Tag Archive for: festividades do ano

São João

Ai, S. João adormeceu

[ S. João ]

Ai, S. João adormeceu
Ai, debaixo da laranjeira;
Ai, caiu-lhe a flor por cima,
Ai, S. João que tão bem cheira.

Ai, S. João p’ra ver as moças
Ai, fez uma fonte de prata;
Ai, as moças não vão à fonte,
Ai, S. João todo se mata.

Ai, S. João fora bom santo
Ai, se não fora tão gaiato;
Ai, levava as moças p’rá fonte,
Ai, iam três e vinham quatro.

Letra e música: Popular
Arranjo e direcção musical: José Manuel David
Intérprete: Gaiteiros de Lisboa (in CD “Avis Rara”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2012)

Bailava o Sol

[ São João ]

Bailava o Sol, bailava
Ai, na manhã do São João;
Raiavam cordas de amori
Ai, dentro do meu coração.

Naquela relvinha verde
Ai, foi a minha perdição;
Perdi lá o anel d’oiro
Ai, na manhã do São João.

Eu hei-de ir ao São João,
Ai, o meu amori não queri;
Deixai-o ir para fora,
Ai, eu farei o que eu quiseri.

Eu hei-de ir ao São João
Ai, com o meu amori ao lado;
No largo do São João
Ai, fica tudo adimirado.

Letra e música: Tradicional (Idanha-a-Nova, Beira Baixa)
Arranjo: Velha Gaiteira
Intérprete: Velha Gaiteira (in CD “Velha Gaiteira”, Velha Gaiteira/Ferradura, 2010)

Velha Gaiteira

Velha Gaiteira

Cântico dos Foliões

Ai São João foi baptizado
Ai lá no rio de Jordão;
Ai ele é sempre estimado
Ai p’ra fazer uma função.

Ai São João se bem soubesse
Ai quando era o seu dia,
Ai descia do Céu à Terra
Ai com prazer e alegria.

Ai nós somos todas mulheres
Ai e temos bom coração,
Ai e temos esta lembrança
Ai de cantar a São João.

Letra e música: Tradicional (Ilha de Santa Maria, Açores)
Informantes: Gualter Eusébio Figueiredo Coelho (11 anos), José da Trindade Fontes Correia (9 anos) e José Manuel de Sousa Medeiros (11 anos) (canto, tambor e címbalos)
Recolha: Artur Santos (campanha de 1958) (“Cântico de Foliões”, do Império chamado ‘das crianças’ ou ‘dos inocentes’ em dia de S. João, in 12EP “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de Santa Maria”, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1963; 2CD “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de Santa Maria”: CD 2, faixa 7, Açor/Emiliano Toste, 2002)
Adaptação: Segue-me à Capela
Intérprete: Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)

Ilha de Santa Maria, Açores

Ilha de Santa Maria, Açores

Manhaninha de São João

Ó ó, São João do meio,
Ai hei-de morar noutra rua!
Ainda não tenho casa,
Ai menina, arrende-me a sua!

Manhaninha de São João,
Ao redor da alvorada,
Ai Jesus Cristo se passeia
Ao redor da fonte clara.

Eu hei-de ir ao São João,
Ai hei-de lá ir, se lá for,
Ou a pé ou a cavalo
Ai ou nos braços do amor.

Jesus Cristo se passeia
Ao redor da fonte clara,
Ai e a água fica benzida
E a fonte fica sagrada.

Eu hei-de ir ao São João,
Ai hei-de lá ir, se lá for,
Ou a pé ou a cavalo
Ai ou nos braços do amor.

Jesus Cristo se passeia
Ao redor da fonte clara…

Manhaninha de São João,
Manhaninha de São João.

Letra e música: Tradicional (“S. João” – Idanha-a-Nova, Beira Baixa / “Manhaninha de S. João” – Moimenta da Raia, Vinhais, Trás-os-Montes)
Recolhas: José Alberto Sardinha (“S. João”, 1981, in “Portugal – Raízes Musicais”: CD 4 – Beira Baixa e Beira Trasmontana, BMG/JN, 1997) e Michel Giacometti (“Manhaninha de S. João”, 1960, in LP “Trás-os-Montes”, série “Antologia da Música Regional Portuguesa”, Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1960; 5CD “Portuguese Folk Music”: CD 2 – Trás-os-Montes, Strauss, 1998; 6CD “Música Regional Portuguesa”: CD 3 – Trás-os-Montes, col. Portugal Som, Numérica, 2008)
Arranjo vocal: Cristina Martins e Segue-me à Capela
Arranjo de percussão: João Balão
Intérprete: Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)

Segue-me à Capela, San'Joanices

San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher

Oh meu São João Baptista!

[ São João de Alpalhão ]

Oh meu São João Baptista!
Oh meu Baptista João!
Vamos ir à água nova
Na noite de São João!

São João baptiza Cristo,
Cristo baptiza João:
Ambos foram baptizados
Lá no rio do Jordão.

São João p’ra ver as moças
Fez uma fonte de prata;
As moças não vão a ela,
São João todo se mata.

Meu divino São João
Que na mão tem a bandeira!
Vamos ir ao rosmaninho
P’ra fazermos a fogueira!

Letra e música: Tradicional (Alpalhão, Nisa, Alto Alentejo)
Recolha: Michel Giacometti (in série documental “Povo Que Canta”, ep. “O S. João na Tradição Musical Popular”, RTP-1, 04 Set. 1972)
Intérprete: Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)

Alpalhão, Nisa

Alpalhão, Nisa

Olha o balão

Olha o balão,
na noite de São João
Para poder dançar bastante
com quem tenho à minha espera

Ó-I-ó-ai,
pedi licença ao meu Pai,
e corri com o meu estudante
Que ficou como uma fera

Ó-I-ó-ai,
fui comprar um manjerico
Ó-I-ó-ai,
vou daqui pró bailarico

E tenho um gaiato
aqui dependurado
Que é mesmo o retrato
do meu namorado
E tenho um gaiato
aqui dependurado
Que é mesmo o retrato
do meu namorado

Toca o fungagá,
toca o Sol e Dó
Vamos lá,
nesta marcha a fulambó
Toca o fungagá,
toca o Sol e Dó
Vamos lá,
nesta marcha a um fulambó

Olha o balão,
na noite de São João
Para não andar maçado
da pequena me livrei

Ó-I-ó-ai,
não sei com quem ela vai,
cá para mim estou governado
Com uma outra que eu cá sei

Ó-I-ó-ai,
fui comprar um manjerico
Ó-I-ó-ai,
vou daqui pró bailarico
Tenho uma gaiata
aqui dependurada
Que tem mesmo a lata,
lá da namorada
Tenho uma gaiata
aqui dependurada
Que tem mesmo a lata,
lá da namorada

Toca o fungagá,
toca o Sol e Dó
Vamos lá,
nesta marcha a um fulambó
Toca o fungagá,
toca o Sol e Dó
Vamos lá,
nesta marcha a um fulambó

Intérprete: Beatriz Costa

São João santo bonito

[ São João Bonito ]

Marcha Popular

São João santo bonito,
bem bonito que ele é
Bem bonito que ele é
Com os seus caracóis de oiro,
e o seu cordeirinho ao pé
E o seu cordeirinho ao pé

Não há nenhum assim,
pelo menos para mim
Nem mesmo São José

Santo António já se acabou
O São Pedro está-se acabar
São João, São João
Dá cá um balão
Para eu brincar

São João vem ver as moças,
que bonitas que elas são
Que bonitas que elas são
São ainda mais bonitas,
na noite de S. João
Na noite de S. João
Não escapa um só rapaz
O que é que o Santo lhes faz
Vai tudo no balão.

Santo António já se acabou
O São Pedro está-se acabar
São João, São João
Dá cá um balão
Para eu brincar

São João santo bonito,
dos milagres sem igual
Dos milagres sem igual
Conserva a santa alegria,
da gente de Portugal
Da gente de Portugal
Ouve a nossa canção,
e livrai de todo o mal
Meu rico São João

Santo António já se acabou
O São Pedro está-se acabar
São João, São João
Dá cá um balão
Para eu brincar

Intérprete: Lenita Gentil, Voz à Solta

São João

São João

São João perdeu

São João perdeu, perdeu…
Ai São João que perderia?
Perdeu o lenço da mão
Ai, ai à vinda da romaria.

São João, se bem soubera
Ai quando era o seu dia,
Descia do Céu à Terra
Ai com prazer e alegria.

Letra e música: Tradicional (Estorãos, Ponte de Lima, Minho)
Recolha: Michel Giacometti (in série documental “Povo Que Canta”, ep. “Cantos do Trabalho em Estorãos”, RTP-1, 13 Dez. 1973)
Intérprete: Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)

Estorãos, Ponte de Lima

Estorãos, Ponte de Lima

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São João

Canções aos santos populares

Letras

Cá vai a marcha

Intérprete: Cuca Roseta

Hoje há festa na rua

[ Balão ]

Hoje há festa na rua, as fitas já estão penduradas
A noite é longa, as sardinhas já estão assadas
Escrevi no meu balão, antes de o lançar,
Uma quadra de S. João só p’ra te falar

Ai, que o Santo António não se zangue
Mas eu hoje peço ao S. João
Que me traga o meu amor
Que o escrevi no meu balão

Tê-lo longe é bem mais duro que alho-porro no nariz
Ele anda por aí no mundo e nada me diz
O baile começou e eu sem par para dançar
O João Maria veio lampeiro com um manjerico p’ra me dar

Mas eu não quis
Ai, fado infeliz!

Ai, que o Santo António não se zangue
Mas eu hoje peço ao S. João
Que me traga o meu amor
Que o escrevi no meu balão

Há quadras, há festa, há bailes p’ra dançar
Há vinho do Porto e foguetes no ar
Mas meu amor não vai voltar
Ali vai meu coração na esperança de te encontrar

Na esperança de te encontrar…

Letra e música: Vânia Couto
Intérprete: Pensão Flor
Versão original: Pensão Flor (in CD “O Caso da Pensão Flor”, Pensão Flor/Brandit Music, 2013)

Pensão Flor

Pensão Flor

Letras aos Santos Populares

De várias regiões de Portugal

Santo António

Santo António é o primeiro
A trazer a gente à rua,
Santinho casamenteiro,
Juntou o Sol e a Lua.

Santo António de Lisboa

Santo António de Lisboa

É noite de Santo António
Estalam foguetes no ar;
Põem o manjerico á janela
E vem para a rua dançar.

Fiz quadras a Santo António
E até mesmo a São João
Para São Pedro vou tentar
Mas falta-me inspiração.

Quando chove a tarde inteira
Até a noiva molha a luva
São Pedro fecha a torneira
Não te armes em manda-chuva.

Santo António é a treze
São João a vinte e quatro
São Pedro a vinte e nove
São os Santos Populares
Que existem em Portugal.

Há marchas por todo o lado
E fogueiras para saltar
E as sortes para tirar
Há moças por toda a parte
Pois elas querem casar.

Santos Populares

Primeiro Santo António;
Depois São João;
Depois São Pedro
Para o fim da reinação.

Ora viva o mês de Junho
Viva o mês dos casamentos
Quem pedir ao Santo António
Não vai perder o seu tempo.

Porque o Santo é casamenteiro
Amigo das raparigas
A noite de Santo António
É a noite das cantigas.

As moças pedem ao Santo
Uma coisa que não têm
Porque nunca foram amadas
Precisam de amar alguém.

Ó meu senhor Santo António
Atendei ao meu pedido
Eu quero uma companhia
Senhor dê-me um bom marido.

Eu agradeço ao meu Santo
Te ponho um cravo na mão
Vem o dia vinte e quatro
O dia de S. João.

S. João é engraçado
E tem coisas divertidas
Vão á fonte buscar água
Para ver as raparigas.

Traz uma infusa na mão
De passinho miudinho
Para ver as moças chegar
Espera lá num cantinho.

A fonte de S. João
É uma nascente e tem valor
No alto de uma serra
Em que S. João é pastor.

Pastando suas ovelhas
De bordãozinho na mão
Anda sempre acompanhado
Quem andar com S. João.

Já lá foi vinte e quatro
Vamos para vinte e nove
Que tem muito que falar
S. Pedro Pescador
Tem muitas histórias para contar.

Reciclanda

Reciclanda

O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.

Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.

Contacte-nos:

António José Ferreira
962 942 759

Vamos todos marchar

Vamos todos marchar
Com o manjerico na mão
Para oferecer à eleita
Do seu terno coração.

Este dia de S. João
É um dia bem lembrado
Atum, maçaroca e feijão
Assim, ele é festejado.

As marchas de S. João
Fazemos com alegria
Cantamos e bailamos
Fazemos uma romaria.

Ó meu S. João de Braga
Ó meu belo marinheiro
Levai a nossa barca
Para o Rio de Janeiro.

Manjericão vira a folha
Quando o tempo está do mar
E também viro as costas
A quem não me sabe amar.

Na janela do meu quarto
Não quero manjericão
Dá-lhe o sol, vira a folha
Faz-me uma grande escuridão.

Recordo-me de ser criança
De ir à festa me alegrar
Ia-se à igreja ver o S. João
Depois, a casa regressar.

A fogueira é para saltar,
A brasa para assar,
A sardinha é para comer,
E o vinho para beber.

O passado é para recordar,
O presente para viver,
O futuro para aguardar
E a sardinha para comer.

São João para ver as moças,
Fez uma fonte de prata.
As moças não vão lá,
São João todo se mata.

Sardinhas e manjericos,
ando a cheirar pelo ar.
Que tal uma quadra fazer
ao meu Santo Popular?

São João,
São Joãozinho.
Quando não posso com o maior,
trago o mais pequenino.

Para fazer a fogueira,
vamos buscar pinhas ao Covão.
Depois saltamos a fogueira,
na noite de São João.

Nas marchas populares
Saltam cantigas aos molhos
Os corações se alegram
Com sorrisos nos olhos.

Neste dia de festa

Neste dia de festa
Traz uma cantiga e vem pró arraial
Anda rapariga prá nossa festa
E brincar no areal.

São os Santos Populares
Festa dos balões e manjericos
Os cheiros andam no ar
E adoçam os namoricos.

Ó meu rico São João
Dá-me cá um balão
P’ra na roda entrar
E cantar uma canção.

Ó meu rico São João
Arranja-me um rapaz solteiro
Que seja bom e bonito
E que tenha muito dinheiro.

Vou pedir-te um milagre
Meu São Pedro Padroeiro
Dá-nos sol e bom tempo
Durante o ano inteiro.

Ó meu rico São João
Venho aqui à tua beira
Colher uma lenhinha
P’ra acender a fogueira.

A São João vou cantar
Pois é dele este dia
E a todos vou desejar
Paz, Amor e Alegria.

São João lindo santinho
Os teus caracóis são d’ouro
E o teu alvo cordeirinho
É o teu maior tesouro.

Chamam-lhe o Santo bonito
Isso não sei se ele é
Mas nele eu acredito
E tenho devota fé.

Se eu saltar a fogueira
E queimadinha ficar
Não hei-de ser a primeira
A com o fogo brincar.

São Pedro

O São Pedro, é um artista,
Que diz aos jovens foliões;
Usem o beijo como isca
Para pescarem corações.

Com tanta gente a pecar
Do Jordão até ao Mondego,
São Pedro pode ir parar
Às portas do desemprego.

Oh! São Pedro pescador…
Ai que noite atribulada.
Fui pescar com o meu amor,
Fiquei com a rede furada.

S. Pedro é pescador
Lança ao mar sua barquinha
Rema, rema todo o dia
E só volta de tardinha.

S. Pedro sente-se feliz
Nas ondas no mar sagrado
Quem se junta a S. Pedro
Anda bem acompanhado.

Eu vejo que são corajosos
E suas almas são boas
Lançam as redes ao mar
Mesmo a volta das canoas.

Parecem ser honestos
Trabalham em união
Passa Jesus e convida-os
Para outra embarcação.

Vamos ao calhau

Vamos ao calhau de S. Jorge
Que há-de ser sempre lembrado
Porque em dia de S. Pedro
Estava sempre acompanhado.

À sessenta anos atrás
Eu lembro-me muito bem
Vinha gente de S. Jorge e de Santana
Também lá cantavam e brincavam
Passavam o dia bem.

A última festa que houve
Parece que estou a ver
A banda de Santana
Que foi bonito a valer.
E também comes e bebes
Melhor não podia haver.

Era uma vez por ano
Que esta festa se fazia
Pelas voltas do calhau
Saíam em romaria.

Ao chegar ao fim da tarde
Cantigas por toda a banda
Começavam no bailinho
E acabavam no charamba.

Eu vou dar por terminado
Tenho a caneta na mão
Agora já não fazem festas
Acabou a tradição.

[ Madeira ]

A fogueira é para saltar

A fogueira é para saltar,
A brasa para assar,
A sardinha é para comer,
E o vinho para beber.

O passado é para recordar,
O presente para viver,
O futuro para aguardar
E a sardinha para comer.

São João para ver as moças,
Fez uma fonte de prata.
As moças não vão lá,
São João todo se mata.

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Mulher

Canções à mulher

Letras

Ando na rua da noite

[ Mulher-Mágoa ]

Ando na rua da noite,
Bebo vinho de saudade;
Cada esquina é um açoite
Fustigando a claridade.

Vou de noite pela noite,
De uma vida sem idade:
Não há corpo onde me acoite,
Não há casas na cidade.

Vou de noite pelo ventre
De ruas mal-assombradas,
Levo uma alma doente
Nas minhas mãos desfasadas.

Vou de noite pela noite,
De uma vida sem idade:
Não há corpo onde me acoite,
Não há casas na cidade.

No rio vejo um navio
Rumando rumo à infância…
Tenho frio, tenho frio,
Morro do mal da distância.

Corro as ruas da cidade
Sempre à procura de mim,
Mas ela não tem piedade
E nunca mais chego ao fim.

Ando na rua da vida,
Bebo sumo de tristeza;
Deitando contas à vida
Somo apenas a pobreza.

Ando na rua da vida,
Bebo sumo de tristeza;
Quem andar assim perdida
Não se encontra, com certeza.

Na cama só vejo lama,
Na rua só piso água;
Quem me fala? Quem me chama
O nome de Mulher-Mágoa?

Corro as ruas da cidade
Sempre à procura de mim,
Mas ela não tem piedade
E nunca mais chego ao fim.

Letra: José Carlos Ary dos Santos
Música: Nuno Nazareth Fernandes
Intérprete: Elisa Lisboa (in EP “Mulher-Mágoa”, Columbia/EMI, 1969, reed. digital Edições Valentim de Carvalho, 2021)
Elisa Lisboa – voz
Arranjo e direcção de orquestra – Jorge Machado

Elisa Lisboa, EP Mulher-Mágoa, Columbia/EMI, 1969

Elisa Lisboa, EP Mulher-Mágoa, Columbia/EMI, 1969

As canseiras desta vida

[ Canseiras ]

As canseiras desta vida
Tanta mãe envelhecida
A escovar
A escovar
A jaqueta carcomida
Fica um farrapo a brilhar

Cozinheira que se esmera
Faz a sopa de miséria
A contar
A contar
Os tostões da minha féria
E a panela a protestar

Dás as voltas ao suor
Fim do mês é dia 30
E a sexta é depois da quinta
Sempre de mal a pior

E cada um se lamenta
Que isto assim não pode ser
Que esta vida não se aguenta
– o que é que se há-de fazer?

Corta a carne, corta o peixe
Não há pão que o preço deixe
A poupar
A poupar
A notinha que se queixa
Tão difícil de ganhar

Anda a mãe do passarinho
A acartar o pão pró ninho
A cansar
A cansar
Com a lama do caminho
Só se sabe lamentar

É mentira, é verdade
Vai o tempo, vem a idade
A esticar
A esticar
A ilusão de liberdade
Pra morrer sem acordar

É na morte ou é na vida
Que está a chave escondida
Do portão
Do portão
Deste beco sem saída
-qual será a solução?

Autor: Bertolt Brecht/José Mário Branco
Intérprete: José Mário Branco

Reciclanda

Reciclanda

O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.

Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.

Contacte-nos:

António José Ferreira
962 942 759

Já estou louca de estar só

[ Fala da Mulher Sozinha ]

Já estou louca de estar só,
Acompanhada de nada;
Já estou cheia de ser rua
Tão corrida, tão pisada;
Já estou prenhe de amizades,
Tão barriga de saudades…

Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar o olhar duma canção:
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto,
Mais longe e mais além,
Mas a saber que sou alguém!

Na cidade sou loucura,
Sou begónia, sou ciúme…
E eu que sonhava ser lume,
Caminho, atalho e lonjura,
Não tenho assento na festa,
Sou a migalha que resta…

Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar o olhar duma canção:
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto,
Mais longe e mais além,
Mas a saber que sou alguém!

Chegar ao cume, ao cimo, ao alto,
Mais longe e mais além,
Mas a saber que sou alguém!

Letra: Eduardo Olímpio
Música: Paco Bandeira
Intérprete: Margarida Bessa (in CD “Fado”, Movieplay, 1995)

Lá vem a Marianita

[ História da Marianita ]

Lá vem a Marianita, foi posta com as malas à porta
O amo mandou-a embora mas ela não chora, cá pouco se importa
Andava fisgado nela, foi ter-lhe ao quarto à tardinha
“Mariana, por mais que tu faças, tu de hoje não passas, és minha!”
“Não me dás cabo da vida que essa não ta dou por nada!
Mil vezes me dei perdida, mas outras mil eu dei-me achada.”

Desdenha, vem prenha
Pragueja, deseja e ralha mas quando trabalha não estranha

Que tens tu, ó Mariana, que não sossegas um dia?
Não foi proveito nem fama: já chora já mama, cá tudo se cria
Vai por serras e veredas a ver onde é que há jornada
Que importa que o povo diga se a vida castiga por tudo e por nada
O amo quere-a de volta mas ela não verga a haste
Hei-de criá-lo sozinha, a cria é só minha, tu tarde piaste

Desdenha, vem prenha
Pragueja, deseja e ralha mas quando trabalha não estranha

Desdenha, vem prenha
Pragueja, deseja e ralha mas quando trabalha não estranha

A noite é que guarda a Lia
O poente é que a embala
P’ra a vida não ser bravia
Tem de a gente amansá-la
A mão que nos guarda a vida
É a mão que nos dá a manha
Só leva a vida vencida
Quem aprova e não estranha

Letra e música: Sebastião Antunes
Intérprete: Sebastião Antunes & Quadrilha (in CD “Perguntei ao Tempo”, Sebastião Antunes/Alain Vachier Music Editions, 2019)
Versão original: Quadrilha com Segue-me à Capela (in CD “A Cor da Vontade”, Vachier & Associados, 2003)

Sebastião Antunes & Quadrilha
Sebastião Antunes & Quadrilha
Luísa sobe

[ Calçada de Carriche ]

Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda Luísa…

Poema: António Gedeão (excerto)
Música: José Niza
Arranjo: José Calvário
Intérprete: Carlos Mendes (in LP “Fala do Homem Nascido”, Orfeu, 1972, reed. Movieplay, 1998)

CALÇADA DE CARRICHE

António Gedeão, in “Teatro do Mundo”, Coimbra: Edição do autor, 1958; “Poesias Completas”, Portugália Editora, 1964, 5.ª edição, 1975 – p. 115-120; “Poemas Escolhidos: Antologia Organizada pelo Autor”, Lisboa: Edições João Sá da Costa, 1997 – p. 34-37).

Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu da sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

António Gedeão/Rómulo de Carvalho
António Gedeão/Rómulo de Carvalho
Maria Joana, do que és tu feita?

[ Mulher Feiticeira ]

Maria Joana, do que és tu feita?
És entre os poetas mulher perfeita
São quantos os homens contigo enrolada
Na mente, no peito, na cama deitada?

São quantas as cores entre os teus amores que ficam mais vivas?
São quantos alentos que mudas ao centro por dentro da vida
Como uma miragem, contigo em viagem, teus apaixonados
Que ficam para sempre contigo na mente e em parte alterados?

O que tu tens, o que tu tens, Maria?
O que tu tens e do que é feito o teu ser?
O que tu tens, porque tens tu magia?
O que tu tens, o que tu tens que eu quero ter?

Maria Joana, descomplicada
Fragrância em delírio bem perfumada
Faz seus prisioneiros relaxando a vida
Dá o seu corpo inteiro com peso e medida

Acende-se a chama, ficas inspirado levando o teu ser
À serotonina que sobe tão fina subindo o prazer
De corpo suado, mostrando outro lado num lado qualquer
Fez sua magia, fez feitiçaria, Maria mulher

O que tu tens, o que tu tens, Maria?
O que tu tens e do que é feito o teu ser?
O que tu tens, porque tens tu magia?
O que tu tens, o que tu tens que eu quero ter?

No ser delicada, na vida focada e tão original
Que já não vê fronteiras, contorna barreiras, faz o desigual
Assume na vida nova perspectiva e sabe o que não quer
Faz feitiçaria com sua magia, Maria mulher

O que tu tens, o que tu tens, Maria?
O que tu tens e do que é feito o teu ser?
O que tu tens, porque tens tu magia?
O que tu tens, o que tu tens que eu quero ter?

Letra e música: Luís Pucarinho
Intérprete: Luís Pucarinho (in CD “SaiArodada”, Luís Pucarinho/Alain Vachier Music Editions, 2018)

Menina de olhar sereno

[ Menina do Alto da Serra ]

Menina de olhar sereno
raiando pela manhã
de seio duro e pequeno
num coletinho de lã.

Menina cheirando a feno
casado com hortelã.

Menina que no caminho
vais pisando formosura
levas nos olhos um ninho
todo em penas de ternura.
Menina de andar de linho
com um ribeiro à cintura.

Menina de andar de linho
com um ribeiro à cintura.

Menina da saia aos folhos
quem te vê fica lavado
água da sede dos olhos
pão que não foi amassado.

Menina de riso aos molhos
minha seiva de pinheiro
menina da saia aos folhos
alfazema sem canteiro.

Menina de corpo inteiro
com tranças de madrugada
que se levanta primeiro
do que a terra alvoraçada.

Menina de corpo inteiro
com tranças de madrugada
que se levanta primeiro
do que a terra alvoraçada.

Menina da saia aos folhos
quem te vê fica lavado
água da sede dos olhos
pão que não foi amassado.

Menina de fato novo
Ave-Maria da terra
rosa brava rosa povo
brisa do alto da serra.

Rosa brava rosa povo
brisa do alto da serra.

Letra: José Carlos Ary dos Santos
Música: Nuno Nazareth Fernandes
Intérprete: Kátia Guerreiro e Ney Matogrosso (in CD “Tudo ou Nada”, Som Livre, 2005)
Versão original: Tonicha – “Menina” (1971)

Minha mulher

[ Minha Metade ]

Minha mulher
Singelo encanto
Minha alma-irmã
És meu farol
Raio de sol
Luz da manhã

Minha empatia
Sabedoria
Sem ter idade
Minha poesia
Minha alegria
Minha metade

Meu lindo bem-querer
Rosa do meu jardim
Não canso de dizer
O que és p’ra mim:

Minha água clara
Pedra tão rara
Meu talismã
Rima e compasso
Meu terno amasso
Minha maçã

Minha pepita
Coisa bonita
Cheirosa flor
Minha certeza
Minha riqueza
Meu doce amor

Meu lindo bem-querer
Rosa do meu jardim
Não canso de dizer
O que és p’ra mim:

Minha água clara
Pedra tão rara
Meu talismã
Rima e compasso
Meu terno amasso
Minha maçã

Minha pepita
Coisa bonita
Cheirosa flor
Minha certeza
Minha riqueza
Meu doce amor

Letra e música: Aníbal Raposo (2011-01-31)
Intérprete: Aníbal Raposo (in CD “Rocha da Relva”, Aníbal Raposo/Global Point Music, 2013)

Mulher chegada ao sonho adolescente

[ Mulher-Amor ]

Mulher chegada ao sonho adolescente
botão de esperança num sorriso alegre
mulher inteira, coração contente
que guarda com ternura
a última boneca
para quem o amor é a coisa mais pura

Mulher capaz de ter nas mãos serenas
toda a força do amor que habita em si
e sabe pôr nas coisas mais pequenas
um gesto de ternura
mulher igual a mim
mulher que és mãe és a mulher mais pura

Mulher que chega à esquina da idade
carregada dos seus anos doirados
cada ruga lhe traz uma saudade
e afaga com ternura
seus cabelos grisalhos
bebendo o amor da sua fonte pura

cada ruga lhe traz uma saudade
e afaga com ternura
seus cabelos grisalhos
bebendo o amor da sua fonte pura

Letra: Manuel Lima Brummon
Música: António Chainho
Intérprete: Tereza Tarouca (in LP “Portugal Triste”, Alvorada/Rádio Triunfo, 1980; CD “Tereza Tarouca”, col. O Melhor dos Melhores, vol. 32, Movieplay, 1994; CD “Teresa Tarouca”, col. Clássicos da Renascença, vol. 15, Movieplay, 2000; CD “Álbum de Recordações”, Alma do Fado/Home Company, 2006)

António Chaínho
António Chaínho
Olha, não chores, maninha

[ Cicatriz de Ser Mulher ]

Olha, não chores, maninha,
que eu não sei se vai passar…
essa tristeza tão funda
não sei se passa a chorar!

Olha, que pena, maninha,
essa flor de malmequer,
essa tristeza tão funda,
cicatriz de ser mulher!

Lembras? Que lindo o teu homem
e que meigo o seu olhar
e como ardia o teu corpo
ao seu mais leve tocar?

Foi de repente, maninha,
como tudo se mudou:
o amante foi senhor,
o senhor tudo esmagou!

Sei que é tão frágil a flor
que brotou do coração
e dói ver um corpo bandido
desfolhá-la pelo chão!

Olha, que os homens, maninha,
andam tontos pelo mundo:
pisam com fúria tamanha
o seu berço mais profundo!

E já não falo da guerra
com soldados frente a frente:
deixam a saia sangrando,
deixam pegadas no ventre!

Dizem “quem cala consente!”,
mas custa tanto falar:
o medo dentro da gente
ficou mudo de gritar!

Olha, não chores, maninha,
que eu apago, se puder,
essa tristeza tão funda,
cicatriz de ser mulher!

Letra e música: João Lóio
Intérprete: João Lóio* (in CD “Canções de Amor e Guerra”, João Lóio, 2002)

[Créditos gerais do disco]:
Carlos Rocha – guitarras acústica e eléctrica
João Lóio – voz e guitarra acústica
Firmino Neiva – baixo eléctrico
Arnaldo Fonseca – acordeão
Mário Teixeira – caixa de rufo
Regina Castro e Guilhermino Monteiro – coros
Arranjos e direcção musical – Carlos Rocha, Firmino Neiva e João Lóio
Gravado por Fernando Rangel, nos Estúdios Fortes & Rangel, Porto, em Abril de 2002
Mistura – Fernando Rangel, Carlos Rocha, Firmino Neiva e João Lóio
Masterização – Fernando Rangel

Veio de longe

Maria Lua (Mulher)

Veio de longe
para encontrar
outra lua, outro lugar
Veio sozinha
Maria Lua
acende o mar

Sem pressa…
Sem medo…
nem nada…

Veio de longe
veio a cantar
outra terra, outro ar
Veio sozinha
Maria Lua
cor de luar

Maria Lua
lua do mar…

Ela sabe quem é
cheira a café
Ela sabe o que quer
é mulher

Maria Lua
nunca se há-de casar
Ela é amante do mar

Veio de longe
para encontrar
outra lua, outro lugar
Veio de longe
Maria Lua
acende o mar

Maria Lua
lua do mar…

Ela sabe quem é
cheira a café
Ela sabe o que quer
é mulher

Maria Lua
nunca se há-de casar
Ela é amante do mar

Maria Lua
nunca se há-de casar
Ela é amante do mar

Maria Lua
lua do mar…

Ela é amante do mar
Maria Lua
lua do mar…

Letra: Eugénia Ávila Ramos
Música: Tiago Oliveira
Intérprete: Rua da Lua (ao vivo no Teatro da Luz, Lisboa)
Versão original: Rua da Lua (in CD “Rua da Lua”, Rua da Lua, 2016)

Velha da terra morena

Mulher da Erva

Velha da terra morena
Pensa que é já lua cheia;
Vela que a onda condena
Feita em pedaços na areia.

Saia rota subindo a estrada,
Inda a noite rompendo vem,
A mulher pega na braçada
De erva fresca, supremo bem.

Canta a rola numa ramada,
Pela estrada vai a mulher:
“Meu senhor, nesta caminhada
Nem m’alembra do amanhecer!”

Há quem viva sem dar por nada,
Há quem morra sem tal saber…
Velha ardida, velha queimada,
Vende a fruta se queres comer.

À noitinha, a mulher alcança
Quem lhe compra do seu manjar,
Para dar à cabrinha mansa,
Erva fresca da cor do mar.

Na calçada uma mancha negra
Cobriu tudo e ali ficou:
Anda, velha da saia preta,
Flor que ao vento no chão tombou!

No Inverno terás fartura
Da erva fora supremo bem…
Canta, rola, tua amargura!
Manhã moça nunca mais vem…

Letra e música: José Afonso
Intérprete: Teresa Silva Carvalho / introdução por Vitorino (in LP “Ó Rama, Ó Que Linda Rama”, Orfeu, 1977, reed. Movieplay, 1994)

Créditos gerais do disco:
Teresa Silva Carvalho – voz
Júlio Pereira – violas acústica e clássica, bandolim e percussões
Pedro Caldeira Cabral – guitarra portuguesa e rabeca
Catarina Latino – flauta barroca e cornamusa
Zé Luiz Iglésias – viola clássica
Pintinhas – percussões
Hélder Reis – acordeão
Vitorino – voz masculina
Grupo Coral de cantadores do Redondo
Produção e direcção musical – Vitorino
Gravado nos Estúdios Arnaldo Trindade, Lisboa
Técnicos de som – Manuel Cunha e Moreno Pinto
URL: https://www.museudofado.pt/fado/personalidade/teresa-silva-carvalho

Capa do LP “Ó Rama, Ó Que Linda Rama” (Orfeu, 1977)
Desenho e execução – Jean Laffront

Elfiede Engelmayer dá a explicação deste texto: trata-se de uma velha mulher do Alentejo que ganhava a vida com a venda de erva.

José Afonso conheceu-a quando ela já tinha mais de setenta anos. Todos os dias, andava pelas ruas e estradas com uma cesta de erva cuja venda era o seu sustento e com que se alimentava o gado. Esta “profissão” desapareceu com a modernização da agricultura. A canção relata o encontro entre o cantor e a mulher.

Na segunda estrofe, ele vê-a a subir a estrada, vindo na sua direcção. Na terceira, eles trocam algumas palavras e depois ela prossegue o seu caminho sem ouvir o comentário do cantor. Na primeira estrofe, a “vela condenada pela onda” simboliza que ela não tem, e nunca teve, futuro.

Oona Soenario (in “A canção de intervenção Portuguesa: Contribuição para um estudo e tradução de textos”, Universidade de Antuérpia, 1994-1995)

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Três reis magos

Reisadas

O cantar dos reis, também chamado “reisadas”, é uma secular tradição portuguesa que acontece entre o Natal (25 de dezembro) e o dia de Reis (6 de janeiro), assumindo características diferenciadoras em certas regiões.

Acompanhados por instrumentos musicais, grupos de amigos e conhecidos (reiseiros) vão de casa em entoando cantigas com que se deseja boas festas e um feliz ano novo e se pede um donativo. As janeiras têm o foco no desejar um bom ano e não tanto no nascimento de Jesus. As tradicionais janeiras e cantares ao Menino assumem no concelho de Faro a forma particular de encontros de charolas, amplamente participados.

Na linha das tradições musicais portuguesas (e no âmbito de Educação Musical e de Música), podem ser manifestação de empatia com a comunidade educativa. Na escola, as quadras podem ser preparadas com os alunos, atividade que fomenta a criatividade e o gosto da poesia.

Adquira AQUI Reis e janeiras!

Meloteca, recursos musicais criativos para crianças, professores, educadores e animadores

Meloteca, recursos musicais criativos para crianças, professores, educadores e animadores

A cabana está fechada

1. A cabana está fechada,
o Menino está lá dentro.
Vinde dar as Boas Festas.
Ó que lindo nascimento.

Vamos todos, vamos todos,
vamos todos a Belém
adorar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Reciclanda

Reciclanda

O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.

Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.

Contacte-nos:

António José Ferreira
962 942 759

A cantar-vos as janeiras

A cantar-vos as janeiras
aqui estamos reunidos.
Desejamos um bom ano
aos amigos mais queridos.

1. Vivam os colegas,
e os professores,
os auxiliares
e educadores.

Versão das janeiras “Boas festas, boas festas” destinada à escola.

Agora que eu vou cantar

Agora que eu vou cantar,
viva o meu atrevimento.
Quem não me quiser ouvir
bote os ouvidos ao vento.

Por bem cantar, mal não digas
dos que a voz aqui levantam,
pois uns cantam o que sabem
e outros sabem o que cantam.

Popular do Alentejo

Alegres cantam os sinos

1. Alegres cantam os sinos
nesta noite de Natal
em que Jesus veio ao mundo
para nos livrar do mal.

Vinde, pastores, correi a Belém,
ver na lapinha Jesus nosso bem.
Vinde adorar o Menino,
Vinde todos a Belém.

2. Glória a Deus nas alturas,
estão anjos a cantar.
Vinde adorar o Menino
que nasceu p’ra nos salvar.

3. Ó meu menino Jesus,
nascidinho na probreza,
tomai posse da minha alma
que é toda a minha riqueza.

Cantar. 1964, 4ª ed., 162-163.

Aqui estamos nós

Aqui estamos nós
Neste belo dia
Cantando as janeiras
Com muita alegria.

P’ra a nossa família
E p’ra toda a gente
Que o ano novo
seja excelente.

2. Para os colegas
E os professores,
Os auxiliares
E educadores…

3. Que os nossos amigos
Tenham amizade,
Muita alegria
E felicidade.

Aqui estamos nós todos reunidos

Aqui estamos nós
todos reunidos
cantando as janeiras
aos nossos amigos,
sem nenhum interesse
com muita amizade,
cantando as janeiras
à sociedade.

Somos cá da terra
e vimos cantar,
dar as boas festas
p’ra vos alegrar.
Neste ano novo
que Deus nos ajude,
nos dê muita paz
e muita saúde.

1. Somos bons amigos
e vimos cantar
dar as boas festas
p’ra vos alegrar.
Neste novo ano
que Deus nos ajude,
nos dê muita paz
e muita saúde.

2. ‘Stamos a acabar,
temos de partir
mas jamais iremos
sem nos despedir.
Senhores da casa
batam-nos as palmas,
sejam lá bondosos
pelas vossas almas.

Aqui vêm as três rosinhas

Aqui vêm as três rosinhas
quatro ou cinco ou seis
se o senhor nos dá licença
vimos-lhe cantar os reis

Os três reis do oriente
já chegaram a Belém
visitar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

O menino está no berço
coberto c’o cobertor
e os anjinhos estão cantando
louvado sej’o Senhor.

O Senhor por ser Senhor
nasceu nos tristes palheiros,
deixou cravos, deixou rosas,
deixou lindos travesseiros.

Você diz que tem bom vinho
có có có,
venha-nos dar de beber,
rintintin,
florin-tintin,
traililairó.

Donões, Montalegre, Trás-os-Montes

Aqui vimos, aqui estamos

Aqui vimos, aqui estamos,
aqui vimos, bem sabeis,
vimos dar as boas festas
e também cantar os reis.

1. Pastores, pastores,
vamos todos a Belém
visitar Maria
e Jesus também.

2. Nasceu o Menino Jesus,
nasceu para nos salvar;
vamos todos a Belém,
o verdadeiro lugar.

3. Quem diremos nós que viva
no raminho de oliveira?
Viva o Senhor Alberto
e viva a família inteira.

Final:
Pastores, pastores,
vamos a Belém
visitar Maria
e Jesus também.

Trad. Louredo/Resende, Portugal

Boas festas

Boas festas, boas festas
aos amigos vimos dar.
Um bom ano, um bom ano
vos queremos desejar.

1. Ó vós que dormis
em cama macia,
já nasceu o filho
da Virgem Maria.

Boas festas, boas festas

1. Boas festas, boas festas
tenha vossa senhoria,
com boas entradas de ano
com prazer e alegria.

Vamos todos juntos,
todos reunidos
dar as Boas Festas
aos nossos amigos.

2. Como alegres passarinhos
a nossa vida é cantar
e aos senhores desta casa
queremos saudar.

3. Vivam todos meus senhores,
vivam todos em geral.
Deus lhes dê um ano novo
isento de todo o mal.

Cantar 1964, 4ª ed. 158-159.

Boas noites

Boas noites, boas noites,
boas noites de alegria,
que lhas manda o Rei da Glória,
filho da Virgem Maria.

Naquela relvinha,
c ’o vento gelou,
a mãe de Jesus
tão pura ficou.

Dominus excelsis Deo,
que já é nascido
O que nove meses
andou escondido.

De quem é o chapeuzinho
Qu’além ‘stá pendurado?
É do senhor José
que Deus o faça um cravo.

De quem é o vestidinho
cosido com seda branca?
É da senhora Susana
que Deus a faça uma santa.

De quem será é o pente d’oiro
Que se achou no arvoredo?
É da senhora Clara
que lhe caiu do cabelo.

De quem eram as liguinhas
que se acharam entre as ervas?
Eram da senhora Rosa
que lhe caíram das pernas.

De quem seriam eram as botinhas
que estavam no sapateiro?
Eram do senhor Custódio
que as pagou c’o seu dinheiro.

Levante-se lá, senhora
do seu banco de cortiça.
Venha-nos dar as janeiras,
ou morcela ou chouriça.

Levante-se lá, senhora,
desse seu rico banquinho,
Venha-nos dar as janeiras
em louvor do Deus Menino.

Levante-se lá, senhora,
desse seu rico assento.
Venha-nos dar as janeiras
em louvor do Nascimento.

Levante-se lá, senhora,
desse seu banco de prata,
Venha-nos dar as janeiras
que está um frio que mata.

(Se demoram a dar as janeiras…)

Levante-se lá, senhora
dessa cadeirinha torta.
Venha-nos dar as janeiras
se não batemos-lhe à porta.

(Se dão as janeiras, cantam a despedida.)

Despedida, despedida,
despedida quero dar.
Os senhores desta casa
bem nos podem desculpar.

(Se não dão as janeiras)

Esta casa não é alta,
tem apenas um andar.
Estes barbas de farelo
nada têm p’ra nos dar.

Esta casa é bem alta,
forradinha de papel.
O senhor que nela mora
É um grande furriel.

Esta casa é bem alta,
forradinha a papelão.
O senhor que nela mora
é um grande forretão.

(Trelinca a martelo
torna a trelincar.
Estes barbas de chibo
não têm que nos dar.)

(Quando vão comer as janeiras)

Naquela relvinha,
naquela lameira,
detrás da fontinha
se come a Janeira.

Gloria in excelsis Deo,
que já é nascido
O que nove meses
andou escondido.

Recolha de várias com base na de Vale de Lobo, BB – Etnografia da Beira, I vol., Jaime Lopes Dias, 2ª ed. Empresa Nacional de Publicidade, Lisboa 1944, 159. Pequenas adaptações.

Boas noites, meus senhores

Boas noites, meus senhores,
Boas noites vimos dar.
Vimos pedir as janeiras
Se no-las quiserem dar.

Aqui vimos, aqui vimos,
Aqui vimos bem sabeis.
Vimos dar as boas festas
E também cantar os reis.

Ano Novo, Ano Novo,
Ano Novo, melhor ano.
Vimos cantar as janeiras
Como é de lei cada ano.

Levante, linda senhora
Desse banquinho de prata.
Venha-nos dar as janeiras
Que está um frio que mata.

As janeiras são cantadas
Do Natal até aos Reis.
Olhai lá por vossa casa
Se há coisa que nos deis.

Cá estamos à sua porta

Cá estamos à sua porta,
um grupo de amigos seus.
Falar bem nada nos custa:
santa noite lhe dê Deus.

Que tenha um próspero ano
e não esqueça a virtude.
Que tenha muita alegria
e outra tanta saúde.

A quem tanto bem nos faz
Deus livre de pena e dano.
Fiquem com Deus, passem bem!
Até ao próximo ano!

Adapt.
Aqui ‘stou à sua porta
mais dois camaradas meus.
Falar bem nada nos custa:
santas noites lhes dê Deus.

Venho lhes dar os bons anos
que pelas festas não pude.
Venho ao fim de saber
novas da sua saúde.

Trad. Portugal, Peroguarda

Cantemos

Cantemos, cantemos,
cantemos com alegria.
Vimos dar as Boas Festas
à nossa freguesia.

1. A senhora desta casa
está sentada num banquinho.
Venha o prato das filhoses
e o garrafão do vinho.

2. A senhora que aqui mora
seria boa pessoa
se nos trouxesse presunto
e um pedaço de broa.

Cantemos todos lindas canções

Cantemos todos lindas canções.
Louvam a Deus os corações.
Já é nascido, haja alegria!,
o Deus menino, Avé Maria.

Entrai, pastores, entrai
por esse portal sagrado.
Vinde adorar o menino
numas palhinhas deitado.

Da serra veio um pastor
à minha porta bateu.
Trouxe uma carta que diz:
“O Deus menino nasceu!”

Pela oferta que nos deram,
o nosso muito obrigado.
Tenham um bom ano novo
de paz e amor recheado.

Debaixo de uma oliveira

Debaixo de uma oliveira,
um anjo do céu dizia:
a todos os moradores
muita paz e alegria!

1. As janeiras são cantadas
em janeiro pelos Reis.
Nasceu um lindo menino,
o seu nome já o sabeis.

2. Boas festas, boas festas
vos dizemos neste dia;
vós dais-nos as janeirinhas,
nós trazemos a alegria.

3. A todos os que aqui ‘stão
a ouvir-nos a cantar,
nós desejamos bom ano
e saúde a transbordar.

Trad. Portugal

Em Belém, à meia noite

1. Em Belém, à meia noite,
noite de tanta alegria
já nasceu o Deus Menino,
Filho da Virgem Maria.

Pastores, pastores,
vinde todos a Belém
adorar o Deus Menino,
que Nossa Senhora tem.

2. Viva lá, senhora Amélia
raminho de amendoeira.
‘Inda neste mundo anda
já no céu tem a cadeira.

3. Viva lá, o menino Diogo
que lá está juntinho à brasa.
Venha-nos dar as janeiras
que é o morgado da casa.

4. Viva lá, senhor Armando
raminho de salsa crua.
Quando vai para a igreja
alumia toda a rua.

5. A todos que aí estão
ao redor dessa fogueira,
santa paz lhes desejamos
‘té à hora derradeira.

Cf. Cantar. 1964, 4ª ed., 152-153.

Esta casa é tão alta

Esta casa é tão alta,
É forrada de papelão.
Aos senhores que cá moram,
Deus lhe dê a salvação.

Esta noite

Esta noite é de janeiras.
Cantemos com alegria.
Já nasceu o Deus Menino
Filho da Virgem Maria,

Filho da Virgem Maria
Numas palhinhas deitado.
Deu à luz esta criança
O Deus Menino Sagrado.

Estou a ver a dona de casa
Pelo buraco da fechadura.
Venha-me dar a esmola
Que o frio já não se atura.

Quando vinha aí em baixo
Topei com uma cortiça.
Logo o meu coração disse
Que aqui davam uma chouriça.

Autor: Diogo Graça Carolino
Alvalade – Sado

Esta noite é de janeiras

Esta noite é de janeiras
e dum grande merecimento
por ser a noite primeira
em que Deus passou tormento.

Os tormentos que passou,
eu lhes digo a verdade:
o seu sangue derramou
p ’ra salvar a sociedade.

Um raminho, dois raminhos,
um raminho de salsa crua.
Ao pé da tua cama
nasce o sol e põe-se a lua.
Daqui donde estou bem vejo
um canivete a bailar
para cortar a chouriça
que a senhora me há-de dar.

Esta noite é de janeiras, in cancioneiro Popular Português, Michel Giacometti; F. Lopes-Graça. Círculo de Leitores 1981, 46.

Esta noite é de janeiras, é de grande mer’cimento

Esta noite é de janeiras,
é de grande mer’cimento.
Por ser a noite primeira
em que Deus passou tormento.

Os tormentos que passou
de Sua livre vontade,
o Seu Sangue derramou
p’ra salvar a Cristandade.

O Seu Sangue derramou,
Seu Sangue derramaria
p’ra salvar a Cristandade,
São Pedro, Santa Maria!

Ao fim de séculos passados,
foram ver a sepultura.
Acharam ossos mirrados,
o sinal da criatura!

Esta noite de Ano Novo
é de tão alto valor.
Deus lhe dê muita saúde
e pão ao Sr. Doutor!

Viva o Sr. Dr. Carlos
que vela p’los pobrezinhos
Deus lhe dê muita saúde
pra criar os seus filhinhos!

Esta casa está juncada
com junquilhos da ribeira.
Viva o dono desta casa,
mais a sua companheira!

Esta casa está juncada
com ramos de erva cidreira.
Deus lhe dê muita saúde,
e à sua família inteira!

janeiras, in cancioneiro de Serpa, M. Rita Ortigão P. Cortez, Ed. C.M. Serpa 1994, 366-367.

Foi tão belo o que aconteceu

Uma estrela os guiou

Inda agora

‘Inda agora aqui cheguei,
já começo a cantar.
‘Inda não pedi licença,
não sei se ma querem dar.

Pastores, Pastores,
vinde todos a Belém
adorar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Levante-se lá, ó senhora,
desse seu lindo banquinho.
Venha o prato das filhoses
e uma garrafa de vinho.

Levante-se lá, ó senhora
dessa cadeira de prata,
Venha-nos dar as janeiras
que está um frio que mata.

Inda agora aqui cheguei

Inda agora aqui cheguei,
mal pus o pé na escada,
logo o meu coração disse:
aqui mora gente honrada.

Ó irmãos na caridade,
notícias vos trago eu:
às doze horas da noite
o Deus Menino nasceu.

Nasceu numas tristes palhas
como nasce o cordeirinho.
Por causa dos meus pecados
foi preso ao madeirinho.

De quem é a bengalinha
que está ali no bengaleiro?
É do patrão desta casa
que é um bom cavalheiro.

Já os campos averdegam

Já os campos averdegam
noite e dia à bela luz.
Ó que lindo nascimento
teve o menino Jesus.

Andámos de casa em casa
por atalhos e caminhos,
os corações sempre em brasa
como outrora os pastorinhos.

2. Ó meu menino Jesus,
meu lindo amor perfeito,
se vós tendes frio
vinde parar ao meu peito.

Já os três reis vão chegando

1. Já os três reis vão chegando
à lapinha de Belém
adorar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Com muitas graças
aqui viemos
as boas festas
lhes cantaremos.

2. A cabana era pequena,
não cabiam todos três;
adoraram o Menino
cada um por sua vez.

3. Nossa Senhora lhe disse:
– Filho meu, que te farei?!
Não tenho cama nem berço,
nos braços te criarei.

Já os três reis são chegados

1. Já os três reis são chegados
às portas do Oriente
visitar o Deus Menino,
Senhor Deus omnipotente.

2. Já os três reis são chegados
à lapinha de Belém,
visitar o Deus Menino
que a Nossa Senhora tem.

3. Nossa Senhora Lhe disse:
– Filho meu, que Te farei?
Não tenho cama nem berço,
nos braços te criarei.

4. Estas casas são bem altas,
têm defronte um laranjal.
Viva quem está dentro delas,
vivam todos em geral.

Meia noite dada

1. Meia noite dada,
meia noite em pino,
cantavam os galos,
nascia o Menino.

2. Chorava o Menino
como um enjeitado,
em lapa da serra,
não no povoado.

3. Menino tão rico
que pobre estais!…
Deitado no feno,
entre animais!

4. Os filhos dos homens
em berço doirado,
e Vós, meu Menino,
em palhas deitado!

5. Em palhas deitado,
tão pobre esquecido,
filho de uma rosa,
de um cravo nascido.

6. E do Oriente
os três reis vieram.
Oiro, incenso e mirra
lhe ofereceram.

Nesta casa há amor

Nesta casa há amor,
junta-se a paz à lareira
para ouvir cantar em grupo
cantadores, cantadeiras.

1. Vimos cantar as janeiras
Do tempo da nossa avó.
Somos gente das aldeias
unidas num grupo só.

2. Nos braços da bela aurora
vejo o menino brincando
com a mãozinha de fora
todo o Mundo abençoando.

Neste dia de Janeiro

Neste dia de Janeiro
nós cá ‘stamos a cantar.
Um bom ano para todos
vos queremos desejar.

É nascido o Deus Menino,
Filho da Virgem Maria.
Cantemos em seus louvores
nossos hinos de alegria.

Cf. Cantar, 1964, 4ªed., 176.

Nós aqui vimos

Nós aqui vimos,
todos reunidos,
dar as Boas Festas
aos nossos amigos.

Não é com interesse
mas com amizade
dar as Boas Festas
à sociedade.

Sobreirinho ramalhudo
que nos dás a bolota,
se tens filhos ou criados
mandai-nos abrir a porta.

Pela oferta que nos deram
o nosso muito obrigado.
O nosso rancho agradece
nós p’ró ano cá voltamos

Modivas, Ourém

Nós somos os três reis

1. Nós somos os três reis
que vimos do Oriente
trazer as boas festas
com paz p’ra toda a gente.
Nós somos os três reis
guiados por uma luz.
Adoramos o Deus Menino
que se chama Jesus.

2. Nós somos os três reis,
Baltazar e Gaspar.
Também o Belchior
O veio adorar.
Nós somos os três reis
guiados por uma luz.
E trouxemos três presentes
p’ro Menino Jesus.

O ano vem vindo

[ Bons Anos ]

O ano novo vem vindo
Sorridente e a cantar;
O velho que vai saindo
Vai triste por acabar.

Eu já vejo a luz acesa;
Sei que não estás dormindo.
A mulher vai pondo a mesa;
Tua porta vai abrindo.

Está um frio que corta,
Aqui não posso ficar.
Se tu não abres a porta,
Noutro lugar vou cantar.

Letra: Maria Angelina de Arruda Medeiros Ponte
Música: Tradicional (Maia, Ribeira Grande, Ilha de São Miguel, Açores)
Arranjo: Miguel Pimentel
Intérpretes: Miguel Pimentel com Maria José Victória (in CD “A Roda do Ano”, Miguel Pimentel, 2002, reed. Açor/Emiliano Toste, 2019)

Ó da casa, nobre gente

Ó da casa, nobre gente,
escutareis e ouvireis
Das bandas do Oriente
são chegados três reis.

São três reis, são três c’roados,
vinde ver quem vos c’roou,
e mais quem vos ordenou
no vosso santo caminho.

Mandou Deus, por uma estrela
que lhe ensinasse o caminho;
a estrelinha foi pousar
no alto duma cabana…

A cabana era pequena,
não cabiam todos três;
adoraram Deus Menino
cada um por sua vez.

Todos Lhe ofereceram
ouro e mirra e incenso;
não lhe ofereceram mais nada
porque Ele era Deus imenso.

Tradicional de Cinfães, Portugal

Ó de casa, alta nobreza

Ó de casa, alta nobreza,
mandai-nos abrir a porta,
ponde a toalha na mesa
com caldo quente da horta!

Teni, ferrinhos de prata,
ao toque desta sanfona!
Trazemos ovos de prata
fresquinhos, prá vossa dona.

Senhora dona de casa,
à ilharga do seu Joaquim,
vermelha como uma brasa
e alva como um jasmim!

Vimos honrar a Jesus
numas palhinhas deitado:
o candeio está sem luz
numa arribana de gado.

Mas uma estrela dianteira
arde no céu, que regala!
A palha ficou trigueira,
os pastorinhos sem fala.

Dá-lhe calorzinho a vaca,
o carvoeiro uma murra,
a velha o que traz na saca,
seus olho mansos a burra.

Já as janeiras vieram,
os Reis estão a chegar,
Os anos amadurecem:
estamos para durar!

Já lá vem Dom Melchior
sentado no seu camelo
cantar as loas de cor
ao cair do caramelo.

Ó incenso, mirra e oiro,
que cheirais e luzis tanto,
não valeis aquele tesoiro
do nosso Menino santo!

Abride a porta ao peregrino,
que vem de num longe, à neve,
de ver nascer o Menino
nas palhinhas do preseve.

Acabou-se esta cantiga,
vamos agora à chacota:
já enchemos a barriga,
sigamos nossa derrota!

Rico vinho, santa broa
calça o fraco, veste os nus!
Voltaremos a Lisboa
pró ano, querendo Jesus.

Recolha de Vitorino Nemésio (1901-1978)

O Menino está deitado

1. O Menino está deitado
com Maria e José.
Cantamos nós com os anjos:
“Gloria tibi Domine”. .

2. Entrai, pastores, entrai
na lapinha de Belém.
Adorai o Deus Menino
que nasceu p’ra nosso bem.

Cf. Cantar. 1964, 4ª ed.

Os pastores vão andando

Os pastores vão andando,
andando sempre à porfia
a ver quem chega primeiro
aos pés da Virgem Maria.

Boas festas, meus senhores,
festas de tanta alegria.
Já nasceu o Deus Menino,
Filho da Virgem Maria.

Para quem está ouvindo
esta nossa melodia,
pedimos ao Deus Menino
lhes dê paz e alegria.

Aqui ‘stou à sua porta
c’um pé frio e outro quente.
Venha dar-nos as janeiras,
um copinho de aguardente.

Cantar. 1964, 4ª ed., 174-175.

Para te cantar os Reis

[ Os Reis ]

Para te cantar os Reis
Trepei tua canadinha,
Trepei tua canadinha;
Daqui não levanto o pé
Sem chouriço ou galinha,
Sem chouriço ou galinha!

Está um terrale que corta!
Se tu és homem de brio,
Se tu és homem de brio,
Vem-nos abrir a porta!
Estou enrilhado com frio,
Estou enrilhado com frio.

Ó porta que te não abres,
Ó ferrolho que não corres,
Ó ferrolho que não corres,
Ó almas, em consciência,
Não considereis que morres?
Não considereis que morres?

Letra e música: Tradicional (Vila do Nordeste, Ilha de São Miguel, Açores)
Recolha: Artur Santos (campanha de 1960) (in 7LP “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de S. Miguel”, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1965, reed. 4CD “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de S. Miguel”: CD 1, faixa 5, Açor/Emiliano Toste, 2001)
Intérprete: Helena Oliveira (in CD “EssênciasAcores”, Helena Oliveira/HM Música, 2010)

Reis na Casa dos Açores em Toronto

Reis na Casa dos Açores em Toronto

Que estás a fazer, criança

Que estás a fazer, criança,
sentado na pedra fria?
Estou à espera do menino
Filho divino à luz do dia.

1. Andamos de casa em casa
por atalhos e caminhos,
os corações sempre em brasa
como outrora os pastorinhos.

2. Vimos dar as Boas Festas,
Boas Festas vimos dar,
que nasceu o Deus menino
nas palhinhas ao luar.

Senhora dona da casa

Senhora dona da casa
Deixe-se estar que está bem.
Mande-nos dar a esmola
Pela rosa que aí tem.

1. Abram-se lá essas portas
Ainda não estão bem abertas
Que nasceu o Deus menino
Vou-lhe dar as boas festas.

2. Boas festas meus senhores
Boas festas lhes vou dar.
Que nasceu o Deus menino
Nesta noite de Natal.

3. Nesta noite de Natal
Noite de santa alegria
Já nasceu o Deus menino
Filho da Virgem Maria

Senhores, nós vos trazemos

1. Senhores, nós vos trazemos
a mensagem de Belém:
nasceu já o Deus Menino
e Maria é sua mãe.

2. Nas bandas do Oriente
Uma estrelinha brilhou
E guiando os três reis Magos
Sobre o presépio poisou.

Nestas noites de Natal
como é bom pelo luar
vir até vós meus senhores
lindas janeiras cantar.

3. Tudo acorre à lapinha
para adorar o Senhor.
Não deixemos nós também
de cantar o seu louvor.

4. Como somos mensageiros,
não podemos demorar.
A boa nova iremos
a outros anunciar.

5. Levantai-vos, vinde ver-nos
e trazei-nos as janeiras
porque esta noite está fria,
só nos sabem as fogueiras.

6. Vamos dar a despedida
até ao ano que vem.
Fiquem-se com Deus, senhores,
e sua divina mãe.

Letra: Delmar Barreiros, Cantar. 1964, 4ª ed, p. 166-167.

Um Ano Novo entrou

Um Ano Novo entrou,
as janeiras vamos cantar
pedindo a vossa bondade
de quem nos queira ajudar.

janeiras, lindas janeiras,
senhores vimos cantar.
Boas Festas e alegria
vos queremos desejar.

Que todos os Mirenses
Tenham muitas felicidades,
presentes e ausentes
de todas as idades.

Senhores não demoreis
que é muito frio o luar,
Vinde-nos dar as janeiras
que nós temos de caminhar.

Boas noites meus senhores
até p’ró ano que vem.
Alegria e paz em Deus
e na Virgem, Sua Mãe.

Vamos cantar as janeiras

Vamos cantar as janeiras,
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras.

Vamos cantar orvalhadas,
Vamos cantar orvalhadas.
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas.

Vira o vento e muda a sorte,
Vira o vento e muda a sorte.
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte.

Muita neve cai na serra,
Muita neve cai na serra.
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra.

Quem tem a candeia acesa,
Quem tem a candeia acesa.
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza.

Já nos cansa esta lonjura,
Já nos cansa esta lonjura.
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura.

José Afonso

Vimos cantar as janeiras

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano para toda a escola
com saúde e alegria.

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano p’ra toda a família
com saúde e alegria.

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano para os moradores
desta linda freguesia.

Vimos cantar as janeiras
desejando neste dia
um bom ano para toda a gente
com saúde e alegria.

Para a melodia de janeiras de José Afonso

Vinde, pastores

Vinde, pastores, depressa
que já nasceu o Menino.
Já se cumpriu a promessa,
vamos a tocar o sino.

1. janeiras, lindas janeiras,
janeiras da minha aldeia.
Sois quais estrelas fagueiras
nas noites de lua cheia.

2. janeiras, lindas janeiras
senhores, vimos cantar.
Boas Festas e alegrias
vos queremos desejar.

3. Sopram os ventos da serra,
caem estrelas do céus,
Alegre-se toda a terra,
nasceu o Menino Deus.

4. Senhores, não demoreis,
que é muito frio o luar.
Vinde-nos dar as janeiras,
que temos de caminhar.

5. Levantai-vos da lareira
e vinde depressa ver
a grandiosa fogueira
que o Menino há-de aquecer.

6. Ó janeiras de Vilar
Como vós não há igual.
Dais consoada aos pobres
nestas noites de Natal.

7. A mensagem de Natal
a todos dê luz e amor.
Oxalá por toda a vida
vos guie com seu fulgor.

8. Boas noites, meus senhores,
até para o ano que vem.
Alegria e paz em Deus
e na Virgem sua Mãe.

Letra: J. Geraldes, Cantar. 1964, 4ª ed., 169-171.

Viva lá

Viva lá, minha senhora,
casaquinho de veludo;
Quando mete a mão ao bolso,
tem dinheiro para tudo.

Refrão:
Boas Festas, Boas Festas,
vos dizemos neste dia.
Venham-nos dar as janeiras,
com prazer e alegria.

Viva lá, minha senhora,
no seu livrinho a ler;
Quando vai para a janela,
parece o sol a nascer.

Viva lá, minha senhora,
linda estrela do norte.
Que Deus a deixe criar
para uma boa sorte.

Levante-se lá, minha senhora,
desse banco de cortiça.
Venha-nos dar as janeiras,
ou de carne, ou de chouriça.

Alegrias populares, vol. II, Jaime Pinto Pereira, Ed. autor 1967, 22
Vila Verde, Tourais

Viva lá, minha senhora

Viva lá, minha senhora,
Raminho de salsa crua.
Quando chega à janela
Põe-se o sol e nasce a lua.

Viva lá minha senhora
Linda boquinha de riso,
Linda maçã camoesa
Criada no paraíso.

Ó que estrela tão brilhante
Que vem dos lados do norte.
À família desta casa
Deus lhe dê a melhor sorte.

De quem é o anel d’oiro
Com pedrinhas no Redol.
É do menino João
Que é bonito como o sol.

Viva lá menina Rita.
Suas faces são romãs.
Seus olhos são mais galantes
Do que a estrela da manhã.

Ó que estrela tão brilhante
Que vem dos lados do norte.
À família desta casa
Deus lhe dê a melhor sorte.

A silva que nasce à porta
Vai beber à cantadeira.
Levante daí senhora
Venha-nos dar a Janeira.

Alegrai-vos companheiros
Que já sinto gente andar.
É a senhora da casa
Que nos vem a convidar.

Ó que estrela tão brilhante
Que vem dos lados do norte.
À família desta casa
Deus lhe dê a melhor sorte.

QUADRAS INTRODUTÓRIAS

Boas noites, boas noites,
boas noites de alegria,
que lhas manda o Rei da Glória,
filho da Virgem Maria.

Os três reis do oriente
já chegaram a Belém
visitar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Cá estamos à sua porta,
um grupo de amigos seus.
Falar bem nada nos custa:
santa noite lhe dê Deus.

Andámos de casa em casa
por atalhos e caminhos,
os corações sempre em brasa
como outrora os pastorinhos.

O menino está no berço
coberto c’o cobertor
e os anjos estão cantando
louvado seja o Senhor.

Aqui ‘stou à sua porta
mais dois camaradas meus.
Falar bem nada nos custa:
santas noites lhes dê Deus.

Venho lhes dar os bons anos
que pelas festas não pude.
Venho ao fim de saber
novas da sua saúde.

QUADRAS PARA REFRÃO

A cantar-vos as janeiras
aqui estamos reunidos.
Desejamos um bom ano
aos amigos mais queridos.

Aqui vimos, aqui estamos
A cantar, já o sabeis.
vimos dar as boas festas
e também cantar os reis.

Boas festas, boas festas
aos amigos vimos dar.
Um bom ano, um bom ano
vos queremos desejar.

QUADRAS PARA VIVAS

Viva lá quem nos escuta,
vivam todos em geral.
Deus vos dê um ano novo
E a todo o Portugal.

Como aqueles passarinhos
que estão sempre a cantar.
Aos senhores desta casa
nós queremos saudar.

Boas festas, boas festas
tenha vossa senhoria,
com boas entradas de ano
com prazer e alegria.

Quem diremos nós que viva
no raminho de oliveira?
Viva o Senhor Alberto
e viva a família inteira.

Por bem cantar, mal não digas
dos que a voz aqui levantam,
pois uns cantam o que sabem
e outros sabem o que cantam.

Boas noites, meus senhores,
Boas noites vimos dar.
Vimos pedir as janeiras
Se no-las quiserem dar.

As janeiras são cantadas
Do Natal até aos Reis.
Olhai lá por vossa casa
Se há coisa que nos deis.

Levante, linda senhora
desse banquinho de prata.
Venha-nos dar as janeiras
que está um frio que mata.

De quem é o vestidinho
cosido com seda branca?
É da senhora Susana
que Deus a faça uma santa.

De quem seriam eram as botinhas
que estavam no sapateiro?
Eram do senhor Custódio
que as pagou c’o seu dinheiro.

Levante-se lá, senhora
do seu banco de cortiça.
Venha-nos dar as janeiras,
ou morcela ou chouriça.

Levante-se lá, senhora,
desse seu rico assento.
Venha-nos dar as janeiras
em louvor do Nascimento.

Levante-se lá, senhora
dessa cadeirinha torta.
Venha-nos dar as janeiras
se não batemos-lhe à porta.

DESPEDIDA

Que tenha um próspero ano
e não esqueça a virtude.
Que tenha muita alegria
e outra tanta saúde.

A quem tanto bem nos faz
Deus livre de pena e dano.
Fiquem com Deus, passem bem!
Até ao próximo ano!

Despedida, despedida,
despedida quero dar.
Os senhores desta casa
bem nos podem desculpar.

Esta casa não é alta,
tem apenas um andar.
Estes barbas de farelo
nada têm p’ra nos dar.

Esta casa é bem alta,
forradinha a papelão.
O senhor que nela mora
Tem um grande coração.

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Sagrada Família

A todos, feliz Natal

A todos, feliz Natal
e um bom Ano Novo.

1. Já pus no presépio
o que é importante
e no meu pinheiro
uma bola brilhante.

2. Já tenho uma ideia
para dar um presente.
E sei que o Natal
há-de ser diferente.

3. Já tenho receita
para o pão de ló
e vou fazer doces
com a mãe e a avó.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia inglesa

CLICA!

Loja Meloteca, recursos musicais criativos para a infância

Loja Meloteca, recursos musicais criativos para a infância

A todos um bom Natal

A todos um bom Natal,
a todos um bom Natal.
Que seja um bom Natal para todos nós.
Que seja um bom Natal para todos nós.

1. No Natal pela manhã
ouvem-se os sinos tocar
e há uma grande alegria no ar.

2. Nesta manhã de Natal
há em todos os países,
muitos milhões de meninos felizes

3. Vão aos saltos pela casa
descalços ou em chinelas,
procurar as suas prendas tão belas.

4. Depois há danças de roda
as crianças dão as mãos.
No Natal todos se sentem irmãos.

5. Se isso fosse verdade
para todos os meninos
era bom ouvir os sinos a cantar.

Alegrem-se os céus e a terra

Alegrem-se os céus e a terra,
cantemos com alegria
que nasceu o Deus Menino,
Filho da Virgem Maria!

1. Entrai, pastores, entrai,
por este portal sagrado.
Vinde adorar o Menino
numas palhinhas deitado.

2. Entrai, pastores, entrai,
por este portal adentro;
vinde adorar o Menino
no seu santo nascimento.

3. Vinde todos, vinde todos,
à lapinha de Belém
adorar o Deus menino
que nasceu p’ra nosso bem.

Linhares, Beira Alta

Alta Vai a Lua Alta

Alta vai a Lua alta
como o Sol do meio-dia.
Mais alta ia a Senhora
quando para Belém ia.

São José ia atrás dela,
alcançá-la não podia.
Foi alcançá-la a Belém
onde ela estava parida.

Tão grande era a sua pobreza
que nem um panal tenia.
Botou as mãos à cabeça,
a um véu que ela trazia.

Partiu-o em três bocados,
em três bocados o partia:
um era para de manhã,
outro para o meio-dia,

outro para a meia-noite
quando Jesus adormia.
Desceram os anjos do Céu
Cantando: avé, Maria!
Avé, Maria de graça, de graça avé, Maria!

Letra e música: Tradicional (Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal)
Arranjo: Catarina Moura, César Prata e Anel Ninas
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

Beijai o Menino

Beijai o Menino!
Beijai-o agora!
Beijai o Menino
De Nossa Senhora!

Beijai o Menino!
Beijai-o agora!
Beijai o Menino
De Nossa Senhora!

Beijai o Menino!
Beijai-o no pé!
Beijai o Menino
De S. José!

São os filhos dos homens
Em berços doirados…
E vós, meu Menino,
Em palhinhas deitado.

Em palhinhas deitado,
Em palhinhas esquecido…
Filho de uma rosa,
De um cravo nascido.

Beijai o Menino!
Beijai-o agora!
Beijai o Menino
De Nossa Senhora!

Sois manso cordeiro
Que estais nessa cruz,
Com os braços abertos;
Perdoai-nos, Jesus!

Letra e música: Tradicional (Trás-os-Montes)
Adaptação: José Barros
Arranjo: José Manuel David e José Barros
Intérprete: Navegante (in CD “Meu Bem, Meu Mal”, Tradisom, 2008)
Outra versão de Navegante (in CD “Cantigas Tradicionais Portuguesas de Natal e janeiras”, José Barros/MediaFactory, 2009)

Cai a neve branca

1. Cai a neve branca
sobre a natureza
e na terra inteira
há paz e beleza.

2. Em tudo há doçura,
tudo é irreal
quando é meia noite,
noite de Natal.

3. Uma estrelinha
de uma estranha luz
anuncia ao mundo:
já nasceu Jesus.

Cantam os anjos sem cessar

1. Cantam os anjos sem cessar:
já é Natal.
Tocam os sinos sem parar,
já é Natal.
Reis vão ao presépio,
com lindos presentes.
Todos cantamos sem cessar,
já é Natal.

2. Cantam os anjos sem cessar:
nasceu Jesus.
Tocam os sinos sem parar:
nasceu Jesus.
Vão também pastores
com os seus presentes.
Todos cantamos sem cessar:
nasceu Jesus.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia inglesa

Chove. É dia de Natal.

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal.
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo inda outra quadra
Fico gelada dos pés.

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal.
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal.
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Poema: Fernando Pessoa (ligeiramente adaptado) 
Música: César Prata
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

Chove. É dia de Natal.

Dim dom, sinos a tocar

1. Dim dom, sinos a tocar
e anjos a cantar.
Dim dom, sinos a tocar
e reis a caminhar.

Gloria. Hosana in excelsis.

2. Dim dom, sinos a tocar
e luzes a brilhar.
Dim dom, sinos a tocar,
e gente a partilhar.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia tradicional

É Natal, Deus Menino nasceu

É Natal, Deus Menino nasceu.
Vê-se ao longe uma estrela a brilhar.
São os Reis, são os Reis, são os Reis.
Vêm a Belém para O visitar.

Entrai pastores entrai

Entrai pastores entrai,
por este portal sagrado.
Vinde adorar o Menino
numas palhinhas deitado!

Pastorinhos do deserto
todos correm para O ver
Trazem mil e um presente
para o Menino comer!

Ó meu Menino Jesus
convosco é que eu estou bem
Nada neste mundo quero,
nada me parece bem!

Alegrem-se os Céus e a Terra,
cantemos com alegria
Que nasceu o Deus Menino,
filho da Virgem Maria!

Deus Menino já nasceu,
andai ver o Rei dos Reis.
Ele é quem governa o Céu,
quer que vós O adoreis!

Ó meu Menino Jesus
que lindo amor perfeito.
Se vem muito cansadinho,
vem descansar em meu peito!

Natal da Beira

Está na hora do menino deitar

Está na hora do menino deitar
e na chaminé pôr os sapatinhos.
Já é noite, o Pai Natal vai chegar
para a todos deixar presentinhos.
Cedo acordo ouço os sinos a tocar
e levanto-me alegre aos saltinhos.

Devagar para ninguém acordar
vou contente ver os meus presentinhos.

Lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá…

Devagar para ninguém acordar
vou contente ver os meus presentinhos.

Esta noite é noite santa

[ Toca, Sino, Toca! ]

Esta noite é noite santa.
Não é noite de dormir
que um lindo botão de rosa
à meia-noite há-de abrir.

Harpas de oiro, liras d’oiro,
anjos do Céu afinai.
Paz na Terra e nas Alturas,
Glória e louvor cantai.

Esta noite é noite santa.
Outra mais santa não há
que um lindo botão de rosa
desabrochou em Judá.

Tangedores de viola,
de pandeiro e tamboril,
tomai vós a minha lira
e dai-me o vosso arrabil!

Toca, sino, toca
tão badalão!
Toca, sino, toca
no meu coração!

Toca, sino, toca!

Letra e música: Tradicional (Portugal)
Arranjo: César Prata
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

Eu hei-de dar ao Menino

[ Arre, Burriquito! ]

Eu hei-de dar ao Menino
Uma fitinha p’ró chapéu;
Ele também me há-de dar
Um lugarzinho no Céu.

Olhei para o Céu,
Estava estrelado;
Vi o Deus-Menino

Em palhas deitado.
Em palhas deitado,
Em palhas estendido;
Filho duma Rosa,
Dum Cravo nascido.

Arre, burriquito!
Vamos a Belém
Ver o Deus-Menino
Que a Senhora tem!

Que a Senhora tem,
Que a Senhora adora;
Arre, burriquito!
Vamo-nos lá embora!

Eu hei-de dar ao Menino
Uma fitinha p’ró boné;
Ele também me há-de dar
Prendinhas na chaminé.

Olhei para o Céu,
Estava estrelado;
Vi o Deus-Menino
Em palhas deitado.

Em palhas deitado,
Em palhas estendido;
Filho duma Rosa,
Dum Cravo nascido.

Arre, burriquito!
Vamos a Belém
Ver o Deus-Menino
Que a Senhora tem!

Que a Senhora tem,
Que a Senhora adora;
Arre, burriquito!
Vamo-nos lá embora!

Olhei para o Céu,
Estava estrelado;
Vi o Deus-Menino
Em palhas deitado.

Em palhas deitado,
Em palhas estendido;
Filho duma Rosa,
Dum Cravo nascido.

Arre, burriquito!
Vamos a Belém
Ver o Deus-Menino
Que a Senhora tem!

Que a Senhora tem,
Que a Senhora adora;
Arre, burriquito!
Vamo-nos lá embora!

Letra e música: Tradicional
Arranjo: Artesãos da Música
Intérprete: Artesãos da Música

Eu Hei-de Ir ao Presépio

Eu hei-de ir ao presépio
assentar-me num cantinho,
a ver como o Deus-Menino
nasceu lá tão pobrezinho.

Abra lá o seu postigo,
deixe estar um pouco aberto!
Quero ver o Deus-Menino
armadinho no presépio.

Eu hei-de dar ao Menino,
ao Menino hei-de dar
uma cadeirinha de oiro
para o Menino assentar.

Ó meu Menino Jesus,
ó meu rico fidalguinho,
hei-de dar-te papa doce,
hei-de ter-te mimosinho!

Ó meu Menino Jesus,
quem vos pudera valer
com sopinhas da panela
sem a vossa mãe saber!

Ó meu Menino Jesus,
quem vos há-de dar a mama?
Vossa mãe foi ao moinho,
vosso pai ficou na cama.

Ó meu Menino Jesus,
ó meu rico fidalguinho,
hei-de dar-te papa doce,
hei-de ter-te mimosinho!

Ó meu Menino Jesus,
quem vos pudera valer
com sopinhas da panela
sem a vossa mãe saber!

Ó meu Menino Jesus,
quem vos há-de dar a mama?
Vossa mãe foi ao moinho,
vosso pai ficou na cama.

Letra e música: Tradicional (Portugal)
Arranjo: César Prata
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

Faça “ai, ai”, meu menino

[ Embalo do Algarve ]

Faça “ai, ai”, meu menino,
Que a mãezinha logo vem!
Foi lavar os cueirinhos
À fontinha de Belém.

Vai-te embora, papá negro,
De cima desse telhado!
Deixa dormir o menino,
Está no sono descansado.

Embala, José, embala!
Embala suavemente,
Entretendo o inocente
Com esta cantiga em verso!

Dorme, dorme, meu menino,
Que a mãezinha logo vem!
Dorme, dorme, meu menino,
Que a mãezinha, ai, logo vem!

Letra e música: Tradicional (Alvor, Portimão, Algarve)
Recolha: Michel Giacometti (“Faça ‘ai, ai’, meu menino”, in LP “Algarve”, série “Antologia da Música Regional Portuguesa”, Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1962; 5CD “Portuguese Folk Music”: CD 5 – Algarve, Strauss, 1998; 6CD “Música Regional Portuguesa”: CD 6 – Algarve, col. Portugal Som, Numérica, 2008)
Intérprete: Segue-me à Capela (ao vivo no Teatro da Luz, Lisboa)
Primeira versão de Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)

Feliz Natal, bom Ano Novo

1. Feliz Natal,
bom Ano Novo,
presentes para partilhar.

A melhor prenda é a alegria
que Jesus tem para nos dar.

2. Felizes festas,
família unida,
muitas histórias p’ra contar.

Feliz Natal, Feliz Natal

Feliz Natal, feliz Natal.
Para todos, um ano especial.

1. Um menino diferente
e três reis do Oriente.

2. Uma rena, um trenó,
bolo-rei e pão-de-ló.

3. Um presépio, um pinheiro,
um amigo verdadeiro.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia inglesa

Eu fiz um pão diferente

Padeiro

1. Eu fiz um pão diferente
para a Família provar.

Jesus, dou-te a melhor prenda
que tenho para Te dar.

Sapateiro

2. Eu fiz uns sapatos novos
para Te poderes calçar.

Costureira

3. Eu fiz uma roupa linda
para Te agasalhar.

Carpinteiro

4. Eu fiz um berço bonito
para a Mãe Te embalar.

Letra e música: António José Ferreira

Jesus vem ao mundo

1. Jesus vem ao mundo:
que paz e bondade!
ó quanta doçura,
amor e humildade.

Vinde, adoremos,
Jesus salvador.
A estrela nos aponta
o rumo, a salvação,
Belém e Deus Menino,
celeste mansão.

2. Jesus no presépio,
vede quanto amor:
nascer pobrezinho
o Deus criador!

Logo que nasceu

1. Logo que nasceu,
Jesus acampou
e à luz das estrelas
uma voz soou,

um ah, ah, ah.

2. Maria, a Senhora,
seu Filho embalou
e à luz das estrelas
uma voz soou,

um ah, ah, ah.

Luzes no céu

Luzes no céu
em Dezembro a brilhar,
música e festa
por onde se andar,
uma vaquinha
que não quer pastar:
junto ao Menino,
em Belém, quer estar.

Letra e música: António José Ferreira

Maria, Mãe bendita

Maria, Mãe bendita,
encantaste o Senhor:
hoje e sempre louvamos
tua fé, teu amor.

Felizes como os anjos
a cantar lá nos céus
nós dizemos contigo:
poderoso é Deus.

Menino Jesus

[ Vestir o Menino ]

Menino Jesus,
tenho que vos dar
sapatinhos novos
para vos calçar.

Sapatos já tendes,
faltam-vos meiinhas:
eu vo-las darei,
de salvé-rainhas.

Meiinhas já tendes,
faltam-vos calções:
eu vo-los darei,
de mil orações.

Calções já os tendes,
falta-vos camisa:
eu vo-la darei,
de cambraia lisa.

Camisa já tendes,
falta-vos colete:
eu vo-lo darei,
de pano de crepe.

Colete já tendes,
falta-vos casaco:
eu vo-lo darei,
de pano bem guapo.

Casaco já tendes,
falta-vos lencinho:
eu vo-lo darei,
de pano de linho.

Lencinho já tendes,
falta-vos chapéu:
eu vo-lo darei,
levai-me p’ró Céu.

Letra e música: Tradicional (Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal)
Arranjo: Catarina Moura, César Prata e Anel Ninas
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata* (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

Menino Jesus do céu

Menino Jesus do céu,
‘screvi-te um lindo postal
para me mandar’s brinquedos
no dia de Natal.

Menino Jesus do céu
que és rico e me tens amor,
dá-me uma prenda bonita,
talvez um computador.

Menino Jesus do céu
dá-me uma linda viola
p’ra praticar em casa
e aprender na escola.

Não há noite mais alegre

Não há noite mais alegre
Que é a noite de Natal
Onde nasceu o Deus-Menino
Antes do galo cantar.

Deu o galo três cantadas,
Deu o Menino nascido;
Bendito seja o ventre
Que o trouxe nove meses escondido!

E a mula, como maldosa,
Destapava-o com a ferradura;
Mas o boi, como era manso,
Tapava-o com a armadura.

E ao boi, Nosso Senhor
Lhe deu a sua bênção:
«As terras que tu lavrares
Todas elas dêem pão!

Cada bago dê uma espiga!
Cada espiga um milhão!
Todo ele se aguardará
Lá no mês de S. João!»

Não há noite mais alegre
Que é a noite de Natal
Onde nasceu o Deus-Menino
Antes do galo cantar.

Letra e música: Tradicional (Alte, Loulé, Algarve)
Intérprete: Vozes do Imaginário (in CD “Cantos ao Menino, Reis e janeiras da tradição musical portuguesa”, Do Imaginário – Associação Cultural, Évora, 2009

Noite feliz

1. Noite feliz! Noite feliz!
O Senhor, Deus de amor,
pobrezinho nasceu em Belém.
Eis na lapa Jesus, nosso bem.
Dorme em paz, ó Jesus.
Dorme em paz, ó Jesus.

2. Noite feliz! Noite feliz!
Ó Jesus, Deus da luz,
quão amável é teu coração
que quiseste nascer nosso irmão
e a nós todos salvar,
e a nós todos salvar.

3. Noite feliz! Noite feliz!
Eis que no ar vêm cantar
aos pastores os anjos dos céus
anunciando a chegada de Deus,
de Jesus Salvador,
de Jesus Salvador.

Nós somos os três Reis

Nós somos os três Reis
que viemos do Oriente
Trazer as Boas Festas
com Paz p’ra toda a gente.

Nós somos os três Reis
guiados por uma luz.
Adoramos Deus Menino
que se chama Jesus.

Nós somos os três Reis
Baltazar e Gaspar.
Também o Belchior
o veio adorar.

Nós somos os três Reis
guiados por uma luz
e trouxemos três presentes
para o Menino Jesus.

Não há noite mais alegre

Não há noite mais alegre
Que é a noite de Natal
Onde nasceu o Deus-Menino
Antes do galo cantar.

Deu o galo três cantadas,
Deu o Menino nascido;
Bendito seja o ventre
Que o trouxe nove meses escondido!

E a mula, como maldosa,
Destapava-o com a ferradura;
Mas o boi, como era manso,
Tapava-o com a armadura.

E ao boi, Nosso Senhor
Lhe deu a sua bênção:
«As terras que tu lavrares
Todas elas dêem pão!

Cada bago dê uma espiga!
Cada espiga um milhão!
Todo ele se aguardará
Lá no mês de S. João!»

Não há noite mais alegre
Que é a noite de Natal
Onde nasceu o Deus-Menino
Antes do galo cantar.

Letra e música: Tradicional (Alte, Loulé, Algarve)
Intérprete: Vozes do Imaginário (in CD “Cantos ao Menino, Reis e janeiras da tradição musical portuguesa”, Do Imaginário – Associação Cultural, Évora, 2009

Ó luz de Deus

1. Ó luz de Deus, ó doce luz
que brilhas nas alturas,
vem com teu brilho e teu fulgor
trazer ao mundo o teu calor.
Ó luz de Deus, ó doce luz
que brilhas nas alturas.

2. O mundo viu o Salvador
nascer humilde e pobre.
Ouviu os anjos proclamar
a paz que os homens vem salvar.
O mundo viu o Salvador
nascer humilde e pobre.

3. O Deus do céu vem junto a nós
viver a nossa vida.
Vem das alturas o Senhor
manifestar o seu amor.
O Deus do céu vem junto a nós
viver a nossa vida.

Ó, ó, ó, ó, menino, ó

Ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Teu pai foi ao eiró,
C’uma vara de aguilhão,
P’ra matar o perdigão.

Ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó!

Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Teu pai foi ao eiró;
Tua mãe à borboleta,
Logo te vem dar a teta.

Ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Teu pai foi ao eiró,
C’uma vara de aguilhão,
P’ra matar o perdigão.

Ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó!

Ó, ó, ó, ó, ó, menino, ó,
Teu pai foi ao eiró;
Tua mãe à borboleta,
Logo te vem dar a teta.

Letra e música: Tradicional (Nozedo de Cima, Tuizelo, Vinhais, Trás-os-Montes)
Recolha: Kurt Schindler (1932, in livro “Folk Music and Poetry from Spain and Portugal”, New York: Hispanic Institute in the United States, 1941; “A Canção Popular Portuguesa”, de Fernando Lopes-Graça, col. Saber, Vol. 23, Lisboa: Publicações Europa-América, 1953 – p. 63; 3.ª edição, col. Saber, Vol. 23, Mira-Sintra: Publicações Europa-América, s/d. – p. 60; “Cancioneiro Popular Português”, de Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça, Lisboa: Círculo de Leitores, 1981 – p. 16)
Intérpretes: Ana Tomás & Ricardo Fonseca (in CD “Canções de Labor e Lazer”, Ana Tomás & Ricardo Fonseca, 2017)

O menino está dormindo

1. O menino está dormindo
nas palhinhas despidinho.
Os anjos lhe estão cantando
por amor tão pobrezinho.

2. O menino está dormindo
nos braços da Virgem pura.
Os anjos lhe estão cantando:
“hossana lá na altura”.

3. O menino está dormindo
nos braços de São José.
Os anjos lhe estão cantando:
“Gloria tibi Domine”.

Natal de Évora

Ó meu Menino Jesus

Ó meu Menino Jesus,
Ó meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo.

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer.

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André.

O Menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Que eu lhe darei os saltinhos.

Dá-me o teu menino!
Não dou, não dou, não dou!
Dá-me o teu menino,
Vai à missa que eu lá vou.
Dá-me o teu menino!
Não dou, não dou, não dou!

Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Recolhas: Michel Giacometti (in LP “Alentejo”, série “Antologia da Música Regional Portuguesa”, Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD “Portuguese Folk Music”: CD 4 – Alentejo, Strauss, 1998; 6CD “Música Regional Portuguesa”: CD 5 – Alentejo, col. Portugal Som, Numérica, 2008 – vide nota infra); Michel Giacometti (in série documental “Povo Que Canta”, RTP-1, 1970-73)
Intérprete: Brigada Victor Jara / voz solo de Joaquim Caixeiro (in LP “Quem Sai aos Seus”, Vadeca/J.C. Donas, 1981, reed. Edições Valentim de Carvalho/Iplay, 2008)

Ó Meu Menino Jesus

Ó meu Menino Jesus,
quem vos tirou do altar?
Foi o ministro de Cristo
para nos dar a beijar.

Ó meu Menino Jesus,
boquinha de marmelada,
dá-me da tua merenda
que a minha mãe não tem nada.

Ó meu Menino Jesus,
boquinha de requeijão,
dá-me da tua merenda
que a minha mãe não tem pão.

Ó meu Menino Jesus,
ó meu Menino tão belo,
só vós vieste nascer
no rigor do caramelo.

Entrai, pastores, entrai
por esses portais adentro!
Vinde ver o Deus-Menino
no sagrado nascimento!

Letra e música: Tradicional (Beiras, Portugal)
Arranjo: Catarina Moura, César Prata e Anel Ninas
Intérpretes: Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata (in CD “Do Natal aos Reis: Cantos da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2019)

O que levas ao Menino

1. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-Lhe um casaquinho
p’ra Jesus se agasalhar

2. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-Lhe um brinquedinho
p’ra Jesus poder brincar.

3. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-lhe uma bola
p’ra Jesus poder jogar.

4. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-lhe uma viola
p’ra Jesus poder tocar.

5. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-lhe um livrinho
p’ra Jesus poder ‘studar.

6. O que levas ao Menino,
o que tens para Lhe dar?
Vou levar-lhe o coração
p’ra Jesus nele morar.

Letra e música: António José Ferreira

Oh Bento Airoso

Oh Bento Airoso,
Mistério divino!
Encontrei a Maria
À beira do rio
E lavando os cueiros
Do bendito Filho.

Maria lavava,
São José ‘stendia,
O Menino chorava
Com o frio que fazia.

Calai, meu menino!
Calai, meu amor!
(E) que as vossas verdades
Me matam de dor.

Letra e música: Tradicional (Paradela, Miranda do Douro, Trás-os-Montes)
Recolha: Michel Giacometti (1960, in “Cancioneiro Popular Português”, Lisboa: Círculo de Leitores, 1981 – p. 43)
Intérpretes: Ana Tomás & Ricardo Fonseca (in CD “Canções de Labor e Lazer”, Ana Tomás & Ricardo Fonseca, 2017)

Para quem são as janeiras

– Para quem são as janeiras?
Para quem é a canção?
– Para a nossa professora
que temos no coração.

Para quem são as janeiras?
Para que é a cantiga?
-Para a Professora Carla
que é muito nossa amiga.

– Para quem são as janeiras?
Para quem é a canção?
É para as educadoras
que temos no coração.

– Para quem são as janeiras?
Para quem é a canção?
É para as auxiliares
que temos no coração.

– Para quem são as janeiras?
Para quem é a canção?
É p’ra todos os amigos
que temos no coração.

– Para quem são as janeiras?
Para quem é a canção?
Para a nossa professora
que se chama Conceição.

Letra e música: António José Ferreira

Pastorinhos

Pastorinhos do deserto,
é, pois, certo
que, na noite de Natal,
num curral,
baixou o Filho de Deus
lá dos céus.

Quem nos deu tanta alegria?
Foi Maria!
E quem nos deu tanta luz?
Foi Jesus!
Cantemos os seus louvores,
ó pastores.

Pastorinhos do deserto

Pastorinhos do deserto,
vinde todos a Belém
adorar o Deus Menino
nos braços da Virgem Mãe.
Pastorinhos do deserto,
vinde todos a Belém.

Pinheirinho, pinheirinho

Pinheirinho, pinheirinho
de ramos verdinhos,
p’ra enfeitar, p’ra enfeitar,
bolas, bonequinhos. (2 v. )

1. Uma bola aqui,
outra acolá,
luzinhas que piscam,
que lindo que está.

Olha o pai Natal
de barbas branquinhas.
Traz o saco cheio
de lindas prendinhas.

(Menino)
Pai Natal, Pai Natal
dá-me um avião
Não faz mal, não faz mal
que ande pelo chão.

(Menina) )
Pai Natal, Pai Natal
dá-me uma boneca.
Não faz mal, não faz mal
que seja careca.

Que todo o tempo seja de Natal

1. Que todo o tempo seja de Natal,
que todo o ano seja de Natal.
Que sempre haja alegria
igual à deste dia.
Que todo o tempo seja de Natal.

3. Que todo o tempo seja de Natal,
que todo o ano seja de Natal.
Que sempre haja esperança
nos sonhos da criança.
Que todo o tempo seja de Natal.

3. Que todo o tempo seja de Natal,
que todo o ano seja de Natal.
Que sempre haja amizade,
justiça e liberdade.
Que todo o tempo seja de Natal.

Letra e música: António José Ferreira

Rodolfo era uma rena

Rodolfo era uma rena,
de nariz avermelhado
Se vocês observassem,
viam-no logo encarnado.

Todas as outras renas,
gostavam muito de troçar.
E ao pobre Rodolfo,
nunca deixavam brincar.

Então numa bela noite
o Pai Natal lhe disse:
“Com o teu nariz encarnado,
guia o meu trenó prendado”

Então todas as renas
aplaudiram o Rodolfo
“Rena do nariz vermelho,
tu vais ser o mais famoso”

Sobre a gruta estava um anjo

1. Sobre a gruta estava um anjo;
cantava como ninguém cantou.
Um pastor escutou a voz
e os amigos logo chamou:

Gloria in excelsis Deo.
Gloria in excelsis Deo.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia francesa

Tã tã, vão pelo deserto

1. Tã tã, vão pelo deserto,
tã tã, Melchior e Gaspar,
tã tã, e atrás outro mago,
que todos conhecem por rei Baltazar.

2. Tã tã, surgiu uma estrela,
tã tã, no céu a brilhar,
tã tã, tão pura e tão bela,
que a terra inteira está ‘inda hoje a iluminar.

3. Tã tã, cansado o camelo,
tã tã, cansado de andar,
tã tã, assim carregado
de incenso, de mirra, de oiro p’ra dar.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia tradicional de Espanha

Três estrelas de alumínio

[ Presépio de Lata ]

Três estrelas de alumínio
A luzir num céu de querosene;
Um bêbedo julgando-se césar
Faz um discurso solene.

Sombras chinesas nas ruas,
Esmeram-se aranhas nas teias;
Impacientam-se as gazuas,
Corre o cavalo nas veias.

Há uma luz na barraca,
Lá dentro uma sagrada família;
À porta um velho pneu com terra
Onde cresce uma buganvília.

É o presépio de lata!
Jingle bells, jingle bells!

Oiçam um choro de criança:
Será branca, negra ou mulata?
Toquem as trompas da esperança
E assentem bem qual a data.

A lua leva a boa-nova
Aos arrabaldes mais distantes:
Avisa os pastores sem tecto,
Tristes reis magos errantes.

E vem um sol de chapa fina
Subindo a anunciar o dia:
Dois anjinhos de cartolina
Vão cantando “aleluia!”.

É o presépio de lata!
Jingle bells, jingle bells!

Nasceu enfim o menino,
Foi posto aqui à falsa fé:
A mãe deixou-o sozinho
E o pai não se sabe quem é.

É o presépio de lata!
Jingle bells, jingle bells!
Jingle bells, jingle bells!

Letra: Carlos Tê
Música: Rui Veloso
Intérprete: Rui Veloso (in CD “Avenidas”, EMI-VC, 1998)

Um dia, um pastorinho

1. Um dia, um pastorinho,
um dia, um pastorinho,
guiava as ovelhas
tocando pifarinho.

2. No céu viu um sinal,
no céu viu um sinal:
um anjo anunciava
o dia de Natal.

3. Que lindo era o Bébé,
que lindo era o Bebé
no colo de Maria
sorrindo p’ra José.

4. Então o pastorinho,
então o pastorinho
chegou-se ao Bébé
e deu-lhe um beijinho.

Letra e música: António José Ferreira

Um rei do Oriente

1. Um rei do Oriente,
um rei do Oriente,
viu que no céu luzia
um astro diferente.

2. O rei de outro país,
o rei de outro país,
ao ver a nova estrela,
achou-se o mais feliz.

3. Noutro país distante,
Noutro país distante,
um outro mago viu
o astro deslumbrante.

4. Ao verem essa luz,
ao verem essa luz,
puseram-se a caminho
e foram ver Jesus.

5. Que lindo era o Bébé,
que lindo era o Bébé,
no colo de Maria
sorrindo p’ra José.

6. Os reis deram-lhe ouro,
os reis deram-lhe ouro,
voltaram ao palácio
com o maior tesouro.

Letra e música: António José Ferreira

Uma estrela e três magos

Uma estrela e três reis magos
levam prendas ao Menino.
Alguns anjos cantam: “Glória!”
e outros tocam violino.

Uma estrela e três reis magos
levam prendas ao bebé.
Alguns anjos cantam: “Glória!”
e outros tocam jambé.

Letra: António José Ferreira
Música: Melodia tradicional da Hungria

Vai-te embora, ó passarinho

1. Vai-te embora, ó passarinho,
deixa a baga do loureiro.
Deixa dormir o Menino
que está no sono primeiro.

2. Dorme, dorme, meu Menino
que a Mãezinha logo vem.
Foi lavar os cueirinhos
à fontinha de Belém.

Ilha de São Jorge, Açores

Vimos cantar as janeiras

1. Vimos cantar as janeiras.
Por esses quintais adentro, vamos
às raparigas solteiras.

Pam-pararan-ri-ri,
pam-pararan-ri-ri
pam, pam, pam, pam.

2. Vamos cantar orvalhadas,
por esses quintais adentro, vamos
às raparigas casadas.

3. Vira o vento e muda a sorte.
Por aqueles olivais perdidos
foi-se embora o vento norte.

4. Muita neve cai na serra.
Só se lembra dos caminhos velhos
quem tem saudades da terra.

5. Quem tem a candeia acesa
rabanadas, pão e vinho novo
matava a fome à pobreza.

6. Já nos cansa essa lonjura.
Só se lembra de caminhos velhos
quem anda a noite à aventura.

José Afonso

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Sino

Canções de festa

Letras

A festa foi bonita pá

A festa foi bonita pá, mas tu agora
voltas ao mesmo sítio onde estiveste
voltas à mesma rua, à mesma casa
voltas ao mesmo copo que bebeste

E o mundo que sonhaste foi andando
o sonho de justiça e a fantasia
que ardemos toda a noite em fogo brando
terá que se enfrentar com o dia-a-dia

Mas há uma coisa enorme que ficou:
(e é nela que teces o amanhã
que deste frente-a-frente resultou)
vontade de viver outra verdade
vontade de acordar noutra manhã

A festa foi bonita pá, mas tu agora
voltas ao mesmo leito onde dormiste
e apesar do sabor que nos deixamos
o termos que partir é sempre triste

O mundo que sonhámos está tão longe
mas tudo o que esta noite se viveu
garante que afinal pode ser hoje
o mundo que se sonha e se esqueceu

Mas há uma coisa enorme que ficou:
(e é nela que teces o amanhã
que deste frente-a-frente resultou)
vontade de viver outra verdade
vontade de acordar noutra manhã

Mas há uma coisa enorme que ficou:
(e é nela que teces o amanhã
que deste frente-a-frente resultou)
vontade de viver outra verdade
vontade de acordar noutra manhã

Letra e música: Pedro Barroso
Intérprete: Pedro Barroso (in CD “Criticamente”, Lusogram, 1999)

Lá na festa da aldeia

[ Festa da Aldeia ]

Lá na festa da aldeia,
Debaixo da cameleira,
Convidaste-me a dançar:
Tamanha era a borracheira

Que no adro da igreja
Nos chegámos a casar.
No nariz, sinal de perigo,
Quem dorme contigo

Má sorte vai enfrentar:
Mas na festa da aldeia,
Com as vizinhas na soleira,
Eu fui-me enamorar.

Peço aos dias tempo emprestado
P’ra apagar esta recordação;
Na frase sem predicado
Há vírgulas sem cuidado

Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.
Lá na festa da aldeia,
Debaixo da cameleira,

A saia sempre a rodar:
A tua mão que se esgueira
Debaixo da pregadeira…
Eu vermelha, a corar.

No banco, dívidas, assombros;
Fiado não vais em ombros;
Fim do mês, falta-te o ar;
Debaixo da cameleira

Foi grande a ciumeira,
Começámos a namorar.
Peço aos dias tempo emprestado
P’ra apagar esta recordação;

Na frase sem predicado
Há vírgulas sem cuidado
Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.

Mas na festa da aldeia,
Tu de mão na algibeira,
Nós chegámos a casar:
Porque na festa da aldeia
Debaixo da cameleira

Tu puseste-me a dançar.
Peço aos dias tempo emprestado
P’ra apagar esta recordação;
Na frase sem predicado

Há vírgulas sem cuidado
Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.

Letra: Filipa Martins
Música: Rogério Charraz
Arranjo: João Balão
Intérprete: Rogério Charraz (in CD “Não Tenhas Medo do Escuro”, Rogério Charraz/Compact Records, 2016)

Reciclanda

Reciclanda

O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.

Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.

Contacte-nos:

António José Ferreira
962 942 759

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Carnaval

Canções de Carnaval

Letras

Ó Entrudo

+ Senhora do Almurtão

Ó Entrudo, ó Entrudo,
Ó Entrudo chocalheiro,
Que não deixas assentar
As mocinhas ao soalheiro!

Estas casas estão caiadas,
Estas casas estão caiadas.
Quem seria a caiadeira?
Quem seria a caiadeira?

Foi o noivo mai-la noiva,
Foi o noivo mai-la noiva
Com um raminho de oliveira.
Quem seria a caiadeira?

Eu quero ir para o monte,
Eu quero ir para o monte,
Que no monte é que eu estou bem,
Que no monte é que eu estou bem.

Onde não veja ninguém,
Onde não veja ninguém.

Senhora do Almurtão,
Ó minha linda raiana,
Virai costas a Castela!
Não queirais ser castelhana.

Senhora do Almurtão,
Eu p’ró ano não prometo,
Que me morreu o amori;
Ando vestida de preto.

Letra e música: Tradicional (Malpica do Tejo, Castelo Branco, Beira Baixa + Idanha-a-Nova, Beira Baixa)
Arranjo: Velha Gaiteira
Intérprete: Velha Gaiteira (in CD “Velha Gaiteira”, Velha Gaiteira/Ferradura, 2010)

Malpica do Tejo

Malpica do Tejo

Roubaram ao moleirinho

[ Cantiga do Entrudo ]

Roubaram ao moleirinho
Ai! A filha por o telhado
Julgando que era toucinho
Ai! Que estava dependurado.

Oh entrudo, oh entrudo!
Ai! Oh entrudo, oh meu bem!
Moças não trazem laranjas,
Ai! Custa-lhe o par a vintém.

Oh entrudo, oh entrudo!
Ai! Oh entrudo chocalheiro,
Que não deixas assentári
Ai! As mocinhas ao soalheiro!

Letra e música: Tradicional (Beira Baixa)
Intérprete: Ai!* (in CD “Ai!”, Ai!/RequeRec, 2013)

Reciclanda

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Tubarão tinha dentes de tainha

[ Tamboril ]

Tubarão tinha dentes de tainha
E a tainha tinha dentes de tambor
Toca traz tempo chuva tempestade
Tubarão trincou um touro nos taleigos da vontade

Tubarão tinha o tímpano trocado
E trocado estava o tempo todo o ano
Toca traz tempo chuva tempestade
Tubarão tamborilou ‘inda a missa ia a metade

Tubarão traficou-se em tamboril
Troca-tintas com retoque teatral
Toca terça, quarta, quinta, noite e dia
Travestido no Entrudo c’uma tromba de enguia

Tamboril teve tísica ao contrário
Já tossia como tosse o tubarão
Toca terça, quarta, quinta, noite e dia
Tamboril entubarou num atalho p’rá Turquia

Tubarão tinha dentes de tainha
E a tainha tinha dentes de tambor
Toca traz tempo chuva tempestade
Tubarão trincou um touro nos taleigos da vontade

Tubarão tinha o tímpano trocado
E trocado estava o tempo todo o ano
Toca traz tempo chuva tempestade
Tubarão tamborilou ‘inda a missa ia a metade

Tubarão traficou-se em tamboril
Troca-tintas com retoque teatral
Toca terça, quarta, quinta, noite e dia
Travestido no Entrudo c’uma tromba de enguia

Tamboril teve tísica ao contrário
Já tossia como tosse o tubarão
Toca terça, quarta, quinta, noite e dia
Tamboril entubarou num atalho p’rá Turquia

Letra: Miguel Cardina
Música: Pedro Damasceno e Celso Bento
Intérprete: Diabo a Sete
Versão original: Diabo a Sete (in CD “Figura de Gente”, Sons Vadios, 2016)

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Fátima Costa e Alexandre

Canções dedicadas à Mãe

Letras

Mãe

Mãe descobri que o tempo pára
E o mundo não separa o meu coração do teu
Eu sei que essa coisa rara
Aumenta, desassossega mas pára
Quando o teu tempo é o meu

Mãe canta com vaidade
Porque já tenho idade
Pra saber
Que em verdade em cada verso teu
Onde tu estás estou eu

Mãe contigo o tempo pára
Nosso amor é coisa rara
E cuidas de um beijo meu
Sei que em cada gesto teu
Está teu coração no meu

Mãe canta com vaidade
Porque já tenho idade
Pra saber
Que em verdade em cada verso teu
Onde tu estás estou eu

Se pudesse mandar no mundo
Parar o tempo à minha vontade
Pintava teu coração com as cores da felicidade
Em cada gesto teu
Está teu coração no meu

Mãe canta com vaidade
Porque já tenho idade
Pra saber
Que em verdade em cada verso teu
Mãe…
A nossa espera valeu

Letra: Martim Nunes Ferreira
Música: Miguel Correia
Intérprete: Mariza

Meu Amor Eterno

Meu Amor Eterno,
Doce verde olhar,
Ilumina o meu caminho!
Acompanha o meu andar!

Meu Amor Eterno,
Mãos de acarinhar,
Segura no teu menino!
Ajuda-me a continuar!

Meu Amor Eterno,
Fada do meu lar,
Alimenta-me a saudade!
Sacia o meu paladar!

Meu Amor Eterno,
Cordão de umbilicar,
Relembra-me do teu cheiro!
Não me deixes de cantar!

Ema te fez,
Deus te criou,
Paulo te abriu,
José completou.

“Morrer por morrer!”,
Disseste-o assim;
Da tua coragem
Tiveste-me a mim.

Meu Amor Eterno,
Cordão de umbilicar,
Relembra-me do teu cheiro!
Não me deixes de cantar!

Letra: Rogério Charraz (dedicada à sua Mãe)
Música: Rogério Charraz e Júlio Resende
Arranjo: Júlio Resende
Intérprete: Rogério Charraz (in CD “Não Tenhas Medo do Escuro”, Rogério Charraz/Compact Records, 2016)

Reciclanda

Reciclanda

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Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.

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Mãe, tu foste ventre

Mãe, tu foste ventre
para me criar
e agora és casa
para me abrigar.

Mãe, tu foste canto
para me embalar
e agora és conto
para me ensinar.

Mãe, tu foste ninho
para eu começar
e vais ser a asa
para eu voar.

António José Ferreira

(Canção para crianças)

Querida mãe, querido pai

[ Postal dos Correios ]

Querida mãe, querido pai. Então que tal?
Nós andamos do jeito que Deus quer
Entre dias que passam menos mal
Lá vem um que nos dá mais que fazer

Mas falemos de coisas bem melhores
A Laurinda faz vestidos por medida
O rapaz estuda nos computadores
Dizem que é um emprego com saída

Cá chegou direitinha a encomenda
Pelo “expresso” que parou na Piedade
Pão de trigo e linguiça prá merenda
Sempre dá para enganar a saudade

Espero que não demorem a mandar
Novidades na volta do correio
A ribeira corre bem ou vai secar?
Como estão as oliveiras de “candeio”?

Já não tenho mais assunto pra escrever
Cumprimentos ao nosso pessoal
Um abraço deste que tanto vos quer
Sou capaz de ir aí pelo Natal
Um abraço deste que tanto vos quer
Sou capaz de ir aí pelo Natal

Letra: João Monge
Música: João Gil
Intérprete: Rio Grande (in CD “Rio Grande”, EMI-VC, 1996)

Fátima Costa e Alexandre

Fátima Costa e o filho Alexandre

Queridos pais

[ Para crianças ]

Pai querido, tu és muito especial.
Estou bem quando tu ficas a meu lado.
Aproxima-se o dia de Natal…
Há um presente com que eu tenho sonhado.

Mãe querida que estás cheia de carinho,
vê lá bem o que me vais oferecer.
Tu já sabes que eu gosto de um beijinho
mas há prendas que eu adoro receber.

António José Ferreira, Brincadeiras Cantadas ]

Resguardaste-me da vida

[ Não É, Mãe? ]

Resguardaste-me da vida
E mesmo frágil e ferida
Tomaste conta de mim.
Levaste-me leite à cama,
Disseste que para quem ama
Nunca pode haver um fim.

São difíceis de queimar as coisas más.
As coisas boas são difíceis de encontrar.

Mãe… está tudo bem, mãe?

Quando a minha mãe dobrava meias
Estava sempre tudo bem.

Não é, mãe?

Letra: Duarte (Novembro de 2010)
Intérprete: Albano Jerónimo (in CD “Sem Dor Nem Piedade”, Duarte/Alain Vachier Music Editions, 2015)

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Canto de Janeiras Évora 2018

janeiras

Quadras de sabor popular em redondilha maior (com versos de 7 sílabas e rima ABCB’) para escolher de acordo com as circunstâncias. Podem ser escolhidas quadras tendo em conta a estrutura: 1. Apresentação 2. Vivas 3. Despedida, utilizando um refrão.

PARTITURAS

Estamos hoje aqui

O senhor que aqui mora

Vimos cantar as janeiras

QUADRAS INTRODUTÓRIAS

Boas noites, boas noites,
boas noites de alegria,
que lhas manda o Rei da Glória,
filho da Virgem Maria.

Os três reis do oriente
já chegaram a Belém
visitar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem.

Cá ‘stamos à sua porta,
um grupo de amigos seus.
Falar bem nada nos custa:
santa noite lhe dê Deus.

Andámos de casa em casa
por atalhos e caminhos,
os corações sempre em brasa
como outrora os pastorinhos.

O menino está no berço
coberto c’o cobertor
e os anjos estão cantando:
louvado seja o Senhor.

Aqui ‘stou à sua porta
com alguns amigos meus.
Falar bem nada nos custa:
santas noites lhes dê Deus.

Venho dar-lhes os bons anos
que pelas festas não pude.
Venho a fim de saber
novas da sua saúde.

Canto de Janeiras Évora 2018

Canto de janeiras Évora 2018

.|||.

QUADRAS PARA REFRÃO

A cantar-vos as janeiras
aqui estamos reunidos.
Desejamos um bom ano
aos amigos mais queridos.

Aqui vimos, aqui estamos
A cantar, já o sabeis.
Vimos dar as boas festas
e também cantar os reis.

Boas festas, boas festas
aos amigos vimos dar.
Um bom ano com saúde
vos queremos desejar.

.|||.

QUADRAS PARA VIVAS

Viva lá quem nos escuta,
vivam todos em geral.
Deus vos dê um ano novo
E a todo o Portugal.

Como aqueles passarinhos
que estão sempre a cantar
aos senhores desta casa
nós queremos saudar.

Quem diremos nós que viva
no raminho de oliveira?
Viva o Senhor (Alberto)
e viva a família inteira.

Se bem cantas, mal não digas
dos que a voz aqui levantam,
pois uns cantam o que sabem
e outros sabem o que cantam.

Boas noites, meus senhores,
boas noites vimos dar.
Vimos pedir as janeiras
se no-las quiserem dar.

Levante, linda senhora
desse banquinho de prata.
Venha-nos dar as janeiras
que está um frio que mata.

De quem é o vestidinho
cosido com seda branca?
É da senhora (Susana)
que Deus a faça uma santa.

De quem seriam eram as botinhas
que estavam no sapateiro?
Eram do senhor (Custódio)
que as pagou c’o seu dinheiro.

Levante-se lá, senhora
do seu banco de cortiça.
Venha-nos dar as janeiras,
ou morcela ou chouriça.

Levante-se lá, senhora,
desse seu rico assento.
Venha-nos dar as janeiras
em louvor do Nascimento.

Levante-se lá, senhora
dessa cadeirinha torta.
Venha-nos dar as janeiras
senão batemos-lhe à porta.

Reciclanda

Reciclanda

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DESPEDIDA

Que tenha um próspero ano
e não esqueça a virtude.
Que tenha muita alegria
e outra tanta saúde.

A quem tanto bem nos faz
Deus livre de pena e dano.
Fiquem com Deus que voltaremos
a cantar-vos para o ano!

Despedida, despedida,
despedida quero dar.
Os senhores desta casa
bem nos podem desculpar.

Esta casa é bem alta,
forradinha a papelão.
O senhor que nela mora
tem um grande coração.

Quando os janeireiros não receberam nada, cantam:

Esta casa é muito baixa,
tem apenas um andar.
Estes barbas de farelo
nada têm para nos dar.

Adquira Reis e janeiras na Loja Meloteca

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