pois, uma fantasia romântica sem qualquer fundamento, cuja origem é hoje impossível de datar com precisão, mas que não é sustentada por nenhum – absolutamente nenhum – dos autores que estudaram a vida e obra de D. João IV, de Joaquim de Vasconcelos e Ernesto Vieira a Mário de Sampaio Ribeiro e Luís de Freitas Branco, o que sugere que tenha surgido já em meados do século XX.
    Quem é então o autor do “Adeste fideles”?
  6. Não sabemos, pura e simplesmente, mas a natureza da própria música indica que não poderá ter sido composto antes do último quarto do século XVII e mais provavelmente já em inícios do século XVIII. Vincent Novello, quando publica o seu arranjo da obra, atribui-a a John Reading, organista do Winchester College que morreu em 1692, mas a primeira versão escrita que se conhece é de John Francis Wade (1711 – 1786), e sendo Reading protestante e Wade um católico assumido, que se exilou inclusive no Continente por lealdade à causa do Pretendente Stuart, seria mais natural que a Capela da Embaixada Portuguesa adoptasse uma obra sua do que uma da composição de um anglicano.

Rui Vieira Nery (artigo publicado no Facebook)

Presépio da Madre de Deus. Séc. XVIII. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa

Presépio da Madre de Deus. Séc. XVIII. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa

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Rilhafoles

A Música e a Missão

Música na Casa Mãe da Congregação da Missão

Convento de Rilhafoles

O Convento de Rilhafoles, depois Hospital de Rilhafoles e desde 1911 Hospital Miguel Bombarda GOB, pertenceu primeiramente à Congregação da Missão de São Vicente de Paulo e foi fundado por autorização pontifícia (Breve de 10 de Setembro de 1717) e do Cardeal-Patriarca D. Tomás de Almeida (alvará de 4 de Janeiro de 1717).

Também era designado por: Casa Mãe da Congregação da Missão, Casa da Congregação da Missão em Rilhafoles, Casa de São João e São Paulo, Casa de Rilhafoles.

Rilhafoles

Rilhafoles

Festas de Beatificação de S. Vicente de Paulo

A 27 de Setembro de 1727 tinha o Papa Bento XIII publicado um decreto que declarava a heroicidade das virtudes praticadas pelo Servo de Deus Vicente de Paulo.

A 14 de Julho de 1729 mandou publicar e expedir o Breve de Beatificação, ao qual se seguiu, a 13 de Agosto, outro que permitia a recitação do Ofício e a celebração da missa do Bem-aventurado no dia 27 de Setembro, aniversário da sua morte. Este favor era concedido à terra natal de Vicente de Paulo, às freguesias de Paris onde ele estabelecera as suas obras, e aos membros e casas da Congregação da Missão, bem como aos seus convictores e seminaristas.

Era autorizada outrossim, naquele ano, sob rito duples maior, a solenidade da Beatificação em dia autorizado pelo ordinário, mas não anterior à celebração da mesma solenidade em S. Pedro de Roma, onde devia realizar-se a 21 de Agosto. Podia fazer-se essa festa em todas as igrejas às quais fora concedida a missa e o ofício.

O Breve gratulatório ‘Si gloria hominis ex honore Patris’, mandado por Bento XIII, em 29 de Agosto de 1729, ao P.e Bonnet, Superior Geral, ao mesmo tempo que felicitava a Congregação, exortava-a a renovar-se no espírito do Beato Fundador.

Apesar de estar sozinho com o irmão, o P.e Joffreu não quis deixar de comemorar, como lhe fosse possível, o fausto acontecimento, e no dia 26 de Setembro de 1729 comunicou a Sua Majestade a intenção de celebrar no dia seguinte, em Rilhafoles, a missa do novo Bem-aventurado.

O rei, após um instante de surpresa, respondeu: “Bem, meu Padre, quero que essa missa seja solene. Há-de, pois, ser cantada, e cantadas serão também as vésperas. E eu mesmo quero assistir.”

Surpreendido com tal determinação, tomada assim de improviso, o P.e Joffreu opôs as suas dificuldades, agradecendo a Sua Majestade, mas alegando que lhe parecia impossível.

“Ora adeus! – diz do lado o Cardeal da Mota, que se encontrava presente – Com esses impossíveis é que Sua Majestade sabe fazer milagres!”

Tratou-se pois, imediatamente, de ornar o melhor possível a capela dos Padres da Missão, enquanto o rei dava por seu lado as suas ordens. Tudo se fez solenemente, como se projectara, e mais ainda.

Desde a alvorada do dia 27 foram rezadas várias missas, houve primeiras vésperas, missa solene, segundas vésperas e matinas cantadas. A tudo assistiu D. João V, mesmo às matinas, apesar de entrarem bastante pela noite adiante.

A missa foi celebrada e as Vésperas presididas por Mons. Ferreira, arcediago de Santa Cristina, e mais tarde dignitário da catedral. Às matinas oficiou o P.e Ambrósio Viedma, padre da diocese de Valença e músico da Patriarcal, que trouxe consigo a orquestra da mesma. Mais tarde foi este digno eclesiástico um dos convictores de Rilhafoles, e muito concorreu para a fundação de um asilo de órfãos.

Entre a assistência, além de Sua Majestade, figuraram algumas pessoas de distinção, e os religiosos capuchos do vizinho convento de Santo António. Da casa real, foram também, de manhã, o Príncipe D. José, e de tarde, a Rainha, a Princesa e a Infanta D. Francisca, bem como Sua Eminência o Cardeal da Mota, e o Sr. Patriarca.

O facto teve bastante notoriedade para ser assinalado, com relevo, pela ‘Gazeta de Lisboa’, o jornal da época, nos seus números de 29 de Setembro e de 6 de Outubro seguinte.

Não faltaram também, segundo o costume das grandes festas públicas, demonstrações de regozijo popular, estando à noite a casa da Missão brilhantemente iluminada.

As notícias que temos só nos falam em um dia de festa. Ter-se-á feito tríduo no ano seguinte, ao comemorar o aniversário desta data? Também não achamos vestígio desse tríduo nos apontamentos de que dispomos, mas no segundo volume dos Sermões de Rafael Bluteau encontram-se três panegíricos do Beato Vicente de Paulo com indicação de serem para as festas da sua Beatificação (61); é claro que estas não podiam ser as de 1729, pois a improvisação de tais festas não podia dar tempo a preparar qualquer panegírico, nem dele se faz menção no relato bastante pormenorizado que ainda temos.

É de notar que no exórdio do primeiro desses panegíricos, o P.e Bluteau refere uma circunstância pessoal que merece ser recordada:

“Perdoai, meu Santo – exclama ele – a confiança com que aceitei a honra de orador e panegirista da vossa glória neste tríduo da solenidade da vossa Beatificação”.

“Há mais de setenta anos que na cidade de Paris, na vossa casa de S. Lázaro, recebi, de joelhos, a vossa santa bênção, e no mesmo tempo vos vi lançado aos meus pés (humilhação excessiva) de que fiquei tão admirado e confuso que emudeci”.

“Mas quis Deus que se reservassem as palavras para estes dias em que já não vos considero, como naquele tempo, pela vossa veneranda canície, candidato da Eternidade, mas devotamente vos venero vestido do paludamento da glória sempiterna, possuidor da bem-aventurança”.

“Quando na vossa presença me prostrei em terra eu era de muito tenra idade, etc.”

Como quer que seja desse tríduo, é certo que o rei D. João V não deixou mais de ir, todos os anos, assistir em Rilhafoles à festa do dia 27 de Setembro, e ainda não deixou de se apresentar nessa data no ano de 1737, no ano da canonização, quando a Santa Sé acabava de fixar no dia 19 de Julho a festa litúrgica do Santo Fundador. Era particular a devoção que o rei tinha ao grande Santo da Caridade.

As festas da Beatificação foram um motivo de espiritual conforto para o P.e Joffreu, mas nem por isso modificaram a situação que tanto o fazia sofrer. A correspondência com o Visitador da Província de Roma, P.e della Torre, e por esse meio a comunicação com a sua família religiosa, era um lenitivo precioso na sua soledade, mas esse mesmo lhe foi tirado quando, após conflitos surgidos entre Lisboa e Roma, se consumou o corte das relações diplomáticas.

P.e BRÁULIO GUIMARÃES, Apontamentos para a História da Província Portuguesa da Congregação da Missão – Volume 1 – páginas 149 a 152.

Festas da canonização de S. Vicente de Paulo

Foi em 16 de Junho de 1737 que foi publicada a Bula de Clemente XII que inscrevia na lista dos Santos o nome glorioso do Beato Vicente de Paulo.

Tanto os seus filhos de Lisboa como o rei D. João V pensaram, desde logo em comemorar com solenidades condignas um tão jubiloso facto. Pensou-se primeiro em fazê-lo no mês de Outubro. Mas para que houvesse mais tempo para a devida preparação, o rei determinou que ficassem as festas para depois da Páscoa de 1738.

Por ser pequena e não estar concluída de todo a igreja de Rilhafoles, aventou-se a hipótese de se fazer a festa num templo mais amplo, chegando a indicar-se como mais próxima, a igreja do vizinho convento de S. António dos Capuchos.

O P. e Joffreu, insurgiu-se. Pequena a igreja? Mas mais pequeno era, antes dela, o oratório doméstico, e isso não impediu que nele se realizassem com esplendor, e com a presença de Sua Majestade, as festas da Beatificação.

O rei compreendeu, e condescendeu com o desejo do Padre a quem não queria desagradar. Ficou assente que as festas se fariam na igreja de Rilhafoles.

Uma primeira preparação para as festas foi a publicação, a expensas do rei, de uma Vida de S. Vicente de Paulo e das Regras Comuns da Congregação da Missão.

A ‘Vida de S. Vicente’ foi traduzida do espanhol, de Fr. João do SS. mo Sacramento, por D. José Barbosa, Teatino, LX 1738 fol. gr. – XX, 612 pág.

É uma bela edição, em óptimo papel, impressão nitidíssima, e gravuras de Debrie (retrato de S. Vicente a vinhetas).

Das “Regras” fizeram-se duas edições: uma in 8º, outra in 12º. São belos exemplares, com um prólogo que é, em latim, o resumo da Vida de S. Vicente, e com Bulas, em apêndice, que se não encontram na edição de Paris.

Delas se fez uma tiragem numerosa. O P.e Manuel José Vieira pôde dizer, hiperbolicamente, que se se conservassem todos os exemplares, havia com que dar um a cada membro da Congregação, mesmo que esta subsistisse até ao fim dos séculos!… Apesar disso, infelizmente, até para bibliotecas é hoje difícil encontrar algum.

Notaremos que, se a Vida de S. Vicente apareceu em 1738, um mês antes das festas, as Regras só apareceram cinco anos depois. Compreende-se facilmente que assim fosse, por ser a primeira publicação destinada ao público, com o fim de tornar conhecido o Santo, e a segunda, reservada à Comunidade, que quase não existia ainda em Portugal.

Para preparar mais directamente a festa, que seria um oitavário a começar no dia 19 de Julho, com a festa litúrgica de S. Vicente, foi ornada sumptuosamente a nova igreja da casa, que veio substituir, no mesmo lugar amplificado, a antiga e pequena capela da quinta de José de Melo, tornada primeiro oratório da Comunidade. O rei ofereceu, para a circunstância, uma rica lâmpada de prata, do valor de 500$000 reis, e ricas ornamentações deram ao interior do templo a majestade e beleza que convém às grandes solenidades.

As festas começaram no dia 18, que era uma quinta-feira, sendo cantadas as primeiras vésperas de S. Vicente com a assistência do rei, do príncipe herdeiro D. José, de D. Pedro, esposo da augusta D. Maria, e dos infantes D. António e D. Manuel.

Na casa ainda se conservou por muito tempo, datado de 14 de Julho e destinado ao príncipe D. José, um programa com indicação pormenorizada de todas as solenidades do oitavário.

No mesmo dia as segundas vésperas foram presididas pelo Deão da Igreja Patriarcal.

No dia 19, que era o da festa litúrgica e primeiro do oitavário, houve missa pontifical celebrada pelo Sr. Patriarca, ficando por isso para a função da tarde o panegírico do Santo, que foi pregado, com notável brilho, pelo nosso comensal, o distinto orador D. Mariano Gavila, já nosso conhecido.

Nesse dia, como em um outro da oitava, assistiu também a rainha, que habitualmente estava impedida por ter de ficar em Belém a velar a princesa sua filha que se encontrava doente.

Os outros dias da oitava foram repartidos entre as diferentes comunidades religiosas da cidade, das quais cada uma, no seu dia, fornecia, por via de regra, oficiante e pregador.

O segundo dia, 20, coube aos Padres Jesuítas, sendo pregador um Padre da Companhia, do Colégio de Évora, que veio propositadamente a Lisboa para esse fim, havendo no entanto missa pontifical em que celebrou um cónego da Sé.

O terceiro dia, 21, foi atribuído aos Cónegos Regulares da Divina Providência; foi ainda um cónego da Sé que oficiou à missa, mas o pregador foi o Cónego Regular D. José Barbosa cujo discurso foi impresso, e se conservava na biblioteca de Rilhafoles.

No quarto dia, 22, reservado aos Dominicanos, oficiou um religioso da Ordem, e pregou Fr. Manuel Coelho, antigo Reitor do Colégio de Coimbra, Prior do Convento de Lisboa, Provincial da sua Ordem e Deputado do Santo Ofício, em Lisboa.

O quinto dia, 23, coube aos Religiosos Agostinhos, celebrando um deles e pregando Fr. António da Piedade, antigo Prior do Convento da Graça, de Santarém, e autor do livro intitulado “Meio Dia Agustiniano”.

No sexto dia, 24, que pertenceu aos Trinitários, dos quais um celebrou a missa, foi pregador Fr. Manuel de São Tomás, que viria a morrer sob as ruínas do terremoto de 1755. O seu discurso, impresso, conservava-se no Convento da Trindade, e pereceu no incêndio que o devorou então.

O sétimo dia, 25, foi atribuído aos Carmelitas, que forneceram celebrante da missa e pregador do dia, que foi o antigo Provincial da Ordem, Fr. Filipe de Santa Teresa.

No dia 26, oitavo dia, houve, ofício pontifical em que celebrou um cónego da Patriarcal, sendo pregador um padre do Convento de Santo António da Convalescença, dos religiosos da Província de Santo António aos quais cabia esse dia.

Os religiosos de cada instituto assistiam às solenidades no dia que a esse instituto estava reservado.

Os três ofícios pontificais celebrados por cónegos durante este oitavário, foram-no em virtude de um privilégio concedido à Igreja Patriarcal por Clemente XI na Bula ‘In supremo’, de Novembro de 1716, recorrendo-se ao Cabido da Sé por terem coro particular nesses dias as ordens designadas para oficiar neles.

Todos os dias do oitavário, assistiram regularmente o rei e os príncipes, que vinham de manhã e ficavam para a tarde, passando na casa todo o dia. Todos os dias também eram os músicos da Patriarcal que vinham com as suas harmonias, contribuir para o esplendor e beleza dos actos litúrgicos.

O rei D. João V tomou à sua conta todas as despesas com as solenidades, querendo que nada faltasse à sua pompa e magnificência.

As festas terminaram no dia 26 com uma solene procissão em que foram conduzidas triunfalmente a imagem e as relíquias de S. Vicente de Paulo, com a assistência de todas as comunidades religiosas já referidas e do clero secular das freguesias da Pena, Socorro e S. José. Saindo do pátio de Rilhafoles dirigiu-se para a avenida, percorrendo o campo de Sant’Ana para regressar pela Rua da Cruz da Carreira.

À noite houve iluminações gerais dos conventos que tinham tomado parte nas festas, associando-se igualmente o dos Padres de S. Filipe Néri. A casa de Rilhafoles, naturalmente, não podia ficar atrás nestas demonstrações festivas, sendo magnífica a sua Iluminação.

O cronista faz notar que também o refeitório participou da festa, sendo a mesa servida naquelas dias com a profusão e magnificência que traduzia a régia generosidade. Cada dia tomavam parte nas refeições os religiosos que nesse dia tinham oficiado. Quiseram escusar-se os Jesuítas por não costumarem comer fora de casa, mas obrigou-os o rei, pondo à porta guardas que os não deixaram sair.

Tudo decorreu com a ordem, com esplendor, com a beleza e majestade que se podia desejar, para glória de Deus e do seu humilde servo Vicente de Paulo. Compreenda-se que ficasse consolado, e imensamente grato ao rei, o digno filho de S. Vicente que era o P.e Joffreu; mas consolação maior e motivo de gratidão mais viva, havia ele ainda de ter com um facto que havia de ser o mais apetecível fruto das festas que acabavam de celebrar-se.”

P.e BRÁULIO GUIMARÃES, Apontamentos para a História da Província Portuguesa da Congregação da Missão – Volume 1 – páginas 160 a 163)

Merecem destaque as diversas actuações da Orquestra da Patriarcal na Igreja da Casa-Mãe da Congregação da Missão, de Rilhafoles, certamente devido ao apoio do monarca à instituição. Já durante das festas da beatificação de S. Vicente de Paulo, em 1727, a sua música marcou presença.

Mas aquando das magníficas comemorações da canonização, em Julho de 1737, a recentemente construída Igreja acolheu oito dias consecutivos de uma das melhores Orquestras de música barroca da Europa, fundada e aperfeiçoada por D. João V e que rivalizava com a Orquestra do Vaticano.

Note-se que a Orquestra da Patriarcal, além da ser uma orquestra barroca alargada, dispunha de cantores para dois ou mais coros, a quatro vozes cada, e de solistas de elevadíssimo virtuosismo, alguns deles castratti italianos, e que o seu reportório, de influência italiana mas com características da tradição polifónica portuguesa, era constituído maioritariamente por obras de compositores portugueses do mais alto nível europeu, alguns dos quais haviam estudado em Roma, enquanto bolseiros do rei, como António Teixeira, Francisco António de Almeida e João Rodrigues Esteves, também músicos, e que, pelo menos os dois últimos, foram dirigentes e professores nessa orquestra e escola.

Nesses oito dias, na presença de D. João V, um melómano sabedor que não iria ouvir obras em repetição, decorreu na Igreja da Congregação da Missão em Rilhafoles, o que podemos considerar um prolongado Festival de música sacra barroca portuguesa, sabendo-se que no último dia das comemorações, após a procissão já referida, estas encerraram com um Te Deum, perante a assistência de muitos fiéis.

Um festival da mais sofisticada música europeia da época, com obras decerto muito variadas, desde as cantatas até aos monumentais Te Deum (um destes Te Deum, de António Teixeira, que sobreviveu ao terramoto de 1755, além de orquestra instrumental alargada, inclui 4 coros a 4 vozes cada, e 8 solistas).

Embora ainda hoje não se conheçam em pormenor o conjunto das actuações e digressões da Orquestra da Patriarcal, podemos afirmar que os espectáculos de Julho de 1738, na Casa-Mãe da Congregação da Missão, constituíram um acontecimento raro e de grande nível artístico, na história da música barroca portuguesa.

No Arquivo de Música da Biblioteca Nacional de Lisboa, encontram-se diversas obras dedicadas a S. Vicente de Paulo, que a seguir elencamos, com anotações dos serviços desse arquivo:

1- Novena de S. Vicente de Paulo, música manuscrita da autoria de António Leal Moreira, 1817.

2 – Responsórios de S. Vicente de Paulo. Manuscrito, para coro a quatro vozes e órgão, com partes para solista, Lisboa, 1835, Frei José Marques e Silva, entre 1800 e 1837, dedicado ao Conde do Redondo.

3 – Hymno das primeiras vésperas de S. Vicente de Paulo, manuscrito autógrafo, Frei José Marques e Silva, entre 1800 e 1837.

4 – Hymno das Matinas de S. Vicente de Paulo, manuscrito autógrafo, Frei José Marques e Silva, entre 1800 e 1837, oferecida e dedicada ao Conde do Redondo.

5 – Missa de S. Vicente de Paulo, anónimo, entre 1800 e 1850.

6 – Mottetos de S. Vicente de Paulo, autor desconhecido, entre 1830 e 1870, em 5 partes.

7 – Hymno de Laudes de S. Vicente de Paulo, para coro a 4 vozes, Frei José Marques e Silva, entre 1800 e 1837.

A existência destas partituras (e outras que possivelmente se guardem noutro local ou que foram destruídas em 1834), indicia que a música na Casa de Rilhafoles desempenhava papel de relevo, atingindo um nível que é lícito considerar alto, em Portugal.

Com efeito, estas obras musicais foram criadas, muito possivelmente, para as Casas da Congregação e em louvor de S. Vicente de Paulo, e por compositores bem reconhecidos da época, como António Leal Moreira (1758-1819), suplantado talvez só por Marcos Portugal, e como Marques da Silva (1780-1837).

O facto de algumas pautas (que não sabemos serem um de vários originais), conterem dedicatórias ou a indicação de serem oferecidas ao Conde do Redondo, um amigo da instituição, não invalida aquela interpretação, sendo ainda de colocar a hipótese de terem sido encomendadas e custeadas pelo Conde para utilização litúrgica nas Igrejas da Congregação da Missão, em especial na de Rilhafoles.

Cf: Bráulio Guimarães, Ob. Cit., Vol. I, p. 165.

O Dr. Vitor Freire, último Director do Hospital Miguel Bombarda e que pertence a uma Comissão de Preservação do Hospital Miguel Bombarda, a qual tem tentado que não seja destruído e se apague a memória quer da Congregação, quer de todo o património histórico daquela casa (museu, capela, balneários).

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Roda de Samba, artista Caribé

PT Brasil

A performance musical é essencial no aprendizado da música, pois há um deslocamento da percepção e da ação de se fazer música e o que passa a ser relevante, o que se levanta e se alça como essencial é o gesto musical, como um gesto dionisíaco de indiferenciação da personalidade (des)integrando a subjetividade da pessoa e a objetividade do fenômeno na unidade do memorável.

Em cada um de nós, pode-se dizer, existem dois seres que, embora sejam inseparáveis – a não ser por abstração -, não deixam de ser distintos. Um é composto de todos os estados mentais que dizem respeito apenas a nós mesmos e aos acontecimentos da nossa vida pessoal: é o que poderia chamar de ser individual. O outro é um sistema de ideias, sentimentos e hábitos que exprimem em nós não a nossa personalidade, mas sim o grupo ou os grupos diferentes dos quais fazemos parte; tais como as crenças religiosas, as crenças e práticas morais, as tradições nacionais ou profissionais e as opiniões coletivas de todo tipo. Este conjunto forma o ser social. Constituir este ser em cada um de nós é o objetivo da educação

Durkheim

E concordando com esse pensamento Libâneo:

Num sentido mais amplo, a educação abrange o conjunto das influências do meio natural e social que afetam o desenvolvimento do homem na sua relação ativa com o meio social. (…) Os valores, os costumes, as ideias, a religião, a organização social, as leis, o sistema de governo, os movimentos sociais são forças que operam e condicionam a prática educativa.

José Carlos Libâneo


Portanto, se a educação tem objetivamente esse caráter formativo e constitutivo do ser social, depreende-se que isso deva acontecer continuamente e dialogicamente: “(…) este ser social não somente não se encontra já pronto na constituição primitiva do homem como também não resulta de um desenvolvimento espontâneo” (Emile Durkheim).

Buscamos compreender as possibilidades a partir das perspectivações da música dentro e fora do espaço escolar. Assumimos que as vivências dinâmicas da escuta do fenômeno musical não podem ser circunscritas ao ambiente escolar apenas.

A maior parte dos nossos conhecimentos adquirimo-los fora da escola. Os alunos realizam a maior parte de sua aprendizagem sem os, ou muitas vezes, apesar dos professores. Mais trágico ainda é o fato de que a maioria das pessoas recebe o ensino da escola, sem nunca ir à escola.

Ivan Illich

Se o currículo escolar avança para além de seus muros tornando-se uma cultura ex-escola, ou seja, até os que não passam pela escola são de algum modo escolarizados, devemos perguntar que currículo escolar é esse e como a música está presente nele.

Perrenoud identifica, como um dos três mecanismos responsáveis pelos sucessos e fracassos produzidos na escola, “(…) o currículo, em outras palavras, o caminho que desejamos que os alunos percorram”.

Há um diálogo urgente que nos convoca para pensar como as teorias do conhecimento que permeiam as concepções de escola recebem o aceno da música, que é sempre uma experiência fundadora de sentido para fazer saber e conhecer.

Premissa fundamental que procuramos colocar em prática: a música está na base de todo conhecimento humano. Se não há música, então, não há conhecimento possível, pois a música funda nossos modos de pensar, dizer e mostrar.

O aprendizado musical nos traz o saber fazer harmonizador, uma harmonia não como um recurso de condução de vozes, mas como composição, até mesmo as técnicas de harmonização das vozes são antes um mostrar-se originário da diferença, da compatibilização dos contrários, por isso harmônicos, sem exclusão de nenhuma parte, eis o princípio articulador da música e uma reflexão para conduzirmos dentro e fora da escola o fundamento harmônico em um currículo escolar segregador e, portanto, excludente, ou seja, desarmônico.

Harmonia é a possibilidade de con-verter em com-posição instâncias substantivas fenomênicas, instâncias substantivas que sejam e/ou façam o movimento em direção ao mostrar-se, significa: harmonizar é ser capaz de juntar concretamente no fim mas desde o princípio torná-las um todo, sem destruir nem diluir nem elidir sua di-ferença. Ao contrário, constituindo uma nova diferenciação, produzindo a diferença entendida como o seu caminho para o des-conhecido, para o que não era harmonizado e passa a ser.

Antonio Jardim

Um currículo escolar que não contemple a música está fadado ao fracasso, ao menos, desde a perspectiva de ensino e aprendizado do poético, ou ainda se considerarmos o que se aprende e ensina fora da escola e que em um “modelo curricular sem música” estaria também destinado a ser um currículo: recortado, aleijado, lacunar, sem um dos pilares, — senão o pilar central que rege o sentido de saber e conhecer — desde as culturais aborígenes, arcaicas e primevas: o que denominamos como música; a experiência singular do memorável presentado em nossas ações sensório-corpóreo-motoras.

A música não é o único caminho, mas é nosso caminho, que apontamos como possibilidade de perspectivação e reflexão do ambiente escolar pautado por um ensino conteudístico curricular desarmonizado da realidade social expericenciada pela própria comunidade escolar.

Perspectivando o aprender e ensinar música: experienciando e refletindo desde o subprojeto PIBID-Música da UFRJ, por Celso Garcia de Araújo Ramalho, Anderson Carmo de Carvalho, Camila Oliveira Querino PPG em Ciência da Literatura Rio de Janeiro – RJ Eliete Vasconcelos Gonçalves, in Educação: Políticas, Estrutura e Organização 10, Gabriela Rossetti Ferreira, org. Atena Editora 2019. [ Excerto ]

Roda de Samba, artista Caribé
Roda de Samba, artista Caribé
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Conservatório Regional de Castelo Branco

Conservatório Regional de Castelo Branco

Vânia Moreira

O Conservatório Regional de Castelo Branco (CRCB) foi fundado em 1974, enquanto escola de ensino artístico, sob a direção de Maria do Carmo Gomes.

Vânia Moreira

Visto que no primeiro ano letivo, 1974/1975, ainda não estavam reunidas as condições para obter o alvará necessário, os alunos que frequentaram o CRCB nesse ano ficaram matriculados no Conservatório Nacional de Lisboa. Nesse ano inscreveram-se 160 alunos, cuja formação seria assegurada por dois professores.

No ano letivo seguinte, seria concedida ao Conservatório uma licença de lecionação à experiência e, em 1977, conseguiria a obtenção do alvará definitivo. Contando desde sempre com o apoio da Câmara Municipal de Castelo Branco, dos professores da instituição e da própria cidade, o CRCB pôde prosperar e alargar a sua ação a Proença-a-Nova e a Portalegre – sendo que, no caso de Portalegre, o CRCB estabeleceu-se e coordenou um polo que, ao fim de dois anos, serviria de ponto de partida para a criação de uma instituição própria na cidade e gerida pela mesma.

Para o ano letivo de 2013/2014, o Conservatório tem protocolos de articulação com os Agrupamentos de Escolas Afonso de Paiva, Cidade de Castelo Branco, Nuno Álvares, António Sena Faria de Vasconcelos, em Castelo Branco; com o Agrupamento de Escolas de Alcains e S. Vicente da Beira, em Alcains; e com os Municípios de Idanha-a-Nova e de Proença-a-Nova. A ação do Conservatório alargou-se a diversos polos, mas a sua sede mantém-se na zona histórica da cidade de Castelo Branco, no Largo da Sé. Foi aqui que a instituição nasceu, ocupando o edifício que anteriormente havia recebido o Tribunal.

Apesar da elevada deterioração do edifício e do escasso material existente – um piano emprestado pelo orfeão, carteiras de madeira provenientes de escolas primárias e dois quadros de ardósia – o Conservatório soube adaptar-se e persistir na sua ação e empenho, usufruindo hoje de umas instalações com excelente qualidade, resultantes da remodelação de que o edifício foi alvo na primeira década do século XXI.

Atualmente, o CRCB dispõe da utilização de dois edifícios – além do edifício original, a partir do ano letivo 2012/2013 o Conservatório teve permissão para utilizar também o antigo edifício dos correios, situado também no Largo da Sé.

Assim, neste momento, a instituição dispõe de 19 salas de aula – sendo cada uma identificada pelo nome de um compositor –, dois auditórios, sala de professores, sala de direção, secretaria, biblioteca, reprografia, bar e três conjuntos de instalações sanitárias.

No ano letivo 2013/2014, esta instituição foi frequentada por 373 alunos. (…)

A aprendizagem de um instrumento musical em contexto individual e em contexto de grupo, por Vânia Filipa Tavares Moreira – Mestrado em Ensino de Música – Instrumento e Música de conjunto – Orientadora Doutora Maria Luísa Faria de Sousa Cerqueira Correia Castilho, Coorientadora Especialista Catherine Strynckx. Instituto Politécnico de Castelo Branco, Escola Superior de Artes Aplicadas, janeiro de 2015. Excerto.

Leia AQUI toda a dissertação, se o desejar.

Conservatório Regional de Castelo Branco
Conservatório Regional de Castelo Branco
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Vítor Sousa

O Conservatório de Música do Porto

Vítor Sousa

A Escola Artística – Conservatório de Música do Porto (CMP) integra a rede pública de Ensino Artístico Especializado da Música (EAEM), sendo uma das sete escolas públicas no mesmo plano. Foi criado pela Câmara Municipal do Porto em 1917, tendo inicialmente como casa o Palacete dos Viscondes de Vilarinho de S. Romão.

Funcionou como escola municipal até 1972, ano em que passou para a tutela do Ministério da Educação Nacional.

Em 13 de Março de 1975, passou a usufruir das instalações do palacete Pinto Leite, também propriedade da Câmara Municipal. Em Setembro de 2008, impulsionado pelo Programa de Requalificação e Modernização das Escolas, mudou de instalações, passando a ocupar uma parte do antigo Liceu D. Manuel II (Escola Rodrigues de Freitas) e um edifício construído para o efeito, “onde se situam os auditórios, a biblioteca, salas de 1º Ciclo, estúdio de gravação e outros equipamentos de apoio, imprescindíveis a este tipo de ensino” (projeto educativo CMP, 2014, pág. 9).

Ao longo da existência do CMP pode observar-se um vasto leque de professores e antigos alunos, que se assumiram e assumem como importantes figuras nas variadas áreas da música portuguesa como composição, direção de orquestra, interpretes solistas, professores, entre outros. Também os conselhos diretivos desta instituição foram sofrendo alterações ao longo da sua existência, tendo sido presididos por um total de sete diretores.

Neste momento, o CMP é dirigido pelo Diretor António Moreira Jorge. (…)

O ensino artístico vocacional, tal como está estruturado neste momento, tem como objetivo principal a formação de músicos profissionais. Contudo, a realidade que se observa é que a maior parte dos alunos que frequentam o ensino especializado da música não tem como objetivo futuro seguir uma carreira profissional na área mas, sim, apenas aprender um instrumento musical como passatempo, ou como um melhoramento pessoal e social. Neste sentido, é vital que as instituições de ensino e os docentes reflitam e tenham a liberdade de adequar os programas curriculares, de modo a ir de encontro aos objetivos que dos alunos, que na maior parte dos casos não passa por um percurso musical profissional.

Exige-se uma reflexão de modo a que se vejam os interesses do aluno como ponto principal na relação entre Professor – Programa – Aluno. Tendo tido a oportunidade, ao longo da duração deste mestrado, de observar diferentes contextos educativos, foi-me permitido ver diferenças substanciais nas diferentes realidades – Publico, Profissional, Particular.

É justo concluir que, apesar de ter a convicção que todos dão o máximo em prol do melhor funcionamento dos respetivos cursos, é aceitável que os resultados não sejam os mesmos nos diferentes contextos educativos. Há uma diferença qualitativa entre os alunos e isso é, em parte, explicado pelas condições físicas que estão ao dispor mas, também, pelo tempo de lecionação a que os alunos têm direito nas instituições públicas, que é o dobro do tempo no Ensino Particular.

A implementação da utilização das tecnologias da informação como complemento ao estudo de violino por Vítor André Vidal Castro de Sousa, Mestrado em Ensino da Música, Porto: ESMAE 2016.

Leia AQUI o relatório completo.

Vítor Sousa
violinista Vítor Sousa
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Adácio Pestana, trompista e compositor

A Fundação Calouste Gulbenkian: o papel do seu Serviço de Música no âmbito do apoio às bandas

Bruno Madureira

Desde os seus primeiros anos de existência, em meados da década de 1950, até meados da década de 90, que a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) apoiou direta ou indiretamente bandas de música amadoras, quer através da concessão de subsídios e instrumentos, quer no âmbito da formação de elementos e promoção do trabalho artístico destes agrupamentos musicais.

Apoiado, em grande medida, nos relatórios de contas da FCG, este artigo pretende analisar e dar a conhecer o contributo da FCG, em particular do seu Serviço de Música, às bandas de música amadoras ao longo de cerca de quatro décadas.

Podemos considerar relevante a contribuição desta instituição para a manutenção e desenvolvimento de muitos destes agrupamentos, não só ao nível dos apoios monetários e materiais, mas também no que diz respeito à formação de maestros e executantes, e ainda à promoção destes agrupamentos musicais.

O papel da FCG foi ainda mais valioso se tivermos em conta que a maioria desses apoios foi efetuada num período particularmente crítico para as bandas de música. Contudo merece também realce a discrepância entre os apoios monetários atribuídos a esses agrupamentos amadores – em média apenas cerca de cinco por cento do total dos subsídios atribuídos – e aqueles que eram dirigidos a outros agrupamentos, projetos ou atividades.

A Fundação Calouste Gulbenkian: o papel do seu Serviço de Música no âmbito do apoio às bandas de música (1955-1995), por Bruno Madureira, ERAS 2014.

Leia AQUI o artigo completo.

Adácio Pestana, trompista e compositor
Adácio Pestana, trompista e compositor
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Mário Mateus, diretor de Orquestra e pedagogo

Conservatório Regional de Gaia – 30 anos ao serviço do Ensino e da Cultura

O Conservatório iniciou oficialmente as suas atividades em 1985 – ano europeu da música.

A estrutura foi criada com o objetivo de promover o ensino formal da música até ao nível superior, de criar espaços de reflexão sobre temáticas da performance e da criação musical contemporâneas e de promover atividades culturais vocacionadas para o enriquecimento da Agenda Cultural do Município.

Como polo cultural a que aspirou ser, o Conservatório, desenvolveu, além dos cursos regulares de música, um plano de atividades desenhado de forma interdisciplinar e multidimensional.

Dando corpo a este desiderato e à sua vocação internacional assumida desde a primeira hora da sua existência, o Conservatório promoveu ao longo dos anos os cursos Internacionais de Música, o Concurso Internacional de Canto Francisco de Andrade, Seminários sobre a criação musical Contemporânea, Colóquios sobre o ensino vocacional de música, Festival Internacional de Música de Gaia, etc. Essas iniciativas colocaram o Conservatório Regional de Gaia nos roteiros internacionais e trouxeram a Portugal e a Gaia nomes destacados do panorama musical internacional como: Bidu Saião, G. di Stefano, João de Freitas Branco, Tibor Varga, Paul Schilhawsky, Gundula Janowiz, entre muitos outros nomes célebres.

Com esta exposição pretendeu-se fazer a crónica da atividade letiva e cultural, desenvolvida pelo Conservatório Regional de Gaia ao longo de três décadas ao serviço da cultura e do ensino, em suma, em prol da valorização do potencial humano e da coesão territorial.

por Mário Mateus

Mário Mateus, diretor de Orquestra e pedagogo

Mário Mateus, diretor de Orquestra e pedagogo

26 de janeiro de 2019, Curso livre sobre Música & Músicos: aspetos do Património Musical Português, no Solar Condes de Resende, Canelas, Vila Nova de Gaia.

Fonte: Solar Condes de Resende

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Elisa Lessa, investigadora

A música nos conventos femininos em Portugal (séculos XVII a XIX):
o caso do Mosteiro de Corpus Christi em Vila Nova de Gaia.

A existência de um conjunto de monjas músicas conventuais, tanto cantoras como instrumentistas nos mosteiros assegurava uma prática musical sacra de relevo que importa conhecer, pese embora o facto de até nós ter chegado apenas uma ínfima parte deste valioso património musical.

Elisa Lessa

A primeira casa do ramo feminino da Ordem Dominicana foi fundada cerca de 1219, em Chelas, nos arredores de Lisboa. A partir deste mosteiro, as fundações de monjas domínicas multiplicaram-se, chegando à data da extinção das ordens religiosas pelo governo liberal em 1834 a atingir cerca de duas dezenas de casas monásticas.

Por sua vez o Convento de Corpus Christi de Vila Nova de Gaia foi edificado por iniciativa de Maria Mendes Petite, mãe de Pêro Coelho e carrasco de Inês de Castro, tendo sido acolhidas as primeiras monjas em 1354. A lição, fundamentada em documentação histórica, revela aspetos da prática musical conventual feminina em Portugal e em particular no mosteiro de Corpus Christi de Gaia.

A música estava presente ao logo do dia, pautando-se a vida quotidiana monacal pelo cumprimento de um conjunto de regras, numa observância marcada pelo Ofício Divino e por um quadro diário de atividades traçado ao pormenor e lembradas a cada batida dos sinos do mosteiro.

A existência de um conjunto de monjas músicas conventuais, tanto cantoras como instrumentistas nos mosteiros assegurava uma prática musical sacra de relevo que importa conhecer, pese embora o facto de até nós ter chegado apenas uma ínfima parte deste valioso património musical.

por Elisa Lessa

Elisa Lessa, investigadora

Elisa Lessa, investigadora

13 de abril, no Curso livre sobre Música & Músicos: aspetos do Património Musical Português, no Solar Condes de Resende, Canelas, Vila Nova de Gaia.

Fonte: Solar Condes de Resende

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Jorge Castro Ribeiro, etnomusicólogo

Entre 27 de outubro de 13 de abril, em dias de sábado entre as 15:00 e as 17:00, decorreu no Solar Condes de Resende, Canelas, Vila Nova de Gaia, o Curso livre sobre Música & Músicos: aspetos do Património Musical Português.

O Solar Condes de Resende quis organizar pela primeira vez entre nós um curso sobre aspetos inéditos ou pouco conhecidos do Património Musical Português com especial incidência em compositores de Gaia e do Norte de Portugal, mas com a dimensão universal que a Música tem. As aulas recorreram à audição de excertos das obras referidas e ao complemento da indicação de concertos ao vivo onde as mesmas sejam executadas durante o período em que decorre o curso. Com o curso, o Solar Condes de Resende quis também assinalar o centenário do nascimento de César Morais.

Solar Condes de Resende

Solar Condes de Resende

Fonte: Confraria Queirosiana

Fotos: António José Ferreira

27 de outubro de 2018

Sociologia da Música

por Eduardo Vítor Rodrigues, sociólogo e presidente da Câmara Municipal de Gaia

Eduardo Vítor Rodrigues, sociólogo e presidente da C.M. de Gaia

Eduardo Vítor Rodrigues, sociólogo e presidente da C.M. de Gaia

10 de novembro de 2018

Os órgãos ibéricos: instrumentos, textos e contextos no noroeste português

por Elisa Lessa

Elisa Lessa, investigadora

Elisa Lessa, investigadora

Os órgãos de tubos ibéricos representam património musical único com características peculiares desenvolvidas na península ibérica, nos séculos XVII e XVIII. Além da abordagem organológica, da identidade e variedade sonora do instrumento, a lição incluiu reflexões breves sobre exemplos de repertório musical, respetivos compositores e contextos de intervenção e alguns organeiros. Em particular foram abordados os órgãos construídos já no século XIX pelo mestre organeiro Manuel de Sá Couto, “o Lagoncinha”, ativo na região no século XIX.

17 de novembro de 2018

Música e ritual nas cerimónias fúnebres luso-brasileiras – Séculos XVIII e XIX.

por Rodrigo Teodoro

Rodrigo Teodoro, investigador

Rodrigo Teodoro, investigador

Diversos manuscritos musicais setecentistas e oitocentistas, dedicados ao cerimonial fúnebre católico encontram-se, atualmente, custodiados em acervos de algumas cidades portuguesas e brasileiras. Essas obras revelam uma prática que teve como referência estética a produção musical religiosa em Itália, e foram produzidas, principalmente, a partir do processo de equiparação cerimonial levado a cabo por D. João V. As ações ritualísticas e as “novidades sonoras”, implementadas nesse processo, provocaram reflexos no cerimonial religioso e no sistema produtivo musical português que seria, inclusivamente, transplantado para suas colónias. Pretendemos, neste curso, apresentar as relações entre a produção musical fúnebre em Portugal e no Brasil, durante os séculos XVIII e XIX, e promover o entendimento da funcionalidade da música, entre outros sons, nos rituais católicos dedicados às cerimónias da morte.

15 de dezembro de 2018

Os músicos Napoleão

por A. Gonçalves Guimarães

Gonçalves Guimarães, historiador

Gonçalves Guimarães, historiador

A cidade do Porto viu nascer, em meados do séc. XIX, três irmãos músicos de apelido Napoleão: Artur (1843-1925), Aníbal (1845-1880) e Alfredo (1852-1917). Estes três irmãos notabilizaram-se ao longo da sua vida como pianistas, compositores e xadrezistas nos dois lados do Atlântico. Sendo filhos do músico italiano Alessandro Napolleone, este ficou conhecido em Portugal como Alexandre Napoleão. Este músico refugiou-se no Porto, onde foi professor de música, casando-se em Vila Nova de Gaia com Joaquina Amália Pinto dos Santos, natural desta cidade. Artur foi o mais famoso dos três irmãos. Estabeleceu-se no Brasil, onde criou uma editora de partituras e desenvolveu uma respeitosa carreira como pianista e compositor, sendo autor de cerca de 90 opus. Alfredo foi mais errante. Teve muito sucesso em vários países, principalmente como compositor-pianista, executando as suas próprias obras, com destaque para as que escreveu para piano e orquestra. Aníbal, por sua vez, morreu precocemente, aos 35 anos. Contudo, as suas 20 obras publicadas revelam um compositor promissor (Daniel Cunha).

05 de janeiro de 2019

Cantar os Reis e o Património Cultural Imaterial em Portugal

por Jorge Castro Ribeiro

Jorge Castro Ribeiro, etnomusicólogo

Jorge Castro Ribeiro, etnomusicólogo

O Cantar os Reis em Ovar é uma prática poético-musical multi-localizada, performada em coletivo, em espaços públicos e privados do concelho de Ovar por ocasião da Festa dos Reis Magos (6 de Janeiro), em formato apresentativo. Embora partilhe algumas características com outras práticas em Portugal e noutros países da Europa, que ocorrem no mesmo contexto temporal, designadas genericamente por “Cantar dos Reis” ou “Cantar as janeiras”, em Ovar esta prática ao longo dos anos sofreu um processo de codificação artística, social e performativa que é reconhecida e afirmada localmente como diferenciada, uma vez que adquiriu um recorte cultural próprio, sofisticado ao nível da composição musical e poética, e especializado ao nível da performance, que não é encontrado nas outras práticas conhecidas a nível nacional e europeu.

Nesta aula foi observado o Cantar os Reis em Ovar nas suas especificidades afirmadas localmente como distintivas, na veiculação de valores, visão e identidade “vareira”. Será indagada a forte adesão dos protagonistas à idéia de patrimonialização, e apresentados dados etnomusicológicos e a percepção da investigação etnográfica no processo de inventariação desta prática com vista ao Património Cultural Imaterial de Portugal. A aula será complementada com uma visita guiada e exclusiva a Ovar, exactamente no único momento do ano em que a prática tem lugar.

19 de janeiro de 2019

O Orpheon Portuense e os Concertos a ele dedicados pela Casa da Música

por Henrique Luís Gomes de Araújo

Henrique Luís Gomes de Araújo, investigador

Henrique Luís Gomes de Araújo, investigador

Apresentamos em 2005, à Casa da Música (CdM) como investigador do Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR) da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa e com o Prof. Rui Vieira Nery, um “Projecto de Edição de Obra sobre o Orpheon Portuense”. Participa em 2008, na Assembleia Geral do Orpheon Portuense, que teve como o ponto único: Extinção do Orpheon Portuense, onde apresenta a proposta de a Casa da Música incluir, todos os anos, na sua programação um concerto comemorativo do Orpheon Portuense, pelo dia 12 de Janeiro (dia da sua fundação). Na verdade, como foi por ele aduzida na proposta apresentada à CdM, um dos “resultados previstos” do referido projecto, consistia na realização de um concerto anual (2013, p.17).

26 de janeiro de 2019

Conservatório Regional de Gaia – 30 anos ao serviço do Ensino e da Cultura

por Mário Mateus

Mário Mateus, diretor de Orquestra e pedagogo

Mário Mateus, diretor de Orquestra e pedagogo

O Conservatório iniciou oficialmente as suas atividades em 1985 – ano mundial da música.

A estrutura foi criada com o objetivo de promover o ensino formal da música até ao nível superior, de criar espaços de reflexão sobre temáticas da performance e da criação musical contemporâneas e de promover atividades culturais vocacionadas para o enriquecimento da Agenda Cultural do Município.

Como polo cultural a que aspirou ser, o Conservatório, desenvolveu, além dos cursos regulares de música, um plano de atividades desenhado de forma interdisciplinar e multidimensional.

Dando corpo a este desiderato e à sua vocação internacional assumida desde a primeira hora da sua existência, o Conservatório promoveu ao longo dos anos os cursos Internacionais de Música, o Concurso Internacional de Canto Francisco de Andrade, Seminários sobre a criação musical Contemporânea, Colóquios sobre o ensino vocacional de música, Festival Internacional de Música de Gaia, etc. Essas iniciativas colocaram o Conservatório Regional de Gaia nos roteiros internacionais e trouxeram a Portugal e a Gaia nomes destacados do panorama musical internacional como: Bidu Saião, G. di Stefano, João de Freitas Branco, Tibor Varga, Paul Schilhawsky, Gundula Janowiz, entre muitos outros nomes célebres.

Com esta exposição pretende-se fazer a crónica da atividade letiva e cultural, desenvolvida pelo C.R.G. ao longo de três décadas ao serviço da cultura e do ensino, em suma, em prol da valorização do potencial humano e da coesão territorial.

16 de fevereiro de 2019

Scarlatti e a troca das princesas

por José Manuel Tedim

José Manuel Tedim, professor universitário

José Manuel Tedim, professor universitário

As cortes de Filipe V de Espanha e de D. João V de Portugal levaram à concretização de um duplo casamento entre uma infanta da Casa Real portuguesa e o futuro rei de Espanha e vice-versa, facto que passou à História como a Troca das Princesas.

Ajustado o duplo consórcio, nos primeiros dias de Janeiro de 1728, dava-se início aos dias da festa, que, ao longo de mais de um ano, constituíram repetidos momentos de entusiasmo e entretenimento dos habitantes da urbe lisboeta.

O casamento por procuração, do Príncipe do Brasil e D. Mariana Victória aconteceu, em Madrid, em finais de dezembro, tendo chegado a notícia pelos inícios do mês seguinte. Logo, por decreto, o rei fez questão de informar o Senado da Câmara da feliz notícia e solicitar que se fizessem três noites de luminárias, acompanhadas de salvas de artilharia e da tradicional cerimónia do beija-mão. No Terreiro do Paço fez-se arder um fogo de artifício, cuja estrutura cénica se concentrava na imagem do templo de Diana.

Após esta manifestação celebrou-se o acontecimento no Paço com urna serenata em língua italiana composta expressamente para o momento por Doménico Scarlatti. Por sua vez o Marquez de los Balbazes completou estes dias de fausto, de júbilo e entusiasmo com a organização de uma Zarzuela no seu palácio, intitulada Amor aumenta el Valor.

02 de março de 2019

Bandas Filarmónicas em Portugal

por André Granjo

André Granjo, maestro

André Granjo, maestro

As Bandas representam uma das formas de prática musical de carácter formal mais disseminadas no nosso país e são também um fenómeno relevante em toda a Cultura Ocidental.

Apesar desta preponderância são ainda hoje um fenómeno pouco estudado no nosso país e em boa verdade em toda a Europa. Indefinições semânticas e confusões históricas tornam difícil a arriscada a pesquisa sobre este campo. As bandas são ainda objecto de estigma por parte de muitos investigadores e no nosso caso, o campo de acção em que se movem: espaços de fronteira entre o erudito e o vernacular; levam a uma indefinição sobre qual o olhar que deve actuar sobre elas: o da musicologia ou da etnomusicologia. As bandas são populares, funcionais, algumas militares, dão concertos informais ao ar livre, participam ou colaboram em várias actividades populares, mas concomitantemente dispõem também de repertórios elaborados, de linguagem contemporânea e complexidade normalmente associada ao grande repertório de orquestra. Por tudo isto as bandas têm estado num limbo científico, reconhecidas como de extrema relevância, mas sem uma atenção proporcional por parte da comunidade académica.

Esta situação tem, no entanto, vindo a ser alterada tendo surgido nos últimos anos investigadores, alguns dos quais insiders do próprio fenómeno, que procuram compreender melhor este tão rico meio de criação e recriação musical.

Esta alocução pretende traçar um pouco do que se sabe sobre o percurso de agrupamentos musicais de instrumentos de sopro no nosso país, o aparecimento das “Bandas Filarmónicas” e a sua evolução ao longo do tempo.

09 de março de 201

O maestro Pedro de Freitas Branco

por Cesário Costa

Cesário Costa, diretor de orquestra e investigador

Cesário Costa, diretor de orquestra e investigador

O Maestro Pedro de Freitas Branco (1896-1963) foi uma das figuras mais proeminentes da música portuguesa do séc. XX. Ao longo da sua carreira, foi um impulsionador da vida musical portuguesa, através da criação de diferentes companhias de ópera, da organização dos Novos Concertos Sinfónicos de Lisboa e como maestro da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional (OSEN). Um dos seus principais propósitos consistiu em dar a conhecer a música do seu tempo, através da estreia absoluta e da estreia nacional, de um número significativo de obras dos mais importantes compositores contemporâneos. Paralelamente, desenvolveu uma carreira internacional dirigindo regularmente diferentes orquestras europeias, sendo considerado um intérprete de referência da música orquestral de Maurice Ravel.

16 de março de 2019

O compositor César Morais

por A. Gonçalves Guimarães

Gonçalves Guimarães, historiador

Gonçalves Guimarães, historiador

Em 2018 passaram 100 anos após o nascimento do compositor gaiense César Morais. Nascido em Canelas, a 3 de janeiro de 1918, cedo manifestou o talento para a composição, criando canções para as festas da escola primária. O seu dom musical precoce levou-o a ingressar no Conservatório de Música do Porto onde estudou com os Mestres Luís Costa e Lucien Lambert e se formou com 20 valores. Foi extremamente prolífico como compositor, sendo especialmente associado à música sacra, com cerca de 50 missas, 60 Avé-Marias, Te-Deums, etc.. No entanto, a sua obra profana não é menos importante e abundante, destacando-se várias composições sinfónicas e coral-sinfónicas, concertos para piano e orquestra, violino e orquestra, violoncelo e orquestra e múltiplas obras para piano solo. Era um homem extremamente modesto e existem poucas obras da sua produção publicadas. No entanto, é de destacar o belíssimo Concerto para Violoncelo e Orquestra numa interpretação da Orquestra Clássica do Porto, sob a direção do maestro Werner Stiefel tendo como solista o violoncelista Martin Ostertag.

Foi pai da pianista Maria José Morais.

Sábado, 23 de março de 2019

O compositor e folclorista Armando Leça: resgate, criação e disseminação da música portuguesa

por Maria do Rosário Pestana

Maria do Rosário Pestana, investigadora

Maria do Rosário Pestana, investigadora

Armando Leça foi uma figura versátil e multifacetada. Compositor, intérprete, regente, folclorista, crítico, musicólogo, ensaísta, novelista e poeta, ilustrou de modo exemplar a vida musical portuguesa nos anos a seguir à implantação da República. O seu percurso é revelador das oportunidades e dos novos desafios colocados aos músicos profissionais por uma sociedade em franca mobilidade, após a dissolução da ordem monárquica. Armando Leça foi uma figura que, no universo musical português, ocupou um lugar «do meio», entre os polos erudito e folclórico, dialogando com diferentes esferas do fazer música em Portugal.

Vemo-lo como pianista a tocar durante as projeções de cinema, como compositor nacionalista e ideologicamente comprometido e como coletor de músicas e vozes dos lugares recônditos e por mapear. A sua ação pautou-se por um compromisso com a questão nacional na música. Vemo-lo, de facto, a participar no processo de construção e disseminação da «canção portuguesa», um género poético-musical que, na sua ótica, refletia o caráter e a alma dos portugueses. Atento às demandas do seu tempo, foi pioneiro ao explorar os novos meios de comunicação de massas: o cinema, a rádio e, mais tarde, a indústria discográfica.

Sábado, 13 de abril de 2019

A música nos conventos femininos em Portugal (séculos XVII a XIX): o caso do Mosteiro de Corpus Christi em Vila Nova de Gaia.

por Elisa Lessa

Elisa Lessa, investigadora

Elisa Lessa, investigadora

A primeira casa do ramo feminino da Ordem Dominicana foi fundada cerca de 1219, em Chelas, nos arredores de Lisboa. A partir deste mosteiro, as fundações de monjas domínicas multiplicaram-se, chegando à data da extinção das ordens religiosas pelo governo liberal em 1834 a atingir cerca de duas dezenas de casas monásticas. Por sua vez o Convento de Corpus Christi de Vila Nova de Gaia foi edificado por iniciativa de Maria Mendes Petite, mãe de Pêro Coelho e carrasco de Inês de Castro, tendo sido acolhidas as primeiras monjas em 1354. A lição, fundamentada em documentação histórica, revela aspetos da prática musical conventual feminina em Portugal e em particular no mosteiro de Corpus Christi de Gaia. A música estava presente ao logo do dia, pautando-se a vida quotidiana monacalpelo cumprimento de um conjunto de regras, numa observância marcada pelo Ofício Divino e por um quadro diário de atividades traçado ao pormenor e lembradas a cada batida dos sinos do mosteiro. A existência de um conjunto de monjas músicas conventuais, tanto cantoras como instrumentistas nos mosteiros assegurava uma prática musical sacra de relevo que importa conhecer, pese embora o facto de até nós ter chegado apenas uma ínfima parte deste valioso património musical.

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