Como és tão prendada!
Dá-me um dedinho
Um só para eu provar
De que é feito o carinho,
Assim como quem não quer!
Como és tão docinha!
Deixa me trincar
Essa tenra bochechinha
Que me põe a salivar,
Assim como quem não quer!
Eu não sei, não sei, não
De que padece o coração
Saciada a gula sobra o embaraço,
Assim como quem não quer.
Como és tão prendada!
Dá-me um dedinho
Um só para eu provar
De que é feito o carinho,
Assim como quem não quer!
Como és tão docinha!
Deixa me trincar
Essa tenra bochechinha
Que me põe a salivar,
Assim como quem não quer!
Eu não sei, não sei, não
De que padece o coração
Saciada a gula sobra o embaraço
Assim como quem não quer
Letra e música: Manuel Maio
Intérprete: A Presença das Formigas com João Afonso & Teresa Campos (in CD “Pé de Vento”, A Presença das Formigas/Careto/XMusic, 2014)
Manuel Maio
Dá-me o amanhã!
Dá-me o amanhã!
Dá-mo, que depois de amanhã já cá não estou
Vou na senda dos demais que se perdem
Quero o teu calor
Quero o teu ser, o teu eu, o teu haver
Quero provar-te e beber a tua dor
Quero-te nos braços
Toma-me nos braços!
Quero as lágrimas que choras
Não por mim, mas já que as choras
Quero a pele que elas molham
E os meus lábios as sorvam
Quero o corpo onde moras
Dá-me o amanhã!
Dá-mo, que depois de amanhã já cá não estou
Vou na senda dos demais que se perdem
Quero-te as entranhas
Quero-te por dentro e por fora e já agora
Quero roubar-te os sentidos
Quero-te a ti por inteiro
Quero que unamos destinos
Quero-te a ti por inteiro
Por inteiro
Letra e música: Manuel Maio
Intérprete: A Presença das Formigas (in CD “Pé de Vento”, A Presença das Formigas/Careto/XMusic, 2014)
A presença das formigas
É uma doideira
[ Doideira ]
É uma doideira
Como eu nunca vi
É que eu não faço outra coisa
Senão pensar em ti
Esta carta que eu te escrevo é a falar da minha afronta
Se calhar, vai cheia de erros mas a intenção é que conta
Eu vou ter de andar escondido até que o destino queira
Por naquele dia teres ido a dar comigo na eira
Eu vou ter que andar a monte, a dormir no meio da palha,
É que se o teu pai me apanha não há santo que me valha
É uma doideira
Como eu nunca vi
É que eu não faço outra coisa
Senão pensar em ti
Eu já me tinha constado que tu andavas guardada
Mas por também estar tentado fiz que não entendi nada
Cada qual sua vontade, cada vontade um olhado
Ambos quisemos o mesmo: nenhum de nós foi culpado
Espero que tu não me esqueças, nem te posso chegar perto
É que um tiro na cabeça é o que eu tenho mais certo
É uma doideira
Como eu nunca vi
É que eu não faço outra coisa
Senão pensar em ti
É uma doideira
Como eu nunca vi
É que eu não faço outra coisa
Senão pensar em ti
Letra e música: Sebastião Antunes
Intérprete: Sebastião Antunes & Quadrilha (in CD “Perguntei ao Tempo”, Sebastião Antunes/Alain Vachier Music Editions, 2019)
Versão original: Quadrilha (in CD “Entre Luas”, Ovação, 1997)
Outra versão: Quadrilha (in CD “Deixa Que Aconteça: Ao Vivo”, Vachier & Associados/Ovação, 2006)
Sebastião Antunes & Quadrilha
Minha fonte de chafurdo
[ Bolinhas de Sabão ]
Minha fonte de chafurdo
Onde eu queria mergulhar
Minhas ânsias e desejos
Minha sede, meu penar
Por te não ter a meu lado
Ao teu lado ficarei
Eu contigo e tu comigo
Tu não sabes, mas eu sei!
Mui asinha gostaria eu
De te dar consolação
Dos fantasmas e demónios
Que te levam pela mão
Mas a vida são dois dias
São dois dias a correr
Antes queria eu, em podendo,
Dar-te um pouco de prazer!
Ai eu não sei, não
Que fazer dos teus intentos
Que fazer das palavras que desfias
São verdades, são mentiras?
São bolinhas de sabão?
Eu confesso que me agrada ver-te assim
Tanta rima p’ra chegar junto de mim
Toma lá! hoje levas um beijinho
Amanhã mais um carinho
Só depois te digo “não”
(Ele vai querer-te p’ra sempre
Vai ter-te juntinho ao seu coração
Vai amar uma ideia
Do que jamais será seu)
És tão bela como a Lua
Mais cheirosa que uma flor
És a minha perdição
És um rio de calor
E se diz que és insossa
Quem já fez por te provar
Boto-te um pouco de sal
P’ra te dar um paladar
Ai eu não sei, não
Que fazer dos teus intentos
Que fazer das palavras que desfias
São verdades, são mentiras?
São bolinhas de sabão?
Eu confesso que me agrada ver-te assim
Tanta rima p’ra chegar junto de mim
Toma lá! hoje levas um beijinho
Amanhã mais um pouquinho
Só depois te digo “não”
(Ele vai querer-te p’ra sempre
Vai ter-te juntinho ao seu coração
Vai amar uma ideia
Do que jamais será seu)
P’ra que fique bem assente
Digo e torno a redizer
Que de todos que te querem
Mais do que eu não pode haver
São o teu porto seguro
As portas do meu coração
Que se agita e bate forte
Toca como um carrilhão!
Ai eu não sei, não
Que fazer dos teus intentos
Que fazer das palavras que desfias
São verdades, são mentiras?
São bolinhas de sabão?
Eu confesso que me agrada ver-te assim
Tanta rima p’ra chegar junto de mim
Toma lá! hoje levas um beijinho
Amanhã mais um carinho
Só depois te digo “não”
Letra e música: Manuel Maio
Intérprete: A Presença das Formigas (in CD “Pé de Vento”, A Presença das Formigas/Careto/XMusic, 2014).
Por onde vais
[ Por Ti, Menina ]
Por onde vais,
Menina do campo,
Lírios colhidos por ti
São outro encanto!
Guarda segredo
Do teu amor,
Não digas nunca
O cais do teu sabor!…
Sete são as saias
De sete cores;
Menina, não saias
Com mais que dois amores!…
Rios de saudade
Correm sem parar,
Fogem com vontade
De te amar…
Menina, por ti
Breve é minha alma;
Só por ti nasci
Em noite calma!
Já te ouvi cantar
Ao nascer do dia,
E o sol acordou
Mudo de alegria!
E ao chegar a noite,
No teu mar navega,
Solta-se na eira
E jamais sossega!
Teu olhar, menina,
Com o meu namora:
Veste-se de longe,
Longa é sua demora…
Rios de saudade
Correm sem parar,
Fogem com vontade
De te amar…
Menina, por ti
Breve é minha alma;
Só por ti nasci
Em noite calma!
Por onde vais,
Menina do campo,
Lírios colhidos por ti
São outro encanto!
Guarda segredo
Do teu amor,
Não digas nunca
O cais do teu sabor!…
Sete são as saias
De sete cores;
Menina, não saias
Com mais que dois amores!…
Rios de saudade
Correm sem parar,
Fogem com vontade
De te amar…
Menina, por ti
Breve é minha alma;
Só por ti nasci
Em noite calma!
Só por ti nasci
Em noite…
Rios de saudade
Correm sem parar,
Fogem com vontade
De te amar…
Menina, por ti
Breve é minha alma;
Só por ti nasci
Em noite calma!
Só por ti nasci
Em noite…
Letra e música: José Flávio Martins (“À menina de olhar meigo…”)
Intérprete: Senhor Vadio (in CD “Cartas de um Marinheiro”, José Flávio Martins/iPlay, 2013)
Versão original: Frei Fado d’El Rei (in CD “Encanto da Lua”, Columbia/Sony Música, 1998)
Frei Fado d’El Rei, O Encanto da Lua
Pelas tuas tranças
[ Fado das Tranças ]
Pelas tuas tranças
Cor de fogo e de sol-pôr,
Eu luto com lanças
P’ra vencer o meu amor,
P’ra vencer o meu amor.
Ai, no alto do monte,
Ai, no alto do monte,
Ai, te chamarei
Com mil vozes e mil forças!
Com um só grão de areia,
Com um só grão de areia
Levo-te sempre comigo
E teço a minha teia,
E teço a minha teia!…
Nas águas do mar,
Enquanto sigo o meu labor,
Lembro as tuas tranças
E recordo o nosso amor,
Ai, recordo o nosso amor!
Ai, por de ti estar longe
Vivo em sofrimento;
Ai, por de ti estar longe
O meu canto é um lamento.
Lágrimas de dor eu verto,
Lágrimas de dor eu verto,
Pela morte reclamo
Por de ti eu não estar perto,
Por de ti eu não estar perto!…
Ai, por de ti estar longe
Vivo em sofrimento;
Ai, por de ti estar longe
O meu canto é um lamento.
Lágrimas de dor eu verto,
Lágrimas de dor eu verto,
Pela morte reclamo
Por de ti eu não estar perto,
Por de ti eu não estar perto!…
Letra e música: José Flávio Martins
Intérprete: Senhor Vadio (in CD “Cartas de um Marinheiro”, José Flávio Martins/iPlay, 2013)
Versão original: Frei Fado d’El Rei (in CD “Encanto da Lua”, Columbia/Sony Música, 1998)
Senhor Vadio, Cartas de um marinheiro
Se o vento sopra
[ Cantiga ]
Se o vento sopra e rasga as velas
E a noite é gélida e comprida
E a voz ecoa das procelas,
Deixa-te estar na minha vida.
Se erguem as ondas mãos de espuma
Aos céus, em cólera incontida,
E o ar se tolda e cresce a bruma,
Deixa-te estar na minha vida.
Deixa-te estar na minha vida.
Deixa-te estar na minha vida.
À praia, um dia, erma e esquecida,
Hei, com amor, de te levar.
Deixa-te estar na minha vida,
Como um navio sobre o mar.
Deixa-te estar na minha vida.
Deixa-te estar na minha vida.
Deixa-te estar na minha vida.
Deixa-te estar na minha vida.
Poema: João Cabral do Nascimento (adaptado)
Música: Carla Carvalho, Hélder Costa e Rui Ferreira (Caps)
Arranjo: Xícara e David Leão
Intérprete: Xícara (CD-EP “Xícara”, Xícara, 2011)
Cantiga
João Cabral do Nascimento, in “366 Poemas Que Falam de Amor”, org. Vasco Graça Moura, Lisboa: Quetzal Editores, 2003
Deixa-te estar na minha vida,
Como um navio sobre o mar.
Se o vento sopra e rasga as velas
E a noite é gélida e comprida
E a voz ecoa das procelas,
Deixa-te estar na minha vida.
Se erguem as ondas mãos de espuma
Aos céus, em cólera incontida,
E o ar se tolda e cresce a bruma,
Deixa-te estar na minha vida.
À praia, um dia, erma e esquecida,
Hei, com amor, de te levar.
Deixa-te estar na minha vida,
Como um navio sobre o mar.
Acredito em pouca coisa que venha escrita em loiça, dessa de pôr na parede.
Acredito mais no desempenho da laranja que apanho, que como e me mata a sede.
Acredito nas façanhas, muito menos nas patranhas de quem faz só porque sim.
Acredito nas crianças, no meu ventre são esperanças de um futuro sem fim.
Acredito na loucura de quem pede mais ternura e vira costas à guerra.
Acredito na fé dos outros que às vezes abrem poços só para encontrar mais terra.
Acredito no Caetano, no Zambujo que é meu mano, em todas as vozes calmas.
Acredito na poesia e também na aletria, em tod’os adoçantes de almas.
Acredito na minha mãe, ela que sofreu bem para que eu fosse como sou.
Crente nos frutos e flores, nos mais impossíveis amores; onde o Sol mais brilhar eu estou.
Eu estou Eu estou Eu estou Eu estou Eu estou
Letra: Celina da Piedade Música: Alex Gaspar Intérprete: Celina da Piedade (in CD “Sol”, Sons Vadios, 2016)
Era não era
[ Era Não Era do Tamanho de um Pardal ]
Era não era Foi deixado ao abandono Num dia quente de Outono No meio de um meloal Era não era Sei lá eu se era ou não era Só sei que os lados da esfera Cortam mais do que um punhal
São mais ou menos Cento e vinte e quatro lados Redondinhos, afiados Do tamanho de um pardal Mas sem as penas Nem as partes comestíveis Nem a caixa dos fusíveis Nem a corda do estendal
Era não era Palmilhei o mar profundo Sem parar um só segundo P’ra apanhar estrelas do céu No meio das nuvens Nadei eu entre os rochedos Cheio de frio e de medos Ao sabor do macaréu
Os macaréus São umas ondas muito altas Da família das pernaltas E maiores do que um pardal Mas sem as penas Nem as partes comestíveis Nem a caixa dos fusíveis Nem a corda do estendal
São mais ou menos Cento e vinte e quatro lados Redondinhos, afiados Do tamanho de um pardal Mas sem as penas Nem as partes comestíveis Nem a caixa dos fusíveis Nem a corda do estendal
Os macaréus São umas ondas muito altas Da família das pernaltas E maiores do que um pardal Mas sem as penas Nem as partes comestíveis Nem a caixa dos fusíveis Nem a corda do estendal
Era não era Diz o nabo p’ra o repolho: “Tu não me franzas o olho Que eu de ti não tenho medo!” Era não era Diz a ameixa p’ra a cenoura: “Vou para Paredes de Coura, Vou partir de manhã cedo”
Uma linda terra Do concelho de Alcobaça Só conhece quem lá passa Junto à tasca do Pardal Mas sem as penas Nem as partes comestíveis Nem a caixa dos fusíveis Nem a corda do estendal
São mais ou menos Cento e vinte e quatro lados Redondinhos, afiados Do tamanho de um pardal Mas sem as penas Nem as partes comestíveis Nem a caixa dos fusíveis Nem a corda do estendal
Os macaréus São umas ondas muito altas Da família das pernaltas E maiores do que um pardal Mas sem as penas Nem as partes comestíveis Nem a caixa dos fusíveis Nem a corda do estendal
São mais ou menos Cento e vinte e quatro lados Redondinhos, afiados Do tamanho de um pardal Mas sem as penas Nem as partes comestíveis Nem a caixa dos fusíveis Nem a corda do estendal
Os macaréus São umas ondas muito altas Da família das pernaltas E maiores do que um pardal Mas sem as penas Nem as partes comestíveis Nem a caixa dos fusíveis Nem a corda do estendal
Os macaréus…
Letra e música: Carlos Guerreiro Intérprete: Gaiteiros de Lisboa Versão original: Gaiteiros de Lisboa (in CD “Macaréu”, Aduf Edições, 2002; CD “A História”, Uguru, 2017)
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
Contacte-nos:
António José Ferreira 962 942 759
Fez sábado quinta-feira
Fez sábado quinta-feira, P’ra lá d’Évora três semanas, Estive dez dias num Verão Nas Américas Romanas.
Embarquei em dois caleiros Na baía de Lisboa; Arribei, fui dar a Goa, Desembarquei em Alenquer; Casei com sete mulheres, Falta uma p’rá primeira; Fui dar à Ilha Terceira, Com três dias numa hora; Abalei e vim-me embora, Fez sábado quinta-feira.
Agarrei nos alforginhos, Pus um pão em quatro enxacas, Na gamela duas vacas E na borracha toucinho; Um açafate com vinho, Trinta metros de banana; Dei passos à americana, Fui passar a Ayamonte; Abalei hoje, cheguei ‘onte’ P’ra lá d’Évora três semanas.
Eu já estive em Erapouca, Numa ocharia empregado; Foi-se um carro carregado Numa abóbora canoca; Um mosquito com um boi na boca Cem léguas em proporção; Atirei-lhe um bofetão Que pelo ar o fez ir; À espera dele cair Estive dez dias num Verão.
Fui soldado, assentei praça No 15 de Sapadores; Maquinista de vapores Na carreira de Alcobaça; Venci o Forte da Graça, Também a Vila de Terena E as províncias arraianas, Venci toda a nobrezia; Bati-me com a Turquia Nas Américas Romanas.
Fez sábado quinta-feira, P’ra lá d’Évora três semanas, Estive dez dias num Verão Nas Américas Romanas.
Letra: Popular Música: José Manuel David Intérprete: Gaiteiros de Lisboa Versão original: Gaiteiros de Lisboa com Luís Espinho e João Paulo Sousa (Adiafa) (in CD “Avis Rara”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2012; CD “A História”, Uguru, 2017)
Lá no adro da igreja
[ Abaladiça ]
Lá no adro da igreja Pára o Chico Pintaínho Pede a Deus que bem proteja Quem lhe der mais um copinho
Tem o filho para Lisboa A mulher já lhe morreu Não lhe anda a vida boa Foi pró vinho que lhe deu
A Isaura é metediça Com um lado reverente Quando pode está na missa Mas diz mal de toda a gente
Pode ser que seja fé Ou que goste do prior Tira bicas no café Bem pingadas sem pudor
Vai mais uma abaladiça Outro dedo de conversa Esta agora pago eu Depois tu e vice-versa Dedilhando a campaniça São dez cordas de saudade À saúde dos que estamos E de quem está na cidade
É na Tasca do João Que a malta vai ao petisco Há tomate, azeite e pão E tremoço por marisco
Ninguém sai desconsolado Por não ter o que comer Bota abaixo um abafado Para a gente se aquecer
Vai mais uma abaladiça…
Letra: José Fialho Gouveia Música: Rogério Charraz Intérprete: Rogério Charraz
Manhã na minha ruela
[ Dia de Folga ]
Intérprete: Ana Moura
Manhã na minha ruela, sol pela janela. O Sr. jeitoso dá tréguas ao berbequim. O galo descansa. Ri-se a criança, Hoje não há birras, a tudo diz que sim. O casal em guerra do segundo andar Fez as pazes, está lá fora a namorar.
Cada dia é um bico d’obra, Uma carga de trabalhos. Faz-nos falta renovar Baterias. Há razões de sobra Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga. É dia de folga!
Sem pressa de ar invencível, saia, saltos, rímel, Vou descer à rua, pode o trânsito parar. O guarda desfruta, a fiscal não multa. Passo e o turista, faz por não atrapalhar. Dona Laura hoje vai ler o jornal. Na cozinha está o esposo de avental.
Cada dia é um bico d’obra Uma carga de trabalhos. Faz-nos falta renovar Baterias. Há razões de sobra Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga. É dia de folga!
Folga de ser-se quem se é E de fazer tudo porque tem que ser. Folga para ao menos uma vez A vida ser como nos apetecer.
Cada dia é um bico d’obra, Uma carga de trabalhos. Faz-nos falta renovar Baterias. Há razões de sobra Para a tristeza ir de volta e o fado celebrar.
Cada dia é um bico d’obra Uma carga de trabalhos. Faz-nos falta renovar Baterias. Há razões de sobra Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga. É dia de folga!
Este é o fado que se empolga No dia de folga, No dia de folga.
No Império das aves raras
[ Avejão ]
No Império das aves raras Quem não tem penas é Rei; Entre pêgas e araras Os Patos-Bravos são Lei.
A terra dos Patos-Bravos Parece mais um vespeiro: Andam todos à bicada Para chegar ao poleiro.
Por sobre a terra, por sobre o mar O Grande Irmão zela por nós: A sua sombra é protectora, Já vem dos egrégios avós.
Na terra dos papagaios Quem não tem poleiro é pato; Andam todos à bicada Só p’ra ficar no retrato.
No reino das trepadoras O papagaio é Senhor: Mesmo até sem saber ler Qualquer papagaio é Doutor.
Por sobre a terra, por sobre o mar O Grande Irmão zela por nós: A sua sombra é protectora, Já vem dos egrégios avós.
Voar mais alto que os outros, Esse era o sonho do galo: Roubar as asas ao Pégaso E voar como um cavalo.
Mas o galo de ser galo É ter o chão junto à barriga; Para alcançar o poleiro Tem que usar de muita intriga.
Por sobre a terra, por sobre o mar O Grande Irmão zela por nós: A sua sombra é protectora, Já vem dos egrégios avós.
No reino dos voadores Impera a grande anarquia, E a barata voadora Já tem lugar de chefia.
A passarada oprimida Só deseja que isto mude, Mas as aves de rapina Cada vez têm mais saúde.
Por sobre a terra, por sobre o mar O Grande Irmão zela por nós: A sua sombra é protectora, Já vem dos egrégios avós.
Letra e música: Carlos Guerreiro Intérprete: Gaiteiros de Lisboa Versão original: Gaiteiros de Lisboa com Sérgio Godinho & Armando Carvalhêda (in CD “Avis Rara”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2012)
As forças em parada desfilam junto à tribuna de honra que é composta por cinquenta poleiros, onde estão representadas as espécies ornitológicas democraticamente nomeadas pelo marechal Avejão. Desfilam, neste momento, o esquadrão Falcão e o esquadrão Abutre, garantes da paz, da ordem, da liberdade e da segurança. À sua passagem, o marechal Avejão perfila-se no seu poleiro e erguendo a asa direita saúda as tropas em sinal de respeito e gratidão.
Ó Ana, Vem Ver
Ó Ana, vem ver! Ó Ana, vem ver! Há fogo no mar e os peixes a arder! La ri lo lela! Ó Ana, vem ver!
Oh alto e oh alto, oh alto, piu piu! Passarinho novo da mão me fugiu! La ri lo lela, oh alto, piu piu!
Senhora Maria, senhora Maria, O seu galo canta e o meu assobia! La ri lo lela, senhora Maria!
Galo
Oh alto e oh alto, oh alto e oh alto! Quanto mais acima maior é o salto! La ri lo lela, oh alto e oh alto!
Ó Ana, vem ver! Ó Ana, vem ver! Há fogo no mar e os peixes a arder! La ri lo lela! Ó Ana, vem ver!
Senhora Maria, senhora Maria, O seu galo canta e o meu assobia! La ri lo lela, senhora Maria!
Oh alto e oh alto, oh alto, piu piu! Passarinho novo da mão me fugiu! La ri lo lela, oh alto, piu piu!
Eu quero, eu quero, eu quero, eu queria Dormir uma noite contigo, Maria! La ri lo lela, eu quero, eu queria!…
Letra e música: Tradicional (Beira Interior) Intérprete: Real Companhia (in CD “Orgulhosamente Nós!”, Lusogram, 2000)
O Judas teve sarampo
[ Quando Judas Teve Sarampo ]
O Judas teve sarampo, Herodes teve bexigas; Pilatos teve sezões, O Caifás teve lombrigas.
O Judas quando nasceu Foi de uma velha gaiteira, O Diabo foi parteira; Quando Judas rescendeu Foi padrinho um pigmeu Para o livrar do quebranto. A todos causou espanto Tal era a figura horrenda, Mas só o Diabo se lembra E Judas teve sarampo.
O Judas teve sarampo, Herodes teve bexigas; Pilatos teve sezões, O Caifás teve lombrigas.
Letra: Popular (Monte Real, Leiria, Alta Estremadura); adap. Carlos Guerreiro Música: Carlos Guerreiro Intérprete: Gaiteiros de Lisboa Versão original: Gaiteiros de Lisboa (in CD “Macaréu”, Aduf Edições, 2002; CD “A História”, Uguru, 2017)
Quem quer brincar
[ Brincar aos Fados ]
Quem quer brincar a uma nova brincadeira, Que não tem índios, nem polícias, nem ladrões E toda a gente pode brincar à primeira, Basta saber cantarolar duas canções.
Uma vassoura pode ser uma viola, Uma guitarra pode ser feita em cartão: É muito fácil… basta usar tesoura e cola Para dar asas à tua imaginação.
Uma cortina faz de xaile improvisado E num instante nasce um palco no quintal; Até o gato que não quer ser chateado É a plateia que te aplaude no final.
Então tu escolhes um CD… põe-lo baixinho E em ‘karaoke’, em ‘playback’ ou a cantar És a Amália, a Mariza ou a Carminho E vais aos fados… mesmo que seja a brincar.
Letra: Tiago Torres da Silva Música: Bernardo Lino Teixeira (Fado Ginguinha) Intérprete: Camané (in CD “Brincar aos Fados”, Farol Música, 2014) Outra versão: Rodrigo Costa Félix
Subir, Subir
Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir
Mensageiros de Cupido Eu ando deprimido Intercedei por mim ao vosso Deus! Estou de amores com uma catraia Que p’ra subir a saia Exige grandes sacrifícios meus
Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir
Levantei velas à barca Mas a brisa era parca Nem deu para agitar o meu corcel Assim nunca mais te chego A ter no aconchego Tirar-te dessa ilha de papel
Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir
Fiz consulta a feiticeiros E santos padroeiros Deixei bruxeiros de cabeça à toa Findei o consultamento E como rendimento Saíram-me (imaginem!) os Gaiteiros de Lisboa
Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir
Letra e música: Mário Alves (Vozes da Rádio) Intérprete: Gaiteiros de Lisboa Versão discográfica ao vivo dos Gaiteiros de Lisboa, com Vozes da Rádio (in 2CD “Dançachamas: Ao Vivo”: CD 1, Farol Música, 2000) Versão original: Vozes da Rádio com Gaiteiros de Lisboa (in CD “Mappa do Coração”, Ariola/BMG Portugal, 1997)
Tubarão tinha dentes de tainha
[ Tamboril ]
Tubarão tinha dentes de tainha E a tainha tinha dentes de tambor Toca traz tempo chuva tempestade Tubarão trincou um touro nos taleigos da vontade
Tubarão tinha o tímpano trocado E trocado estava o tempo todo o ano Toca traz tempo chuva tempestade Tubarão tamborilou ‘inda a missa ia a metade
Tubarão traficou-se em tamboril Troca-tintas com retoque teatral Toca terça, quarta, quinta, noite e dia Travestido no Entrudo c’uma tromba de enguia
Tamboril teve tísica ao contrário Já tossia como tosse o tubarão Toca terça, quarta, quinta, noite e dia Tamboril entubarou num atalho p’rá Turquia
Tubarão tinha dentes de tainha E a tainha tinha dentes de tambor Toca traz tempo chuva tempestade Tubarão trincou um touro nos taleigos da vontade
Tubarão tinha o tímpano trocado E trocado estava o tempo todo o ano Toca traz tempo chuva tempestade Tubarão tamborilou ‘inda a missa ia a metade
Tubarão traficou-se em tamboril Troca-tintas com retoque teatral Toca terça, quarta, quinta, noite e dia Travestido no Entrudo c’uma tromba de enguia
Tamboril teve tísica ao contrário Já tossia como tosse o tubarão Toca terça, quarta, quinta, noite e dia Tamboril entubarou num atalho p’rá Turquia
Letra: Miguel Cardina Música: Pedro Damasceno e Celso Bento Arranjo: Diabo a Sete e Julieta Silva Intérprete: Diabo a Sete (in CD “Figura de Gente”, Sons Vadios, 2016)
A saudade do teu cheiro E o sorrir do teu olhar Faz o meu corpo inteiro Ganhar asas e voar
Num voo derradeiro Sobrevoo o alto-mar E nem o denso nevoeiro Faz este fogo cessar
Ai o meu primeiro amor Feito de um tímido beijo É de todos o maior É de todos o primeiro
Ai o meu primeiro Amor…
É um amor estrangeiro Que vive em liberdade Meu coração prisioneiro Fica preso à saudade
Ai o meu primeiro amor Feito de um tímido beijo É de todos o maior É de todos o primeiro
Ai o meu primeiro amor Feito de um tímido beijo É de todos o maior É de todos o primeiro
Ai o meu primeiro Amor… Ai o meu primeiro Amor…
Letra e música: Samuel Lopes Intérprete: Citânia Versão original: Citânia (in Livro/CD “Segredos do Mar”, Seven Muses, 2011)
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e a qualidade de vida dos idosos.
Contacte-nos:
António José Ferreira 962 942 759
A saudade enlouqueceu
[ A saudade Não existe ]
A saudade enlouqueceu no dia em que tu partiste; não sei o que é que me deu se afirmei como um ateu que a saudade não existe.
Então, o Fado fez pouco da minha infelicidade e nunca mais me deu troco. Não sabe quem anda louco: se sou eu ou a saudade
Coitado de quem a esquece, nunca mais volta a ter paz. Quando a saudade enlouquece, a loucura é uma prece com o Fado por detrás. Coitado de quem a esquece, nunca mais volta a ter paz.
A saudade ficou rouca de tanto te ter chamado, e anda de boca-em-boca; comentam que ela está louca, mas quem está louco é o Fado!
A Saudade Não Existe (A Saudade Enlouqueceu) Letra: Tiago Torres da Silva Música: Joaquim Campos (Fado Amora) Intérprete: Cristina Nóbrega Versão original: Cristina Nóbrega (in CD “Um Fado para Fred Astaire”, Watch & Listen, 2014) Outra versão de Cristina Nóbrega (grav. no Largo do Teatro Nacional de São Carlos, Lisboa, 29 Ago. 2014, in CD “Ao vivo no Chiado”, Watch & Listen, 2015)
A saudade, meu amor
[ Saudade, Silêncio e Sombra ]
A saudade, meu amor, É o martírio maior Da minha vida em pedaços, Desde a tarde desse dia Em que ao longe se perdia P’ra sempre o som dos teus passos.
Saudades fazem lembrar Silêncios do teu olhar, Segredos da tua voz E essa antiga melodia Que o vento na ramaria Murmurava só p’ra nós.
Lembras-te daquela vez Quando eu cantava a teus pés Trovas que não tinham fim, Quando o luar prateava E quando a noite orvalhava As rosas desse jardim?
Jardim distante e deserto, Sinto tão longe e tão perto O passado que te ensombra… Devaneio e realidade, Silêncio, sombras, saudade, Saudades, silêncio e sombr
Letra: D. Nuno Lorena Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera) Intérprete: Tereza Tarouca (in EP “Saudade, Silêncio e Sombra”, RCA Victor, 1964; LP “Os Melhores Fados de Tereza Tarouca”, RCA Camden, 1978; 2LP “Álbum de Recordações”: LP 1, Polydor/PolyGram, 1985; CD “Temas de Ouro da Música Portuguesa”, Polydor/PolyGram, 1992; CD “Álbum de Recordações”, Alma do Fado/Home Company, 2006; CD “Tereza Tarouca”, col. Fado Alma Lusitana III, vol. 3, Levoir / Correio da Manhã, 2014)
Era uma vez um comboio
[ ‘Inda me Alembra a Azeitona ]
Era uma vez um comboio Em que me fui a montar: Abalei nele p’rá cidade, Nunca mais quis eu voltar.
Nunca mais quis eu voltar, Ilusão da vida minha; ‘Inda me alembra a azeitona Quando o medo guarda a vinha.
‘Inda me alembra a azeitona, ‘Inda me alembra o lagar: Vinha a seguir à castanha E depois de vindimar.
Vinha a seguir à castanha, À castanha redondinha; ‘Inda me alembra a azeitona E de rabiscar a vinha.
Uma vez cá na cidade Quis comer migas de pão; Tinha tudo p’ra as fazer, Faltava-me o coração.
Faltava-me o coração Que eu deixei à tua beira; ‘Inda me alembra a azeitona, Ai, queira eu ou não queira.
‘Inda me alembra a azeitona, ‘Inda me alembra o lagar: Vinha a seguir à castanha E depois de vindimar.
Vinha a seguir à castanha, À castanha redondinha; ‘Inda me alembra a azeitona E de rabiscar a vinha.
Agora quero eu voltar E já não tenho ninguém; O coração que eu deixei Deixou-me a mim também.
Deixou-me a mim a cismar De alecrim e manjerona; Não sei qual deles cheirar Se ‘inda me alembra a azeitona.
‘Inda me alembra a azeitona, ‘Inda me alembra o lagar: Vinha a seguir à castanha E depois de vindimar.
Vinha a seguir à castanha, À castanha redondinha; ‘Inda me alembra a azeitona E de rabiscar a vinha.
Letra: Vítor Reia Música: Jorge Semião Intérprete: Vá-de-Viró (in CD “Por Aí…”, Música XXI – Associação Cultural, 2013)
Se me Levam Águas
MOTE ALHEIO
Se me levam águas, nos olhos as levo.
VOLTAS
Se de saudade morrerei ou não, meus olhos dirão de mim a verdade. Por eles me atrevo a lançar as águas que mostrem as mágoas que nesta alma levo.
As águas que em vão me fazem chorar, se elas são do mar estas de amor são. Por elas relevo todas minhas mágoas; que, se força de águas me leva, eu as levo.
Todas me entristecem, todas são salgadas; porém as choradas doces me parecem. Correi, doces águas, que, se em vós me enlevo, não doem as mágoas que no peito levo.
Poema (vilancete em redondilha menor): Luís de Camões (in “Rimas”, org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; “Obras de Luís de Camões”, Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 772-773) Música: Luís Cília Intérprete: Luís Cília (in LP “La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours – 1”, Moshé-Naïm, 1967; CD “La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours”, Moshé-Naïm/EMEN, 1996)
Em sonho lá vou
[ Longe Daqui ]
Em sonho lá vou de fugida, Tão longe daqui, tão longe. É triste viver tendo a vida Tão longe daqui, tão longe.
Mais triste será quem não sofre Do amor, a prisão sem grades. No meu coração há um cofre Com jóias que são saudades.
Tenho o meu amor para além do rio, E eu cá deste lado cheiinha de frio. Tenho o meu amor para além do mar, E tantos abraços e beijos p’ra dar.
Oh bem que me dás mil cuidados, Tão longe daqui, tão longe, A Lua me leva recados, Tão longe daqui, tão longe.
Quem me dera ir céu adiante, Correndo veloz no vento: Ter asas, chegar num instante Onde está meu pensamento.
Tenho o meu amor para além do rio, E eu cá deste lado cheiinha de frio. Tenho o meu amor para além do mar, E tantos abraços e beijos p’ra dar.
Tenho o meu amor para além do rio, E eu cá deste lado cheiinha de frio. Tenho o meu amor para além do mar, E tantos abraços e beijos p’ra dar.
Nota: Na gravação original (amaliana), o primeiro verso da quarta estrofe tem a seguinte forma: “Ao bem que me dá mil cuidados”.
Letra: Hernâni Correia Música: Arlindo de Carvalho Intérprete: Cristina Nóbrega Versão original: Amália Rodrigues (grav. 1970, in CD “Segredo”, EMI-VC, 1997; 3CD “É ou Não É?: os 45 rpm 1968-1975”: CD 1, Edições Valentim de Carvalho, 2018)
Eu tenho um xaile encarnado
[ Xaile Encarnado ]
Eu tenho um xaile encarnado É uma lembrança tua Tem um segredo bordado Que às vezes eu trago à rua
Tem as marcas de uma vida Que a vida marca no rosto Mas ganha uma nova vida Nas noites que o trago posto
Já foi lençol e bandeira Vela de barco também Tem marcas da vida inteira Mas dizem que me cai bem
Se pensas que me perdi Nalgum destino traçado Para veres que não esqueci Eu ponho o xaile encarnado
Letra: João Monge Música: Armandinho (Fado da Adiça) Intérprete: Aldina Duarte (in CD “Crua”, EMI, 2006)
Eu peguei em saudades tuas
[ Saudade solta ]
Eu peguei em saudades tuas Fui plantá-las no meu jardim Porque sei que assim continuas Aqui bem juntinho a mim E cantando a saudade eu sei Algo aqui há-de nascer Se tristeza eu semeei Alegria hei-de colher Alegria hei-de colher
Pedrinhas que houver eu hei-de tirar E todas as ervas daninhas à volta E o que vier virá lembrar O que a vida prende a saudade solta E sombras que houver eu hei-de afastar E todas as ervas daninhas à volta E o que vier virá lembrar O que a vida prende a saudade solta
Novos dias vão chegar Outras memórias felizes E o vento que nos vergar Não nos vai quebrar raízes E cantando eu sei que fica A saudade bem aqui E a esperança que nos dá vida Em mim não terá o fim Sei que vais esperar por mim
Pedrinhas que houver eu hei-de tirar E todas as ervas daninhas à volta E o que vier virá lembrar O que a vida prende a saudade solta E sombras que houver eu hei-de afastar E todas as ervas daninhas à volta E o que vier virá lembrar O que a vida prende a saudade solta
Pedrinhas que houver eu hei-de tirar E todas as ervas daninhas à volta E o que vier virá lembrar O que a vida prende a saudade solta E sombras que houver eu hei-de afastar E todas as ervas daninhas à volta E o que vier virá lembrar O que a vida prende a saudade solta
Intérprete: Mariza
Eu preciso de te ver
Eu preciso de te ver, Ausente d’amor sem razão, Para te mostrar as sombras Do quarto da solidão. Eu preciso de te ver, Ausente d’amor sem razão.
Eu preciso de te ver Para matar este frio, Que voa dentro de mim Como as gaivotas no rio. Eu preciso de te ver Para matar este frio.
Eu preciso de te ver Para matar esta saudade, Que já começa a vestir O tempo da minha idade. Eu preciso de te ver Para matar esta saudade.
Como ganhei a coragem D’areia a beber a espuma, Eu preciso de te ver Mais uma vez, só mais uma.
Letra: Vasco de Lima Couto Música: José Fontes Rocha (Fado Isabel) Intérprete: Joana Amendoeira* (in CD “Amor Mais Perfeito: Tributo a José Fontes Rocha”, CNM, 2012) Primeira versão (com a melodia do Fado Isabel): Beatriz da Conceição (in EP “Pomba Branca, Pomba Branca”, Banda/Movieplay, 1974; CD “Beatriz da Conceição”, col. O Melhor dos Melhores, vol. 75, Movieplay, 1997; CD “Beatriz da Conceição”, col. Clássicos da Renascença, vol. 21, Movieplay, 2000) Outra versão de Beatriz da Conceição (in CD “Tears of Lisbon”, Sony Classical, 1996) Versão original (com a melodia do Fado Menor do Porto): Lucília do Carmo (in LP “Recordações”, Decca/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/Som Livre, 2008; CD “Lucília do Carmo” (compilação), col. Caravela, EMI-VC, 1997)
fadista Beatriz da Conceição
Fecho os olhos já cansados
[ Solidão e Xisto ]
Fecho os olhos já cansados. Relembro os tempos passados, as finas flores de cerejeira, os cereais secos na eira. No percurso da memória, vem à luz a mesma história da minha aldeia adormecida Vem à luz a mesma história. Minha terra, minha alma que antes era canto e vida!
Fecho os olhos navegantes. Relembro tempos distantes das terras fecundadas, dias de sol e sementes lançadas. Eram campos de alegria. Hoje são pó e nostalgia nesta aldeia adormecida. Hoje pó e nostalgia. Minha terra, minha alma que antes era canto e vida!
Fecho os olhos de mansinho, sigo agora outro caminho. Desta terra me despeço no embalo das vozes antigas. Num lamento adormeço ao rumor de velhas cantigas. Espalho-me em sementes de alma na terra de todos os campos. Dela brotarão flores em cantos: Que ainda sou, ainda existo nesta aldeia de solidão e xisto.
Letra: Joana Lopes Música: António Pedro Intérprete: Musicalbi Versão original: Musicalbi (in CD “Solidão e Xisto”, Musicalbi, 2019)
Há uma saudade guardada
[ A nossa voz ]
Letra: Mariza Música: Fred, Vicente Palma, André Dias Intérprete: Mariza
Na noite
[ Mais do Que Saudade ]
Na noite, lá longe um cão a ladrar E o som que, se solta, levita no ar Como que uma dança, vai alguém a correr; Há carros e motas abanando o escuro, Lembro o teu sorriso tão lindo, inseguro… Não te sei chamar, o que hei-de fazer?
Onde estás, meu amor? Onde pairas? Será que pensas em mim? Também, como eu, estás assim? Na verdade, isto é mais do que saudade, É mais do que saudade.
Porquê este aperto a lembrar, tal e qual, Que o longe da vista é como um Carnaval: Olhar e sorrir, não mostrar que estou triste? Prefiro deixar o coração de lado, Ir à beira-rio, andar um bocado… Será que paraste? Será que me ouviste?
Onde estás, meu amor? Onde pairas? Será que pensas em mim? Também, como eu, estás assim? Na verdade, isto é mais do que saudade, É mais do que saudade.
A saudade tem destas coisas estranhas, Tem trejeitos, amua, tem também suas manhas: Não quer admitir, diz que não, bate o pé; Na verdade, sem ela em qualquer circunstância Sentiria por ti esta falta, esta ânsia… Muito mais que saudade, nem eu sei o que é.
Onde estás, meu amor? Onde pairas? Será que pensas em mim? Também, como eu, estás assim? Na verdade, isto é mais do que saudade, É mais do que saudade.
Na verdade, isto é mais do que saudade, É mais do que saudade.
Letra e música: Amélia Muge Arranjo: Amélia Muge e Quiné Teles Intérprete: Ela Vaz (in CD “Eu”, Micaela Vaz, 2017)
No alto daquela fraga
[ Aroma da Saudade ]
No alto daquela fraga, Vi teus olhos cintilar. A distância traz a mágoa De não te poder beijar.
Que saudades do teu cheiro, Dos teus lábios de romã, Dos recatos do celeiro, Faces rubor de maçã!
Trigueira do Alentejo Tens o mel do meu desejo, No teu beijo Um aroma da saudade.
Teus cabelos cor de trigo, Teu perfume de alecrim. Ao ribeiro vou contigo; Não te apartes mais de mim!
Na eira corre o suão E um aroma de poejo. Coentros, migas de pão Alimentam o desejo.
Trigueira do Alentejo Tens o mel do meu desejo, No teu beijo Um aroma da saudade.
Trigueira do Alentejo Tens o mel do meu desejo, No teu beijo Um aroma da saudade. Trigueira do Alentejo…
Letra e música: Álvaro M. B. Amaro Intérprete: Dialecto* Versão original: Dialecto (in CD “Aromas”, Dialecto/Cloudnoise, 2011)
O meu avô dançava
[ Baile em Segredo ]
O meu avô dançava O que a avó trauteava E, com movimento, A valsa voava.
Foi no salão de dança, Mesmo a meio do mar Quando um navio avança, Dança e balança o par; Mesmo a meio do mundo, Longe o pulsar do cais Num silêncio profundo, Toca uma nota mais.
Ai, guarda os teus sentidos Ai, numa caixa aberta: São os contos vividos Que um quadro liberta! Ai, guarda a tua vida Ai, num frasco de sais: No calor da avenida, O sol de volta ao cais!
A dimensão que o mundo Tem do silêncio ouvir Vem dum saber profundo: O saber de existir.
O meu avô dançava O que a avó trauteava E, com movimento, A valsa voava.
Letra: João Afonso Lima Música: João Afonso Lima e António Afonso Arranjo: Quiné Teles Intérprete: Ela Vaz, com Uxía (in CD “Eu”, Micaela Vaz, 2017) Versão original: João Afonso com António Afonso (in CD “Outra Vida”, Vachier & Associados/Universal, 2006)
Olá! Como é que estás?
[ SMS ]
— Olá! Como é que estás? Como é que vais? Os dias por aqui seguem iguais E passam sem trazer mais novidades; Há muito que não sei nada de ti, Mas pelo coração já percebi Que ainda guardo aqui muita saudade.
— Se tu quiseres podemos tomar Um copo ou um café para falar, Pôr a conversa em dia um destes dias: Quero saber de ti e do que fazes, Saber se por acaso ainda trazes Contigo aquele brilho que trazias.
Podemos ver um filme no cinema. — E dar os dois a mão naquela cena. — Ficar assim até aos créditos finais. — Podemos ir os dois beber um gin. — Dizer que a vida vai assim-assim… — Os dias por aqui seguem iguais.
— Podias pôr aquele teu vestido, Aquele azul com o ombro descaído, Estampado a padrões orientais; Gostava de levar-te a jantar fora, Por mim podemos ir a qualquer hora Porque aqui os dias seguem sempre iguais.
— Desculpa se o telefone te acordou, Escrevi-te porque o coração mandou, Ele já não podia esperar mais; Eu já ouvi dizer que o tempo cura Mas sei que a tua falta ainda dura… Os dias por aqui seguem iguais.
Não me leves a mal por te escrever Nem sintas que é preciso responder, É só uma mensagem, nada mais; Só escrevo p’ra dizer que ainda te quero E quando a lua vem ainda te espero… As noites por aqui seguem iguais.
— As noites por aqui seguem iguais. — As noites por aqui seguem iguais. — Os dias por aqui seguem iguais. — As noites por aqui seguem iguais.
Letra: José Fialho Gouveia Música e arranjo: Rogério Charraz Intérprete: Rogério Charraz com Katia Guerreiro (in CD “Não Tenhas Medo do Escuro”, Rogério Charraz/Compact Records, 2016)
Os olhos do meu amor
[ Dois Navios ]
Os olhos do meu amor são dois navios de guerra; navegam pelo mar fundo, deitam faíscas à terra. Ó pombinh’enrol’enrol’ai! ó meu pomb’enroladore; já lá vem ‘àssobiare a caldeira do vapore.
A caldeira do vapor’ai! ó meu pomb’enrol’enrola. Eu hei-d’ir par’à Espanha casar com ‘ma espanhola. Casar com ‘ma espanhola, qu’elas são moças bonitas; usam sai’à papo-seco, sapatos, meias e ligas.
Ó meu amor, eu fujo pelo mar’abaix’eu sou marujo. Ó meu amor, eu fujo pelo mar’abaix’eu sou marujo. Eu sou marujo mais ela. Eu sou marujo mais ela. Pelo mar’abaixo vai um barco à vela. Pelo mar’abaixo vai um barco à vela.
Ó pescador da barquinha! Qu’ei lá! Volt’à trás que vais perdido! Porquê? Essa mulher qu’aí levas! Que tem? É casad’e tem marido! Vá de banda, carabola, vá de banda, vá de banda, carol’olé! Eu sei falar à ‘spanhola, cara linda, “mira usted”. Vá de banda, carabola, vá de banda, vá de banda, carol’olé! Eu sei falar à ‘spanhola, cara linda, “mira usted”.
Vá de banda, carabola, vá de banda, vá de banda, carol’olé! Eu sei falar à ‘spanhola, cara linda, “mira usted”. Vá de banda, carabola, vá de banda, vá de banda, carol’olé! Eu sei falar à ‘spanhola, cara linda, “mira usted”.
Letra e música: Tradicional portuguesa Arranjo: Paulo Cunha Intérprete: Vá-de-Viró (in CD “Por Aí…”, Música XXI – Associação Cultural, 2013)
Quando o amor se cansar
[ O Que É Que Eu Digo à Saudade? ]
Quando o amor se cansar e tu partires, Ficarmos no silêncio desta idade, Sem um adeus sequer tu me dizeres, Uma palavra, um gesto de amizade; Sem um adeus sequer tu me dizeres, Amor, que vou dizer nesta saudade?
O que é que eu digo à saudade Sem teus olhos p’ra me olhar? O que é que eu digo à saudade Sem teus lábios p’ra beijar? O que é que eu digo à saudade Sem teu corpo para amar? O que é que eu digo à saudade Se não me vens abraçar? O que é que eu digo à saudade Sem teu cheiro respirar? O que é que eu digo à saudade Com tanto amor para dar?
E na cama sozinha em que te penso, Em que me venço inteira, com verdade, Sendo a ti, meu amor, a quem pertenço, Porque não és de mim outra metade? E se é pensando em ti que eu adormeço, O que é que eu digo à noite e à saudade?
O que é que eu digo à saudade Sem teus olhos p’ra me olhar? O que é que eu digo à saudade Sem teus lábios p’ra beijar? O que é que eu digo à saudade Sem teu corpo para amar? O que é que eu digo à saudade Se não me vens abraçar? O que é que eu digo à saudade Sem teu cheiro respirar? O que é que eu digo à saudade Com tanto amor para dar?
O que é que eu digo à saudade Sem teu cheiro respirar? O que é que eu digo à saudade Com tanto amor para dar?
O que é que eu digo à saudade Sem teu cheiro respirar? O que é que eu digo à saudade Com tanto amor para dar? O que é que eu digo à saudade Sem teu cheiro respirar? O que é que eu digo à saudade Com tanto amor para dar?
Letra: José Luís Gordo e Mário Rainho Música: José Fontes Rocha Intérprete: Joana Amendoeira (in CD “Amor Mais Perfeito: Tributo a José Fontes Rocha”, CNM, 2012) Versão original: Maria da Fé (in LP “Amor na Minha Voz”, MBP, 1989, reed. CD “Estar Contigo”, Ovação, ?) Outra versão de Maria da Fé (in CD “Canto Lusitano”, Ovação, 1993; CD “Maria da Fé”, col. Estrelas da Música Portuguesa, Ovação, 2015)
A Vida Que Há na Saudade
Quando o silêncio me diz que a vida está por um triz, e eu sei que fala verdade, vou p’ra trás de uma guitarra e a minha voz agarra a vida que há na saudade.
Vem um fado e outro fado e o coração, cansado, diz que não quer sofrer tanto, porque já sabe de cor o que lhe faz o Menor de cada vez que eu o canto.
Mas o guitarrista toca uma guitarra que evoca outra guitarra mais triste: está guardada no meu peito e toca um fado que é feito da dor mais forte que existe.
Ao escutá-la no meu sangue, o meu coração exangue volta a bater com vontade: e é nas cordas da viola que a minha vida se enrola na vida que há na saudade!
Letra: Tiago Torres da Silva Música: Alfredo Duarte “Marceneiro” (Fado Cravo) Intérprete: Cristina Nóbrega (ao vivo no Teatro da Luz, Lisboa) Versão original: Cristina Nóbrega (in CD “Um Fado para Fred Astaire”, Watch & Listen, 2014)
Quando se tem pouca idade
[ A Vida Como Ela É ]
Quando se tem pouca idade Só se percebe a saudade Se espreitamos à janela; E ao vermos a mãe partir Só pensamos em fugir P’ra baixo das saias dela.
Saudade é ter que ir p’rá cama Após vestir o pijama E sonhar com temporais; Mas por ter medo do escuro Ir num passinho inseguro Dormir p’rá cama dos pais.
É estar com gripe ou anginas, Encharcado em aspirinas E saber que os companheiros Lá foram jogar à bola No campeonato da escola, Mas não foram os primeiros.
É o brinquedo estragado, É o sapato apertado Que já não cabe no pé; É tudo o que ao ir embora Nos obriga a ver agora A vida como ela é.
Letra: Tiago Torres da Silva Música: Casimiro Ramos (Fado Três Bairros) Intérprete: Joana Amendoeira* (in CD “Brincar aos Fados”, Farol Música, 2014)
Saudosos estão os meus olhos
[ Saudade Atrás de Saudade ]
Saudosos estão os meus olhos do fitar do teu olhar; Saudosas estão minhas mãos das tuas mãos afagar.
Saudoso está o meu corpo do teu corpo me abraçar; Saudosa está minha voz de ouvir a tua falar.
Saudade atrás de saudade, saudade só me ficou do tempo em que a tua vida p’la minha vida passou.
Saudade atrás de saudade, saudade só me ficou do tempo em que a tua vida p’la minha vida passou.
Saudoso está meu penar do tempo em que não penava; Saudosa está minha boca da tua quando a beijava.
Saudosa está minha alma por tua alma não ter; Saudoso está o meu riso podia já não saber.
Saudade atrás de saudade, saudade só me ficou do tempo em que a tua vida p’la minha vida passou.
Saudade atrás de saudade, saudade só me ficou do tempo em que a tua vida p’la minha vida passou.
Saudade atrás de saudade, saudade só me ficou do tempo em que a tua vida p’la minha vida passou.
Saudade atrás de saudade, saudade só me ficou do tempo em que a tua vida p’la minha vida passou.
Letra: Dina Carapeto Música: Jorge Semião Intérprete: Vá-de-Viró (in CD “Por Aí…”, Música XXI – Associação Cultural, 2013)
Três Paus
Três paus é só quanto custa um bilhete para percorrer o velho tapete daquele cinema onde passa aquele filme que vimos mil vezes
Três paus não pagaram o que fizeste o beijo e a mão que então tu me deste Foi na sala escura que acendeste a luz da minha velha prece
Venham, venham ver o maior filme de sempre! Hoje no Cinema Central uma história de amor como não há igual. Ela foge p’ra casar… Ele morre atropelado O pai desembestado rouba o neto à sua mãe… e mais não conto! Só custa três paus!
Três paus é já quanto custa um sorvete mais caro que um copo de clarete servido bem frio numa tarde longa de um Verão quente
Três paus eram de morango e folia gargalhadas do mais doce que havia soltavam no ar coisas muito tolas que enchiam os dias
É frut’ó chocolate! P’ró menino e p’rá menina! Ó minha senhora, não vai um geladinho? Refresca até o cabelo, o meu sorvete fresquinho. Prove lá, avozinha! Não me diga que não gosta desta categoria?! Só custa três paus!
Três paus marcam o sabor de uma vida que nunca se acaba na despedida nos anos felizes da idade nova breve e distraída
Letra: Eugénia Ávila Ramos Música: Carlos Lopes Intérprete: Rua da Lua* (in CD “Rua da Lua”, Rua da Lua, 2016)
Fui de viagem para me esquecer de ti Porque de mim já me esquecera e nem vi Mas não havia rua, praça nem jardim Que não trouxesse a tua imagem, ai de mim!
Cheguei a ver-te noutro mundo, outro lugar Aonde não havia nada pra esperar Nos mares longe onde não tinha mais ninguém Dentro de mim ouvia a tua voz também
Em todo o lado, meu amor Toda a viagem, meu amor Trago no peito a tua imagem junto a mim
Vivo em saudade meu amor E tudo diz ao meu redor Que a nossa história não é feita deste fim
Mas no regresso volto à vida e tu não estás… para mim.
Não queiras Versos lindos de cantar Nem rosas Como dias por abrir O nosso amor passou, amor O nosso amor não basta Não basta…
Não digas Quantas horas foram poucas Que noites Duas sombras a alongar Agora é só sonhar, amor O nosso amor não canta Não canta…
Dou voltas Numa rua que foi nossa À espera De uma casa onde morar A gente vai vivendo, amor E o nosso amor não passa Não passa…
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
Disse-te adeus e morri E o cais vazio de ti Aceitou novas marés. Gritos de búzios perdidos, Roubaram dos meus sentidos, A gaivota que tu és.
Gaivota de asas paradas, Que não sente as madrugadas E acorda à noite a chorar. Gaivota que faz o ninho Porque perdeu o caminho Onde aprendeu a sonhar.
Preso no ventre do mar O meu triste respirar Sofre a invenção das horas. Pois, na ausência que deixaste, Meu amor, como ficaste? Meu amor, como demoras!
Preso no ventre do mar O meu triste respirar Sofre a invenção das horas. Pois, na ausência que deixaste, Meu amor, como ficaste? Meu amor, como demoras!
Letra: Vasco de Lima Couto Música: José António Sabrosa Intérprete: Cristina Branco (in CD “Corpo Iluminado”, Universal, 2001) Versão original: Amália Rodrigues (in “Vou Dar de Beber à Dor”, Columbia/VC, 1969; reed. EMI-VC, 1992)
Disse-te adeus
Disse-te adeus, não me lembro Em que dia de Setembro Só sei que era madrugada A rua estava deserta E até a lua discreta Fingiu que não deu por nada
Sorrimos à despedida Como quem sabe que a vida É nome que a morte tem Nunca mais nos encontrámos E nunca mais perguntámos Um p’lo outro a ninguém
Que memória ou que saudade Contará toda a verdade Do que não fomos capazes Por saudade ou por memória Eu só sei contar a história Da falta que tu me fazes
Letra: Manuela de Freitas Música: Frederico de Brito (Fados dos Sonhos) Intérprete: Camané (in CD “Uma Noite de Fados”, EMI-VC, 1995)
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
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Gostei desse amor
[ Disse-te Adeus e Sorri ]
Gostei desse amor, fui pedra! Fui um vento de revolta… Amei sem fronteira, fui serra! Fui montanha que se acorda…
Muralhas de amor e de saudade São rios de beijo e de vontade; Adeus ao sorrir, não morro, Sofro apenas a minha verdade…
Foi nesse adeus, De corpo alado: Beijos tão meus Fogem em meu fado!
Será teu adeus verdade? Ou será apenas lenda? Sou eu quem te digo: Saudade num caminho sem legenda!…
Vestiste teu manto de seda Num vento de leda ansiedade; Certezas não há quem tenha, Só sei que este amor é verdade!…
Foi nesse adeus, De corpo alado: Beijos tão meus Fogem em meu fado!
Se nada disseste, Eu nada te disse; Foi porque quiseste Este fim tão triste!…
Foi nesse adeus, De corpo alado: Beijos tão meus Fogem em meu fado!
Se nada disseste, Eu nada te disse; Foi porque quiseste Este fim tão triste!…
Letra e música: José Flávio Martins Intérprete: Senhor Vadio (in CD “Cartas de um Marinheiro”, José Flávio Martins/iPlay, 2013)
A azeitona já está preta, Já se pode armar aos tordos, Diz-me lá, ó cara linda: Como vais d’amores novos? Já se pode armar aos tordos.
É mentira, é mentira, É mentira, sim, senhor! Eu nunca roubei um beijo, Quem mo deu foi meu amor.
Quem me dera ser colete! Quem me dera ser botão, Para andar agarradinha Juntinho ao teu coração! Quem me dera ser botão!
É mentira, é mentira, É mentira, sim, senhor! Eu nunca roubei um beijo, Quem mo deu foi meu amor.
Ai, que lindo chapéu preto Naquela cabeça vai! Ai, que lindo rapazinho Para genro do meu pai! Naquela cabeça vai!
É mentira, é mentira, É mentira, sim, senhor! Eu nunca roubei um beijo, Quem mo deu foi meu amor.
É mentira, é mentira, É mentira, é mentira, É mentira, é mentira…
Letra e música: Arlindo de Carvalho Intérprete: Celeste Rodrigues* [in EP “Celeste (Chapéu Preto)”, Parlophone/VC, 1959; reed. digital: Edições Valentim de Carvalho, 2019]
A lua nasceu
[ Canção de Embalar ]
A lua nasceu e cresceu no além, A noite surgiu também. Faz ó-ó, meu amor, Porque eu velo por ti! Só aos anjos a lua sorri.
Tu verás, meu amor, Como é bom sonhos ter: Deus te dê os melhores que houver. Faz ó-ó, meu amor, Porque eu velo por ti! Só aos anjos a lua sorri.
E tens, porque eu sei e roguei ao Senhor, Um sonho de paz e amor. Meu amor, vai dormir! Vai dormir e sonhar! Deixa a lua sorrir lá no ar.
Tu verás, meu amor, Como é bom sonhos ter: Deus te dê os melhores que houver. Faz ó-ó, meu amor Porque eu velo por ti! Só aos anjos a lua sorri.
Letra e música: Tradicional Intérprete: Musica Nostra (in CD “Cantos da Terra”, Açor/Emiliano Toste, 2009)
Amor com amor se paga
Amor com amor se paga. Porque não pagas, amor? Olha que Deus não perdoa A quem é mau pagador!
Amor, não me escrevas cartas, Que, bem sabes, não sei ler! Quando sentires saudades, Perde um dia e vem-me ver!
Amor com amor se paga: Nunca vi coisa mais justa; Paga-me contigo mesma, Meu amor, pouco te custa!
Ainda depois de morto, Debaixo do frio chão, Hás-de achar o teu nome Escrito no meu coração.
Dá-me um beijo, eu dou-te dois! A minha paga é dobrada: É o jeito de quem ama, Pagar e não dever nada.
Amor com amor se paga: Nunca vi coisa mais justa; Paga-me contigo mesma, Meu amor, pouco te custa!
Amor com amor se paga. Porque não pagas, amor? Olha que Deus não perdoa A quem é mau pagador!
Amor, não me escrevas cartas, Que, bem sabes, não sei ler! Quando sentires saudades, Perde um dia e vem-me ver!
Amor com amor se paga: Nunca vi coisa mais justa; Paga-me contigo mesma, Meu amor, pouco te custa!
Letra: Quadras populares Música: César Prata Arranjo: César Prata e Vânia Couto Intérprete: César Prata e Vânia Couto Versão original: César Prata e Vânia Couto (in CD “Rezas, Benzeduras e Outras Cantigas”, Sons Vadios, 2019)
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos.
Contacte-nos:
António José Ferreira 962 942 759
Ao meio do quarto
[ Na Volta de um Beijo ]
Ao meio do quarto uma rosa cai no chão Ao fundo do peito uma letra sem canção Ao canto da sala guitarras sem bordão Lá fora do meu peito andas tu e o meu perdão
Sentada cá dentro olho a cruz, está sem pregão Caiu-me a jarra das mãos, caiu uma rosa de paixão Fechaste o teu peito, levaste-me o coração Agora andas tu lá fora, sozinho sem paixão
Chora, chora, e a mim que se me dá! Chora, chora, e a mim que se me dá!
Eu hei-de ir à romaria pedir a Nossa Senhora Que me traga o meu amor que anda pelo mundo fora E assim vê-lo na volta, na volta de um beijo Eu hei-de vê-lo na volta, na volta de um beijo
Eu hei-de vê-lo na volta, na volta de um beijo Eu hei-de vê-lo na volta, na volta de um beijo
Eu hei-de vê-lo na volta, na volta de um beijo
Letra: Tradicional e Tiago Curado de Almeida Música: Tiago Curado de Almeida (com motivo melódico de “Boys Don’t Cry”, da autoria de Robert Smith) Intérprete: Pensão Flor (in CD “O Caso da Pensão Flor”, Pensão Flor/Brandit Music, 2013)
Chamava-se Nini
[ Nini dos Meus Quinze Anos ]
Letra: Fernando Assis Pacheco Música: Paulo de Carvalho Intérprete: Paulo de Carvalho (in LP “Volume I”, 1978; CD “Vida”, Farol, 2006)
Chamava-se Nini Vestia de organdi E dançava (dançava) Dançava só pra mim Uma dança sem fim E eu olhava (olhava)
E desde então se lembro o seu olhar É só pra recordar Que lá no baile não havia outro igual E eu ia para o bar Beber e suspirar Pensar que tanto amor ainda acabava mal
Batia o coração mais forte que a canção E eu dançava (dançava) Sentia uma aflição Dizer que sim, que não E eu dançava (dançava)
E desde então se lembro o seu olhar É só pra recordar Os quinze anos e o meu primeiro amor Foi tempo de crescer Foi tempo de aprender Toda a ternura que tem o primeiro amor Foi tempo de crescer Foi tempo de aprender Que a vida passa Mas um homem se recorda, é sempre assim Nini dançava só pra mim
E desde então se lembro o seu olhar É só pra recordar Os quinze anos e o meu primeiro amor Foi tempo de crescer Foi tempo de aprender Toda a ternura que tem o primeiro amor Foi tempo de crescer Foi tempo de aprender Que a vida passa Mas um homem se recorda, é sempre assim Nini dançava só pra mim
Chamei-te linda
Chamei-te linda, engraçada Da graça que Deus te deu E tu deste uma risada Quem a não tinha era eu
Que mais eu posso fazer Fazer eu posso, ai de mim P’ra um dia te ouvir dizer Ouvir-te dizer que sim
Deixa-me ao menos a esperança A derradeira a morrer “Quem espera sempre alcança” Foi sempre o que ouvi dizer
És a flor que mais desejo Das flores do meu roseiral Quanto, rosa, te não vejo A vida corre-me mal
Sei que tu és o meu par Sei que nasceste p’ra mim Não se devem afastar Flores do mesmo jardim
Rosa branca, tua cor, No dia em me quiseres Farei de ti, meu amor, A mais feliz das mulheres
És a flor que mais desejo Das flores do meu roseiral Quanto, rosa, te não vejo A vida corre-me mal
Sei que tu és o meu par Sei que nasceste p’ra mim Não se devem afastar Flores do mesmo jardim
Rosa branca, tua cor, No dia em me quiseres Farei de ti, meu amor, A mais feliz das mulheres
Letra e música: Aníbal Raposo (2011-02-13) Intérprete: Aníbal Raposo (in CD “Rocha da Relva”, Aníbal Raposo/Global Point Music, 2013)
Coração, meu coração
[ Coração Que me Pertence ]
Coração, meu coração Que sonhavas esta vida, Por que razão tu paraste? Não digas que adivinhaste Na hora da despedida Desta sublime afeição?
Quantas horas, tantas horas Esvoaçaste de mansinho No carinho do meu jeito! Já nem sabes onde moras, Descuidado passarinho, Se no teu se no meu peito.
Fechei meus olhos perdidos, Não fosse com o desgosto Rogarem-te alguma praga… Que os teus hão-de ver, sentidos, No braseiro do sol-posto O sangue da minha mágoa.
E no fogo da ambição, Que ao amor julga que vence, Queimaste a minha raiz… Como pode ser feliz Coração que me pertence No calor duma outra mão?
Como pode ser feliz Coração que me pertence No calor duma outra mão?
Letra e música: Armando Estrela Intérprete: Tereza Tarouca (in single “O Mangas / Coração Que me Pertence”, Alvorada/Rádio Triunfo, 1979; CD “Tereza Tarouca”, col. O Melhor dos Melhores, vol. 32, Movieplay, 1994)
Dei-te um desenho meu
[ Eu gosto de ti ]
Dei-te um desenho meu Feito com as cores do céu Pra guardares junto a ti Sempre que eu for embora
Dei-te um desenho meu (dei-te em desenho meu) Que não caiu do céu Com os teus lápis de cor Juntei o teu amor ao meu
Recordações de belas canções Contigo, baixinho Recordações de nós
Sei que o tempo passa, voa Que eu sinto falta Mas o caminho é voltar Sempre Pra te poder abraçar
Sempre O meu caminho é voltar pra dizer Eu gosto de ti Sim, eu Eu gosto de Eu gosto de ti
Dei-te um desenho meu (dei-te em desenho meu) Feito com as cores do céu Pra guardares junto a ti sempre que eu for Embora
Recordações daqueles verões Contigo, contigo Recordações de nós
Sei que o tempo passa, voa Que eu sinto falta Mas o caminho é voltar Sempre Pra poder te abraçar Sempre
O meu caminho é voltar pra dizer Eu gosto de ti Sim, sim eu Eu gosto de ti Eu gosto de ti Sim gosto Sim, eu Eu gosto de ti Eu gosto de ti Sim, eu Eu gosto Eu gosto de ti
Música: Marisa Liz, Tiago Pais Dias Intérprete: Elas (Áurea, Marisa Liz)
Descobri-te na minha boca
[ Quebranto ]
Descobri-te na minha boca Na minha pele fria deixada na cama vazia Encontrei o teu sabor nos meus lábios Nos lençóis caídos no chão Na manhã de uma primeira noite Do teu corpo inundado em mim Só não estás tu e o meu coração
Saí de casa à vossa procura Sem eira nem beira Como vagabunda, sem faro, sem dono Parei na tua rua onde te encontrei Pela primeira vez Entre um copo de vinho e um fado vadio Só não estás tu e o meu coração
Onde estás, coração? Esse homem ladrão Que me fez um quebranto Canto, suor, engano cigano, um encanto Coração! Onde estás, coração? A vida tropeça nas mãos Deita-se contigo e foge na madrugada
Perdida, relembro-te à mesa Entre a neblina do fumo e um sorriso mudo Como quem pede por mim Sentei-me, falaste com a guitarra Primeira vez que te vi Primeira vez que me dei Sem pudor nem amor Até que percebi: Só não estás tu e o meu coração
E agora só me resta a noite Sou um corpo dos outros Sem alma, sem fé nem desdém Despida de amor Teu corpo uma canção que não pára Meu corpo a tua guitarra Meu fado é um filho perdido Sozinho nas ruas sem mim Já não sou eu, perdi o meu coração
Onde estás, coração? Esse homem ladrão Que me fez um quebranto Canto, suor, engano cigano, um encanto Coração! Onde estás, coração? A vida tropeça nas mãos Deita-se contigo e foge na madrugada
Letra e música: Vânia Couto Intérprete: Pensão Flor (in CD “O Caso da Pensão Flor”, Pensão Flor/Brandit Music, 2013)
É a tua vida que eu quero bordar
[ A Linha e o Linho ]
É a tua vida que eu quero bordar na minha Como se eu fosse o pano e tu fosses a linha E a agulha do real nas mãos da fantasia Fosse bordando ponto a ponto o nosso dia-a-dia E fosse aparecendo aos poucos o nosso amor Os nossos sentimentos loucos, o nosso amor O zig-zag do tormento, as cores da alegria A curva generosa da compreensão Formando a pétala da rosa, da paixão A tua vida o meu caminho, o nosso amor Tu és a linha e eu o linho, o nosso amor A nossa colcha de cama, a nossa toalha de mesa Reproduzidos no bordado A casa, a estrada, a correnteza O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza
A tua vida o meu caminho, o nosso amor Tu és a linha e eu o linho, o nosso amor A nossa colcha de cama, a nossa toalha de mesa Reproduzidos no bordado A casa, a estrada, a correnteza O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza
Letra e música: Gilberto Gil Intérprete: Celina da Piedade Primeira versão de Celina da Piedade (in CD “Sol”, Sons Vadios, 2016) Versão original: Gilberto Gil (in LP “Extra”, Warner Bros. Records, 1983, reed. WEA Discos, 1995)
Ela tem a boca torta
[ Os embeiçados ]
Ela tem boca torta nariz grande cabelo mal cortado rói as unhas usa cunhas mas eu estou apaixonado
Ele tem espinhas sardas pontos negros e uma boca exagerada desafina e desatina mas eu estou apaixonada
Ela é ciumenta rabugenta embirrenta e tagarela intriguista e moralista mas eu estou louco por ela
Ele faz cenas gagas altas fitas não tem confiança em mim faz-se caro faz-me trombas mas eu gosto dele assim
Diz-se que o amor é cego deforma tudo a seu jeito mas eu acho que o amor descobre o lado melhor do que parece defeito
Porque eu gosto gosto dele e ela gosta gosta de gostar de mim
Letra: Regina Guimarães Música: Hélder Gonçalves Intérprete: Clã
Em tenra laranjeira
[ Fado Laranjeira ]
Em tenra laranjeira, ainda pequenina, Onde poisava o melro ao declinar do dia, Depois de te beijar a boca purpurina, Um nome ali gravei: o teu nome, Maria.
Em volta um coração também com arte e jeito, Ao circundar teu nome a minha mão gravou: Esculpi-lhe uma data e o trabalho feito, Como selo de amor, no tronco lá ficou.
Mas no rugoso tronco eu vejo com saudade O símbolo do amor que em tempos nos uniu: Cadeia de ilusões da nossa mocidade Que o tempo enferrujou e que depois partiu.
E à linda laranjeira, altar pagão do amor, Que tem a cor da esperança, a cor das esmeraldas, Vão as noivas colher as simbólicas flores Para tecer num sonho as virginais grinaldas.
Letra: Júlio César Valente Música: Alfredo Duarte “Marceneiro” (Fado Alexandrino da Laranjeira) Arranjo: Filipe Raposo e Marta Pereira da Costa Intérprete: Marta Pereira da Costa com Camané (in CD “Marta Pereira da Costa”, Marta Pereira da Costa/Parlophone/Warner Music, 2016) Versão original: Alfredo Marceneiro (in LP “Há Festa na Mouraria”, Columbia/VC, 1965, reed. Edições Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007; CD “O Melhor de Alfredo Marceneiro: Vol. 2”, EMI-VC, 1993; CD “Alfredo Marceneiro: Biografias do Fado”, EMI-VC, 1997; CD “Alfredo Marceneiro: Perfil”, Edições Valentim de Carvalho/Iplay, 2010)
Esta noite ao acordar
[ Amor para Dar ]
Esta noite ao acordar Saltei o muro p’ra ficar por cá Deixei de ter p’ra ver que ainda há Amor p’ra dar
Esta noite p’la manhã Fechei a porta p’ra poder sair Da cepa torta sem ter p’ra onde ir E ter de andar
Hoje tive a tentação De te dizer que sim e porque não Pedir-te que vás p’ra voltar Fiquei com a convicção Que no amor mais vale ser um na mão Que dois sem amor p’ra dar
No amor p’ra dar tem de haver amor p’ra dar No amor p’ra dar tem de haver amor p’ra dar
Esta tarde ao clarear Soltei a corda só p’ra me prender Gritei bem alto p’ra te adormecer E acordar
Ontem quando eu regressar Vou dar-te a mão p’ra te deixar partir Dar-te a razão só p’ra te ver sorrir E acreditar
No tempo em que acontecer É bom saber como é bom não saber De nada p’ra não te contar E por falar em querer Gostar de ti e não querer dizer P’ra nem te deixar duvidar
No amor p’ra dar tem de haver amor p’ra dar No amor p’ra dar tem de haver amor p’ra dar
Ouvi dizer que as lembranças São novas verdades p’ra nos acordar Ouvi contar que as mudanças São novas vontades p’ra nos ajudar
No amor p’ra dar tem de haver amor p’ra dar No amor p’ra dar tem de haver amor p’ra dar
Letra e música: Sebastião Antunes Arranjo: Gonçalo Pratas Intérprete: Sebastião Antunes* (in CD “Singular”, Sebastião Antunes & Quadrilha/Alain Vachier Music Editions, 2017)
Esta vida
[ Não Há Dinheiro ]
Esta vida, como vês, É sempre a ver se chega o fim do mês Mas por muito que eu não queira Acaba sempre da mesma maneira
Falta isto, falta aquilo Eu já nem sei o que é que falta primeiro: Se é o dinheiro que falta Ou a falta que me faz ter o dinheiro
A jorna não dá p’ra nada, E a gente sempre a dizer que tem que dar Já passaram mais uns dias E o dinheiro está outra vez a acabar
Não há dinheiro, não há dinheiro! Andamos nesta conversa o ano inteiro. Não há dinheiro, não há dinheiro! É cada um que se amanhe, Não há dinheiro!
Eu queria falar contigo Mas não sei como é que te hei-de dizer Eu fui sempre teu amigo Não sei se já me estás a perceber
É que a coisa está difícil
Letra e música: Sebastião Antunes Intérprete: Sebastião Antunes & Quadrilha* Versão discográfica anterior: Sebastião Antunes & Quadrilha (in CD “Perguntei ao Tempo”, Sebastião Antunes/Alain Vachier Music Editions, 2019) Versão original: Quadrilha (in CD “Entre Luas”, Ovação, 1997)
Esta voz com que canto
Esta voz com que canto Vem-me d’alma e o tempo Ensinou-me o encanto Do vento.
É a voz de amor Que vem cá de dentro; É o grito exterior Do pensamento.
O meu amor é todo para ti: Desde que te conheci Canto os teus olhos, a terra e todo o mundo, O meu sentimento mais profundo.
O meu amor é todo para ti: Desde que te conheci Canto os teus olhos, a terra e todo o mundo, O meu sentimento mais profundo.
O meu amor é todo para ti: Desde que te conheci Canto os teus olhos, a terra e todo o mundo, O meu sentimento mais profundo.
[ Um Canto de Mim ]
Letra e música: Daniel Pereira Intérprete: Arrefole (in CD “Veículo Climatizado”, Açor/Emiliano Toste, 2006)
Eu fui, tu foste, ele foi
[ Artes do Futuro ]
Eu fui, tu foste, ele foi Talvez para sempre Como é da nossa humana Condição Levados todos no acre improviso Da loucura
Mas tu, diva esquecida Música que eu faço e me transcendes Sentada na berma do sonho apetecido voltas a despertar do vendaval da espera e regressas ainda hesitante nos meus dedos
E o amanhã pode já ter acontecido hoje mesmo aqui, ao fim da tarde
e assim iremos enganando as artes do futuro
E o amanhã pode já ter acontecido hoje mesmo aqui, ao fim da tarde
e assim iremos enganando as artes do futuro
E o amanhã pode já ter acontecido hoje mesmo aqui, ao fim da tarde
e assim iremos enganando as artes do futuro
Que o amanhã pode já ter acontecido hoje mesmo aqui, ao fim da tarde
e assim iremos enganando as artes do futuro
Letra e música: Pedro Barroso Intérprete: Pedro Barroso Versão original: Pedro Barroso (in CD “Artes do Futuro”, Ovação, 2017)
Eu queria unir as pedras desavindas
[ Não Me Mintas ]
Eu queria unir as pedras desavindas escoras do meu mundo movediço aquelas duas pedras perfeitas e lindas das quais eu nasci forte e inteiriço
Eu queria ter amarra nesse cais para quando o mar ameaçar a minha proa e queria vencer todos os vendavais que se erguem quando o diabo se assoa
Tu querias perceber os pássaros Voar como o Jardel sobre os centrais Saber por que dão seda os casulos Mas isso já eram sonhos a mais
Conta-me os teus truques e fintas Será que os Nikes fazem voar Diz-me o que sabes não me mintas ao menos em ti posso confiar
Agora diz-me agora o que aprendeste De tanto saltar muros e fronteiras Olha p’ra mim vê como cresceste Com a força bruta das trepadeiras
Põe aqui a mão e sente o deserto Tão cheio de culpas que não são minhas E ainda que nada à volta bata certo eu juro ganhar o jogo sem espinhas
Tu querias perceber os pássaros Voar como o Jardel sobre os centrais Saber por que dão seda os casulos Mas isso já eram sonhos a mais
Letra: Carlos Tê Música: Rui Veloso Intérprete: Rui Veloso (in filme “Jaime”, de António Pedro Vasconcelos, 1999; CD “O Melhor de Rui Veloso”, EMI-VC, 2000)
Eu toquei o Sol
[ Lencinho Azul ]
Eu toquei o Sol, beijei o luar, Tropecei no céu e caí no chão; Percorri o mundo e fui encontrar À beira do mar o meu coração.
Do que eu sou Dei-lhe o meu melhor, Oh meu doce amor! Oh minha paixão!
Tudo o que era meu vinha no bornal, Dei-lhe o pão e mel, dei-lhe a minha mão, Um lencinho azul feito em Portugal E os versos de sal da minha canção.
Do que eu sou Dei-lhe o meu melhor, Oh meu doce amor! Oh minha paixão!
Rainha de mim quando me entreguei, Os braços me abriu num chi-coração; Beijinhos me deu, beijinhos lhe dei: Quantos já nem sei, mais do que um milhão.
Do que eu sou Dei-lhe o meu melhor, Oh meu doce amor! Oh minha paixão!
Não saí dali, era já manhã, Seus lábios carmim tal qual um tição; De si me prendeu, deu-me uma maçã, Ofereci-lhe o céu, não disse que não.
Do que eu sou Dei-lhe o meu melhor, Oh meu doce amor! Oh minha paixão!
Do que eu sou Dei-lhe o meu melhor, Oh meu doce amor! Oh minha paixão!
Letra: José Fanha Música: Fernando Pereira Intérprete: Real Companhia (in CD “Serranias”, Tê, 2013)
Façam roda
[ Conto do Bicho Papão ]
Façam roda, a ver quem vai ao meio! Cada um com o seu par tira a pedrinha! Sirumba, acabei eu primeiro! Ficas tu a tapar, não dá madrinha!
Já ninguém te pergunta quantos queres Já não ouves ninguém contar um-dó-li-tá Afinal qual é o dedo que preferes? Quem está livre, livre está!
Ninguém fala do homem do saco Ninguém espreita por baixo do colchão Já ninguém acredita na Côca Nem no bicho papão
Salta à corda, joga à barra do lenço! Adivinha o que eu penso, dá partida! Falua, quem acerta na malha? Danada da canalha está fugida!
Salta ao eixo a fugir à cabra-cega! Olha o meu pião mas eu não to dou, não! Onde é que anda a viuvinha que não chega E a sardinha a dar na mão?
Ninguém fala do homem do saco Ninguém espreita por baixo do colchão Já ninguém acredita na Côca Nem no bicho papão
Ai se eu pudesse habitar um jogo electrónico Voltava a ser falado, voltava a assustar! Imaginem lá qual não era a sensação De uma ‘app’ com o jogo do regresso do papão!
Ninguém fala do homem do saco Ninguém espreita por baixo do colchão Já ninguém acredita na Côca Nem no bicho papão
Letra e música: Sebastião Antunes Intérprete: Sebastião Antunes & Quadrilha Versão discográfica anterior: Sebastião Antunes & Quadrilha (in CD “Perguntei ao Tempo”, Sebastião Antunes/Alain Vachier Music Editions, 2019) Versão original: Quadrilha (in CD “Entre Luas”, Ovação, 1997)
Falei-te
[ Jardim de Poetas ]
Falei-te, Sem querer, de coisas belas Como quem abre janelas P’ra lá do horizonte…
E havia no teu olhar firmamento Para cem vidas por momento Ao sabor de um mar de Inverno
E tu, Sem saber, lá tricotavas Um romance de palavras Sem certezas nem futuro
E tu Sonhavas no areal Com um jardim de poetas Superiores e verticais Que, em rigor, nunca existiu
E tu, Como se fosse há vinte anos, Subiste ao alto das rochas Lá, onde pousam as gaivotas Subiste ao alto das dunas Onde o vento, e só o vento te possuiu
Cresceu-te no peito um mar de prata Como se eu fosse alguma vez exemplo Como se eu fosse, acaso, alguma vez na vida A perfeição
Mas quando te contei coisas de mim Daquelas coisas grandes, que vêm cá de dentro Caíste em ti do sonho e do jardim E fiz-te então, amiga, esta canção
E tu Inda sonhas no areal Com um jardim de poetas Superiores e verticais Que, em rigor, nunca existiu
E tu, Como se fosse há vinte anos, Sobes ao alto das rochas Lá, onde pousam as gaivotas Sobes ao alto das dunas Onde o vento te possuiu
E tu Inda sonhas no areal Com um jardim de poetas Superiores e verticais Que, em rigor, nunca existiu
E tu, Como se fosse há vinte anos, Sobes ao alto das rochas Lá, onde pousam as gaivotas Sobes ao alto das dunas Onde o vento, e só o vento te possuiu
Poema e música: Pedro Barroso (Golegã, Novembro de 2000) Intérprete: Pedro Barroso Versão original: Pedro Barroso (in CD “Crónicas da Violentíssima Ternura”, Lusogram, 2001) Outras versões: Pedro Barroso (in CD “De Viva Voz”, Lusogram, 2002); Pedro Barroso (in DVD “40 Anos de Música e Palavras: 1969-2009”, Ovação, 2009) [>> YouTube]; Pedro Barroso (in DVD “Memória do Futuro: Ao vivo no Rivoli”, Ovação, 2013)
Faz-te mar assim
[ Vals’Ilha ]
Faz-te mar assim, calmo! Abre-me o caminho… Guia o meu batel!
Ouço alguém chamar longe… Pudesse eu sair Para ver Argel!
Quero então dizer-te: Vou p’ra bem distante, Valsa então por mim Aos raios de sol!
Passou tanto tempo Do tempo que invento… Toca-me a saudade.
Canta uma gaivota… Vejo o mar em volta… Dançarei contigo.
Dança esta vals’ilha Aos raios de sol!
Letra e música: Jorge Rivotti Intérprete: Jorge Rivotti Versão original: Jorge Rivotti (in CD “Canções de Amor Pintadas de Amarelo”, Vachier & Associados, 2010)
Fui ver se um dia te achava
[ Não Sei Nada sobre o Amor ]
Fui ver se um dia te achava no largo, na praça Quis dizer-te, contar-te e falar-te e de hoje já não passa Ai, mas quando te vi as palavras fugiram de mim Parei, sentei, tanto espreitei, só me escondia de ti
Esperei que as palavras voltassem e me levassem até ti Ai, mas por que raio espero eu aqui? Foi então que de tanto esperar atrás do largo da praça Decorei o sorriso mais lindo, já só quero é andar p’ra ti
Ai, mas de tanto tremer, fugiu-me o sorriso de mim Querem ver que agora até parece que já nem sei dizer As palavras mais lindas que guardo só por te ver?! Ai, mas querem lá ver que contigo não sei nada sobre o amor!
Que contigo não sei nada sobre o amor! Que contigo não sei nada sobre o amor! Que contigo não sei nada sobre o amor!
Letra e música: Tiago Curado de Almeida Intérprete: Pensão Flor Versão original: Pensão Flor (in CD “O Caso da Pensão Flor”, Pensão Flor/Brandit Music, 2013)
Há já demasiados segredos
[ O Cheiro ]
Há já demasiados segredos nos poros para eu encher a noite de ti mesma.
E um oceano imenso não chega para eu contar todas as arribas deste sal.
A maresia parou, para saber coisas de ti e eu tinha nas mãos apenas as rosas de ontem,
e não sabia nem onde nem como navegar-te.
De longe trouxe a fé que nem eu sabia e deitei-me em teus leitos de alfazema e alecrim. Recolhi quando a noite mansa já amanhecia… E devagar – porque a vida nunca deixa de nos matar um pouco em cada dia – foi no teu regaço que eu adormeci de mim.
E acordei inteiro por sentir o teu cheiro na cama e enrolei-me nos lençóis, mesmo já sem ti de corpo inteiro.
Não quero saber de mais nem tenho que explicar.
É este o cheiro. Eu quero aqui ficar. Eu quero aqui ficar. É este o cheiro.
E acordei inteiro por sentir o teu cheiro na cama e enrolei-me nos lençóis, mesmo já sem ti de corpo inteiro.
Não quero saber de mais nem tenho que explicar.
É este o cheiro. Eu quero aqui ficar. Eu quero aqui ficar. É este o cheiro.
Poema e música: Pedro Barroso Intérprete: Pedro Barroso Versão original: Pedro Barroso (in CD “Sensual Idade”, Ovação, 2008) Outras versões: Pedro Barroso (in DVD “40 Anos de Música e Palavras: 1969-2009”, Ovação, 2009)
Há um caminho inseguro
[ Paixão ]
Música: Jorge Fernando Intérprete: Mariza
Há voos de pássaros nos teus olhos
[ Poema para o Meu Amor ]
Há voos de pássaros nos teus olhos castanhos de sereia Batuques africanos no balouçar do teu corpo de gazela E há frutos maduros na tumidez dos teus pequenos seios E promessas loucas na humidade dos teus lábios entreabertos
Há como um tango argentino no desafio da tua cintura estreita Há um doce encanto no urdir das tuas trancinhas de menina E há estranhos sortilégios escondidos nas tuas mãos de fada E há rouxinóis magoados, tão magoados de cada vez que cantas
Há ondas de ternura neste teu jeito tão suave E danças peruanas nas tuas ancas pela alba Há calor dos trópicos no aperto dos teus braços tão sinceros E uma paz das ilhas no teu macio leito de princesa
Há druidas, de novo, preparando filtros à sombra de carvalhos E lagos privados onde nadam altivos cisnes brancos E há luas de fajãs que riscam no mar trilhos de prata E nascentes de água que brotam do teu riso cristalino
Letra e música: Aníbal Raposo (Praia Formosa, 2003-08-22) Intérprete: Aníbal Raposo Primeira versão discográfica: Aníbal Raposo (in CD “Mar de Capelo”, Açor/Emiliano Toste, 2017)
Hoje o dia foi um dia assim
[ Canção de Nanar ]
Hoje o dia foi um dia assim: Esta sede e vontade de ti. Se eu pudesse amar-te mais, Bem sei que a lua ia dançar também.
Quantas horas faltam p’ra te ver Nesta espera de aprender a ser? Mais um som no tom do teu brilhar, Mais um traço ao sol do teu vibrar.
Vem saber que o que vejo em ti É sal e sopro e luz dentro de mim; E a música da terra e ar Ficam uma só no teu pulsar.
Se ainda não sorris, carmim, Perdoa a minha falta de cetim! Nas palavras que não escrevi Vive o amor que não se escreve.
Se ainda não sorris, carmim, Perdoa a minha falta de cetim! Nas palavras que não escrevi Vive o amor que não se escreve…
Mas está aqui.
Letra e música: Teresa Gentil Intérprete: Celina da Piedade (in CD “Sol”, Sons Vadios, 2016)
Já pensei dar-te uma flor
[ Adivinha o quanto gosto de ti ]
Já pensei dar-te uma flor, com um bilhete, mas nem sei o que escrever. Sinto as pernas a tremer, quando sorris p’ra mim, quando deixo de te ver. Vem jogar comigo um jogo, eu por ti e tu por mim. Fecha os olhos e adivinha, quanto é que eu gosto de ti.
Gosto de ti, desde aqui até à lua. Gosto de ti, desde a Lua até aqui. Gosto de ti, simplesmente porque gosto. E é tão bom viver assim.
Ando a ver se me decido, como te vou dizer, como hei-de te contar. Até já fiz um avião, com um papel azul, mas voou da minha mão. Vem jogar comigo um jogo, eu por ti e tu por mim. Fecha os olhos e adivinha, quanto é que eu gosto de ti.
Gosto de ti, desde aqui até à lua. Gosto de ti, desde a Lua até aqui. Gosto de ti, simplesmente porque gosto. E é tão bom viver assim.
Quantas vezes eu parei à tua porta. Quantas vezes nem olhaste para mim. Quantas vezes eu pedi que adivinhasses. Quanto é que eu gosto de ti.
Gosto de ti, desde aqui até à lua. Gosto de ti, desde a Lua até aqui. Gosto de ti, simplesmente porque gosto. E é tão bom viver assim.
Quantas vezes eu parei à tua porta. Quantas vezes nem olhaste para mim. Quantas vezes eu pedi que adivinhasses. Quanto é que eu gosto de ti.
Gosto de ti, desde aqui até à lua. Gosto de ti, desde a Lua até aqui. Gosto de ti, simplesmente porque gosto. E é tão bom viver assim.
André Sardet
Lá na festa da aldeia
Lá na festa da aldeia, Debaixo da cameleira, Convidaste-me a dançar: Tamanha era a borracheira Que no adro da igreja Nos chegámos a casar.
No nariz, sinal de perigo, Quem dorme contigo Má sorte vai enfrentar: Mas na festa da aldeia, Com as vizinhas na soleira, Eu fui-me enamorar.
Peço aos dias tempo emprestado P’ra apagar esta recordação; Na frase sem predicado Há vírgulas sem cuidado Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.
Lá na festa da aldeia, Debaixo da cameleira, A saia sempre a rodar: A tua mão que se esgueira Debaixo da pregadeira… Eu vermelha, a corar.
No banco, dívidas, assombros; Fiado não vais em ombros; Fim do mês, falta-te o ar; Debaixo da cameleira Foi grande a ciumeira, Começámos a namorar.
Peço aos dias tempo emprestado P’ra apagar esta recordação; Na frase sem predicado Há vírgulas sem cuidado Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.
Mas na festa da aldeia, Tu de mão na algibeira, Nós chegámos a casar: Porque na festa da aldeia Debaixo da cameleira Tu puseste-me a dançar.
Peço aos dias tempo emprestado P’ra apagar esta recordação; Na frase sem predicado Há vírgulas sem cuidado Entre o sujeito e o coração.
Entre o sujeito e o coração.
Letra: Filipa Martins Música: Rogério Charraz Arranjo: João Balão Intérprete: Rogério Charraz (in CD “Não Tenhas Medo do Escuro”, Rogério Charraz/Compact Records, 2016)
Lindos olhos tem Silvina
[ Ai Silvina, Silvininha ]
Lindos olhos tem Silvina, lindas mãos Silvina tem, e a cintura da Silvina é fina como o azevém.
Em Silvina tudo exala um cheiro de coisa fina, mas o que a nada se iguala é a fala da Silvina.
— Porque não cantas, Silvina? Se a tua voz é tão doce talvez cantada que fosse mais doce que a glicerina.
— Não me apetece cantar e muito menos p’ra ti. Eu sou nova, tu és velho, já não és homem p’ra mim.
— Não me tentes, Silvininha, que eu já nem te olho a direito. Sou como um ladrão escondido na azinhaga do teu peito.
— A azinhaga do meu peito corre entre duas colinas. E o ladrão do meu amor tem pé leve e pernas finas.
— Canta, canta, Silvininha, como se fosse p’ra mim. Dar-te-ei um lençol de estrelas e uma enxerga de alecrim.
— Deixa o teu corpo estendido à terra que o há-de comer. A tua cama é de pinho, teus lençóis de entristecer.
— Canta, canta, Silvininha, uma canção só p’ra mim. Dar-te-ei um escorpião de oiro e um aguilhão de marfim.
— Não quero o teu escorpião, nem de oiro nem de prata. Quero o meu amor trigueiro que é firme e não se desata.
— Pois não cantes, Silvininha, se essa é a tua vontade. Canto eu, mesmo assim velho, que o cantar não tem idade.
Hás-de ser tu morta e fria, cem anos se passarão, já de ti ninguém se lembra nem de quem te pôs a mão.
Mas sempre há-de haver quem canta os versos desta canção: Ai Silvina, ai Silvininha, Amor do meu coração.
Letra: António Gedeão (adaptado) Música: Alain Oulman Intérprete: Camané (in 2CD “Camané: O Melhor 1995-2013 (Edição Especial)”: CD 1, EMI, 2013) Versão original (música de José Barros): José Barros e Navegante com Verónica (in CD “Rimances”, JBN, 2001) Outra versão de José Barros e Navegante, com Isabel Silvestre (in DVD “Cantares do Povo Português”, Ocarina, 2012)
Menina das tranças negras
[ Os Olhos com que Eu te Vejo ]
Menina das tranças negras Levanta a cara bonita Que se o caminho tem pedras A esperança é infinita Menina das tranças negras Ai ai, larai, lai ai
Menina dos meus encantos Princesa do meu destino Os meus anseios são tantos Que o meu fado é um desatino Menina dos meus encantos Ai ai, larai, lai ai
Mal-me-quer ou bem-me-quer Muito, pouco ou nada Eu só quero tudo O que o amor quiser Diga o mundo o que disser Muito, pouco ou nada Bem-me-queres tudo Nada mal-me-quer
Senhora dos olhos tristes Objecto do meu desejo Eu sei que nunca te vistes Nos olhos com que eu te vejo Menina dos olhos tristes Ai ai, larai, lai ai
Mal-me-quer ou bem-me-quer Muito, pouco ou nada Eu só quero tudo O que o amor quiser Diga o mundo o que disser Muito, pouco ou nada Bem-me-queres tudo Nada mal-me-quer Menina dos olhos tristes Ai ai, larai, larai, lai ai
Mal-me-quer ou bem-me-quer Muito, pouco ou nada Eu só quero tudo O que o amor quiser Diga o mundo o que disser Muito, pouco ou nada Bem-me-queres tudo Nada mal-me-quer
Letra: J.J. Galvão (José João Oliveira Galvão) Música: Rui Filipe Reis Intérprete: Rosa Negra (in CD “Fado Mutante”, iPlay, 2011)
Meu amor disse que eu tinha
[ Cantiga de Seguir ]
Meu amor disse que eu tinha Uns olhos como gaivotas E uma boca onde começa O mar de todas as rotas.
O mundo dá tanta volta; Quem dera que fora assim E que, numa dessas voltas, Tu viesses para mim.
Sei que ele um dia virá, Assim muito de repente, Como se o mar e o vento Nascessem dentro da gente.
Letra: Manuel Alegre (1.ª e 3.ª quadras) e Francisco Menano Música: Ricardo Ribeiro e Pedro Caldeira Cabral Intérprete: Ricardo Ribeiro (in CD “Largo da Memória”, Ricardo Ribeiro/Parlophone/Warner Music, 2013)
Meu Amor Eterno
Meu Amor Eterno, Doce verde olhar, Ilumina o meu caminho! Acompanha o meu andar!
Meu Amor Eterno, Mãos de acarinhar, Segura no teu menino! Ajuda-me a continuar!
Meu Amor Eterno, Fada do meu lar, Alimenta-me a saudade! Sacia o meu paladar!
Meu Amor Eterno, Cordão de umbilicar, Relembra-me do teu cheiro! Não me deixes de cantar! [bis]
Ema te fez, Deus te criou, Paulo te abriu, José completou.
“Morrer por morrer!”, Disseste-o assim; Da tua coragem Tiveste-me a mim.
Meu Amor Eterno, Cordão de umbilicar, Relembra-me do teu cheiro! Não me deixes de cantar! [3x]
Letra: Rogério Charraz (dedicada à sua Mãe) Música: Rogério Charraz e Júlio Resende Arranjo: Júlio Resende Intérprete: Rogério Charraz (in CD “Não Tenhas Medo do Escuro”, Rogério Charraz/Compact Records, 2016)
Meu amor, meu amor
[ Ó Meu Amor ]
Meu amor, meu amor, Se tu fores, Leva meu ser! Meu ser, amor!
Ó meu amor, se tu fores, Leva-me, podendo ser! Eu quero ir acabar Onde tu fores morrer.
Eu hei-de morrer cantando, Já que chorando nasci, Já que as glórias deste mundo Se acabaram p’ra mim.
Letra e música: Tradicional (Fundão, Beira Baixa) Arranjo: José Manuel David Intérprete: Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015) Primeira versão: Brigada Victor Jara – “Tosquia” (in LP “Monte Formoso”, MBP, 1989, reed. Farol Música, 1996; Livro/11CD “Ó Brigada!: discografia Completa da Brigada Victor Jara – 40 Anos”: CD “Monte Formoso”, Tradisom, 2015)
Na Rua dos Meus Ciúmes
Na rua dos meus ciúmes, Onde eu morei e tu moras, Vi-te passar fora de horas Com a tua nova paixão; De mim não esperes queixumes Quer seja desta ou daquela, Pois sinto só pena dela E até lhe dou meu perdão… Na rua dos meus ciúmes Deixei o meu coração.
Inda que me custe a vida, Pensarei com ar sereno Que esse teu ombro moreno Beijos de amor vão queimar; Saudades são fé perdida, São folhas mortas ao vento Que eu piso sem um lamento Na tua rua, ao passar… Inda que me custe a vida, Não hás-de ver-me chorar.
Na rua dos meus ciúmes Deixei o meu coração.
Letra: Nelson de Barros (para a revista “A Vida É Bela”, 1960, Teatro Capitólio) Música: Frederico Valério Intérprete: Rua da Lua (in CD “Rua da Lua”, Rua da Lua, 2016) Versão original: Helena Tavares (in EP “Rua dos Meus Ciúmes”, Alvorada, 1960; CD “Helena Tavares”, col. O Melhor dos Melhores, vol. 7, Movieplay, 1994; CD “Helena Tavares”, col. Clássicos da Renascença, vol. 51, Movieplay, 2000)
Nas coisas do amor
[ Quando a Lua Voltar a Passar ]
Nas coisas do amor É melhor nem entender Não é fácil perceber O que o amor tem p’ra dar ou não E pode ser duro É deixar acontecer
Malmequer de bem-querer Ninguém pode adivinhar Eu sei que não Nem precisa de razão Não é bem um sim ou não É uma carta bem fechada
Não há-de ser nada Vai passar e tu nem vês É levar a vida Um dia de cada vez E se calhar tu já nem te vais lembrar E vai ser já quando a Lua voltar a passar
Vou acreditar que amanhã vai ser melhor Eu conheço até de cor O que o amor vai fazer talvez nem sei Ainda bem que acreditei Não faz mal se eu arrisquei E fui bater à porta errada
Não há-de ser nada Vai passar e tu nem vês É levar a vida Um dia de cada vez E se calhar tu já nem te vais lembrar E vai ser já quando a Lua voltar a passar
Letra e música: Sebastião Antunes Intérprete: Sebastião Antunes & Quadrilha* Primeira gravação discográfica: Sebastião Antunes & Quadrilha com Rubi Machado & Rão Kyao (in CD “Perguntei ao Tempo”, Sebastião Antunes/Alain Vachier Music Editions, 2019) Versão original: Rubi Machado
Não encontro o teu perfume
[ À Procura de um Perfume ]
Não encontro o teu perfume Em jardim algum… Vou plantá-lo aqui mesmo ao lado, Juntinho a mim!
Não entendo o caminho Que chega ao pé de ti… Só sei que um tal destino Far-me-á chegar aí.
Caminhando vago, Na rua aqui ao lado, Encontrei-te enfim!
Aproximei-me de ti… “Não adies mais o destino!”, Pensei eu cá só p’ra mim.
Letra e música: Jorge Rivotti Intérprete: Jorge Rivotti Versão original: Jorge Rivotti (in CD “Canções de Amor Pintadas de Amarelo”, Vachier & Associados, 2010)
Não sei por que razão
[ Não Rias ]
Não sei por que razão te quero tanto E é louco por ti meu coração; Não sei por que razão este meu pranto Só riso te provoca, sem razão.
Não rias, meu amor, Da minha grande dor! Não rias, por favor, do meu sofrer! Tem cuidado comigo: Talvez p’ra teu castigo A sorte à minha porta vá bater.
Podes passar na vida sem cuidados E fazer juras a mentir; Mas olha, meu amor, estás enganada: A vida não é só levada a rir.
Não rias, meu amor, Da minha grande dor! Não rias, por favor, do meu sofrer! Tem cuidado comigo: Talvez p’ra teu castigo A sorte à minha porta vá bater.
Não rias, meu amor, Da minha grande dor! Não rias, por favor, do meu sofrer! Tem cuidado comigo: Talvez p’ra teu castigo A sorte à minha porta vá bater.
Letra: Ivete Pessoa Música: Armando Machado (Fado Tertúlia) Intérprete: Ricardo Ribeiro (in CD “Largo da Memória”, Ricardo Ribeiro/Parlophone/Warner Music, 2013) Versão original: Ivete Pessoa [?]
Não te ver nos meus braços
[ Beijo ]
Não te ver nos meus braços Por não te ver nos meus braços, meu amor, Pedi aos rios do meu pranto Que te levassem do meu canto
Por não te ver nos meus braços Por não te ver nos meus braços Pedi aos rios do meu pranto Que te levassem do meu canto
Mas as marés do teu jeito Essas marés do teu beijo Que me agitam o peito Que me habitam o leito Só me desfazem o peito Com esse teu beijo perfeito
Por não te ver nos meus braços Por não te ver nos meus braços Despi o corpo do teu cheiro Lavei a pele do teu beijo
Mas as marés do meu peito Essas marés do meu peito Vestiram-me o teu desejo Levaram-me ao teu leito Quero esquecer-te a qualquer jeito Mas tenho um beijo cravado no peito
Mas as marés do meu peito Essas marés do meu peito Vestiram-me o teu desejo Levaram-me ao teu leito Quero esquecer-te a qualquer jeito Mas tenho um beijo cravado no peito
Letra e música: Tiago Curado de Almeida Intérprete: Pensão Flor Versão original: Pensão Flor (in CD “O Caso da Pensão Flor”, Pensão Flor/Brandit Music, 2013)
Nos teus braços
Intérprete: Cuca Roseta
Nunca Marta pressentiu
[ Marta Encruzilhada ]
Nunca Marta pressentiu A reboque bem sentada Que o trilho que faz um desvio Fosse dar à sua estrada
Nunca o sol a torriscou Nunca à chuva foi molhada Nunca ao vento esteve ao frio E nunca a pé foi pela estrada
E nunca o bem esteve tão mal E nunca o mal veio de frente Não se faz vida do nada Não se faz do nada gente
E não se faz do nada gente
E nesse trilho com desvio O seu reboque não passava E nunca antes Marta sentiu E nunca a pé foi pela estrada
E nunca o sol a torriscou E nunca à chuva foi molhada E nunca ao vento esteve ao frio E nunca a pé foi pela estrada
E nunca o bem esteve tão mal E nunca o mal veio de frente E não se faz vida do nada E não se faz do nada gente
E não se faz do nada gente E não se faz…
E nunca o sol a torriscou Nunca à chuva foi molhada Nunca ao vento esteve ao frio E nunca a pé foi pela estrada
E nunca o bem esteve tão mal E nunca o mal veio de frente E não se faz vida do nada E não se faz do nada gente
E nunca o sol a torriscou Nunca à chuva foi molhada Nunca ao vento esteve ao frio E nunca a pé foi pela estrada
E nunca o bem esteve tão mal E nunca o mal veio de frente Não se faz vida do nada E não se faz do nada gente
Letra e música: Luís Pucarinho Intérprete: Luís Pucarinho* (in CD “SaiArodada”, Luís Pucarinho/Alain Vachier Music Editions, 2018)
Oh meu amor
[ Um Anjo em Meu Lugar ]
Oh meu amor… tu não vás Que se tu fores já não há Nem rosas no meu jardim Nem sonhos dentro de mim
Ai! Minha dor não tem fim Se o desamor for sempre assim Por cada dia esperar Até o Sol se apagar
Olha, olha o meu olhar E nele hás-de ver Que eu só canto este fado Para não esquecer
E se uma noite sem luar A tua fé quebrar Espera um pouco que há-de vir Um anjo em meu lugar
Amor, amor divino Vai, vai em liberdade Que o teu breve destino É ir com a saudade
Olha, olha o meu olhar E nele hás-de ver Que eu só canto este fado Para não esquecer
Letra: J.J. Galvão (José João Oliveira Galvão) Música: Rui Filipe Reis Intérprete: Rosa Negra com Cramol (in CD “Fado Mutante”, iPlay, 2011)
Olha, basta uma nota
[ Basta Um Sorriso ]
Olha, basta uma nota P’ra dizer que te quero Um compasso sem tempo P’ra ver o que ainda espero Sabendo eu que não vens Sabendo tu que não me tens
Olha, trago uma ferida A queimar nos meus lábios Um pedaço sem cor Uma ferida aberta Um gosto imenso de ti Vais dizendo que não queres Vais fugindo de manhã E vais mentindo ao dizer…: São precisas duas mãos Para se agarrar um coração
Olha, basta uma nota P’ra dizer que te quero Um compasso sem tempo P’ra ver o que ainda espero Sabendo eu que não vens Sabendo tu que não me tens
Diz-me: porque me olhas assim Quando os corpos não se encontram Porque choras assim Se o teu corpo só reclama de paixão Vais dizendo que não queres Vais fugindo de manhã E vais mentindo ao dizer…: Basta um sorriso para não dizer adeus Meu amor, basta um sorriso para não dizer adeus [bis]
Letra e música: Tiago Curado de Almeida Intérprete: Pensão Flor Versão original: Pensão Flor (in CD “O Caso da Pensão Flor”, Pensão Flor/Brandit Music, 2013)
Pedes-me o respeito
[ Tenho Tanto p’ra te Dar ]
Pedes-me o respeito E eu dou Pedes-me a coragem E eu sou Pedes-me o amor E eu tenho tanto, tanto p’ra te dar
Pedes-me a confiança E eu dou Pedes-me a esperança E eu sou Pedes-me o amor E eu tenho tanto, tanto p’ra te dar
Tenho tanto p’ra te dar No meu canto de amar Terei sempre na minha voz A memória do grande que somos nós
Pedes-me a vontade E eu dou Pedes-me a unidade E eu sou Pedes-me o amor E eu tenho tanto, tanto p’ra te dar
Pedes-me a alegria E eu dou Pedes-me a harmonia E eu sou Pedes-me o amor E eu tenho tanto, tanto p’ra te dar
Tenho tanto p’ra te dar No meu canto de amar Terei sempre na minha voz A memória do grande que somos nós
Pedes-me a paciência E eu dou Pedes-me a consciência E eu sou Pedes-me o amor E eu tenho tanto, tanto p’ra te dar
Letra e música: Luís Galrito Intérprete: Luís Galrito* com Dino d’ Santiago (in CD “Menino do Sonho Pintado”, Kimahera, 2018)
Pelo fim da tarde
[ Nem Sequer Dei Por Isso ]
Pelo fim da tarde tu sais do emprego E eu não sei porque é que aqui vim parar É assim um desassossego Tento ir sempre onde possas estar
Por sorte tu até sorris E nem sequer me vens com muitos ‘porquês’ E dizes com um certo ar feliz: “Com que então, por aqui outra vez?”
Num parque ao domingo P’lo meio da cidade Ou num café ao entardecer
Será que é mentira? Será que é verdade? Mas o que é que me está acontecer?
Já sei! Não há explicação A cabeça está num reboliço Se calhar apaixonei-me por ti E nem sequer dei por isso
Ao virar da esquina, em qualquer transporte Acabamos sempre por nos cruzar E eu acho um caso de sorte Cada vez que te posso encontrar
Está-me a correr bem, já ganhei o dia Só porque me dissestes um “olá!” E gosto da tua ironia Se perguntas mais uma vez: “Por cá?”
Mensagem trocada, gesto embaraçado Lá vou eu outra vez a planar Desculpa, desculpa! Foi número errado Mas ficamos uma hora a falar
Já sei! Não há explicação A cabeça está num reboliço Se calhar apaixonei-me por ti E nem sequer dei por isso
Tanto melhor quando não se espera E era bom que fosse como imaginei
Já sei! Não há explicação A cabeça está num reboliço Se calhar apaixonei-me por ti E nem sequer dei por isso
Já sei! Não há explicação A cabeça está num reboliço Se calhar apaixonei-me por ti E nem sequer dei por isso
Letra e música: Sebastião Antunes Intérprete: Sebastião Antunes & Quadrilha* (ao vivo no Estúdio 3 da Rádio e Televisão de Portugal, Lisboa) Versão original: Sebastião Antunes & Quadrilha (in CD “Perguntei ao Tempo”, Sebastião Antunes/Alain Vachier Music Editions, 2019)
Por não te ver nos meus braços
[ Beijo ]
Por não te ver nos meus braços Por não te ver nos meus braços, meu amor, Pedi aos rios do meu pranto Que te levassem do meu canto
Por não te ver nos meus braços Por não te ver nos meus braços Pedi aos rios do meu pranto Que te levassem do meu canto
Mas as marés do teu jeito Essas marés do teu beijo Que me agitam o peito Que me habitam o leito Só me desfazem o peito Com esse teu beijo perfeito
Por não te ver nos meus braços Por não te ver nos meus braços Despi o corpo do teu cheiro Lavei a pele do teu beijo
Mas as marés do meu peito Essas marés do meu peito Vestiram-me o teu desejo Levaram-me ao teu leito Quero esquecer-te a qualquer jeito Mas tenho um beijo cravado no peito
Mas as marés do meu peito Essas marés do meu peito Vestiram-me o teu desejo Levaram-me ao teu leito Quero esquecer-te a qualquer jeito Mas tenho um beijo cravado no peito
Letra e música: Tiago Curado de Almeida Intérprete: Pensão Flor (in CD “O Caso da Pensão Flor”, Pensão Flor/Brandit Music, 2013)
Por que voltas de que lei
Letra: Amália Rodrigues Música: Mário Pacheco Intérprete: Maria Ana Bobone
Porque sou o cavaleiro andante
[ Cavaleiro andante ]
Porque sou o cavaleiro andante Que mora no teu livro de aventuras Podes vir chorar no meu peito As mágoas e as desventuras
Sempre que o vento te ralhe E a chuva de maio te molhe Sempre que o teu barco encalhe E a vida passe e não te olhe
Porque sou o cavaleiro andante Que o teu velho medo inventou Podes vir chorar no meu peito Pois sabes sempre onde estou
Sempre que a rádio diga Que a América roubou a lua Ou que um louco te persiga E te chame nomes na rua
Porque sou o que chega e conta Mentiras que te fazem feliz E tu vibras com histórias De viagens que eu nunca fiz
Podes vir chorar no meu peito Longe de tudo o que é mau Que eu vou estar sempre ao teu lado No meu cavalo de pau
Porque teimas nesta dor
Letra: José Luís Gordo Música: Carlos Gomes Intérprete: Ana Moura
Que bom dar-te a mão
[ Balada para o Meu Amor ]
Que bom dar-te a mão e juntos para crer fazer o coração e a senda de viver no perdão e no amor E ao ver-te chegar com sonhos p’ra me dar de calma e silêncio vindo que seja bem-vindo o meu amor
Existe e ficou aqui encostado ao meu ombro Prometeu cuidar de mim O meu amor está sempre do meu lado quando a vida atira e queima e na luta saio magoado
Porta que teima abriu do paraíso um ser sorriu e a Eva no jardim resiste à culpa do pecado que não existe Trouxe a luz e eis que ensina que há um braço que segura na água mole na pedra dura no bem e no mal o amor perdura
Existe e ficou aqui encostado ao meu ombro Prometeu cuidar de mim O meu amor está sempre do meu lado quando a vida atira e queima e na luta saio magoado
Letra e música: Luís Galrito Intérprete: Luís Galrito (in CD “Menino do Sonho Pintado”, Kimahera, 2018)
Rasga esses versos
[ Os Meus Versos ]
Rasga esses versos que eu te fiz, Amor! Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento, Que a cinza os cubra, que os arraste o vento, Que a tempestade os leve aonde for!
Rasga-os na mente, se os souberes de cor, Que volte ao nada o nada de um momento! Julguei-me grande pelo sentimento, E pelo orgulho ainda sou maior!…
Tanto verso já disse o que eu sonhei! Tantos penaram já o que eu penei! Asas que passam, todo o mundo as sente…
Rasgas os meus versos… Pobre endoidecida! Como se um grande amor cá nesta vida Não fosse o mesmo amor de toda a gente!…
Poema: Florbela Espanca (in Reliquiae, 1934) Música: Paulo Valentim Intérprete: Kátia Guerreiro (in CD “Nas Mãos do Fado”, Ocarina, 2003)
Roubei-te um beijo
Roubei-te um beijo, Não querias dar; Estou muito triste, Mas por ti não vou chorar.
Não vou chorar, Não vou sofrer; Estou muito triste, Mas por ti não vou morrer.
Estou d’abalada, Vou para terras de Espanha; Tu não me queres, Aqui mais ninguém me apanha.
Ninguém me apanha, Já cá não está quem sofria; Meu lindo Amor, Tu hás-de chorar um dia.
Tristes lamúrias Do rouxinol Enchem minh’alma Do nascer ao pôr-do-sol.
Ao pôr-do-sol, À luz da lua, Não há no mundo Cara mais linda que a tua.
Estou d’abalada, Vou para terras de Espanha; Tu não me queres, Aqui mais ninguém me apanha.
Ninguém me apanha, Já cá não está quem sofria; Meu lindo Amor, Tu hás-de chorar um dia.
Roubei-te um beijo, Foi por paixão; Vê lá, não digas a ninguém Que eu sou ladrão!
Que eu sou ladrão Apaixonado! Meu lindo amor, Quero viver a teu lado!
Estou d’abalada, Vou para terras de Espanha; Tu não me queres, Aqui mais ninguém me apanha.
Ninguém me apanha, Já cá não está quem sofria; Meu lindo Amor, Tu hás-de chorar um dia.
Letra e música: Armando Torrão Intérprete: Celina da Piedade (in 2CD “Em Casa”: CD 2, Celina da Piedade/Melopeia, 2012)
Sem ser ainda
[ Portal dos Ventos ]
Sem ser ainda Um mal que finda, Portal dos Ventos De um outro… Amor!
Marés que passam, Luas que mudam, E os dias correm Ao teu… Sabor!
E se o silêncio Navega calmo, Mais calmo fica O teu… Calor!
À luz de agora Aquece a alma, E o Vento aperta O teu… Sabor!
Sei que os teus medos São raios de seda, E que os segredos Não há quem os traga…
Mas, os teus olhos Não fogem dos meus, Cantam segredos À luz de um amor…
De um amor…
Sem ser ainda… E se o silêncio… Sei que os teus medos…
Sei que os teus medos São raios de seda, E que os segredos Não há quem os traga…
Mas, os teus olhos Não fogem dos meus, Cantam segredos À luz de um amor…
De um amor…
Letra: José Flávio Martins Música: António Pedro Intérprete: Musicalbi Versão original: Musicalbi (in CD “Solidão e Xisto”, Musicalbi, 2019)
Subir, Subir
Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir
Mensageiros de Cupido Eu ando deprimido Intercedei por mim ao vosso Deus! Estou de amores com uma catraia Que p’ra subir a saia Exige grandes sacrifícios meus
Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir
Levantei velas à barca Mas a brisa era parca Nem deu para agitar o meu corcel Assim nunca mais te chego A ter no aconchego Tirar-te dessa ilha de papel
Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir
Fiz consulta a feiticeiros E santos padroeiros Deixei bruxeiros de cabeça à toa Findei o consultamento E como rendimento Saíram-me (imaginem!) os Gaiteiros de Lisboa
Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir Subir, subir lnd’ hei-de conseguir Morder-te, ó cachopa, Por dentro do teu vestir
Letra e música: Mário Alves (Vozes da Rádio) Intérprete: Gaiteiros de Lisboa Versão discográfica ao vivo dos Gaiteiros de Lisboa, com Vozes da Rádio (in 2CD “Dançachamas: Ao Vivo”: CD 1, Farol Música, 2000) Versão original: Vozes da Rádio com Gaiteiros de Lisboa (in CD “Mappa do Coração”, Ariola/BMG Portugal, 1997)
Sábado à noite
[ Primavera ]
Sábado à noite não sou tão só Somente só A sós contigo assim E sei dos teus erros Os meus e os teus Os teus e os meus amores que não conheci
Parasse a vida Um passo atrás Quis-me capaz Dos erros renascer em ti
E se inventado, o teu sorriso for Fui inventor Criei o paraíso assim
Algo me diz que há mais amor aqui Lá fora só menti Eu já fui de cool por aí Somente só, só minto só Hei-de te amar, ou então hei-de chorar por ti Mesmo assim, quero ver te sorrir… E se perder vou tentar esquecer-me de vez, conto até três Se quiser ser feliz…
Se há tulipas No teu jardim Serei o chão e a água que da chuva cai Para te fazer crescer em flor, tão viva a cor Meu amor eu sou tudo aqui…
Sábado à noite não sou tão só Somente só A sós contigo assim Não sou tão só, somente só
Intérprete: The Gift
Trago um jardim no sentido
[ Jardim dos Sentidos ]
Trago um jardim no sentido, Por ter sentido o que sinto: Amor que não faz sentido Num coração louco e faminto.
No jardim do meu sentido Nascem cravos cardinais; Também eu nasci no mundo P’ra te querer cada vez mais.
No jardim do rei há rosas, Também há malvas de cheiro; Não há luz como a do dia, Nem amor como o primeiro.
Coração louco e faminto, Rosa que tenho sentido; Jardim que anda perdido, Por ter sentido o que sinto.
No jardim do meu sentido Nascem cravos cardinais; Também eu nasci no mundo P’ra te querer cada vez mais.
No jardim do rei há rosas, Também há malvas de cheiro; Não há luz como a do dia, Nem amor como o primeiro.
Por ter sentido o que sinto, Amor que não faz sentido Jardim que anda perdido, Trago um jardim no sentido.
No jardim do meu sentido Nascem cravos cardinais; Também eu nasci no mundo P’ra te querer cada vez mais.
No jardim do rei há rosas, Também há malvas de cheiro; Não há luz como a do dia, Nem amor como o primeiro.
Trago um jardim no sentido…
Letra e música: Pedro Mestre Intérprete: Pedro Mestre com António Zambujo (in CD “Campaniça do Despique”, Viola Campaniça Produções Culturais/Pedro Mestre, 2015) Outra versão de Pedro Mestre, com António Zambujo (in DVD “No CCB: Pedro Mestre & Convidados”, Pedro Mestre, 2017)
Tu e eu meu amor
Tu e eu meu amor meu amor eu e tu que o amor meu amor é o nu contra o nu.
Nua a mão que segura outra mão que lhe é dada nua a suave ternura na face apaixonada nua a estrela mais pura nos olhos da amada nua a ânsia insegura de uma boca beijada.
Tu e eu meu amor meu amor eu e tu que o amor meu amor é o nu contra o nu.
Nu o riso e o prazer como é nua a sentida lágrima a correr na face dolorida nu o corpo do ser na hora prometida meu amor que ao nascer nus viemos à vida.
Tu e eu meu amor meu amor eu e tu que o amor meu amor é o nu contra o nu.
Nua nua a verdade tão forte no criar adulta humanidade nu o querer e o lutar dia a dia pelo que há-de os homens libertar amor que a eternidade é ser livre e amar.
Tu e eu meu amor meu amor eu e tu que o amor meu amor é o nu contra o nu.
Poema: Manuel da Fonseca (De “Poemas Inéditos”, in “Poemas Completos”, pref. Mário Dionísio, 5.ª edição, Lisboa: Forja, 1975 – p. 179-180) Música: Paulo Ribeiro Intérprete: Paulo Ribeiro com Ana Lúcia Magalhães (in CD “O Céu Como Tecto e o Vento Como Lençóis”, Açor/Emiliano Toste, 2017)
Paulo Ribeiro
Vem
Vem no vento que envolve a montanha E lhe esculpe grutas e segredos Que a cinge e a estreita nas fragas Vem nas silvas que rasgam os dedos
Como a rocha que na costa aguarda A tal onda que explode ao morrer Chicoteando do mar os penhascos Por mais ásperos que pareçam ser
Vem cantando na verde campina Terra-mãe de onde nasce o pão Ondulante seara menina Como as crinas dos cavalos que vão
Como criança pela mão do avô Vai para a escola no dia primeiro Passo a passo alcançar o futuro Destrinçar o saber verdadeiro
Vem nos braços da rua a cidade Se for praça de causas perfeitas E o coração te falar mais verdade Que as palavras dos outros, tão estreitas
Vem-me aos braços, que eu não me envergonho Planta o mundo todo qu’inda houver Traz a alma, que eu trago o meu sonho E o espanto pode acontecer
Letra e música: Pedro Barroso («Dedicado à minha neta Constança, em nome do Futuro») Intérprete: Pedro Barroso* Versão original: Pedro Barroso (in CD “Artes do Futuro”, Ovação, 2017)
Vem, quero beijar-te o corpo
[ Profano ]
Vem, quero beijar-te o corpo Quero provar-te o gosto Quero rasgar-te a pele Soltar-te o corpo em mim
Que te faço tão profano Soldado do meu ventre Que emudece à minha frente As regras deste amor
Vem pedir-me a preceito Que te possua em desejo Que te consuma nesse leito E desse jeito que é teu
Quando me devoras os sentidos E me pedes aos ouvidos Que te amarra, te prenda, Te bata, te faça assim mulher vulgar
Vem beijar este meu corpo Vem provar deste meu gosto Vem rasgar esta pele E soltar-me o corpo em ti
Que me faço tão profana Desejo desse teu corpo Que emudece à tua frente As regras deste amor
Quero pedir-te a preceito Que me consumas em desejo Que me consumas nesse leito E desse jeito que é teu
Que me devoras os sentidos Quero pedir-te aos ouvidos Que me amarres, me prendas, Me batas, me faças assim mulher vulgar
Letra e música: Tiago Curado de Almeida Intérprete: Pensão Flor* (in CD “O Caso da Pensão Flor”, Pensão Flor/Brandit Music, 2013)
Vi-te dum vermelho antigo
[ A Minha Cor (Vermelho Antigo) ]
Vi-te dum vermelho antigo, Trazias a minha cor; Meus olhos foram contigo E alguém disse que era amor.
Cor de sangue aveludado, Cor de seda ou de cetim, Cor de vinho ou de pecado: Foi a cor que viste em mim.
De fadista só me viste Um olhar estranho e sombrio: Não era ardente nem triste, Não era vago nem frio.
Tua voz, cor de cantiga, Espalhava de mãos cheias Um sabor a raça antiga Que salta nas minhas veias.
Fosse sede ou fosse amor, Que importa o que foi, enfim? Trazias a minha cor, Nada mais contou p’ra mim.
Letra: Manuel Andrade Música: Pedro Rodrigues (Fado Pedro Rodrigues de Quadras) Intérprete: Marta Pereira da Costa* com Hélder Moutinho Versão discográfica de Hélder Moutinho (com música de Joaquim Campos – Fado Amora) (in CD “Sete Fados e Alguns Cantos”, Ocarina, 1999) Versão original: João Braga (in EP “Janeiro Proibido”, Aquila, 1968; “Todos os Fados de A a Z: Vol. 12 – Fado Pajem ao Fado Pintadinho”, Movieplay/Visão, 2005; CD “João Braga: Álbum de Recordações”, Alma do Fado/Home Company, 2006)
Volta e meia estou de volta
[ Fado às Voltas ]
Volta e meia estou de volta, volta e meia já não estou; quem me quis à rédea solta foi quem comigo ficou.
Quem, em troca de carinho, quis prender-me o coração ficou a falar sozinho nas voltinhas do Marão.
Quantas voltas dá o mundo P’ra ensinar que a verdade é que a vida é um segundo aos olhos da eternidade?
Vamos lá: é volta e meia cada qual escolhe o seu par! Que eu posso mudar de ideia, antes da volta acabar.
Volta e meia estou de volta, volta e meia já não estou; quem me quis à rédea solta foi quem comigo ficou.
Letra: Tiago Torres da Silva Música: Alberto Costa (Fado Dois Tons) Intérprete: Cristina Nóbrega Versão original: Cristina Nóbrega (in CD “Um Fado para Fred Astaire”, Watch & Listen, 2014)
Anda comigo, vou falar de esperança da vida que ainda agora principia Perde essa amarga e vã desconfiança toma a minha mão de amigo – e confia
Anda comigo, eu canto as tuas dores sou mais poeta sendo teu irmão Nesta densa floresta sem flores o sangue e a alma são o mesmo pão
Anda comigo, além na clareira há uma fonte para matar a sede A água é pura, livre, não se mede e corre simples para quem a queira
Anda comigo, vou falar de esperança Anda comigo fazer a sementeira
Poema: João Apolinário Música: Manuel Lima Brummon Intérprete: Tereza Tarouca (in LP “Portugal Triste”, Alvorada/Rádio Triunfo, 1980; CD “Tereza Tarouca”, col. O Melhor dos Melhores, vol. 32, Movieplay, 1994; CD “Álbum de Recordações”, Alma do Fado/Home Company, 2006; CD “Tereza Tarouca”, col. Fado Alma Lusitana III, vol. 3, Levoir / Correio da Manhã, 2014)
Não penses que ando
[ A Melhor Solução ]
Não penses que ando p’ra aí triste, amargurado Desnorteado ao falar do teu sorriso É um engano pois até ando animado Bem-humorado, que eu bem preciso Fica a saber que ainda não perdi a esperança E só alcança quem insiste e acredita Sei que depois da tempestade vem bonança E só avança quem não hesita Eu sei que o mundo vai rodar e muitas voltas há-de dar E a nossa história vai voltar p’ra o seu lugar
Na tua rua eu fico sempre com um sorriso Mesmo que eu já não toque à tua campainha Porque eu sei bem que sei aquilo que é preciso P’ra ter de volta tudo aquilo que eu tinha Mesmo que eu já não toque à tua campainha Eu tenho a chave para a tua confusão Podes dar voltas e mais voltas à vidinha P’ra o teu problema eu sou a melhor solução Podes dar voltas e mais voltas à vidinha P’ra o teu problema eu sou a melhor solução
Não penses que eu ando a espreitar a tua vida Perguntar coisas sobre ti a toda a gente Levo os meus dias de forma descontraída Desinibida e sorridente Não fico triste por lembrar a nossa história Porque a memória traz-me sempre felicidade Saber o quanto foi bom já é uma vitória E é bem notória esta vontade E o mundo vai rodopiar com tanta volta que há p’ra dar E a tua rua não se muda de lugar
Na tua rua eu fico sempre com um sorriso Mesmo que eu já não toque à tua campainha Porque eu sei bem que sei aquilo que é preciso P’ra ter de volta tudo aquilo que eu tinha Mesmo que eu já não toque à tua campainha Eu tenho a chave para a tua confusão Podes dar voltas e mais voltas à vidinha P’ra o teu problema eu sou a melhor solução Podes dar voltas e mais voltas à vidinha P’ra o teu problema eu sou a melhor solução
Letra e música: Sebastião Antunes Arranjo: Sebastião Antunes Intérprete: Sebastião Antunes com Ana Laíns (in CD “Singular”, Sebastião Antunes & Quadrilha/Alain Vachier Music Editions, 2017)
Nem mal que sempre dure
A solidão espalhada p’los penedos Embrulha a alma em folhas de saudade A noite acorda o sabor dos segredos E traz nos dedos a cor da vontade
E só a voz da Lua é que me amansa E me adormece ao canto da gaivota No fim do mundo o tempo quebra a dança E o vento lança aromas de outra rota
O Sol acalma como um grão de areia E dorme enquanto espera a madrugada Em cada noite escura há uma candeia Em cada ceia há uma fome adiada
Em cada grito há uma voz calada Encruzilhada p’lo meio do caminho Em cada sono há uma alma acordada Desnorteada como um burburinho
Ouvi dizer o povo e o povo bem o sabe: “Nem mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe.”
Mal amanhece o horizonte espreita Enquanto espera pelo raiar do dia Já se adivinha o calor que se ajeita E o chão aceita o fim da noite fria
Rir da tristeza, chorar da alegria Abrir caminhos como um peregrino Deixar que a vida traga outro dia Fazer folia a meias com o destino
Ouvi dizer o povo e o povo bem o sabe: “Nem mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe.”
Nem Mal Que Sempre Dure, Nem Bem Que Nunca se Acabe Letra e música: Sebastião Antunes Intérprete: Sebastião Antunes & Quadrilha com Carlos Moisés (in CD “Perguntei ao Tempo”, Sebastião Antunes/Alain Vachier Music Editions, 2019) Versão original: Quadrilha (in CD “A Cor da Vontade”, Vachier & Associados, 2003) Outra versão: Quadrilha (in CD “Deixa Que Aconteça: Ao Vivo”, Vachier & Associados/Ovação, 2006)