Ercília Costa, fadista natural de Almada

Ercília Costa

Fado

Ercília Costa (Costa de Caparica, Almada, 1902 – 1985) foi uma actriz de revista, compositora e fadista portuguesa. Foi a primeira fadista portuguesa de projecção internacional, a primeira a fazer uma digressão no estrangeiro.

Popular na primeira metade do século XX, tempos em que recebeu as alcunhas de “Sereia peregrina do Fado”, “Santa do Fado” e “Toutinegra do Fado”, o seu nome é hoje pouco recordado, visto que as gravações discográficas que realizou são anteriores à década de 1950, altura em que o disco gravado começou a popularizar-se em solo luso.

Filha de pescadores, quase por acaso, tornou-se fadista ao se apresentar no Conservatório de Lisboa, devido a um anúncio de jornal, que anunciava a procura de cantores para uma récita no Teatro Nacional São Carlos. Escolhida para o elenco, acabou por não levar a cabo a representação.

Regressou à margem-sul do Tejo. Eugénio Salvador, ator que com ela se havia cruzado no Conservatório, convidou-a para o teatro, lembrado da voz que escutara naquele dia e assim entrou Ercília ainda adolescente para a companhia do Teatro Maria Vitória.

Embora estreando como atriz de revista, e tendo actuado com vedetas como Luísa Satanella ou Beatriz Costa, foi como fadista que mais se destacou. Cantava em directo também na rádio CTA, uma das primeiros rádios portuguesas. Teve uma produção discográfica bastante intensa.

Atuou nos mais populares retiros e casas de fado típicas da época.

Realizou sucessivas digressões, entre elas, uma na França em 1937, e nos Estados Unidos da América em 1939 e 1947, e Brasil. Participou em alguns filmes e foi também autora de alguns dos seus êxitos, incluindo Fado da mocidade ou O filho ceguinho (também conhecido como o Menor da Ercília).

Foi acompanhada por guitarristas como Armandinho ou Raul Nery, conceituados na sua geração e dois dos virtuosos históricos da guitarra portuguesa.

Após a sua participação no filme Madragoa retirou-se da vida artística para se dedicar ao casamento, projeto que manteve até à sua morte em 1985. Falecia então a primeira fadista portuguesa de projeção internacional, e uma das principais vedeta da música do início do século XX.

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