Pedro de Freitas Branco

Pedro de Freitas Branco

Direção de Orquestra

Pedro de Freitas Branco, distinto maestro português, nasceu em Lisboa a 31 de Outubro de 1896 e faleceu a 24 de março de 1963).

Tendo revelado desde muito novo uma grande vocação para música, Freitas Branco cedo inicia os estudos de violino com o irmão Luís de Freitas Branco (o futuro compositor), prosseguindo-os mais tarde com André Goñi, discípulo do famoso violinista espanhol Pablo Sarasate. Os conhecimentos teóricos – harmonia e contraponto – recebe-os de Tomaz Borba e também do irmão. Posteriormente estuda ainda canto.

Após ter frequentado o Instituto Superior Técnico, que abandona em 1924 para se dedicar em exclusivo à música, Pedro de Freitas Branco, com tendência inata para a direcção de orquestra, dirige ainda como amador inúmeras óperas, operetas e concertos sinfónicos.

Em 1927 e já como profissional, funda a primeira Companhia de Ópera Portuguesa, com elementos inteiramente nacionais e um ano depois cria os Concertos Sinfónicos de Lisboa, cujos programas incluem inúmeras obras de autores contemporâneos. Durante 4 temporadas (os concertos terminaram em 1931), ouviram-se obras como: “O Pássaro de Fogo”, “Fogo-de-artifício” e a Suite nº 2 de Stravinsky; as Duas Imagens e a Rapsódia para piano de Bartók com o próprio compositor como solista; o “Bolero” de Ravel; o “Pacific 231” de Honegger e as “Saudades do Brasil” de Darius Milhaud, entre muitas outras obras.

No início da década seguinte, ou seja em 1931, Pedro de Freitas Branco, é convidado por Ravel a deslocar-se a Paris para na Salle Playel dirigir um concerto inteiramente preenchido com obras daquele grande compositor francês. O concerto realiza-se em Janeiro de 1932. Ravel dirige em estreia o seu novo Concerto para piano e orquestra e ainda o “Bolero”, Freitas Branco dirige o resto do programa que inclui a Suite “Daphnis et Chloé”, a “Valsa”, a “Rapsódia Espanhola” e a “Pavana para uma Infanta Defunta”. Êxito absoluto, que o leva de imediato a ser convidado a dirigir as melhores orquestras da capital francesa, datando de então o seu prestígio como brilhante intérprete de música daquele país.

Entretanto em Portugal e também no início da década de 30, mais precisamente em 1934, era criada a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional à qual Freitas Branco esteve ligado desde a sua fundação, tendo sido o seu primeiro Maestro Titular, cargo que ocupou até à data da sua morte.

Durante a sua carreira, Pedro de Freitas Branco apresentou-se regularmente nos principais centros musicais europeus, nomeadamente em países como a Espanha, Inglaterra, Suíça, Alemanha Bélgica, Holanda, Itália e sobretudo França, onde gozava de enorme prestígio como grande intérprete dos autores franceses em geral e das obras de Ravel em particular.

Entre as orquestra que dirigiu encontram-se a Orquestra Nacional da Radiodifusão Francesa, a Orquestra Lamoureux, a Orquestra da BBC, a Orquestra Hallé e a Orquestra Sinfónica de Londres.

Em Portugal, com a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, destacam-se as inúmeras primeiras audições que realizou de obras modernas, portuguesas e estrangeiras, contribuindo assim para o enriquecimento cultural do país.

A sua última apresentação pública teve lugar no Cinema Tivoli em Lisboa a 16 de Dezembro de 1961.

Pedro de Freitas Branco viria a falecer cerca de 1 ano e meio depois, a 24 de Março de 1963.

Fiquemos com o testemunho de quem viveu esse último concerto, essa última apresentação do maestro Pedro de Freitas Branco à frente da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, acontecida no já longínquo ano de 1961, fiquemos com as palavras do violinista Vasco Barbosa:

“Sinto-me orgulhoso de ter tocado sob a sua direcção, não só como membro da Orquestra Sinfónica, como também a solo nos Concertos de Vieuxtemps, de Mozart e de Saint-Saens, na Rapsódia Espanhola, e ainda na Sinfonia Concertante para violino e viola de Mozart, tocando meu pai a parte de viola.

Apraz-me recordar o estrondoso sucesso a que assisti em Paris quando foi colocada uma placa comemorativa na casa onde nasceu Albert Roussel, sendo o nosso ilustre compatriota o escolhido entre muitos para dirigir a orquestra no Festival em homenagem ao grande compositor. O Teatro dos Champs Élysées estava completamente cheio e todo o público de pé ovacionou o grande maestro português numa verdadeira apoteose.

No seu memorável último concerto tive a honra de ser o solista da Orquestra. Apesar do seu visível sofrimento mostrou-se sempre cheio de dinamismo e autoridade, incutindo a toda a orquestra vibração e entusiasmo.

A ovação do público electrizado coroou plenamente o seu esforço e nós sentimo-nos comovidos pelo seu retumbante triunfo bem merecido, ao mesmo tempo que angustiados com o pressentimento de que seria a última vez que teríamos a honra e alegria de tocar sob a sua direcção”.

António Ferreira (pianista e musicólogo)

Antena 2, acesso a 15 de março de 2018

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