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João Braga
Fado
João Braga nasceu em Lisboa, em Alcântara, no dia 15 de Abril de 1945. Fez os primeiros estudos no Colégio São João de Brito onde cantou pela primeira em público, a solo, aos nove anos de idade, (1954), aquando da inauguração da cripta da igreja do colégio.
Rendeu-se ao rock’n’roll, jazz e bossa-nova, no limiar da sua adolescência, que ouviu pela primeira vez em casa do pai de um amigo. A partir de então, cada vez mais rendido, começou a adquirir gravações destes géneros musicais.
Em 1963 abandonou o curso de Direito para começar a “cantar ao Fado” no Galito (Estoril, 18 Março 1963), já que até aí cantara “a muitas outras músicas” (Sinatra, Roy Orbison, Nat “King” Cole, Aznavour, Everly Brothers (com Francisco Stoffel), Elvis, Beatles, Tom Jobim, João Gilberto, Vinícius de Moraes, Ray Charles, e tantos outros.
Entre 1963 e 1967, João Braga desenvolveu uma intensa actividade como amador, num processo muito rico de experiências e conhecimentos que passam por casas como a Tipóia (onde conheceu Manuel de Almeida e Maria da Fé), a Adega Machado (ambas em Lisboa), mas também por cantar em inúmeras festas de beneficência e outras “fadistices.
Em 1964 teve a sua primeira prova de fogo fadista na Tertúlia da Festa Brava. Conheceu Alfredo Marceneiro, Lucília do Carmo, Teresa Tarouca, os poetas Manuel de Andrade e João Fezas-Vital. No mesmo ano inaugurou o Estribo Club (Birre-Cascais) como casa de Fados, em parceria com Francisco Stoffell, mudando-se ambos para o bar Cartola (Cascais).
1965 é o ano do seu primeiro cachet (mil escudos) nas Festas de Nossa Senhora do Castelo (Agosto, em Coruche). Conheceu Carlos Ramos, João Ferreira-Rosa e Carlos do Carmo. Foi convidado a cantar, juntamente com Teresa Tarouca e António de Mello-Corrêa, na festa dos 50 anos de toureio de Mestre João Branco Núncio.
Em 1966, João Ferreira-Rosa inaugurou a Taverna do Embuçado, e João Braga passou a cantar aí diariamente, começando a alcançar uma maior projecção pública. Nesse ano conheceu uma das suas principais referências; Amália Rodrigues, e gravou o primeiro disco, um EP com 4 faixas: “É Tão Bom Cantar o Fado”, que sairá para o mercado no ano seguinte.
Em 1967, altura em que ingressou no serviço militar, profissionalizou-se como cantor. Lançou mais 3 EP e estreou-se a cantar na televisão (RTP), num programa apresentado por Júlio Isidro. Continuou a multiplicar a sua Discografia, e sucederam-se apresentações nos mais diversos palcos e na televisão.
Um dos momentos altos da sua carreira foi o convite para a co-organização do 1º Festival de Jazz em Cascais, e que contou com as presenças, entre outros, de Miles Davis, Ornette Coleman, Charlie Haden e Keith Jarret, entre outros.
Em 1974, face ao período conturbado que o país atravessava, partiu para o exílio em Madrid. De regresso a Portugal, inaugurou em 1976, a casa de Fado O Montinho, em Montechoro.
Na década de 70 João Braga destacou-se como um dos mais influentes intérpretes de Fado, denotando uma preocupação permanente pela inovação e progressos dos seus trabalhos. Dando mostras da sua enorme versatilidade, João Braga inaugurou O Páteo das Cantigas, em 1978 (onde se manteria até 1982), e lançou um novo álbum para a etiqueta Orfeu “Miserere”. Participou na série de programas para a RTP, “Fado Vadio”. Percorreu todo o país com espectáculos e foi um dos convidados para a homenagem a Pedro Homem de Mello, no Ateneu do Porto (1979).
Revelando-se com uma figura carismática do Fado, o início da década de 80 possibilitou-lhe um novo contrato com a Valentim de Carvalho. Foi convidado a participar no Casino Estoril, numa Gala em Honra da Princesa Grace, do Mónaco (1980) e, no Palácio de Queluz (Sala dos Embaixadores), para o Presidente do Brasil, João Baptista Figueiredo (1981). João Braga estreou-se como autor de melodias no LP “Do João Braga para Amália”.
Em 1987, João Braga dedicou-se à campanha “Timor87 – Vamos Ajudar!”, destinada a angariar fundos para os refugiados timorenses na Vale do Jamor.
Manteve o seu percurso na televisão (RTP2) com a gravação de um documentário “Desgarradas” com Artur Albarran e outros convidados. Gravou para a TV Globo, onde cantou poemas de Fernando Pessoa. Iniciou uma estreita colaboração e amizade com Manuel Alegre que, pela primeira vez, escreveu poemas inéditos para o cantor.
Em 1990 no decorrer de um espectáculo no Teatro São Luiz, foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural do Governo Português.
Conjuga a sua actividade de espectáculos com a de editor na revista “Eles & Elas” e na crónica semanal que apresenta na TSF. Neste período João Braga destacou-se como um dos impulsionadores da renovação do panorama fadista, com o convite e apresentação de novos talentos no género.
Em 1992 deu um concerto no Teatro de S. Carlos, por ocasião da Gala dos 25 anos de carreira. No âmbito da Expo´92 em Sevilha, apresentou-se no espectáculo «100 Anos de Fado», e os antigos alunos do Colégio de S João de Brito organizaram-lhe uma homenagem, durante a qual foi agraciado coma medalha «José Carlos Belchior».
Em 1995, aquando da Grande Noite do Fado, recebeu o Prémio Neves de Sousa. Em 1996 foi condecorado pelo Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, com a Medalha da Cruz Vermelha de Mérito.
Em 1997 celebrou 30 anos de carreira com a realização de um concerto no Teatro de São Luiz. A cidade de Lisboa prestou-lhe homenagem sendo-lhe oferecida uma gravura de Lisboa quinhentista.
João Braga inaugurou, por ocasião da Expo´98, o Palco do Fado sendo também um dos convidados para a Festa de Encerramento da Expo´98 e estreou-se com o concerto “Terra do Fado” (Land of Fado), no New Jersey Performing Arts Center, com lotação esgotada.
Em 1999, João Braga preparou o lançamento do novo CD “100 Anos de Fado”, (gravado ao vivo), editado pela Farol e apresentado no Salão Nobre dos Paços do Concelho da CML. Cantou ainda, na Gala do “Expresso”, um fado-homenagem de Manuel Alegre a Amália Rodrigues e foi escolhido para entregar o Troféu dos «25 Anos, 25 Nomes» à diva do fado.
Nesse ano João Braga participou, como cantor, produtor e apresentador, no espectáculo “Amália Para Sempre”, transmitido pela TVI». Em reconhecimento a uma das mais distintas carreiras de Fado, João Braga recebeu o Prémio Carreira da Casa da Imprensa. Apresentou-se no Parque das Nações, no concerto “100 Dias de Fado”, com Carlos Zel, Maria Ana Bobone, Miguel Sanches, António Pinto Basto e Ana Sofia Varela.
Nas celebração do 167º Aniversário do Café Martinho da Arcada, (2000) João Braga cantou temas de Fernando Pessoa e prestou nova homenagem a Amália Rodrigues em “Porto Amália” um espectáculo que contou com a sua colaboração como cantor, produtor e apresentador.
No âmbito da visita do Papa João Paulo II, o fadista organizou, como cantor produtor e apresentador, o concerto “Quando o Fado é Oração”.
No Salão Nobre dos Paços do Concelho (Lisboa) apresentou o novo CD “Cantar ao Fado”, considerado por João Braga o seu favorito.
Preparou a 2ª série de «100 Anos de Fado», num CD duplo gravado ao vivo no Parque das Nações. João Braga foi mais uma vez convidado a produzir e a apresentar o concerto realizado no Coliseu dos Recreios, «Uma vela por Amália», e onde revelou uma nova voz de Fado, Katia Guerreiro.
Em 2004, João Braga regressou, uma vez mais, ao palco do Teatro de São Luiz, para um concerto único. Para o espectáculo convidou Maria Ana Bobone e Ana Sofia Varela e os habituais músicos José Luís Nobre Costa, Carlos Gonçalves, Jaime Santos Jr., e Joel Pina.
Como guionista e produtor musical, apresentou com José Carlos Malato, o programa “Fados de Sempre”, onde todos os temas de Fado são cantados em dueto.
Na entrega dos Prémios de 2004 da Associação da Imprensa Estrangeira, interpretou um dos maiores êxitos de Carlos Paredes, “Verdes Anos”.
Em 2005 no grande espectáculo, organizado pela RTP1, e apresentado no Coliseu, a favor das vítimas do tsunami de Dezembro no Continente Asiático, cantou o tema «Bem Sei».
Em 2006 a RTP transmitiu o programa «Fados de Sempre2», da sua autoria, assinalando o regresso à televisão portuguesa, de duas grandes vozes: Fernanda Maria e do próprio João Braga (após uma intervenção cirúrgica a que foi submetido dois meses antes).
Nesse ano foi agraciado pelo presidente Jorge Sampaio, numa cerimónia no Palácio de Belém, com a “Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique”, numa justa homenagem a uma das mais distintas figuras nacionais.
Assinalou na Aula Magna, num espectáculo concebido, realizado, produzido e apresentado pelo fadista, os 40 anos de carreira. “De Alma e Coração” contou ainda com as actuações de nomes como Mafalda Arnauth, Miguel Ângelo, Rão Kyão, Miguel Guedes, entre outros.
Fonte: Museu do Fado/Meloteca