Alcindo de Carvalho, fadista

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Alcindo de Carvalho

Fado

Alcindo Simões de Carvalho nasceu a 9 de Janeiro de 1932, em Lisboa, na Rua da Rosa, no emblemático e castiço Bairro Alto. Aqui, Alcindo de Carvalho cresceu junto do seu pai, alfaiate de profissão e amante do fado, e dos seus cinco irmãos, entre os quais a guitarra e a viola marcavam presença em pequenos concertos familiares onde se tocava e cantava o fado. Aos poucos, Alcindo de Carvalho foi-se deixando abraçar pelo género musical e iniciou a interpretação em público dos seus primeiros temas de fado.

Nos início dos anos 1950, ingressou no mercado de trabalho e já empregado numa casa de comércio prestou as primeiras provas na rádio. Este facto teve como impulsionadora a filha do patrão onde trabalhava, que o inscreveu na Emissora Nacional com o propósito de prestar provas. O resultado foi feliz, e Alcindo de Carvalho passou a ser convidado para, regularmente, integrar alguns programas radiofónicos.

No meio artístico o seu talento foi descoberto por Márcia Condessa, também amiga da família, e aos 18 anos, a desafio do guitarrista Carvalhinho, passa a cantar na casa típica Márcia Condessa, estreando-se desta forma para um percurso de sucesso.

Certo dia, após um programa na Emissora Nacional, foi convidado por Lucília do Carmo para integrar o elenco do Faia, onde conheceu Carlos do Carmo.

Embora o seu pai fosse um grande admirador de fado, não aceitava de bom grado o facto de Alcindo de Carvalho seguir uma carreira artística, mas depois acabou ir ouvir o filho a cantar.

Durante mais de 25 anos, Alcindo de Carvalho foi vendedor de tintas, trabalho que realizava de dia, conjugando com as apresentações diárias nas diversas casas típicas de Lisboa, um período tido como mais “duro”, mas felizmente já ultrapassado. Apesar das poucas horas de sono, Alcindo de Carvalho guarda as melhores lembranças desses tempos, em que trabalhou com grandes nomes no género, casos de Carlos Ramos, Tristão da Silva, Fernando Farinha, Alfredo Marceneiro, entre outros.

No percurso das casas típicas destaca-se ainda a permanência durante 21 anos na Parreirinha de Alfama, propriedade de Argentina Santos e da excelente relação que ainda hoje mantêm com a fadista. Este episódio permitiu-lhe poder conciliar, em determinado momento da sua carreira, as actuações na Parreirinha de Alfama, na Taverna do Embuçado e mais recentemente no Clube de Fado.

De Carlos Ramos, Alcindo de Carvalho guarda os melhores momentos: “Ele foi uma pessoa maravilhosa para mim, tenho o repertório dele, canto muitas coisas dele, foi ele que me deu um livro de poemas antes de morrer.”

Hoje, Alcindo de Carvalho ainda revive os momentos que passou com o célebre fadista e que se tornou numa referência para a sua vida e carreira artística. “Ele tinha poemas maravilhosos, escritos por poetas maravilhosos e aquelas letras para mim dizem-me qualquer coisa” – afirma.

Do repertório de Alcindo de Carvalho também fazem parte letras de Artur Ribeiro, Moniz Pereira e Lopes Vítor, autor da controversa “A Morte da Mariquinhas”, entre outros.

Em 1974, Alcindo de Carvalho estreou-se na televisão, em programas que não tiveram continuidade.

Na década de 1980 gravou o primeiro disco para a etiqueta Telectra, um 45 rpm. Outras edições se seguiram (33 rpm, cassetes e CDs).

Na década de 1990, Alcindo de Carvalho foi convidado por Ricardo Pais a participar num programa de fados intitulado “Fados” e apresentado no Centro Cultural de Belém, ao lado de José Pedro Gomes e Carlos Zel. O espectáculo foi também apresentado em Marselha. Mais tarde, foi convidado por Filipe La Feria para o espectáculo “Cabaret”, com estreia no Teatro Politeama. No decurso destas experiências, Alcindo de Carvalho também nos partilhou o convite que teve para participar num festival em Londres, por ocasião da Semana de Portugal.

Na Grande Noite do Fado do ano 2004, Alcindo de Carvalho recebeu o Prémio de Carreira, e foi homenageado num espectáculo decorrido no Teatro de S. Luiz, em Lisboa.

Em 2005 subiu ao palco, em estreia no Teatro Nacional de São João (Porto), o espectáculo de Ricardo Pais “Cabelo Branco é Saudade”. Alcindo de Carvalho partilhou o elenco com Argentina Santos, Celeste Rodrigues e Ricardo Ribeiro. Acompanhados pela guitarra de Bernardo Couto, pela viola-baixo de Nando Araújo e sob a direcção musical de Diogo Clemente (também viola), este “Cabelo Branco é Saudade” apresentou-se em inúmeros espectáculos pela Europa e Japão.

Do seu vasto repertório destaque para os temas “Não venhas tarde” de Aníbal da Nazaré, “Bons Tempos” de José Galhardo, ambos popularizados por Carlos Ramos e “Fado de Ser Fadista” de Artur Ribeiro.

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