Ai, S. João adormeceu Ai, debaixo da laranjeira; Ai, caiu-lhe a flor por cima, Ai, S. João que tão bem cheira.
Ai, S. João p’ra ver as moças Ai, fez uma fonte de prata; Ai, as moças não vão à fonte, Ai, S. João todo se mata.
Ai, S. João fora bom santo Ai, se não fora tão gaiato; Ai, levava as moças p’rá fonte, Ai, iam três e vinham quatro.
Letra e música: Popular Arranjo e direcção musical: José Manuel David Intérprete: Gaiteiros de Lisboa (in CD “Avis Rara”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2012)
Bailava o Sol
[ São João ]
Bailava o Sol, bailava Ai, na manhã do São João; Raiavam cordas de amori Ai, dentro do meu coração.
Naquela relvinha verde Ai, foi a minha perdição; Perdi lá o anel d’oiro Ai, na manhã do São João.
Eu hei-de ir ao São João, Ai, o meu amori não queri; Deixai-o ir para fora, Ai, eu farei o que eu quiseri.
Eu hei-de ir ao São João Ai, com o meu amori ao lado; No largo do São João Ai, fica tudo adimirado.
Letra e música: Tradicional (Idanha-a-Nova, Beira Baixa) Arranjo: Velha Gaiteira Intérprete: Velha Gaiteira (in CD “Velha Gaiteira”, Velha Gaiteira/Ferradura, 2010)
Velha Gaiteira
Cântico dos Foliões
Ai São João foi baptizado Ai lá no rio de Jordão; Ai ele é sempre estimado Ai p’ra fazer uma função.
Ai São João se bem soubesse Ai quando era o seu dia, Ai descia do Céu à Terra Ai com prazer e alegria.
Ai nós somos todas mulheres Ai e temos bom coração, Ai e temos esta lembrança Ai de cantar a São João.
Letra e música: Tradicional (Ilha de Santa Maria, Açores) Informantes: Gualter Eusébio Figueiredo Coelho (11 anos), José da Trindade Fontes Correia (9 anos) e José Manuel de Sousa Medeiros (11 anos) (canto, tambor e címbalos) Recolha: Artur Santos (campanha de 1958) (“Cântico de Foliões”, do Império chamado ‘das crianças’ ou ‘dos inocentes’ em dia de S. João, in 12EP “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de Santa Maria”, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1963; 2CD “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de Santa Maria”: CD 2, faixa 7, Açor/Emiliano Toste, 2002) Adaptação: Segue-me à Capela Intérprete: Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)
Ilha de Santa Maria, Açores
Manhaninha de São João
Ó ó, São João do meio, Ai hei-de morar noutra rua! Ainda não tenho casa, Ai menina, arrende-me a sua!
Manhaninha de São João, Ao redor da alvorada, Ai Jesus Cristo se passeia Ao redor da fonte clara.
Eu hei-de ir ao São João, Ai hei-de lá ir, se lá for, Ou a pé ou a cavalo Ai ou nos braços do amor.
Jesus Cristo se passeia Ao redor da fonte clara, Ai e a água fica benzida E a fonte fica sagrada.
Eu hei-de ir ao São João, Ai hei-de lá ir, se lá for, Ou a pé ou a cavalo Ai ou nos braços do amor.
Jesus Cristo se passeia Ao redor da fonte clara…
Manhaninha de São João, Manhaninha de São João.
Letra e música: Tradicional (“S. João” – Idanha-a-Nova, Beira Baixa / “Manhaninha de S. João” – Moimenta da Raia, Vinhais, Trás-os-Montes) Recolhas: José Alberto Sardinha (“S. João”, 1981, in “Portugal – Raízes Musicais”: CD 4 – Beira Baixa e Beira Trasmontana, BMG/JN, 1997) e Michel Giacometti (“Manhaninha de S. João”, 1960, in LP “Trás-os-Montes”, série “Antologia da Música Regional Portuguesa”, Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1960; 5CD “Portuguese Folk Music”: CD 2 – Trás-os-Montes, Strauss, 1998; 6CD “Música Regional Portuguesa”: CD 3 – Trás-os-Montes, col. Portugal Som, Numérica, 2008) Arranjo vocal: Cristina Martins e Segue-me à Capela Arranjo de percussão: João Balão Intérprete: Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)
San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher
Oh meu São João Baptista!
[ São João de Alpalhão ]
Oh meu São João Baptista! Oh meu Baptista João! Vamos ir à água nova Na noite de São João!
São João baptiza Cristo, Cristo baptiza João: Ambos foram baptizados Lá no rio do Jordão.
São João p’ra ver as moças Fez uma fonte de prata; As moças não vão a ela, São João todo se mata.
Meu divino São João Que na mão tem a bandeira! Vamos ir ao rosmaninho P’ra fazermos a fogueira!
Letra e música: Tradicional (Alpalhão, Nisa, Alto Alentejo) Recolha: Michel Giacometti (in série documental “Povo Que Canta”, ep. “O S. João na Tradição Musical Popular”, RTP-1, 04 Set. 1972) Intérprete: Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)
Alpalhão, Nisa
Olha o balão
Olha o balão, na noite de São João Para poder dançar bastante com quem tenho à minha espera
Ó-I-ó-ai, pedi licença ao meu Pai, e corri com o meu estudante Que ficou como uma fera
Ó-I-ó-ai, fui comprar um manjerico Ó-I-ó-ai, vou daqui pró bailarico
E tenho um gaiato aqui dependurado Que é mesmo o retrato do meu namorado E tenho um gaiato aqui dependurado Que é mesmo o retrato do meu namorado
Toca o fungagá, toca o Sol e Dó Vamos lá, nesta marcha a fulambó Toca o fungagá, toca o Sol e Dó Vamos lá, nesta marcha a um fulambó
Olha o balão, na noite de São João Para não andar maçado da pequena me livrei
Ó-I-ó-ai, não sei com quem ela vai, cá para mim estou governado Com uma outra que eu cá sei
Ó-I-ó-ai, fui comprar um manjerico Ó-I-ó-ai, vou daqui pró bailarico Tenho uma gaiata aqui dependurada Que tem mesmo a lata, lá da namorada Tenho uma gaiata aqui dependurada Que tem mesmo a lata, lá da namorada
Toca o fungagá, toca o Sol e Dó Vamos lá, nesta marcha a um fulambó Toca o fungagá, toca o Sol e Dó Vamos lá, nesta marcha a um fulambó
Intérprete: Beatriz Costa
São João santo bonito
[ São João Bonito ]
Marcha Popular
São João santo bonito, bem bonito que ele é Bem bonito que ele é Com os seus caracóis de oiro, e o seu cordeirinho ao pé E o seu cordeirinho ao pé
Não há nenhum assim, pelo menos para mim Nem mesmo São José
Santo António já se acabou O São Pedro está-se acabar São João, São João Dá cá um balão Para eu brincar
São João vem ver as moças, que bonitas que elas são Que bonitas que elas são São ainda mais bonitas, na noite de S. João Na noite de S. João Não escapa um só rapaz O que é que o Santo lhes faz Vai tudo no balão.
Santo António já se acabou O São Pedro está-se acabar São João, São João Dá cá um balão Para eu brincar
São João santo bonito, dos milagres sem igual Dos milagres sem igual Conserva a santa alegria, da gente de Portugal Da gente de Portugal Ouve a nossa canção, e livrai de todo o mal Meu rico São João
Santo António já se acabou O São Pedro está-se acabar São João, São João Dá cá um balão Para eu brincar
Intérprete: Lenita Gentil, Voz à Solta
São João
São João perdeu
São João perdeu, perdeu… Ai São João que perderia? Perdeu o lenço da mão Ai, ai à vinda da romaria.
São João, se bem soubera Ai quando era o seu dia, Descia do Céu à Terra Ai com prazer e alegria.
Letra e música: Tradicional (Estorãos, Ponte de Lima, Minho) Recolha: Michel Giacometti (in série documental “Povo Que Canta”, ep. “Cantos do Trabalho em Estorãos”, RTP-1, 13 Dez. 1973) Intérprete: Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)
https://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2020/06/sao-joao-ilustracao.jpg400400António Ferreirahttps://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/03/Logomarca-MELOTECA-300x86.jpgAntónio Ferreira2020-06-23 12:05:082023-05-02 12:41:20Canções a São João
Hoje há festa na rua, as fitas já estão penduradas A noite é longa, as sardinhas já estão assadas Escrevi no meu balão, antes de o lançar, Uma quadra de S. João só p’ra te falar
Ai, que o Santo António não se zangue Mas eu hoje peço ao S. João Que me traga o meu amor Que o escrevi no meu balão
Tê-lo longe é bem mais duro que alho-porro no nariz Ele anda por aí no mundo e nada me diz O baile começou e eu sem par para dançar O João Maria veio lampeiro com um manjerico p’ra me dar
Mas eu não quis Ai, fado infeliz!
Ai, que o Santo António não se zangue Mas eu hoje peço ao S. João Que me traga o meu amor Que o escrevi no meu balão
Há quadras, há festa, há bailes p’ra dançar Há vinho do Porto e foguetes no ar Mas meu amor não vai voltar Ali vai meu coração na esperança de te encontrar
Na esperança de te encontrar…
Letra e música: Vânia Couto Intérprete: Pensão Flor Versão original: Pensão Flor (in CD “O Caso da Pensão Flor”, Pensão Flor/Brandit Music, 2013)
Pensão Flor
Letras aos Santos Populares
De várias regiões de Portugal
Santo António
Santo António é o primeiro A trazer a gente à rua, Santinho casamenteiro, Juntou o Sol e a Lua.
Santo António de Lisboa
É noite de Santo António Estalam foguetes no ar; Põem o manjerico á janela E vem para a rua dançar.
Fiz quadras a Santo António E até mesmo a São João Para São Pedro vou tentar Mas falta-me inspiração.
Quando chove a tarde inteira Até a noiva molha a luva São Pedro fecha a torneira Não te armes em manda-chuva.
Santo António é a treze São João a vinte e quatro São Pedro a vinte e nove São os Santos Populares Que existem em Portugal.
Há marchas por todo o lado E fogueiras para saltar E as sortes para tirar Há moças por toda a parte Pois elas querem casar.
Santos Populares
Primeiro Santo António; Depois São João; Depois São Pedro Para o fim da reinação.
Ora viva o mês de Junho Viva o mês dos casamentos Quem pedir ao Santo António Não vai perder o seu tempo.
Porque o Santo é casamenteiro Amigo das raparigas A noite de Santo António É a noite das cantigas.
As moças pedem ao Santo Uma coisa que não têm Porque nunca foram amadas Precisam de amar alguém.
Ó meu senhor Santo António Atendei ao meu pedido Eu quero uma companhia Senhor dê-me um bom marido.
Eu agradeço ao meu Santo Te ponho um cravo na mão Vem o dia vinte e quatro O dia de S. João.
S. João é engraçado E tem coisas divertidas Vão á fonte buscar água Para ver as raparigas.
Traz uma infusa na mão De passinho miudinho Para ver as moças chegar Espera lá num cantinho.
A fonte de S. João É uma nascente e tem valor No alto de uma serra Em que S. João é pastor.
Pastando suas ovelhas De bordãozinho na mão Anda sempre acompanhado Quem andar com S. João.
Já lá foi vinte e quatro Vamos para vinte e nove Que tem muito que falar S. Pedro Pescador Tem muitas histórias para contar.
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
Contacte-nos:
António José Ferreira 962 942 759
Vamos todos marchar
Vamos todos marchar Com o manjerico na mão Para oferecer à eleita Do seu terno coração.
Este dia de S. João É um dia bem lembrado Atum, maçaroca e feijão Assim, ele é festejado.
As marchas de S. João Fazemos com alegria Cantamos e bailamos Fazemos uma romaria.
Ó meu S. João de Braga Ó meu belo marinheiro Levai a nossa barca Para o Rio de Janeiro.
Manjericão vira a folha Quando o tempo está do mar E também viro as costas A quem não me sabe amar.
Na janela do meu quarto Não quero manjericão Dá-lhe o sol, vira a folha Faz-me uma grande escuridão.
Recordo-me de ser criança De ir à festa me alegrar Ia-se à igreja ver o S. João Depois, a casa regressar.
A fogueira é para saltar, A brasa para assar, A sardinha é para comer, E o vinho para beber.
O passado é para recordar, O presente para viver, O futuro para aguardar E a sardinha para comer.
São João para ver as moças, Fez uma fonte de prata. As moças não vão lá, São João todo se mata.
Sardinhas e manjericos, ando a cheirar pelo ar. Que tal uma quadra fazer ao meu Santo Popular?
São João, São Joãozinho. Quando não posso com o maior, trago o mais pequenino.
Para fazer a fogueira, vamos buscar pinhas ao Covão. Depois saltamos a fogueira, na noite de São João.
Nas marchas populares Saltam cantigas aos molhos Os corações se alegram Com sorrisos nos olhos.
Neste dia de festa
Neste dia de festa Traz uma cantiga e vem pró arraial Anda rapariga prá nossa festa E brincar no areal.
São os Santos Populares Festa dos balões e manjericos Os cheiros andam no ar E adoçam os namoricos.
Ó meu rico São João Dá-me cá um balão P’ra na roda entrar E cantar uma canção.
Ó meu rico São João Arranja-me um rapaz solteiro Que seja bom e bonito E que tenha muito dinheiro.
Vou pedir-te um milagre Meu São Pedro Padroeiro Dá-nos sol e bom tempo Durante o ano inteiro.
Ó meu rico São João Venho aqui à tua beira Colher uma lenhinha P’ra acender a fogueira.
A São João vou cantar Pois é dele este dia E a todos vou desejar Paz, Amor e Alegria.
São João lindo santinho Os teus caracóis são d’ouro E o teu alvo cordeirinho É o teu maior tesouro.
Chamam-lhe o Santo bonito Isso não sei se ele é Mas nele eu acredito E tenho devota fé.
Se eu saltar a fogueira E queimadinha ficar Não hei-de ser a primeira A com o fogo brincar.
São Pedro
O São Pedro, é um artista, Que diz aos jovens foliões; Usem o beijo como isca Para pescarem corações.
Com tanta gente a pecar Do Jordão até ao Mondego, São Pedro pode ir parar Às portas do desemprego.
Oh! São Pedro pescador… Ai que noite atribulada. Fui pescar com o meu amor, Fiquei com a rede furada.
S. Pedro é pescador Lança ao mar sua barquinha Rema, rema todo o dia E só volta de tardinha.
S. Pedro sente-se feliz Nas ondas no mar sagrado Quem se junta a S. Pedro Anda bem acompanhado.
Eu vejo que são corajosos E suas almas são boas Lançam as redes ao mar Mesmo a volta das canoas.
Parecem ser honestos Trabalham em união Passa Jesus e convida-os Para outra embarcação.
Vamos ao calhau
Vamos ao calhau de S. Jorge Que há-de ser sempre lembrado Porque em dia de S. Pedro Estava sempre acompanhado.
À sessenta anos atrás Eu lembro-me muito bem Vinha gente de S. Jorge e de Santana Também lá cantavam e brincavam Passavam o dia bem.
A última festa que houve Parece que estou a ver A banda de Santana Que foi bonito a valer. E também comes e bebes Melhor não podia haver.
Era uma vez por ano Que esta festa se fazia Pelas voltas do calhau Saíam em romaria.
Ao chegar ao fim da tarde Cantigas por toda a banda Começavam no bailinho E acabavam no charamba.
Eu vou dar por terminado Tenho a caneta na mão Agora já não fazem festas Acabou a tradição.
[ Madeira ]
A fogueira é para saltar
A fogueira é para saltar, A brasa para assar, A sardinha é para comer, E o vinho para beber.
O passado é para recordar, O presente para viver, O futuro para aguardar E a sardinha para comer.
São João para ver as moças, Fez uma fonte de prata. As moças não vão lá, São João todo se mata.
Ando na rua da noite, Bebo vinho de saudade; Cada esquina é um açoite Fustigando a claridade.
Vou de noite pela noite, De uma vida sem idade: Não há corpo onde me acoite, Não há casas na cidade.
Vou de noite pelo ventre De ruas mal-assombradas, Levo uma alma doente Nas minhas mãos desfasadas.
Vou de noite pela noite, De uma vida sem idade: Não há corpo onde me acoite, Não há casas na cidade.
No rio vejo um navio Rumando rumo à infância… Tenho frio, tenho frio, Morro do mal da distância.
Corro as ruas da cidade Sempre à procura de mim, Mas ela não tem piedade E nunca mais chego ao fim.
Ando na rua da vida, Bebo sumo de tristeza; Deitando contas à vida Somo apenas a pobreza.
Ando na rua da vida, Bebo sumo de tristeza; Quem andar assim perdida Não se encontra, com certeza.
Na cama só vejo lama, Na rua só piso água; Quem me fala? Quem me chama O nome de Mulher-Mágoa?
Corro as ruas da cidade Sempre à procura de mim, Mas ela não tem piedade E nunca mais chego ao fim.
Letra: José Carlos Ary dos Santos Música: Nuno Nazareth Fernandes Intérprete: Elisa Lisboa (in EP “Mulher-Mágoa”, Columbia/EMI, 1969, reed. digital Edições Valentim de Carvalho, 2021) Elisa Lisboa – voz Arranjo e direcção de orquestra – Jorge Machado
Elisa Lisboa, EP Mulher-Mágoa, Columbia/EMI, 1969
As canseiras desta vida
[ Canseiras ]
As canseiras desta vida Tanta mãe envelhecida A escovar A escovar A jaqueta carcomida Fica um farrapo a brilhar
Cozinheira que se esmera Faz a sopa de miséria A contar A contar Os tostões da minha féria E a panela a protestar
Dás as voltas ao suor Fim do mês é dia 30 E a sexta é depois da quinta Sempre de mal a pior
E cada um se lamenta Que isto assim não pode ser Que esta vida não se aguenta – o que é que se há-de fazer?
Corta a carne, corta o peixe Não há pão que o preço deixe A poupar A poupar A notinha que se queixa Tão difícil de ganhar
Anda a mãe do passarinho A acartar o pão pró ninho A cansar A cansar Com a lama do caminho Só se sabe lamentar
É mentira, é verdade Vai o tempo, vem a idade A esticar A esticar A ilusão de liberdade Pra morrer sem acordar
É na morte ou é na vida Que está a chave escondida Do portão Do portão Deste beco sem saída -qual será a solução?
Autor: Bertolt Brecht/José Mário Branco Intérprete: José Mário Branco
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
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Já estou louca de estar só
[ Fala da Mulher Sozinha ]
Já estou louca de estar só, Acompanhada de nada; Já estou cheia de ser rua Tão corrida, tão pisada; Já estou prenhe de amizades, Tão barriga de saudades…
Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão E nela entrelaçar o olhar duma canção: Chegar ao cume, ao cimo, ao alto, Mais longe e mais além, Mas a saber que sou alguém!
Na cidade sou loucura, Sou begónia, sou ciúme… E eu que sonhava ser lume, Caminho, atalho e lonjura, Não tenho assento na festa, Sou a migalha que resta…
Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão E nela entrelaçar o olhar duma canção: Chegar ao cume, ao cimo, ao alto, Mais longe e mais além, Mas a saber que sou alguém!
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto, Mais longe e mais além, Mas a saber que sou alguém!
Letra: Eduardo Olímpio Música: Paco Bandeira Intérprete: Margarida Bessa (in CD “Fado”, Movieplay, 1995)
Lá vem a Marianita
[ História da Marianita ]
Lá vem a Marianita, foi posta com as malas à porta O amo mandou-a embora mas ela não chora, cá pouco se importa Andava fisgado nela, foi ter-lhe ao quarto à tardinha “Mariana, por mais que tu faças, tu de hoje não passas, és minha!” “Não me dás cabo da vida que essa não ta dou por nada! Mil vezes me dei perdida, mas outras mil eu dei-me achada.”
Desdenha, vem prenha Pragueja, deseja e ralha mas quando trabalha não estranha
Que tens tu, ó Mariana, que não sossegas um dia? Não foi proveito nem fama: já chora já mama, cá tudo se cria Vai por serras e veredas a ver onde é que há jornada Que importa que o povo diga se a vida castiga por tudo e por nada O amo quere-a de volta mas ela não verga a haste Hei-de criá-lo sozinha, a cria é só minha, tu tarde piaste
Desdenha, vem prenha Pragueja, deseja e ralha mas quando trabalha não estranha
Desdenha, vem prenha Pragueja, deseja e ralha mas quando trabalha não estranha
A noite é que guarda a Lia O poente é que a embala P’ra a vida não ser bravia Tem de a gente amansá-la A mão que nos guarda a vida É a mão que nos dá a manha Só leva a vida vencida Quem aprova e não estranha
Letra e música: Sebastião Antunes Intérprete: Sebastião Antunes & Quadrilha (in CD “Perguntei ao Tempo”, Sebastião Antunes/Alain Vachier Music Editions, 2019) Versão original: Quadrilha com Segue-me à Capela (in CD “A Cor da Vontade”, Vachier & Associados, 2003)
Luísa sobe
[ Calçada de Carriche ]
Luísa sobe, sobe a calçada, sobe e não pode que vai cansada. Sobe, Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.
Saiu de casa de madrugada; regressa a casa é já noite fechada. Na mão grosseira, de pele queimada, leva a lancheira desengonçada. Anda Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.
Luísa é nova, desenxovalhada, tem perna gorda, bem torneada. Ferve-lhe o sangue de afogueada; saltam-lhe os peitos na caminhada. Anda Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.
Passam magalas, rapaziada, palpam-lhe as coxas, não dá por nada. Anda Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.
Chegou a casa não disse nada. Pegou na filha, deu-lhe a mamada; bebeu a sopa numa golada; lavou a loiça, varreu a escada; deu jeito à casa desarranjada; coseu a roupa já remendada; despiu-se à pressa, desinteressada; caiu na cama de uma assentada; chegou o homem, viu-a deitada; serviu-se dela, não deu por nada. Anda Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.
Anda Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada. Anda Luísa…
Poema: António Gedeão (excerto) Música: José Niza Arranjo: José Calvário Intérprete: Carlos Mendes (in LP “Fala do Homem Nascido”, Orfeu, 1972, reed. Movieplay, 1998)
CALÇADA DE CARRICHE
António Gedeão, in “Teatro do Mundo”, Coimbra: Edição do autor, 1958; “Poesias Completas”, Portugália Editora, 1964, 5.ª edição, 1975 – p. 115-120; “Poemas Escolhidos: Antologia Organizada pelo Autor”, Lisboa: Edições João Sá da Costa, 1997 – p. 34-37).
Luísa sobe, sobe a calçada, sobe e não pode que vai cansada. Sobe, Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.
Saiu de casa de madrugada; regressa a casa é já noite fechada. Na mão grosseira, de pele queimada, leva a lancheira desengonçada. Anda Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.
Luísa é nova, desenxovalhada, tem perna gorda, bem torneada. Ferve-lhe o sangue de afogueada; saltam-lhe os peitos na caminhada. Anda Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.
Passam magalas, rapaziada, palpam-lhe as coxas, não dá por nada. Anda Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.
Chegou a casa não disse nada. Pegou na filha, deu-lhe a mamada; bebeu da sopa numa golada; lavou a loiça, varreu a escada; deu jeito à casa desarranjada; coseu a roupa já remendada; despiu-se à pressa, desinteressada; caiu na cama de uma assentada; chegou o homem, viu-a deitada; serviu-se dela, não deu por nada. Anda Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.
Na manhã débil, sem alvorada, salta da cama, desembestada; puxa da filha, dá-lhe a mamada; veste-se à pressa, desengonçada; anda, ciranda, desaustinada; range o soalho a cada passada; salta para a rua, corre açodada, galga o passeio, desce a calçada, chega à oficina à hora marcada, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga; toca a sineta na hora aprazada, corre à cantina, volta à toada, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga. Regressa a casa é já noite fechada. Luísa arqueja pela calçada. Anda Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada, sobe que sobe, sobe a calçada, sobe que sobe, sobe a calçada. Anda Luísa, Luísa sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.
Maria Joana, do que és tu feita?
[ Mulher Feiticeira ]
Maria Joana, do que és tu feita? És entre os poetas mulher perfeita São quantos os homens contigo enrolada Na mente, no peito, na cama deitada?
São quantas as cores entre os teus amores que ficam mais vivas? São quantos alentos que mudas ao centro por dentro da vida Como uma miragem, contigo em viagem, teus apaixonados Que ficam para sempre contigo na mente e em parte alterados?
O que tu tens, o que tu tens, Maria? O que tu tens e do que é feito o teu ser? O que tu tens, porque tens tu magia? O que tu tens, o que tu tens que eu quero ter?
Maria Joana, descomplicada Fragrância em delírio bem perfumada Faz seus prisioneiros relaxando a vida Dá o seu corpo inteiro com peso e medida
Acende-se a chama, ficas inspirado levando o teu ser À serotonina que sobe tão fina subindo o prazer De corpo suado, mostrando outro lado num lado qualquer Fez sua magia, fez feitiçaria, Maria mulher
O que tu tens, o que tu tens, Maria? O que tu tens e do que é feito o teu ser? O que tu tens, porque tens tu magia? O que tu tens, o que tu tens que eu quero ter?
No ser delicada, na vida focada e tão original Que já não vê fronteiras, contorna barreiras, faz o desigual Assume na vida nova perspectiva e sabe o que não quer Faz feitiçaria com sua magia, Maria mulher
O que tu tens, o que tu tens, Maria? O que tu tens e do que é feito o teu ser? O que tu tens, porque tens tu magia? O que tu tens, o que tu tens que eu quero ter?
Letra e música: Luís Pucarinho Intérprete: Luís Pucarinho (in CD “SaiArodada”, Luís Pucarinho/Alain Vachier Music Editions, 2018)
Menina de olhar sereno
[ Menina do Alto da Serra ]
Menina de olhar sereno raiando pela manhã de seio duro e pequeno num coletinho de lã.
Menina cheirando a feno casado com hortelã.
Menina que no caminho vais pisando formosura levas nos olhos um ninho todo em penas de ternura. Menina de andar de linho com um ribeiro à cintura.
Menina de andar de linho com um ribeiro à cintura.
Menina da saia aos folhos quem te vê fica lavado água da sede dos olhos pão que não foi amassado.
Menina de riso aos molhos minha seiva de pinheiro menina da saia aos folhos alfazema sem canteiro.
Menina de corpo inteiro com tranças de madrugada que se levanta primeiro do que a terra alvoraçada.
Menina de corpo inteiro com tranças de madrugada que se levanta primeiro do que a terra alvoraçada.
Menina da saia aos folhos quem te vê fica lavado água da sede dos olhos pão que não foi amassado.
Menina de fato novo Ave-Maria da terra rosa brava rosa povo brisa do alto da serra.
Rosa brava rosa povo brisa do alto da serra.
Letra: José Carlos Ary dos Santos Música: Nuno Nazareth Fernandes Intérprete: Kátia Guerreiro e Ney Matogrosso (in CD “Tudo ou Nada”, Som Livre, 2005) Versão original: Tonicha – “Menina” (1971)
Minha mulher
[ Minha Metade ]
Minha mulher Singelo encanto Minha alma-irmã És meu farol Raio de sol Luz da manhã
Minha empatia Sabedoria Sem ter idade Minha poesia Minha alegria Minha metade
Meu lindo bem-querer Rosa do meu jardim Não canso de dizer O que és p’ra mim:
Minha água clara Pedra tão rara Meu talismã Rima e compasso Meu terno amasso Minha maçã
Letra e música: Aníbal Raposo (2011-01-31) Intérprete: Aníbal Raposo (in CD “Rocha da Relva”, Aníbal Raposo/Global Point Music, 2013)
Mulher chegada ao sonho adolescente
[ Mulher-Amor ]
Mulher chegada ao sonho adolescente botão de esperança num sorriso alegre mulher inteira, coração contente que guarda com ternura a última boneca para quem o amor é a coisa mais pura
Mulher capaz de ter nas mãos serenas toda a força do amor que habita em si e sabe pôr nas coisas mais pequenas um gesto de ternura mulher igual a mim mulher que és mãe és a mulher mais pura
Mulher que chega à esquina da idade carregada dos seus anos doirados cada ruga lhe traz uma saudade e afaga com ternura seus cabelos grisalhos bebendo o amor da sua fonte pura
cada ruga lhe traz uma saudade e afaga com ternura seus cabelos grisalhos bebendo o amor da sua fonte pura
Letra: Manuel Lima Brummon Música: António Chainho Intérprete: Tereza Tarouca (in LP “Portugal Triste”, Alvorada/Rádio Triunfo, 1980; CD “Tereza Tarouca”, col. O Melhor dos Melhores, vol. 32, Movieplay, 1994; CD “Teresa Tarouca”, col. Clássicos da Renascença, vol. 15, Movieplay, 2000; CD “Álbum de Recordações”, Alma do Fado/Home Company, 2006)
Olha, não chores, maninha
[ Cicatriz de Ser Mulher ]
Olha, não chores, maninha, que eu não sei se vai passar… essa tristeza tão funda não sei se passa a chorar!
Olha, que pena, maninha, essa flor de malmequer, essa tristeza tão funda, cicatriz de ser mulher!
Lembras? Que lindo o teu homem e que meigo o seu olhar e como ardia o teu corpo ao seu mais leve tocar?
Foi de repente, maninha, como tudo se mudou: o amante foi senhor, o senhor tudo esmagou!
Sei que é tão frágil a flor que brotou do coração e dói ver um corpo bandido desfolhá-la pelo chão!
Olha, que os homens, maninha, andam tontos pelo mundo: pisam com fúria tamanha o seu berço mais profundo!
E já não falo da guerra com soldados frente a frente: deixam a saia sangrando, deixam pegadas no ventre!
Dizem “quem cala consente!”, mas custa tanto falar: o medo dentro da gente ficou mudo de gritar!
Olha, não chores, maninha, que eu apago, se puder, essa tristeza tão funda, cicatriz de ser mulher!
Letra e música: João Lóio Intérprete: João Lóio* (in CD “Canções de Amor e Guerra”, João Lóio, 2002)
[Créditos gerais do disco]: Carlos Rocha – guitarras acústica e eléctrica João Lóio – voz e guitarra acústica Firmino Neiva – baixo eléctrico Arnaldo Fonseca – acordeão Mário Teixeira – caixa de rufo Regina Castro e Guilhermino Monteiro – coros Arranjos e direcção musical – Carlos Rocha, Firmino Neiva e João Lóio Gravado por Fernando Rangel, nos Estúdios Fortes & Rangel, Porto, em Abril de 2002 Mistura – Fernando Rangel, Carlos Rocha, Firmino Neiva e João Lóio Masterização – Fernando Rangel
Veio de longe
Maria Lua (Mulher)
Veio de longe para encontrar outra lua, outro lugar Veio sozinha Maria Lua acende o mar
Sem pressa… Sem medo… nem nada…
Veio de longe veio a cantar outra terra, outro ar Veio sozinha Maria Lua cor de luar
Maria Lua lua do mar…
Ela sabe quem é cheira a café Ela sabe o que quer é mulher
Maria Lua nunca se há-de casar Ela é amante do mar
Veio de longe para encontrar outra lua, outro lugar Veio de longe Maria Lua acende o mar
Maria Lua lua do mar…
Ela sabe quem é cheira a café Ela sabe o que quer é mulher
Maria Lua nunca se há-de casar Ela é amante do mar
Maria Lua nunca se há-de casar Ela é amante do mar
Maria Lua lua do mar…
Ela é amante do mar Maria Lua lua do mar…
Letra: Eugénia Ávila Ramos Música: Tiago Oliveira Intérprete: Rua da Lua (ao vivo no Teatro da Luz, Lisboa) Versão original: Rua da Lua (in CD “Rua da Lua”, Rua da Lua, 2016)
Velha da terra morena Pensa que é já lua cheia; Vela que a onda condena Feita em pedaços na areia.
Saia rota subindo a estrada, Inda a noite rompendo vem, A mulher pega na braçada De erva fresca, supremo bem.
Canta a rola numa ramada, Pela estrada vai a mulher: “Meu senhor, nesta caminhada Nem m’alembra do amanhecer!”
Há quem viva sem dar por nada, Há quem morra sem tal saber… Velha ardida, velha queimada, Vende a fruta se queres comer.
À noitinha, a mulher alcança Quem lhe compra do seu manjar, Para dar à cabrinha mansa, Erva fresca da cor do mar.
Na calçada uma mancha negra Cobriu tudo e ali ficou: Anda, velha da saia preta, Flor que ao vento no chão tombou!
No Inverno terás fartura Da erva fora supremo bem… Canta, rola, tua amargura! Manhã moça nunca mais vem…
Letra e música: José Afonso Intérprete: Teresa Silva Carvalho / introdução por Vitorino (in LP “Ó Rama, Ó Que Linda Rama”, Orfeu, 1977, reed. Movieplay, 1994)
Créditos gerais do disco: Teresa Silva Carvalho – voz Júlio Pereira – violas acústica e clássica, bandolim e percussões Pedro Caldeira Cabral – guitarra portuguesa e rabeca Catarina Latino – flauta barroca e cornamusa Zé Luiz Iglésias – viola clássica Pintinhas – percussões Hélder Reis – acordeão Vitorino – voz masculina Grupo Coral de cantadores do Redondo Produção e direcção musical – Vitorino Gravado nos Estúdios Arnaldo Trindade, Lisboa Técnicos de som – Manuel Cunha e Moreno Pinto URL: https://www.museudofado.pt/fado/personalidade/teresa-silva-carvalho
Capa do LP “Ó Rama, Ó Que Linda Rama” (Orfeu, 1977) Desenho e execução – Jean Laffront
Elfiede Engelmayer dá a explicação deste texto: trata-se de uma velha mulher do Alentejo que ganhava a vida com a venda de erva.
José Afonso conheceu-a quando ela já tinha mais de setenta anos. Todos os dias, andava pelas ruas e estradas com uma cesta de erva cuja venda era o seu sustento e com que se alimentava o gado. Esta “profissão” desapareceu com a modernização da agricultura. A canção relata o encontro entre o cantor e a mulher.
Na segunda estrofe, ele vê-a a subir a estrada, vindo na sua direcção. Na terceira, eles trocam algumas palavras e depois ela prossegue o seu caminho sem ouvir o comentário do cantor. Na primeira estrofe, a “vela condenada pela onda” simboliza que ela não tem, e nunca teve, futuro.
Oona Soenario (in “A canção de intervenção Portuguesa: Contribuição para um estudo e tradução de textos”, Universidade de Antuérpia, 1994-1995)
O cantar dos reis, também chamado “reisadas”, é uma secular tradição portuguesa que acontece entre o Natal (25 de dezembro) e o dia de Reis (6 de janeiro), assumindo características diferenciadoras em certas regiões.
Acompanhados por instrumentos musicais, grupos de amigos e conhecidos (reiseiros) vão de casa em entoando cantigas com que se deseja boas festas e um feliz ano novo e se pede um donativo. As janeiras têm o foco no desejar um bom ano e não tanto no nascimento de Jesus. As tradicionais janeiras e cantares ao Menino assumem no concelho de Faro a forma particular de encontros de charolas, amplamente participados.
Na linha das tradições musicais portuguesas (e no âmbito de Educação Musical e de Música), podem ser manifestação de empatia com a comunidade educativa. Na escola, as quadras podem ser preparadas com os alunos, atividade que fomenta a criatividade e o gosto da poesia.
Meloteca, recursos musicais criativos para crianças, professores, educadores e animadores
A cabana está fechada
1. A cabana está fechada, o Menino está lá dentro. Vinde dar as Boas Festas. Ó que lindo nascimento.
Vamos todos, vamos todos, vamos todos a Belém adorar o Deus Menino que Nossa Senhora tem.
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
Contacte-nos:
António José Ferreira 962 942 759
A cantar-vos as janeiras
A cantar-vos as janeiras aqui estamos reunidos. Desejamos um bom ano aos amigos mais queridos.
1. Vivam os colegas, e os professores, os auxiliares e educadores.
Versão das janeiras “Boas festas, boas festas” destinada à escola.
Agora que eu vou cantar
Agora que eu vou cantar, viva o meu atrevimento. Quem não me quiser ouvir bote os ouvidos ao vento.
Por bem cantar, mal não digas dos que a voz aqui levantam, pois uns cantam o que sabem e outros sabem o que cantam.
Popular do Alentejo
Alegres cantam os sinos
1. Alegres cantam os sinos nesta noite de Natal em que Jesus veio ao mundo para nos livrar do mal.
Vinde, pastores, correi a Belém, ver na lapinha Jesus nosso bem. Vinde adorar o Menino, Vinde todos a Belém.
2. Glória a Deus nas alturas, estão anjos a cantar. Vinde adorar o Menino que nasceu p’ra nos salvar.
3. Ó meu menino Jesus, nascidinho na probreza, tomai posse da minha alma que é toda a minha riqueza.
Cantar. 1964, 4ª ed., 162-163.
Aqui estamos nós
Aqui estamos nós Neste belo dia Cantando as janeiras Com muita alegria.
P’ra a nossa família E p’ra toda a gente Que o ano novo seja excelente.
2. Para os colegas E os professores, Os auxiliares E educadores…
3. Que os nossos amigos Tenham amizade, Muita alegria E felicidade.
Aqui estamos nós todos reunidos
Aqui estamos nós todos reunidos cantando as janeiras aos nossos amigos, sem nenhum interesse com muita amizade, cantando as janeiras à sociedade.
Somos cá da terra e vimos cantar, dar as boas festas p’ra vos alegrar. Neste ano novo que Deus nos ajude, nos dê muita paz e muita saúde.
1. Somos bons amigos e vimos cantar dar as boas festas p’ra vos alegrar. Neste novo ano que Deus nos ajude, nos dê muita paz e muita saúde.
2. ‘Stamos a acabar, temos de partir mas jamais iremos sem nos despedir. Senhores da casa batam-nos as palmas, sejam lá bondosos pelas vossas almas.
Aqui vêm as três rosinhas
Aqui vêm as três rosinhas quatro ou cinco ou seis se o senhor nos dá licença vimos-lhe cantar os reis
Os três reis do oriente já chegaram a Belém visitar o Deus Menino que Nossa Senhora tem.
O menino está no berço coberto c’o cobertor e os anjinhos estão cantando louvado sej’o Senhor.
O Senhor por ser Senhor nasceu nos tristes palheiros, deixou cravos, deixou rosas, deixou lindos travesseiros.
Você diz que tem bom vinho có có có, venha-nos dar de beber, rintintin, florin-tintin, traililairó.
Donões, Montalegre, Trás-os-Montes
Aqui vimos, aqui estamos
Aqui vimos, aqui estamos, aqui vimos, bem sabeis, vimos dar as boas festas e também cantar os reis.
1. Pastores, pastores, vamos todos a Belém visitar Maria e Jesus também.
2. Nasceu o Menino Jesus, nasceu para nos salvar; vamos todos a Belém, o verdadeiro lugar.
3. Quem diremos nós que viva no raminho de oliveira? Viva o Senhor Alberto e viva a família inteira.
Final: Pastores, pastores, vamos a Belém visitar Maria e Jesus também.
Trad. Louredo/Resende, Portugal
Boas festas
Boas festas, boas festas aos amigos vimos dar. Um bom ano, um bom ano vos queremos desejar.
1. Ó vós que dormis em cama macia, já nasceu o filho da Virgem Maria.
Boas festas, boas festas
1. Boas festas, boas festas tenha vossa senhoria, com boas entradas de ano com prazer e alegria.
Vamos todos juntos, todos reunidos dar as Boas Festas aos nossos amigos.
2. Como alegres passarinhos a nossa vida é cantar e aos senhores desta casa queremos saudar.
3. Vivam todos meus senhores, vivam todos em geral. Deus lhes dê um ano novo isento de todo o mal.
Cantar 1964, 4ª ed. 158-159.
Boas noites
Boas noites, boas noites, boas noites de alegria, que lhas manda o Rei da Glória, filho da Virgem Maria.
Naquela relvinha, c ’o vento gelou, a mãe de Jesus tão pura ficou.
Dominus excelsis Deo, que já é nascido O que nove meses andou escondido.
De quem é o chapeuzinho Qu’além ‘stá pendurado? É do senhor José que Deus o faça um cravo.
De quem é o vestidinho cosido com seda branca? É da senhora Susana que Deus a faça uma santa.
De quem será é o pente d’oiro Que se achou no arvoredo? É da senhora Clara que lhe caiu do cabelo.
De quem eram as liguinhas que se acharam entre as ervas? Eram da senhora Rosa que lhe caíram das pernas.
De quem seriam eram as botinhas que estavam no sapateiro? Eram do senhor Custódio que as pagou c’o seu dinheiro.
Levante-se lá, senhora do seu banco de cortiça. Venha-nos dar as janeiras, ou morcela ou chouriça.
Levante-se lá, senhora, desse seu rico banquinho, Venha-nos dar as janeiras em louvor do Deus Menino.
Levante-se lá, senhora, desse seu rico assento. Venha-nos dar as janeiras em louvor do Nascimento.
Levante-se lá, senhora, desse seu banco de prata, Venha-nos dar as janeiras que está um frio que mata.
(Se demoram a dar as janeiras…)
Levante-se lá, senhora dessa cadeirinha torta. Venha-nos dar as janeiras se não batemos-lhe à porta.
(Se dão as janeiras, cantam a despedida.)
Despedida, despedida, despedida quero dar. Os senhores desta casa bem nos podem desculpar.
(Se não dão as janeiras)
Esta casa não é alta, tem apenas um andar. Estes barbas de farelo nada têm p’ra nos dar.
Esta casa é bem alta, forradinha de papel. O senhor que nela mora É um grande furriel.
Esta casa é bem alta, forradinha a papelão. O senhor que nela mora é um grande forretão.
(Trelinca a martelo torna a trelincar. Estes barbas de chibo não têm que nos dar.)
(Quando vão comer as janeiras)
Naquela relvinha, naquela lameira, detrás da fontinha se come a Janeira.
Gloria in excelsis Deo, que já é nascido O que nove meses andou escondido.
Recolha de várias com base na de Vale de Lobo, BB – Etnografia da Beira, I vol., Jaime Lopes Dias, 2ª ed. Empresa Nacional de Publicidade, Lisboa 1944, 159. Pequenas adaptações.
Boas noites, meus senhores
Boas noites, meus senhores, Boas noites vimos dar. Vimos pedir as janeiras Se no-las quiserem dar.
Aqui vimos, aqui vimos, Aqui vimos bem sabeis. Vimos dar as boas festas E também cantar os reis.
Ano Novo, Ano Novo, Ano Novo, melhor ano. Vimos cantar as janeiras Como é de lei cada ano.
Levante, linda senhora Desse banquinho de prata. Venha-nos dar as janeiras Que está um frio que mata.
As janeiras são cantadas Do Natal até aos Reis. Olhai lá por vossa casa Se há coisa que nos deis.
Cá estamos à sua porta
Cá estamos à sua porta, um grupo de amigos seus. Falar bem nada nos custa: santa noite lhe dê Deus.
Que tenha um próspero ano e não esqueça a virtude. Que tenha muita alegria e outra tanta saúde.
A quem tanto bem nos faz Deus livre de pena e dano. Fiquem com Deus, passem bem! Até ao próximo ano!
Adapt. Aqui ‘stou à sua porta mais dois camaradas meus. Falar bem nada nos custa: santas noites lhes dê Deus.
Venho lhes dar os bons anos que pelas festas não pude. Venho ao fim de saber novas da sua saúde.
Trad. Portugal, Peroguarda
Cantemos
Cantemos, cantemos, cantemos com alegria. Vimos dar as Boas Festas à nossa freguesia.
1. A senhora desta casa está sentada num banquinho. Venha o prato das filhoses e o garrafão do vinho.
2. A senhora que aqui mora seria boa pessoa se nos trouxesse presunto e um pedaço de broa.
Cantemos todos lindas canções
Cantemos todos lindas canções. Louvam a Deus os corações. Já é nascido, haja alegria!, o Deus menino, Avé Maria.
Entrai, pastores, entrai por esse portal sagrado. Vinde adorar o menino numas palhinhas deitado.
Da serra veio um pastor à minha porta bateu. Trouxe uma carta que diz: “O Deus menino nasceu!”
Pela oferta que nos deram, o nosso muito obrigado. Tenham um bom ano novo de paz e amor recheado.
Debaixo de uma oliveira
Debaixo de uma oliveira, um anjo do céu dizia: a todos os moradores muita paz e alegria!
1. As janeiras são cantadas em janeiro pelos Reis. Nasceu um lindo menino, o seu nome já o sabeis.
2. Boas festas, boas festas vos dizemos neste dia; vós dais-nos as janeirinhas, nós trazemos a alegria.
3. A todos os que aqui ‘stão a ouvir-nos a cantar, nós desejamos bom ano e saúde a transbordar.
Trad. Portugal
Em Belém, à meia noite
1. Em Belém, à meia noite, noite de tanta alegria já nasceu o Deus Menino, Filho da Virgem Maria.
Pastores, pastores, vinde todos a Belém adorar o Deus Menino, que Nossa Senhora tem.
2. Viva lá, senhora Amélia raminho de amendoeira. ‘Inda neste mundo anda já no céu tem a cadeira.
3. Viva lá, o menino Diogo que lá está juntinho à brasa. Venha-nos dar as janeiras que é o morgado da casa.
4. Viva lá, senhor Armando raminho de salsa crua. Quando vai para a igreja alumia toda a rua.
5. A todos que aí estão ao redor dessa fogueira, santa paz lhes desejamos ‘té à hora derradeira.
Cf. Cantar. 1964, 4ª ed., 152-153.
Esta casa é tão alta
Esta casa é tão alta, É forrada de papelão. Aos senhores que cá moram, Deus lhe dê a salvação.
Esta noite
Esta noite é de janeiras. Cantemos com alegria. Já nasceu o Deus Menino Filho da Virgem Maria,
Filho da Virgem Maria Numas palhinhas deitado. Deu à luz esta criança O Deus Menino Sagrado.
Estou a ver a dona de casa Pelo buraco da fechadura. Venha-me dar a esmola Que o frio já não se atura.
Quando vinha aí em baixo Topei com uma cortiça. Logo o meu coração disse Que aqui davam uma chouriça.
Autor: Diogo Graça Carolino Alvalade – Sado
Esta noite é de janeiras
Esta noite é de janeiras e dum grande merecimento por ser a noite primeira em que Deus passou tormento.
Os tormentos que passou, eu lhes digo a verdade: o seu sangue derramou p ’ra salvar a sociedade.
Um raminho, dois raminhos, um raminho de salsa crua. Ao pé da tua cama nasce o sol e põe-se a lua. Daqui donde estou bem vejo um canivete a bailar para cortar a chouriça que a senhora me há-de dar.
Esta noite é de janeiras, in cancioneiro Popular Português, Michel Giacometti; F. Lopes-Graça. Círculo de Leitores 1981, 46.
Esta noite é de janeiras, é de grande mer’cimento
Esta noite é de janeiras, é de grande mer’cimento. Por ser a noite primeira em que Deus passou tormento.
Os tormentos que passou de Sua livre vontade, o Seu Sangue derramou p’ra salvar a Cristandade.
O Seu Sangue derramou, Seu Sangue derramaria p’ra salvar a Cristandade, São Pedro, Santa Maria!
Ao fim de séculos passados, foram ver a sepultura. Acharam ossos mirrados, o sinal da criatura!
Esta noite de Ano Novo é de tão alto valor. Deus lhe dê muita saúde e pão ao Sr. Doutor!
Viva o Sr. Dr. Carlos que vela p’los pobrezinhos Deus lhe dê muita saúde pra criar os seus filhinhos!
Esta casa está juncada com junquilhos da ribeira. Viva o dono desta casa, mais a sua companheira!
Esta casa está juncada com ramos de erva cidreira. Deus lhe dê muita saúde, e à sua família inteira!
janeiras, in cancioneiro de Serpa, M. Rita Ortigão P. Cortez, Ed. C.M. Serpa 1994, 366-367.
Foi tão belo o que aconteceu
Uma estrela os guiou
Inda agora
‘Inda agora aqui cheguei, já começo a cantar. ‘Inda não pedi licença, não sei se ma querem dar.
Pastores, Pastores, vinde todos a Belém adorar o Deus Menino que Nossa Senhora tem.
Levante-se lá, ó senhora, desse seu lindo banquinho. Venha o prato das filhoses e uma garrafa de vinho.
Levante-se lá, ó senhora dessa cadeira de prata, Venha-nos dar as janeiras que está um frio que mata.
Inda agora aqui cheguei
Inda agora aqui cheguei, mal pus o pé na escada, logo o meu coração disse: aqui mora gente honrada.
Ó irmãos na caridade, notícias vos trago eu: às doze horas da noite o Deus Menino nasceu.
Nasceu numas tristes palhas como nasce o cordeirinho. Por causa dos meus pecados foi preso ao madeirinho.
De quem é a bengalinha que está ali no bengaleiro? É do patrão desta casa que é um bom cavalheiro.
Já os campos averdegam
Já os campos averdegam noite e dia à bela luz. Ó que lindo nascimento teve o menino Jesus.
Andámos de casa em casa por atalhos e caminhos, os corações sempre em brasa como outrora os pastorinhos.
2. Ó meu menino Jesus, meu lindo amor perfeito, se vós tendes frio vinde parar ao meu peito.
Já os três reis vão chegando
1. Já os três reis vão chegando à lapinha de Belém adorar o Deus Menino que Nossa Senhora tem.
Com muitas graças aqui viemos as boas festas lhes cantaremos.
2. A cabana era pequena, não cabiam todos três; adoraram o Menino cada um por sua vez.
3. Nossa Senhora lhe disse: – Filho meu, que te farei?! Não tenho cama nem berço, nos braços te criarei.
Já os três reis são chegados
1. Já os três reis são chegados às portas do Oriente visitar o Deus Menino, Senhor Deus omnipotente.
2. Já os três reis são chegados à lapinha de Belém, visitar o Deus Menino que a Nossa Senhora tem.
3. Nossa Senhora Lhe disse: – Filho meu, que Te farei? Não tenho cama nem berço, nos braços te criarei.
4. Estas casas são bem altas, têm defronte um laranjal. Viva quem está dentro delas, vivam todos em geral.
Meia noite dada
1. Meia noite dada, meia noite em pino, cantavam os galos, nascia o Menino.
2. Chorava o Menino como um enjeitado, em lapa da serra, não no povoado.
3. Menino tão rico que pobre estais!… Deitado no feno, entre animais!
4. Os filhos dos homens em berço doirado, e Vós, meu Menino, em palhas deitado!
5. Em palhas deitado, tão pobre esquecido, filho de uma rosa, de um cravo nascido.
6. E do Oriente os três reis vieram. Oiro, incenso e mirra lhe ofereceram.
Nesta casa há amor
Nesta casa há amor, junta-se a paz à lareira para ouvir cantar em grupo cantadores, cantadeiras.
1. Vimos cantar as janeiras Do tempo da nossa avó. Somos gente das aldeias unidas num grupo só.
2. Nos braços da bela aurora vejo o menino brincando com a mãozinha de fora todo o Mundo abençoando.
Neste dia de Janeiro
Neste dia de Janeiro nós cá ‘stamos a cantar. Um bom ano para todos vos queremos desejar.
É nascido o Deus Menino, Filho da Virgem Maria. Cantemos em seus louvores nossos hinos de alegria.
Cf. Cantar, 1964, 4ªed., 176.
Nós aqui vimos
Nós aqui vimos, todos reunidos, dar as Boas Festas aos nossos amigos.
Não é com interesse mas com amizade dar as Boas Festas à sociedade.
Sobreirinho ramalhudo que nos dás a bolota, se tens filhos ou criados mandai-nos abrir a porta.
Pela oferta que nos deram o nosso muito obrigado. O nosso rancho agradece nós p’ró ano cá voltamos
Modivas, Ourém
Nós somos os três reis
1. Nós somos os três reis que vimos do Oriente trazer as boas festas com paz p’ra toda a gente. Nós somos os três reis guiados por uma luz. Adoramos o Deus Menino que se chama Jesus.
2. Nós somos os três reis, Baltazar e Gaspar. Também o Belchior O veio adorar. Nós somos os três reis guiados por uma luz. E trouxemos três presentes p’ro Menino Jesus.
O ano vem vindo
[ Bons Anos ]
O ano novo vem vindo Sorridente e a cantar; O velho que vai saindo Vai triste por acabar.
Eu já vejo a luz acesa; Sei que não estás dormindo. A mulher vai pondo a mesa; Tua porta vai abrindo.
Está um frio que corta, Aqui não posso ficar. Se tu não abres a porta, Noutro lugar vou cantar.
Letra: Maria Angelina de Arruda Medeiros Ponte Música: Tradicional (Maia, Ribeira Grande, Ilha de São Miguel, Açores) Arranjo: Miguel Pimentel Intérpretes: Miguel Pimentel com Maria José Victória (in CD “A Roda do Ano”, Miguel Pimentel, 2002, reed. Açor/Emiliano Toste, 2019)
Ó da casa, nobre gente
Ó da casa, nobre gente, escutareis e ouvireis Das bandas do Oriente são chegados três reis.
São três reis, são três c’roados, vinde ver quem vos c’roou, e mais quem vos ordenou no vosso santo caminho.
Mandou Deus, por uma estrela que lhe ensinasse o caminho; a estrelinha foi pousar no alto duma cabana…
A cabana era pequena, não cabiam todos três; adoraram Deus Menino cada um por sua vez.
Todos Lhe ofereceram ouro e mirra e incenso; não lhe ofereceram mais nada porque Ele era Deus imenso.
Tradicional de Cinfães, Portugal
Ó de casa, alta nobreza
Ó de casa, alta nobreza, mandai-nos abrir a porta, ponde a toalha na mesa com caldo quente da horta!
Teni, ferrinhos de prata, ao toque desta sanfona! Trazemos ovos de prata fresquinhos, prá vossa dona.
Senhora dona de casa, à ilharga do seu Joaquim, vermelha como uma brasa e alva como um jasmim!
Vimos honrar a Jesus numas palhinhas deitado: o candeio está sem luz numa arribana de gado.
Mas uma estrela dianteira arde no céu, que regala! A palha ficou trigueira, os pastorinhos sem fala.
Dá-lhe calorzinho a vaca, o carvoeiro uma murra, a velha o que traz na saca, seus olho mansos a burra.
Já as janeiras vieram, os Reis estão a chegar, Os anos amadurecem: estamos para durar!
Já lá vem Dom Melchior sentado no seu camelo cantar as loas de cor ao cair do caramelo.
Ó incenso, mirra e oiro, que cheirais e luzis tanto, não valeis aquele tesoiro do nosso Menino santo!
Abride a porta ao peregrino, que vem de num longe, à neve, de ver nascer o Menino nas palhinhas do preseve.
Acabou-se esta cantiga, vamos agora à chacota: já enchemos a barriga, sigamos nossa derrota!
Rico vinho, santa broa calça o fraco, veste os nus! Voltaremos a Lisboa pró ano, querendo Jesus.
Recolha de Vitorino Nemésio (1901-1978)
O Menino está deitado
1. O Menino está deitado com Maria e José. Cantamos nós com os anjos: “Gloria tibi Domine”. .
2. Entrai, pastores, entrai na lapinha de Belém. Adorai o Deus Menino que nasceu p’ra nosso bem.
Cf. Cantar. 1964, 4ª ed.
Os pastores vão andando
Os pastores vão andando, andando sempre à porfia a ver quem chega primeiro aos pés da Virgem Maria.
Boas festas, meus senhores, festas de tanta alegria. Já nasceu o Deus Menino, Filho da Virgem Maria.
Para quem está ouvindo esta nossa melodia, pedimos ao Deus Menino lhes dê paz e alegria.
Aqui ‘stou à sua porta c’um pé frio e outro quente. Venha dar-nos as janeiras, um copinho de aguardente.
Cantar. 1964, 4ª ed., 174-175.
Para te cantar os Reis
[ Os Reis ]
Para te cantar os Reis Trepei tua canadinha, Trepei tua canadinha; Daqui não levanto o pé Sem chouriço ou galinha, Sem chouriço ou galinha!
Está um terrale que corta! Se tu és homem de brio, Se tu és homem de brio, Vem-nos abrir a porta! Estou enrilhado com frio, Estou enrilhado com frio.
Ó porta que te não abres, Ó ferrolho que não corres, Ó ferrolho que não corres, Ó almas, em consciência, Não considereis que morres? Não considereis que morres?
Letra e música: Tradicional (Vila do Nordeste, Ilha de São Miguel, Açores) Recolha: Artur Santos (campanha de 1960) (in 7LP “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de S. Miguel”, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1965, reed. 4CD “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de S. Miguel”: CD 1, faixa 5, Açor/Emiliano Toste, 2001) Intérprete: Helena Oliveira (in CD “EssênciasAcores”, Helena Oliveira/HM Música, 2010)
Reis na Casa dos Açores em Toronto
Que estás a fazer, criança
Que estás a fazer, criança, sentado na pedra fria? Estou à espera do menino Filho divino à luz do dia.
1. Andamos de casa em casa por atalhos e caminhos, os corações sempre em brasa como outrora os pastorinhos.
2. Vimos dar as Boas Festas, Boas Festas vimos dar, que nasceu o Deus menino nas palhinhas ao luar.
Senhora dona da casa
Senhora dona da casa Deixe-se estar que está bem. Mande-nos dar a esmola Pela rosa que aí tem.
1. Abram-se lá essas portas Ainda não estão bem abertas Que nasceu o Deus menino Vou-lhe dar as boas festas.
2. Boas festas meus senhores Boas festas lhes vou dar. Que nasceu o Deus menino Nesta noite de Natal.
3. Nesta noite de Natal Noite de santa alegria Já nasceu o Deus menino Filho da Virgem Maria
Senhores, nós vos trazemos
1. Senhores, nós vos trazemos a mensagem de Belém: nasceu já o Deus Menino e Maria é sua mãe.
2. Nas bandas do Oriente Uma estrelinha brilhou E guiando os três reis Magos Sobre o presépio poisou.
Nestas noites de Natal como é bom pelo luar vir até vós meus senhores lindas janeiras cantar.
3. Tudo acorre à lapinha para adorar o Senhor. Não deixemos nós também de cantar o seu louvor.
4. Como somos mensageiros, não podemos demorar. A boa nova iremos a outros anunciar.
5. Levantai-vos, vinde ver-nos e trazei-nos as janeiras porque esta noite está fria, só nos sabem as fogueiras.
6. Vamos dar a despedida até ao ano que vem. Fiquem-se com Deus, senhores, e sua divina mãe.
Letra: Delmar Barreiros, Cantar. 1964, 4ª ed, p. 166-167.
Um Ano Novo entrou
Um Ano Novo entrou, as janeiras vamos cantar pedindo a vossa bondade de quem nos queira ajudar.
janeiras, lindas janeiras, senhores vimos cantar. Boas Festas e alegria vos queremos desejar.
Que todos os Mirenses Tenham muitas felicidades, presentes e ausentes de todas as idades.
Senhores não demoreis que é muito frio o luar, Vinde-nos dar as janeiras que nós temos de caminhar.
Boas noites meus senhores até p’ró ano que vem. Alegria e paz em Deus e na Virgem, Sua Mãe.
Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras, Vamos cantar as janeiras Por esses quintais adentro vamos Às raparigas solteiras.
Vamos cantar orvalhadas, Vamos cantar orvalhadas. Por esses quintais adentro vamos Às raparigas casadas.
Vira o vento e muda a sorte, Vira o vento e muda a sorte. Por aqueles olivais perdidos Foi-se embora o vento norte.
Muita neve cai na serra, Muita neve cai na serra. Só se lembra dos caminhos velhos Quem tem saudades da terra.
Quem tem a candeia acesa, Quem tem a candeia acesa. Rabanadas pão e vinho novo Matava a fome à pobreza.
Já nos cansa esta lonjura, Já nos cansa esta lonjura. Só se lembra dos caminhos velhos Quem anda à noite à ventura.
José Afonso
Vimos cantar as janeiras
Vimos cantar as janeiras desejando neste dia um bom ano para toda a escola com saúde e alegria.
Vimos cantar as janeiras desejando neste dia um bom ano p’ra toda a família com saúde e alegria.
Vimos cantar as janeiras desejando neste dia um bom ano para os moradores desta linda freguesia.
Vimos cantar as janeiras desejando neste dia um bom ano para toda a gente com saúde e alegria.
Para a melodia de janeiras de José Afonso
Vinde, pastores
Vinde, pastores, depressa que já nasceu o Menino. Já se cumpriu a promessa, vamos a tocar o sino.
1. janeiras, lindas janeiras, janeiras da minha aldeia. Sois quais estrelas fagueiras nas noites de lua cheia.
2. janeiras, lindas janeiras senhores, vimos cantar. Boas Festas e alegrias vos queremos desejar.
3. Sopram os ventos da serra, caem estrelas do céus, Alegre-se toda a terra, nasceu o Menino Deus.
4. Senhores, não demoreis, que é muito frio o luar. Vinde-nos dar as janeiras, que temos de caminhar.
5. Levantai-vos da lareira e vinde depressa ver a grandiosa fogueira que o Menino há-de aquecer.
6. Ó janeiras de Vilar Como vós não há igual. Dais consoada aos pobres nestas noites de Natal.
7. A mensagem de Natal a todos dê luz e amor. Oxalá por toda a vida vos guie com seu fulgor.
8. Boas noites, meus senhores, até para o ano que vem. Alegria e paz em Deus e na Virgem sua Mãe.
Letra: J. Geraldes, Cantar. 1964, 4ª ed., 169-171.
Viva lá
Viva lá, minha senhora, casaquinho de veludo; Quando mete a mão ao bolso, tem dinheiro para tudo.
Refrão: Boas Festas, Boas Festas, vos dizemos neste dia. Venham-nos dar as janeiras, com prazer e alegria.
Viva lá, minha senhora, no seu livrinho a ler; Quando vai para a janela, parece o sol a nascer.
Viva lá, minha senhora, linda estrela do norte. Que Deus a deixe criar para uma boa sorte.
Levante-se lá, minha senhora, desse banco de cortiça. Venha-nos dar as janeiras, ou de carne, ou de chouriça.
Alegrias populares, vol. II, Jaime Pinto Pereira, Ed. autor 1967, 22 Vila Verde, Tourais
Viva lá, minha senhora
Viva lá, minha senhora, Raminho de salsa crua. Quando chega à janela Põe-se o sol e nasce a lua.
Viva lá minha senhora Linda boquinha de riso, Linda maçã camoesa Criada no paraíso.
Ó que estrela tão brilhante Que vem dos lados do norte. À família desta casa Deus lhe dê a melhor sorte.
De quem é o anel d’oiro Com pedrinhas no Redol. É do menino João Que é bonito como o sol.
Viva lá menina Rita. Suas faces são romãs. Seus olhos são mais galantes Do que a estrela da manhã.
Ó que estrela tão brilhante Que vem dos lados do norte. À família desta casa Deus lhe dê a melhor sorte.
A silva que nasce à porta Vai beber à cantadeira. Levante daí senhora Venha-nos dar a Janeira.
Alegrai-vos companheiros Que já sinto gente andar. É a senhora da casa Que nos vem a convidar.
Ó que estrela tão brilhante Que vem dos lados do norte. À família desta casa Deus lhe dê a melhor sorte.
QUADRAS INTRODUTÓRIAS
Boas noites, boas noites, boas noites de alegria, que lhas manda o Rei da Glória, filho da Virgem Maria.
Os três reis do oriente já chegaram a Belém visitar o Deus Menino que Nossa Senhora tem.
Cá estamos à sua porta, um grupo de amigos seus. Falar bem nada nos custa: santa noite lhe dê Deus.
Andámos de casa em casa por atalhos e caminhos, os corações sempre em brasa como outrora os pastorinhos.
O menino está no berço coberto c’o cobertor e os anjos estão cantando louvado seja o Senhor.
Aqui ‘stou à sua porta mais dois camaradas meus. Falar bem nada nos custa: santas noites lhes dê Deus.
Venho lhes dar os bons anos que pelas festas não pude. Venho ao fim de saber novas da sua saúde.
QUADRAS PARA REFRÃO
A cantar-vos as janeiras aqui estamos reunidos. Desejamos um bom ano aos amigos mais queridos.
Aqui vimos, aqui estamos A cantar, já o sabeis. vimos dar as boas festas e também cantar os reis.
Boas festas, boas festas aos amigos vimos dar. Um bom ano, um bom ano vos queremos desejar.
QUADRAS PARA VIVAS
Viva lá quem nos escuta, vivam todos em geral. Deus vos dê um ano novo E a todo o Portugal.
Como aqueles passarinhos que estão sempre a cantar. Aos senhores desta casa nós queremos saudar.
Boas festas, boas festas tenha vossa senhoria, com boas entradas de ano com prazer e alegria.
Quem diremos nós que viva no raminho de oliveira? Viva o Senhor Alberto e viva a família inteira.
Por bem cantar, mal não digas dos que a voz aqui levantam, pois uns cantam o que sabem e outros sabem o que cantam.
Boas noites, meus senhores, Boas noites vimos dar. Vimos pedir as janeiras Se no-las quiserem dar.
As janeiras são cantadas Do Natal até aos Reis. Olhai lá por vossa casa Se há coisa que nos deis.
Levante, linda senhora desse banquinho de prata. Venha-nos dar as janeiras que está um frio que mata.
De quem é o vestidinho cosido com seda branca? É da senhora Susana que Deus a faça uma santa.
De quem seriam eram as botinhas que estavam no sapateiro? Eram do senhor Custódio que as pagou c’o seu dinheiro.
Levante-se lá, senhora do seu banco de cortiça. Venha-nos dar as janeiras, ou morcela ou chouriça.
Levante-se lá, senhora, desse seu rico assento. Venha-nos dar as janeiras em louvor do Nascimento.
Levante-se lá, senhora dessa cadeirinha torta. Venha-nos dar as janeiras se não batemos-lhe à porta.
DESPEDIDA
Que tenha um próspero ano e não esqueça a virtude. Que tenha muita alegria e outra tanta saúde.
A quem tanto bem nos faz Deus livre de pena e dano. Fiquem com Deus, passem bem! Até ao próximo ano!
Despedida, despedida, despedida quero dar. Os senhores desta casa bem nos podem desculpar.
Esta casa não é alta, tem apenas um andar. Estes barbas de farelo nada têm p’ra nos dar.
Esta casa é bem alta, forradinha a papelão. O senhor que nela mora Tem um grande coração.
https://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/08/reis.jpg400400António Ferreirahttps://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/03/Logomarca-MELOTECA-300x86.jpgAntónio Ferreira2020-05-07 05:19:452024-11-02 05:55:53Canções de Reis
Loja Meloteca, recursos musicais criativos para a infância
A todos um bom Natal
A todos um bom Natal, a todos um bom Natal. Que seja um bom Natal para todos nós. Que seja um bom Natal para todos nós.
1. No Natal pela manhã ouvem-se os sinos tocar e há uma grande alegria no ar.
2. Nesta manhã de Natal há em todos os países, muitos milhões de meninos felizes
3. Vão aos saltos pela casa descalços ou em chinelas, procurar as suas prendas tão belas.
4. Depois há danças de roda as crianças dão as mãos. No Natal todos se sentem irmãos.
5. Se isso fosse verdade para todos os meninos era bom ouvir os sinos a cantar.
Alegrem-se os céus e a terra
Alegrem-se os céus e a terra, cantemos com alegria que nasceu o Deus Menino, Filho da Virgem Maria!
1. Entrai, pastores, entrai, por este portal sagrado. Vinde adorar o Menino numas palhinhas deitado.
2. Entrai, pastores, entrai, por este portal adentro; vinde adorar o Menino no seu santo nascimento.
3. Vinde todos, vinde todos, à lapinha de Belém adorar o Deus menino que nasceu p’ra nosso bem.
Linhares, Beira Alta
Alta Vai a Lua Alta
Alta vai a Lua alta como o Sol do meio-dia. Mais alta ia a Senhora quando para Belém ia.
São José ia atrás dela, alcançá-la não podia. Foi alcançá-la a Belém onde ela estava parida.
Tão grande era a sua pobreza que nem um panal tenia. Botou as mãos à cabeça, a um véu que ela trazia.
Partiu-o em três bocados, em três bocados o partia: um era para de manhã, outro para o meio-dia,
outro para a meia-noite quando Jesus adormia. Desceram os anjos do Céu Cantando: avé, Maria! Avé, Maria de graça, de graça avé, Maria!
Letra e música: Tradicional (Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal) Arranjo: Catarina Moura, César Prata e Anel Ninas Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)
Beijai o Menino
Beijai o Menino! Beijai-o agora! Beijai o Menino De Nossa Senhora!
Beijai o Menino! Beijai-o agora! Beijai o Menino De Nossa Senhora!
Beijai o Menino! Beijai-o no pé! Beijai o Menino De S. José!
São os filhos dos homens Em berços doirados… E vós, meu Menino, Em palhinhas deitado.
Em palhinhas deitado, Em palhinhas esquecido… Filho de uma rosa, De um cravo nascido.
Beijai o Menino! Beijai-o agora! Beijai o Menino De Nossa Senhora!
Sois manso cordeiro Que estais nessa cruz, Com os braços abertos; Perdoai-nos, Jesus!
Letra e música: Tradicional (Trás-os-Montes) Adaptação: José Barros Arranjo: José Manuel David e José Barros Intérprete: Navegante (in CD “Meu Bem, Meu Mal”, Tradisom, 2008) Outra versão de Navegante (in CD “Cantigas Tradicionais Portuguesas de Natal e janeiras”, José Barros/MediaFactory, 2009)
Cai a neve branca
1. Cai a neve branca sobre a natureza e na terra inteira há paz e beleza.
2. Em tudo há doçura, tudo é irreal quando é meia noite, noite de Natal.
3. Uma estrelinha de uma estranha luz anuncia ao mundo: já nasceu Jesus.
Cantam os anjos sem cessar
1. Cantam os anjos sem cessar: já é Natal. Tocam os sinos sem parar, já é Natal. Reis vão ao presépio, com lindos presentes. Todos cantamos sem cessar, já é Natal.
2. Cantam os anjos sem cessar: nasceu Jesus. Tocam os sinos sem parar: nasceu Jesus. Vão também pastores com os seus presentes. Todos cantamos sem cessar: nasceu Jesus.
Letra: António José Ferreira Música: Melodia inglesa
Chove. É dia de Natal.
Chove. É dia de Natal. Lá para o Norte é melhor: Há a neve que faz mal. E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente Porque é dia de o ficar. Chove no Natal presente. Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse O Natal da convenção, Quando o corpo me arrefece Tenho frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra E o Natal a quem o fez, Pois se escrevo inda outra quadra Fico gelada dos pés.
Chove. É dia de Natal. Lá para o Norte é melhor: Há a neve que faz mal. E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente Porque é dia de o ficar. Chove no Natal presente. Antes isso que nevar.
Chove. É dia de Natal. Lá para o Norte é melhor: Há a neve que faz mal. E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente Porque é dia de o ficar. Chove no Natal presente. Antes isso que nevar.
Poema: Fernando Pessoa (ligeiramente adaptado) Música: César Prata Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)
Chove. É dia de Natal.
Dim dom, sinos a tocar
1. Dim dom, sinos a tocar e anjos a cantar. Dim dom, sinos a tocar e reis a caminhar.
Gloria. Hosana in excelsis.
2. Dim dom, sinos a tocar e luzes a brilhar. Dim dom, sinos a tocar, e gente a partilhar.
Letra: António José Ferreira Música: Melodia tradicional
É Natal, Deus Menino nasceu
É Natal, Deus Menino nasceu. Vê-se ao longe uma estrela a brilhar. São os Reis, são os Reis, são os Reis. Vêm a Belém para O visitar.
Entrai pastores entrai
Entrai pastores entrai, por este portal sagrado. Vinde adorar o Menino numas palhinhas deitado!
Pastorinhos do deserto todos correm para O ver Trazem mil e um presente para o Menino comer!
Ó meu Menino Jesus convosco é que eu estou bem Nada neste mundo quero, nada me parece bem!
Alegrem-se os Céus e a Terra, cantemos com alegria Que nasceu o Deus Menino, filho da Virgem Maria!
Deus Menino já nasceu, andai ver o Rei dos Reis. Ele é quem governa o Céu, quer que vós O adoreis!
Ó meu Menino Jesus que lindo amor perfeito. Se vem muito cansadinho, vem descansar em meu peito!
Natal da Beira
Está na hora do menino deitar
Está na hora do menino deitar e na chaminé pôr os sapatinhos. Já é noite, o Pai Natal vai chegar para a todos deixar presentinhos. Cedo acordo ouço os sinos a tocar e levanto-me alegre aos saltinhos.
Devagar para ninguém acordar vou contente ver os meus presentinhos.
Lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá…
Devagar para ninguém acordar vou contente ver os meus presentinhos.
Esta noite é noite santa
[ Toca, Sino, Toca! ]
Esta noite é noite santa. Não é noite de dormir que um lindo botão de rosa à meia-noite há-de abrir.
Harpas de oiro, liras d’oiro, anjos do Céu afinai. Paz na Terra e nas Alturas, Glória e louvor cantai.
Esta noite é noite santa. Outra mais santa não há que um lindo botão de rosa desabrochou em Judá.
Tangedores de viola, de pandeiro e tamboril, tomai vós a minha lira e dai-me o vosso arrabil!
Letra e música: Tradicional (Portugal) Arranjo: César Prata Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)
Eu hei-de dar ao Menino
[ Arre, Burriquito! ]
Eu hei-de dar ao Menino Uma fitinha p’ró chapéu; Ele também me há-de dar Um lugarzinho no Céu.
Olhei para o Céu, Estava estrelado; Vi o Deus-Menino
Em palhas deitado. Em palhas deitado, Em palhas estendido; Filho duma Rosa, Dum Cravo nascido.
Arre, burriquito! Vamos a Belém Ver o Deus-Menino Que a Senhora tem!
Que a Senhora tem, Que a Senhora adora; Arre, burriquito! Vamo-nos lá embora!
Eu hei-de dar ao Menino Uma fitinha p’ró boné; Ele também me há-de dar Prendinhas na chaminé.
Olhei para o Céu, Estava estrelado; Vi o Deus-Menino Em palhas deitado.
Em palhas deitado, Em palhas estendido; Filho duma Rosa, Dum Cravo nascido.
Arre, burriquito! Vamos a Belém Ver o Deus-Menino Que a Senhora tem!
Que a Senhora tem, Que a Senhora adora; Arre, burriquito! Vamo-nos lá embora!
Olhei para o Céu, Estava estrelado; Vi o Deus-Menino Em palhas deitado.
Em palhas deitado, Em palhas estendido; Filho duma Rosa, Dum Cravo nascido.
Arre, burriquito! Vamos a Belém Ver o Deus-Menino Que a Senhora tem!
Que a Senhora tem, Que a Senhora adora; Arre, burriquito! Vamo-nos lá embora!
Letra e música: Tradicional Arranjo: Artesãos da Música Intérprete: Artesãos da Música
Eu Hei-de Ir ao Presépio
Eu hei-de ir ao presépio assentar-me num cantinho, a ver como o Deus-Menino nasceu lá tão pobrezinho.
Abra lá o seu postigo, deixe estar um pouco aberto! Quero ver o Deus-Menino armadinho no presépio.
Eu hei-de dar ao Menino, ao Menino hei-de dar uma cadeirinha de oiro para o Menino assentar.
Ó meu Menino Jesus, ó meu rico fidalguinho, hei-de dar-te papa doce, hei-de ter-te mimosinho!
Ó meu Menino Jesus, quem vos pudera valer com sopinhas da panela sem a vossa mãe saber!
Ó meu Menino Jesus, quem vos há-de dar a mama? Vossa mãe foi ao moinho, vosso pai ficou na cama.
Ó meu Menino Jesus, ó meu rico fidalguinho, hei-de dar-te papa doce, hei-de ter-te mimosinho!
Ó meu Menino Jesus, quem vos pudera valer com sopinhas da panela sem a vossa mãe saber!
Ó meu Menino Jesus, quem vos há-de dar a mama? Vossa mãe foi ao moinho, vosso pai ficou na cama.
Letra e música: Tradicional (Portugal) Arranjo: César Prata Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)
Faça “ai, ai”, meu menino
[ Embalo do Algarve ]
Faça “ai, ai”, meu menino, Que a mãezinha logo vem! Foi lavar os cueirinhos À fontinha de Belém.
Vai-te embora, papá negro, De cima desse telhado! Deixa dormir o menino, Está no sono descansado.
Embala, José, embala! Embala suavemente, Entretendo o inocente Com esta cantiga em verso!
Dorme, dorme, meu menino, Que a mãezinha logo vem! Dorme, dorme, meu menino, Que a mãezinha, ai, logo vem!
Letra e música: Tradicional (Alvor, Portimão, Algarve) Recolha: Michel Giacometti (“Faça ‘ai, ai’, meu menino”, in LP “Algarve”, série “Antologia da Música Regional Portuguesa”, Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1962; 5CD “Portuguese Folk Music”: CD 5 – Algarve, Strauss, 1998; 6CD “Música Regional Portuguesa”: CD 6 – Algarve, col. Portugal Som, Numérica, 2008) Intérprete: Segue-me à Capela (ao vivo no Teatro da Luz, Lisboa) Primeira versão de Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)
Feliz Natal, bom Ano Novo
1. Feliz Natal, bom Ano Novo, presentes para partilhar.
A melhor prenda é a alegria que Jesus tem para nos dar.
2. Felizes festas, família unida, muitas histórias p’ra contar.
Feliz Natal, Feliz Natal
Feliz Natal, feliz Natal. Para todos, um ano especial.
1. Um menino diferente e três reis do Oriente.
2. Uma rena, um trenó, bolo-rei e pão-de-ló.
3. Um presépio, um pinheiro, um amigo verdadeiro.
Letra: António José Ferreira Música: Melodia inglesa
Eu fiz um pão diferente
Padeiro
1. Eu fiz um pão diferente para a Família provar.
Jesus, dou-te a melhor prenda que tenho para Te dar.
Sapateiro
2. Eu fiz uns sapatos novos para Te poderes calçar.
Costureira
3. Eu fiz uma roupa linda para Te agasalhar.
Carpinteiro
4. Eu fiz um berço bonito para a Mãe Te embalar.
Letra e música: António José Ferreira
Jesus vem ao mundo
1. Jesus vem ao mundo: que paz e bondade! ó quanta doçura, amor e humildade.
Vinde, adoremos, Jesus salvador. A estrela nos aponta o rumo, a salvação, Belém e Deus Menino, celeste mansão.
2. Jesus no presépio, vede quanto amor: nascer pobrezinho o Deus criador!
Logo que nasceu
1. Logo que nasceu, Jesus acampou e à luz das estrelas uma voz soou,
um ah, ah, ah.
2. Maria, a Senhora, seu Filho embalou e à luz das estrelas uma voz soou,
um ah, ah, ah.
Luzes no céu
Luzes no céu em Dezembro a brilhar, música e festa por onde se andar, uma vaquinha que não quer pastar: junto ao Menino, em Belém, quer estar.
Letra e música: António José Ferreira
Maria, Mãe bendita
Maria, Mãe bendita, encantaste o Senhor: hoje e sempre louvamos tua fé, teu amor.
Felizes como os anjos a cantar lá nos céus nós dizemos contigo: poderoso é Deus.
Menino Jesus
[ Vestir o Menino ]
Menino Jesus, tenho que vos dar sapatinhos novos para vos calçar.
Sapatos já tendes, faltam-vos meiinhas: eu vo-las darei, de salvé-rainhas.
Meiinhas já tendes, faltam-vos calções: eu vo-los darei, de mil orações.
Calções já os tendes, falta-vos camisa: eu vo-la darei, de cambraia lisa.
Camisa já tendes, falta-vos colete: eu vo-lo darei, de pano de crepe.
Colete já tendes, falta-vos casaco: eu vo-lo darei, de pano bem guapo.
Casaco já tendes, falta-vos lencinho: eu vo-lo darei, de pano de linho.
Lencinho já tendes, falta-vos chapéu: eu vo-lo darei, levai-me p’ró Céu.
Letra e música: Tradicional (Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal) Arranjo: Catarina Moura, César Prata e Anel Ninas Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata* (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)
Menino Jesus do céu
Menino Jesus do céu, ‘screvi-te um lindo postal para me mandar’s brinquedos no dia de Natal.
Menino Jesus do céu que és rico e me tens amor, dá-me uma prenda bonita, talvez um computador.
Menino Jesus do céu dá-me uma linda viola p’ra praticar em casa e aprender na escola.
Não há noite mais alegre
Não há noite mais alegre Que é a noite de Natal Onde nasceu o Deus-Menino Antes do galo cantar.
Deu o galo três cantadas, Deu o Menino nascido; Bendito seja o ventre Que o trouxe nove meses escondido!
E a mula, como maldosa, Destapava-o com a ferradura; Mas o boi, como era manso, Tapava-o com a armadura.
E ao boi, Nosso Senhor Lhe deu a sua bênção: «As terras que tu lavrares Todas elas dêem pão!
Cada bago dê uma espiga! Cada espiga um milhão! Todo ele se aguardará Lá no mês de S. João!»
Não há noite mais alegre Que é a noite de Natal Onde nasceu o Deus-Menino Antes do galo cantar.
Letra e música: Tradicional (Alte, Loulé, Algarve) Intérprete: Vozes do Imaginário (in CD “Cantos ao Menino, Reis e janeiras da tradição musical portuguesa”, Do Imaginário – Associação Cultural, Évora, 2009
Noite feliz
1. Noite feliz! Noite feliz! O Senhor, Deus de amor, pobrezinho nasceu em Belém. Eis na lapa Jesus, nosso bem. Dorme em paz, ó Jesus. Dorme em paz, ó Jesus.
2. Noite feliz! Noite feliz! Ó Jesus, Deus da luz, quão amável é teu coração que quiseste nascer nosso irmão e a nós todos salvar, e a nós todos salvar.
3. Noite feliz! Noite feliz! Eis que no ar vêm cantar aos pastores os anjos dos céus anunciando a chegada de Deus, de Jesus Salvador, de Jesus Salvador.
Nós somos os três Reis
Nós somos os três Reis que viemos do Oriente Trazer as Boas Festas com Paz p’ra toda a gente.
Nós somos os três Reis guiados por uma luz. Adoramos Deus Menino que se chama Jesus.
Nós somos os três Reis Baltazar e Gaspar. Também o Belchior o veio adorar.
Nós somos os três Reis guiados por uma luz e trouxemos três presentes para o Menino Jesus.
Não há noite mais alegre
Não há noite mais alegre Que é a noite de Natal Onde nasceu o Deus-Menino Antes do galo cantar.
Deu o galo três cantadas, Deu o Menino nascido; Bendito seja o ventre Que o trouxe nove meses escondido!
E a mula, como maldosa, Destapava-o com a ferradura; Mas o boi, como era manso, Tapava-o com a armadura.
E ao boi, Nosso Senhor Lhe deu a sua bênção: «As terras que tu lavrares Todas elas dêem pão!
Cada bago dê uma espiga! Cada espiga um milhão! Todo ele se aguardará Lá no mês de S. João!»
Não há noite mais alegre Que é a noite de Natal Onde nasceu o Deus-Menino Antes do galo cantar.
Letra e música: Tradicional (Alte, Loulé, Algarve) Intérprete: Vozes do Imaginário (in CD “Cantos ao Menino, Reis e janeiras da tradição musical portuguesa”, Do Imaginário – Associação Cultural, Évora, 2009
Ó luz de Deus
1. Ó luz de Deus, ó doce luz que brilhas nas alturas, vem com teu brilho e teu fulgor trazer ao mundo o teu calor. Ó luz de Deus, ó doce luz que brilhas nas alturas.
2. O mundo viu o Salvador nascer humilde e pobre. Ouviu os anjos proclamar a paz que os homens vem salvar. O mundo viu o Salvador nascer humilde e pobre.
3. O Deus do céu vem junto a nós viver a nossa vida. Vem das alturas o Senhor manifestar o seu amor. O Deus do céu vem junto a nós viver a nossa vida.
Ó, ó, ó, ó, menino, ó
Ó, ó, ó, ó, menino, ó, Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó, Teu pai foi ao eiró, C’uma vara de aguilhão, P’ra matar o perdigão.
Ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó!
Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó, Teu pai foi ao eiró; Tua mãe à borboleta, Logo te vem dar a teta.
Ó, ó, ó, ó, menino, ó, Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó, Teu pai foi ao eiró, C’uma vara de aguilhão, P’ra matar o perdigão.
Ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó!
Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó, Teu pai foi ao eiró; Tua mãe à borboleta, Logo te vem dar a teta.
Letra e música: Tradicional (Nozedo de Cima, Tuizelo, Vinhais, Trás-os-Montes) Recolha: Kurt Schindler (1932, in livro “Folk Music and Poetry from Spain and Portugal”, New York: Hispanic Institute in the United States, 1941; “A Canção Popular Portuguesa”, de Fernando Lopes-Graça, col. Saber, Vol. 23, Lisboa: Publicações Europa-América, 1953 – p. 63; 3.ª edição, col. Saber, Vol. 23, Mira-Sintra: Publicações Europa-América, s/d. – p. 60; “Cancioneiro Popular Português”, de Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça, Lisboa: Círculo de Leitores, 1981 – p. 16) Intérpretes: Ana Tomás & Ricardo Fonseca (in CD “Canções de Labor e Lazer”, Ana Tomás & Ricardo Fonseca, 2017)
O menino está dormindo
1. O menino está dormindo nas palhinhas despidinho. Os anjos lhe estão cantando por amor tão pobrezinho.
2. O menino está dormindo nos braços da Virgem pura. Os anjos lhe estão cantando: “hossana lá na altura”.
3. O menino está dormindo nos braços de São José. Os anjos lhe estão cantando: “Gloria tibi Domine”.
Natal de Évora
Ó meu Menino Jesus
Ó meu Menino Jesus, Ó meu menino tão belo, Onde foste a nascer Ao rigor do caramelo.
Ó meu Menino Jesus, Não queiras menino ser; No rigor do caramelo A neve te faz gemer.
O menino da Senhora Chama pai a S. José, Que lhe trouxe uns sapatinhos Da feira de Santo André.
O Menino chora, chora, Chora pelos sapatinhos; Haja quem lhe dê as solas, Que eu lhe darei os saltinhos.
Dá-me o teu menino! Não dou, não dou, não dou! Dá-me o teu menino, Vai à missa que eu lá vou. Dá-me o teu menino! Não dou, não dou, não dou!
Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo) Recolhas: Michel Giacometti (in LP “Alentejo”, série “Antologia da Música Regional Portuguesa”, Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD “Portuguese Folk Music”: CD 4 – Alentejo, Strauss, 1998; 6CD “Música Regional Portuguesa”: CD 5 – Alentejo, col. Portugal Som, Numérica, 2008 – vide nota infra); Michel Giacometti (in série documental “Povo Que Canta”, RTP-1, 1970-73) Intérprete: Brigada Victor Jara / voz solo de Joaquim Caixeiro (in LP “Quem Sai aos Seus”, Vadeca/J.C. Donas, 1981, reed. Edições Valentim de Carvalho/Iplay, 2008)
Ó Meu Menino Jesus
Ó meu Menino Jesus, quem vos tirou do altar? Foi o ministro de Cristo para nos dar a beijar.
Ó meu Menino Jesus, boquinha de marmelada, dá-me da tua merenda que a minha mãe não tem nada.
Ó meu Menino Jesus, boquinha de requeijão, dá-me da tua merenda que a minha mãe não tem pão.
Ó meu Menino Jesus, ó meu Menino tão belo, só vós vieste nascer no rigor do caramelo.
Entrai, pastores, entrai por esses portais adentro! Vinde ver o Deus-Menino no sagrado nascimento!
Letra e música: Tradicional (Beiras, Portugal) Arranjo: Catarina Moura, César Prata e Anel Ninas Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)
O que levas ao Menino
1. O que levas ao Menino, o que tens para Lhe dar? Vou levar-Lhe um casaquinho p’ra Jesus se agasalhar
2. O que levas ao Menino, o que tens para Lhe dar? Vou levar-Lhe um brinquedinho p’ra Jesus poder brincar.
3. O que levas ao Menino, o que tens para Lhe dar? Vou levar-lhe uma bola p’ra Jesus poder jogar.
4. O que levas ao Menino, o que tens para Lhe dar? Vou levar-lhe uma viola p’ra Jesus poder tocar.
5. O que levas ao Menino, o que tens para Lhe dar? Vou levar-lhe um livrinho p’ra Jesus poder ‘studar.
6. O que levas ao Menino, o que tens para Lhe dar? Vou levar-lhe o coração p’ra Jesus nele morar.
Letra e música: António José Ferreira
Oh Bento Airoso
Oh Bento Airoso, Mistério divino! Encontrei a Maria À beira do rio E lavando os cueiros Do bendito Filho.
Maria lavava, São José ‘stendia, O Menino chorava Com o frio que fazia.
Calai, meu menino! Calai, meu amor! (E) que as vossas verdades Me matam de dor.
Letra e música: Tradicional (Paradela, Miranda do Douro, Trás-os-Montes) Recolha: Michel Giacometti (1960, in “Cancioneiro Popular Português”, Lisboa: Círculo de Leitores, 1981 – p. 43) Intérpretes: Ana Tomás & Ricardo Fonseca (in CD “Canções de Labor e Lazer”, Ana Tomás & Ricardo Fonseca, 2017)
Para quem são as janeiras
– Para quem são as janeiras? Para quem é a canção? – Para a nossa professora que temos no coração.
Para quem são as janeiras? Para que é a cantiga? -Para a Professora Carla que é muito nossa amiga.
– Para quem são as janeiras? Para quem é a canção? É para as educadoras que temos no coração.
– Para quem são as janeiras? Para quem é a canção? É para as auxiliares que temos no coração.
– Para quem são as janeiras? Para quem é a canção? É p’ra todos os amigos que temos no coração.
– Para quem são as janeiras? Para quem é a canção? Para a nossa professora que se chama Conceição.
Letra e música: António José Ferreira
Pastorinhos
Pastorinhos do deserto, é, pois, certo que, na noite de Natal, num curral, baixou o Filho de Deus lá dos céus.
Quem nos deu tanta alegria? Foi Maria! E quem nos deu tanta luz? Foi Jesus! Cantemos os seus louvores, ó pastores.
Pastorinhos do deserto
Pastorinhos do deserto, vinde todos a Belém adorar o Deus Menino nos braços da Virgem Mãe. Pastorinhos do deserto, vinde todos a Belém.
Pinheirinho, pinheirinho
Pinheirinho, pinheirinho de ramos verdinhos, p’ra enfeitar, p’ra enfeitar, bolas, bonequinhos. (2 v. )
1. Uma bola aqui, outra acolá, luzinhas que piscam, que lindo que está.
Olha o pai Natal de barbas branquinhas. Traz o saco cheio de lindas prendinhas.
(Menino) Pai Natal, Pai Natal dá-me um avião Não faz mal, não faz mal que ande pelo chão.
(Menina) ) Pai Natal, Pai Natal dá-me uma boneca. Não faz mal, não faz mal que seja careca.
Que todo o tempo seja de Natal
1. Que todo o tempo seja de Natal, que todo o ano seja de Natal. Que sempre haja alegria igual à deste dia. Que todo o tempo seja de Natal.
3. Que todo o tempo seja de Natal, que todo o ano seja de Natal. Que sempre haja esperança nos sonhos da criança. Que todo o tempo seja de Natal.
3. Que todo o tempo seja de Natal, que todo o ano seja de Natal. Que sempre haja amizade, justiça e liberdade. Que todo o tempo seja de Natal.
Letra e música: António José Ferreira
Rodolfo era uma rena
Rodolfo era uma rena, de nariz avermelhado Se vocês observassem, viam-no logo encarnado.
Todas as outras renas, gostavam muito de troçar. E ao pobre Rodolfo, nunca deixavam brincar.
Então numa bela noite o Pai Natal lhe disse: “Com o teu nariz encarnado, guia o meu trenó prendado”
Então todas as renas aplaudiram o Rodolfo “Rena do nariz vermelho, tu vais ser o mais famoso”
Sobre a gruta estava um anjo
1. Sobre a gruta estava um anjo; cantava como ninguém cantou. Um pastor escutou a voz e os amigos logo chamou:
Gloria in excelsis Deo. Gloria in excelsis Deo.
Letra: António José Ferreira Música: Melodia francesa
Tã tã, vão pelo deserto
1. Tã tã, vão pelo deserto, tã tã, Melchior e Gaspar, tã tã, e atrás outro mago, que todos conhecem por rei Baltazar.
2. Tã tã, surgiu uma estrela, tã tã, no céu a brilhar, tã tã, tão pura e tão bela, que a terra inteira está ‘inda hoje a iluminar.
3. Tã tã, cansado o camelo, tã tã, cansado de andar, tã tã, assim carregado de incenso, de mirra, de oiro p’ra dar.
Letra: António José Ferreira Música: Melodia tradicional de Espanha
Três estrelas de alumínio
[ Presépio de Lata ]
Três estrelas de alumínio A luzir num céu de querosene; Um bêbedo julgando-se césar Faz um discurso solene.
Sombras chinesas nas ruas, Esmeram-se aranhas nas teias; Impacientam-se as gazuas, Corre o cavalo nas veias.
Há uma luz na barraca, Lá dentro uma sagrada família; À porta um velho pneu com terra Onde cresce uma buganvília.
É o presépio de lata! Jingle bells, jingle bells!
Oiçam um choro de criança: Será branca, negra ou mulata? Toquem as trompas da esperança E assentem bem qual a data.
A lua leva a boa-nova Aos arrabaldes mais distantes: Avisa os pastores sem tecto, Tristes reis magos errantes.
E vem um sol de chapa fina Subindo a anunciar o dia: Dois anjinhos de cartolina Vão cantando “aleluia!”.
É o presépio de lata! Jingle bells, jingle bells!
Nasceu enfim o menino, Foi posto aqui à falsa fé: A mãe deixou-o sozinho E o pai não se sabe quem é.
É o presépio de lata! Jingle bells, jingle bells! Jingle bells, jingle bells!
Letra: Carlos Tê Música: Rui Veloso Intérprete: Rui Veloso (in CD “Avenidas”, EMI-VC, 1998)
Um dia, um pastorinho
1. Um dia, um pastorinho, um dia, um pastorinho, guiava as ovelhas tocando pifarinho.
2. No céu viu um sinal, no céu viu um sinal: um anjo anunciava o dia de Natal.
3. Que lindo era o Bébé, que lindo era o Bebé no colo de Maria sorrindo p’ra José.
4. Então o pastorinho, então o pastorinho chegou-se ao Bébé e deu-lhe um beijinho.
Letra e música: António José Ferreira
Um rei do Oriente
1. Um rei do Oriente, um rei do Oriente, viu que no céu luzia um astro diferente.
2. O rei de outro país, o rei de outro país, ao ver a nova estrela, achou-se o mais feliz.
3. Noutro país distante, Noutro país distante, um outro mago viu o astro deslumbrante.
4. Ao verem essa luz, ao verem essa luz, puseram-se a caminho e foram ver Jesus.
5. Que lindo era o Bébé, que lindo era o Bébé, no colo de Maria sorrindo p’ra José.
6. Os reis deram-lhe ouro, os reis deram-lhe ouro, voltaram ao palácio com o maior tesouro.
Letra e música: António José Ferreira
Uma estrela e três magos
Uma estrela e três reis magos levam prendas ao Menino. Alguns anjos cantam: “Glória!” e outros tocam violino.
Uma estrela e três reis magos levam prendas ao bebé. Alguns anjos cantam: “Glória!” e outros tocam jambé.
Letra: António José Ferreira Música: Melodia tradicional da Hungria
Vai-te embora, ó passarinho
1. Vai-te embora, ó passarinho, deixa a baga do loureiro. Deixa dormir o Menino que está no sono primeiro.
2. Dorme, dorme, meu Menino que a Mãezinha logo vem. Foi lavar os cueirinhos à fontinha de Belém.
Ilha de São Jorge, Açores
Vimos cantar as janeiras
1. Vimos cantar as janeiras. Por esses quintais adentro, vamos às raparigas solteiras.
A festa foi bonita pá, mas tu agora voltas ao mesmo sítio onde estiveste voltas à mesma rua, à mesma casa voltas ao mesmo copo que bebeste
E o mundo que sonhaste foi andando o sonho de justiça e a fantasia que ardemos toda a noite em fogo brando terá que se enfrentar com o dia-a-dia
Mas há uma coisa enorme que ficou: (e é nela que teces o amanhã que deste frente-a-frente resultou) vontade de viver outra verdade vontade de acordar noutra manhã
A festa foi bonita pá, mas tu agora voltas ao mesmo leito onde dormiste e apesar do sabor que nos deixamos o termos que partir é sempre triste
O mundo que sonhámos está tão longe mas tudo o que esta noite se viveu garante que afinal pode ser hoje o mundo que se sonha e se esqueceu
Mas há uma coisa enorme que ficou: (e é nela que teces o amanhã que deste frente-a-frente resultou) vontade de viver outra verdade vontade de acordar noutra manhã
Mas há uma coisa enorme que ficou: (e é nela que teces o amanhã que deste frente-a-frente resultou) vontade de viver outra verdade vontade de acordar noutra manhã
Letra e música: Pedro Barroso Intérprete: Pedro Barroso (in CD “Criticamente”, Lusogram, 1999)
Lá na festa da aldeia
[ Festa da Aldeia ]
Lá na festa da aldeia, Debaixo da cameleira, Convidaste-me a dançar: Tamanha era a borracheira
Que no adro da igreja Nos chegámos a casar. No nariz, sinal de perigo, Quem dorme contigo
Má sorte vai enfrentar: Mas na festa da aldeia, Com as vizinhas na soleira, Eu fui-me enamorar.
Peço aos dias tempo emprestado P’ra apagar esta recordação; Na frase sem predicado Há vírgulas sem cuidado
Entre o sujeito e o coração. Entre o sujeito e o coração. Lá na festa da aldeia, Debaixo da cameleira,
A saia sempre a rodar: A tua mão que se esgueira Debaixo da pregadeira… Eu vermelha, a corar.
No banco, dívidas, assombros; Fiado não vais em ombros; Fim do mês, falta-te o ar; Debaixo da cameleira
Foi grande a ciumeira, Começámos a namorar. Peço aos dias tempo emprestado P’ra apagar esta recordação;
Na frase sem predicado Há vírgulas sem cuidado Entre o sujeito e o coração. Entre o sujeito e o coração.
Mas na festa da aldeia, Tu de mão na algibeira, Nós chegámos a casar: Porque na festa da aldeia Debaixo da cameleira
Tu puseste-me a dançar. Peço aos dias tempo emprestado P’ra apagar esta recordação; Na frase sem predicado
Há vírgulas sem cuidado Entre o sujeito e o coração. Entre o sujeito e o coração.
Letra: Filipa Martins Música: Rogério Charraz Arranjo: João Balão Intérprete: Rogério Charraz (in CD “Não Tenhas Medo do Escuro”, Rogério Charraz/Compact Records, 2016)
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
https://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/09/sino.jpg400400António Ferreirahttps://www.meloteca.com/wp-content/uploads/2018/03/Logomarca-MELOTECA-300x86.jpgAntónio Ferreira2020-05-07 05:09:362024-11-02 06:41:06Canções de festa
Ó Entrudo, ó Entrudo, Ó Entrudo chocalheiro, Que não deixas assentar As mocinhas ao soalheiro!
Estas casas estão caiadas, Estas casas estão caiadas. Quem seria a caiadeira? Quem seria a caiadeira?
Foi o noivo mai-la noiva, Foi o noivo mai-la noiva Com um raminho de oliveira. Quem seria a caiadeira?
Eu quero ir para o monte, Eu quero ir para o monte, Que no monte é que eu estou bem, Que no monte é que eu estou bem.
Onde não veja ninguém, Onde não veja ninguém.
Senhora do Almurtão, Ó minha linda raiana, Virai costas a Castela! Não queirais ser castelhana.
Senhora do Almurtão, Eu p’ró ano não prometo, Que me morreu o amori; Ando vestida de preto.
Letra e música: Tradicional (Malpica do Tejo, Castelo Branco, Beira Baixa + Idanha-a-Nova, Beira Baixa) Arranjo: Velha Gaiteira Intérprete: Velha Gaiteira (in CD “Velha Gaiteira”, Velha Gaiteira/Ferradura, 2010)
Malpica do Tejo
Roubaram ao moleirinho
[ Cantiga do Entrudo ]
Roubaram ao moleirinho Ai! A filha por o telhado Julgando que era toucinho Ai! Que estava dependurado.
Oh entrudo, oh entrudo! Ai! Oh entrudo, oh meu bem! Moças não trazem laranjas, Ai! Custa-lhe o par a vintém.
Oh entrudo, oh entrudo! Ai! Oh entrudo chocalheiro, Que não deixas assentári Ai! As mocinhas ao soalheiro!
Letra e música: Tradicional (Beira Baixa) Intérprete: Ai!* (in CD “Ai!”, Ai!/RequeRec, 2013)
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
Contacte-nos:
António José Ferreira 962 942 759
Tubarão tinha dentes de tainha
[ Tamboril ]
Tubarão tinha dentes de tainha E a tainha tinha dentes de tambor Toca traz tempo chuva tempestade Tubarão trincou um touro nos taleigos da vontade
Tubarão tinha o tímpano trocado E trocado estava o tempo todo o ano Toca traz tempo chuva tempestade Tubarão tamborilou ‘inda a missa ia a metade
Tubarão traficou-se em tamboril Troca-tintas com retoque teatral Toca terça, quarta, quinta, noite e dia Travestido no Entrudo c’uma tromba de enguia
Tamboril teve tísica ao contrário Já tossia como tosse o tubarão Toca terça, quarta, quinta, noite e dia Tamboril entubarou num atalho p’rá Turquia
Tubarão tinha dentes de tainha E a tainha tinha dentes de tambor Toca traz tempo chuva tempestade Tubarão trincou um touro nos taleigos da vontade
Tubarão tinha o tímpano trocado E trocado estava o tempo todo o ano Toca traz tempo chuva tempestade Tubarão tamborilou ‘inda a missa ia a metade
Tubarão traficou-se em tamboril Troca-tintas com retoque teatral Toca terça, quarta, quinta, noite e dia Travestido no Entrudo c’uma tromba de enguia
Tamboril teve tísica ao contrário Já tossia como tosse o tubarão Toca terça, quarta, quinta, noite e dia Tamboril entubarou num atalho p’rá Turquia
Letra: Miguel Cardina Música: Pedro Damasceno e Celso Bento Intérprete: Diabo a Sete Versão original: Diabo a Sete (in CD “Figura de Gente”, Sons Vadios, 2016)
Mãe descobri que o tempo pára E o mundo não separa o meu coração do teu Eu sei que essa coisa rara Aumenta, desassossega mas pára Quando o teu tempo é o meu
Mãe canta com vaidade Porque já tenho idade Pra saber Que em verdade em cada verso teu Onde tu estás estou eu
Mãe contigo o tempo pára Nosso amor é coisa rara E cuidas de um beijo meu Sei que em cada gesto teu Está teu coração no meu
Mãe canta com vaidade Porque já tenho idade Pra saber Que em verdade em cada verso teu Onde tu estás estou eu
Se pudesse mandar no mundo Parar o tempo à minha vontade Pintava teu coração com as cores da felicidade Em cada gesto teu Está teu coração no meu
Mãe canta com vaidade Porque já tenho idade Pra saber Que em verdade em cada verso teu Mãe… A nossa espera valeu
Letra: Martim Nunes Ferreira Música: Miguel Correia Intérprete: Mariza
Meu Amor Eterno
Meu Amor Eterno, Doce verde olhar, Ilumina o meu caminho! Acompanha o meu andar!
Meu Amor Eterno, Mãos de acarinhar, Segura no teu menino! Ajuda-me a continuar!
Meu Amor Eterno, Fada do meu lar, Alimenta-me a saudade! Sacia o meu paladar!
Meu Amor Eterno, Cordão de umbilicar, Relembra-me do teu cheiro! Não me deixes de cantar!
Ema te fez, Deus te criou, Paulo te abriu, José completou.
“Morrer por morrer!”, Disseste-o assim; Da tua coragem Tiveste-me a mim.
Meu Amor Eterno, Cordão de umbilicar, Relembra-me do teu cheiro! Não me deixes de cantar!
Letra: Rogério Charraz (dedicada à sua Mãe) Música: Rogério Charraz e Júlio Resende Arranjo: Júlio Resende Intérprete: Rogério Charraz (in CD “Não Tenhas Medo do Escuro”, Rogério Charraz/Compact Records, 2016)
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Mãe, tu foste ventre
Mãe, tu foste ventre para me criar e agora és casa para me abrigar.
Mãe, tu foste canto para me embalar e agora és conto para me ensinar.
Mãe, tu foste ninho para eu começar e vais ser a asa para eu voar.
António José Ferreira
(Canção para crianças)
Querida mãe, querido pai
[ Postal dos Correios ]
Querida mãe, querido pai. Então que tal? Nós andamos do jeito que Deus quer Entre dias que passam menos mal Lá vem um que nos dá mais que fazer
Mas falemos de coisas bem melhores A Laurinda faz vestidos por medida O rapaz estuda nos computadores Dizem que é um emprego com saída
Cá chegou direitinha a encomenda Pelo “expresso” que parou na Piedade Pão de trigo e linguiça prá merenda Sempre dá para enganar a saudade
Espero que não demorem a mandar Novidades na volta do correio A ribeira corre bem ou vai secar? Como estão as oliveiras de “candeio”?
Já não tenho mais assunto pra escrever Cumprimentos ao nosso pessoal Um abraço deste que tanto vos quer Sou capaz de ir aí pelo Natal Um abraço deste que tanto vos quer Sou capaz de ir aí pelo Natal
Letra: João Monge Música: João Gil Intérprete: Rio Grande (in CD “Rio Grande”, EMI-VC, 1996)
Fátima Costa e o filho Alexandre
Queridos pais
[ Para crianças ]
Pai querido, tu és muito especial. Estou bem quando tu ficas a meu lado. Aproxima-se o dia de Natal… Há um presente com que eu tenho sonhado.
Mãe querida que estás cheia de carinho, vê lá bem o que me vais oferecer. Tu já sabes que eu gosto de um beijinho mas há prendas que eu adoro receber.
António José Ferreira, Brincadeiras Cantadas ]
Resguardaste-me da vida
[ Não É, Mãe? ]
Resguardaste-me da vida E mesmo frágil e ferida Tomaste conta de mim. Levaste-me leite à cama, Disseste que para quem ama Nunca pode haver um fim.
São difíceis de queimar as coisas más. As coisas boas são difíceis de encontrar.
Mãe… está tudo bem, mãe?
Quando a minha mãe dobrava meias Estava sempre tudo bem.
Não é, mãe?
Letra: Duarte (Novembro de 2010) Intérprete: Albano Jerónimo (in CD “Sem Dor Nem Piedade”, Duarte/Alain Vachier Music Editions, 2015)
Quadras de sabor popular em redondilha maior (com versos de 7 sílabas e rima ABCB’) para escolher de acordo com as circunstâncias. Podem ser escolhidas quadras tendo em conta a estrutura: 1. Apresentação 2. Vivas 3. Despedida, utilizando um refrão.
Boas noites, boas noites, boas noites de alegria, que lhas manda o Rei da Glória, filho da Virgem Maria.
Os três reis do oriente já chegaram a Belém visitar o Deus Menino que Nossa Senhora tem.
Cá ‘stamos à sua porta, um grupo de amigos seus. Falar bem nada nos custa: santa noite lhe dê Deus.
Andámos de casa em casa por atalhos e caminhos, os corações sempre em brasa como outrora os pastorinhos.
O menino está no berço coberto c’o cobertor e os anjos estão cantando: louvado seja o Senhor.
Aqui ‘stou à sua porta com alguns amigos meus. Falar bem nada nos custa: santas noites lhes dê Deus.
Venho dar-lhes os bons anos que pelas festas não pude. Venho a fim de saber novas da sua saúde.
Canto de janeiras Évora 2018
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QUADRAS PARA REFRÃO
A cantar-vos as janeiras aqui estamos reunidos. Desejamos um bom ano aos amigos mais queridos.
Aqui vimos, aqui estamos A cantar, já o sabeis. Vimos dar as boas festas e também cantar os reis.
Boas festas, boas festas aos amigos vimos dar. Um bom ano com saúde vos queremos desejar.
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QUADRAS PARA VIVAS
Viva lá quem nos escuta, vivam todos em geral. Deus vos dê um ano novo E a todo o Portugal.
Como aqueles passarinhos que estão sempre a cantar aos senhores desta casa nós queremos saudar.
Quem diremos nós que viva no raminho de oliveira? Viva o Senhor (Alberto) e viva a família inteira.
Se bem cantas, mal não digas dos que a voz aqui levantam, pois uns cantam o que sabem e outros sabem o que cantam.
Boas noites, meus senhores, boas noites vimos dar. Vimos pedir as janeiras se no-las quiserem dar.
Levante, linda senhora desse banquinho de prata. Venha-nos dar as janeiras que está um frio que mata.
De quem é o vestidinho cosido com seda branca? É da senhora (Susana) que Deus a faça uma santa.
De quem seriam eram as botinhas que estavam no sapateiro? Eram do senhor (Custódio) que as pagou c’o seu dinheiro.
Levante-se lá, senhora do seu banco de cortiça. Venha-nos dar as janeiras, ou morcela ou chouriça.
Levante-se lá, senhora, desse seu rico assento. Venha-nos dar as janeiras em louvor do Nascimento.
Levante-se lá, senhora dessa cadeirinha torta. Venha-nos dar as janeiras senão batemos-lhe à porta.
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
Contacte-nos:
António José Ferreira 962 942 759
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DESPEDIDA
Que tenha um próspero ano e não esqueça a virtude. Que tenha muita alegria e outra tanta saúde.
A quem tanto bem nos faz Deus livre de pena e dano. Fiquem com Deus que voltaremos a cantar-vos para o ano!
Despedida, despedida, despedida quero dar. Os senhores desta casa bem nos podem desculpar.
Esta casa é bem alta, forradinha a papelão. O senhor que nela mora tem um grande coração.
Quando os janeireiros não receberam nada, cantam:
Esta casa é muito baixa, tem apenas um andar. Estes barbas de farelo nada têm para nos dar.