Francisco Eduardo da Costa, compositor, maestro, organista

Francisco Eduardo da Costa

Compositor . Pianista . Organista

Francisco Eduardo da Costa (Lamego, 15 de março de 1818 — Santo Ildefonso, Porto, 27 de agosto de 1855) foi um compositor, pianista, chefe de orquestra e professor de música portuense da primeira metade do século XIX

Francisco Eduardo da Costa era filho de José Luís da Costa, que teria casado em Viana do Castelo. Algumas obras apontam a cidade de nascimento do compositor como Lamego, divergindo de outras, em que se afirma ter sido no Porto. José Luís da Costa, aficionado da música e tocador de clarinete, incutiu nos filhos o gosto pela música, interessando-se em proporcionar-lhes uma educação musical. Entre os 4 filhos, Francisco Eduardo demonstrava, já na infância, uma disposição e sagacidade natural, tornando-se o discípulo predileto de seu pai. O primeiro campo em que Francisco demonstrou as habilidades, com apenas 5 anos, foi num manicórdio, sendo admirado pelo círculo de amigos da família, que, movidos, lhe encomendam um piano de Londres.

Francisco Eduardo da Costa aperfeiçoou através de um estudo metódico o piano e a Música teórica, revelando um talento nato, tocando em pouco tempo saraus para a nata da sociedade portuense.

D. Pedro IV, num destes saraus, admirado pelos talentos do jovem pianista, em conversa com dois ajudantes, revelou o desejo de o enviar para França, para lá terminar a educação artística e vir ocupar de seguida os lugares de Mestre da Real Câmara e da Família Real, vagos pela morte de Marcos Portugal. Tal não se concretizou, muito devido à precoce morte do rei.

Em 1833, com apenas 15 anos, foi acometido de graves problemas intestinais, que o acompanham nos anos seguintes. Terminada a Guerra Civil Portuguesa em 1834, começou a escrever e a compor, principiando com ensaios de quintetos e sextetos para vários instrumentos. A visita feita ao Porto em 1835 de D. Maria II, proporcionou ao artista a ocasião para a orquestração de um Te Deum, que se cantou na Igreja da Lapa. No ano seguinte, em 1836, encontra-se no Teatro de São João, à testa da companhia lírica, dirigindo tudo o que era relativo ao canto. Nesta época fundou uma Sociedade Filarmónica, com ajuda de amigos e colegas.

O bispo do Porto, D. Jerónimo Rebelo, motivado pelos elogios que ouvia a favor de Francisco Eduardo, chamou-o para ser Mestre e Organista da Sé Catedral, com a ideia de se utilizar dos serviços do jovem professor, que deixa neste lugar memória de artista distinto e mestre consciencioso. Iniciou neste período uma larga produção de música sacra.

Em 1854 adoeceu gravemente com tuberculose. Um contemporâneo descreve-o da seguinte forma: “(…) Perfeito modelo de bons filhos, bom irmão, bom amigo e excellente amigo dos seus collegas (…) que as Damas portuenses o tinham em tanta estima, que não se prestavam de boa vontade a cantar nos saraus, se o joven artista não as acompanhava (…)”.

Faleceu solteiro com apenas 37 anos, na Rua da Alegria, freguesia de Santo Ildefonso, no Porto, a 27 de agosto de 1855. Encontra-se sepultado no Cemitério do Prado do Repouso, num jazigo com monumento encimado por um busto “mandado erigir pelos amigos e admiradores”.

Francisco Eduardo da Costa foi também Cavaleiro da Ordem de Cristo, membro do Conservatório Real da Música de Lisboa e membro-fundador do Clube Portuense Os Bailes.

A vida deste compositor portuense é extensamente abordada no romance O Arco de Vandôma de Alberto Pimentel.

Obras

Te-Deum a grande orchestra (1835);
Missa de Santa Isabel (1836);
Missa a grande orchestra, dedicada à Sociedade Filarmónica;
Grande Missa, dedicada à Ordem Terceira de São Francisco;
Credo, dedicado à Ordem supra;
Missa com Órgão e vozes e acompanhamento de Baixos, dedicada ao Bispo do Porto;
Grande Missa com acompanhamento de orchestra, oferecida ao Conde de Ferreira;
2 missas com acompanhamento de orchestra;
2 missas mais pequenas;
6 Credos;
4 Graduaes;
Libera-me a grande orchestra;
Responsórios a grande orchestra, que serviram nas exéquias fúnebres de D. Maria II em 1853, mandadas celebrar pela Câmara do Porto;
6 Symphonias (fantasias para orquestra).

Fonte

Wikipédia

Retrato de Francisco Eduardo da Costa, por João António Correia (Paris, Imp. Lemercier, 1850)