Tag Archive for: canções de estações

Trovante, Terra Firme

Caminho acompanhando o tempo

[ À Espera do Verão ]

Caminho acompanhando o tempo,
Um tempo que me sabe a curto…

O Inverno aceita o descanso,
Incerto dá lugar ao sol
Que, ainda tão meigo, ao de leve
Toca nas vozes que despertam:
Sem dó esquecem o Inverno,
Viram costas e entoam
Cantos de louvor ao Sol.

Cidade nova me acolhe,
Fresca e embrulhada em cheiro
De tanta lembrança antiga…
Quieta e entregue ao vento,
Agora transformado em brisa,
Ouço o murmúrio de água numa fonte
Que brinca como um riacho de um monte.

A porta, que conteve a ânsia
De vida de tanta criança,
Range ao abrir, depois de longa chuva,
Com o grito alegre de gente miúda.

Aberto, o céu dá passagem
A cheiro de sardinha e vinho,
De cigarro e de café…
É o Sr. Verão que nos visita:
Vem em sopro de calor,
Mas diz que ainda não fica.

Letra: Maria Carvalho
Música: Frederico Valério (“Não Sei Porque te Foste Embora”)
Intérprete: Trio Fado (in CD “PortoLisboa”, Trio Fado, 2009)

Descapotável pela ponte

[ Sol da Caparica ]

Descapotável pela ponte o cabelo a voar
O calor abrasador e a pressa de chegar
Óculos escuros da Rayban e o contante a partir
A cassete dos Ramones para a gente curtir
Aqui vou eu para a costa
Aqui vou eu vou cheio de pinta
De Lisboa vou fugir vou pó sol da Caparica
Aqui vou eu para a costa
Aqui vou eu vou cheio de pinta
De Lisboa vou fugir vou pó sol da Caparica
Abancados na esplanada mesmo à beira do mar
Cerveja na mesa para refrescar
Ao longo da praia sob o sol de verão
As miúdas da costa são uma tentação
Por isso vou para a costa
Por isso vou cheio de pinta
Viro costas a Lisboa vou pó sol da Caparica
Por isso vou para a costa
Por isso vou cheio de pinta
Viro costas a Lisboa vou pó sol da Caparica
E assim vamos gozando as férias de verão
Tenho o sol da caparica mesmo aqui à mão
Aqui vou eu
Aqui vou eu
De Lisboa fou fugir vou para o sol da Caparica
Aqui vou eu
Aqui vou eu
De Lisboa fou fugir vou pra o sol da Caparica
Aqui vou eu para a costa
Aqui vou eu vou cheio de pinta
De Lisboa vou fugir vou pó sol da Caparica
Aqui vou eu para a costa
Aqui vou eu vou cheio de pinta
De Lisboa vou fugir vou pó sol da Caparica…

Do coco faço uma batida

[ Dou-te Um Doce ]

Do coco faço uma batida
Da areia faço a minha cama
Gosto de me dar à vida
Sempre que o sol me chama

Adoro estar ao pé do mar
Quando te tenho ao meu lado
Dou-te um doce (doce)
Em troca de um beijo salgado
(La-la-la-la-la-la)
Dou-te um doce (doce)
Em troca de um beijo salgado

Vou na onda que me enrola
Como um manto de água fresca
Ouço ao longe uma viola
Bebo o dia que me resta

Fica mais quente o verão
Quando te tenho ao meu lado
Dou-te um doce (doce)
Em troca de um beijo salgado
(La-la-la-la-la-la)
Dou-te um doce (doce)
Em troca de um beijo salgado

Do coco faço uma batida
Da areia faço a minha cama
Gosto de me dar à vida
Sempre que o sol me chama

Intérprete: Lena D’Água

Noite de Verão

Quando é no Verão das noites claras
e faz calor dentro da gente,
…aquela menina casadoira,
que mora junto ao largo,
vem à varanda ver a Lua.

Roçando o corpo, devagar,
descem por ela as mãos da noite:
sente-se nua.
Sente-se nua, na varanda,
já tão senhora do seu destino,
sem medo às estrelas nem às mãos da noite
— mas baixa os olhos se algum homem passa…

Sente-se nua
— mas baixa os olhos se algum homem passa…
Sente-se nua.

Quando é no Verão das noites claras
e faz calor dentro da gente,
…aquela menina casadoira,
que mora junto ao largo,
vem à varanda ver a Lua.

Roçando o corpo, devagar,
descem por ela as mãos da noite:
sente-se nua.
Sente-se nua, na varanda,
já tão senhora do seu destino,
sem medo às estrelas nem às mãos da noite
— mas baixa os olhos se algum homem passa…

Sente-se nua
— mas baixa os olhos se algum homem passa…
Sente-se nua.
Sente-se nua.
Sente-se nua.
Sente-se nua.

Poema: Manuel da Fonseca (ligeiramente adaptado) [texto original abaixo]
Música: João Gil
Arranjo: Trovante
Intérprete: Trovante (in LP “Terra Firme”, EMI-VC, 1987, reed. EMI-VC, 1989; CD “O Melhor dos Trovante”, EMI Music Portugal, 2010; “Trovante: Grandes Êxitos”, EMI Music Portugal, 2013)

NOITE DE VERÃO

(Manuel da Fonseca, in “Planície”, Coimbra: Novo cancioneiro, 1941; “Poemas Completos”, Lisboa: Iniciativas Editoriais, 1958; “Poemas Completos”, pref. Mário Dionísio, 2.ª edição, Lisboa: Portugália Editora, 1963 – p. 109; “Poemas Completos”, pref. Mário Dionísio, 5.ª edição, Lisboa: Forja, 1975 – p. 120)

Quando é no Verão das noites claras
e faz calor dentro da gente,
…aquela menina casadoira,
que mora junto ao largo,
vem à varanda ver a Lua.

Roçando o corpo, devagar,
descem por ela as mãos da noite:
sente-se nua.
Sente-se nua, na varanda,
já tão senhora do seu destino,
sem medo às estrelas nem às mãos da noite
— mas baixa os olhos se algum homem passa…

[ Fonte: A Nossa Rádio ]

Manuel da Fonseca, poeta

Manuel da Fonseca, poeta

Um Verão

[ Verão ]

Intérprete: The Gift

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Folhas caídas do Outono
A luz revela as cores da manhã

[ O Outono e a Cidade ]

A luz revela as cores da manhã
e o rio espelha a sombra da cidade.
O Outono vai roubando, pouco a pouco,
a claridade.
Desprendem-se as folhas
bailando no ar, ao sabor da brisa.
Um cheiro a castanhas perfuma a praça,
o voo das pombas seduz quem passa.
Ao longe há um cromatismo, de cores
que vai vestindo de amarelo os plátanos.
Junto à margem dissipa-se a neblina,
é mais um dia frio de Novembro.
Há no Outono suaves melodias,
há uma voz aconchegando os dias,
há palavras… rasgando as madrugadas.

Letra e música: Fernando Dias Marques
Arranjo: Fernando Marques, Steve Fernandes e Jorge Correia
Intérprete: Fernando Marques Ensemble (in CD “(des)Encontros”, Fernando Marques Ensemble, 2016)

Águas passadas do rio

[ Balada do Outono ]

Águas passadas do rio
Meu sono vazio
Não vão acordar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar

Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar

Águas do rio correndo
Poentes morrendo
P’rás bandas do mar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar

Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar

Letra e música: José Afonso
Intérprete: José Afonso (in “Fados de Coimbra e Outras Canções”, Orfeu, 1981, reed. Movieplay, 1987)
Versão original: José Afonso (in EP “Balada do Outono”, Rapsódia, 1960; CD “Os Vampiros”, Edisco, 1987)
Versão instrumental: Rui Pato – viola (in “Baladas e Canções”, de José Afonso, Ofir, 1967; reed. EMI-VC, 1997)

As folhas dançam desvairadas no ar

[ Valsa do Outono em Novembro ]

As folhas dançam desvairadas no ar
Bailado ao vento, canção de embalar
Valsinha triste num coreto vazio
Regresso à infância e começo
A ter frio, a ter frio…

Ainda me lembro do baloiço do jardim
Da chuva no Outono que caía só p’ra mim
Que céus de Novembro?
Que lugares obscuros corrompem
A esperança nos dias futuros?

Bem sei que ando no meio do temporal
À espera da paz prometida do Natal!
Bem sei que ando no meio do temporal
À espera da paz prometida do Natal!

Memórias dispersas, vertigens, fragmentos
Estilhaços da vida nos meus pensamentos
Que céus de Novembro?
Que lugares obscuros corrompem
A esperança nos dias futuros?

Bem sei que ando no meio do temporal
À espera da paz prometida do Natal!

Que céus de Novembro?
Que lugares obscuros corrompem
A esperança nos dias futuros?

Bem sei que ando no meio do temporal
À espera da paz prometida do Natal!

Da paz prometida do Natal!
Da paz prometida do Natal!
Da paz prometida do Natal!
Da paz prometida do Natal!
Da paz prometida do Natal!
Da paz prometida do Natal!
Da paz prometida do Natal!
Da paz prometida do Natal!

Letra e música: Paulo Ribeiro
Intérprete: Paulo Ribeiro (in CD “No Silêncio das Casas”, Heaven Sound, 2012)

Chegou bem devagarinho

[ A Chegada de Maria ]

Chegou bem devagarinho
Pé-ante-pé de mansinho
Mas de vez.
Entre beijos e afagos
Nem dei conta dos estragos
Que ela fez.
Do beco fez avenida
Deu um cheiro à minha vida
De jasmim.
Foi o melro na janela
Já não sei viver sem ela
E dou por mim,
Cantando assim:

Agora que a luz do Outono
Já chegou
E um par de olhos por um outro
Se encantou
Corre, meu coração, corre
À desfilada
Que eu não creio que tu corras
Para nada
Que eu não creio que tu corras
Para nada

Sem agravo nem apelo
Assaltou o meu castelo
E o tomou.
Chegou-se p’rá minha beira
Com olhos de feiticeira
Me encantou.
Seus lábios, minha alegria
Sua pele tão macia
De cetim.
Não há coisa mais amada
E numa doce toada
Eu dou por mim,
Cantando assim:

Agora que a luz do Outono
Já chegou
E um par de olhos por um outro
Se encantou
Corre, meu coração, corre
À desfilada
Que eu sei bem que tu não corres
Para nada
Que eu sei bem que tu não corres
Para nada

Sem agravo nem apelo
Assaltou o meu castelo
E o tomou.
Chegou-se p’rá minha beira
Com olhos de feiticeira
Me encantou.
Seus lábios, minha alegria
Sua pele tão macia
De cetim.
Não há coisa mais amada
E numa doce toada
Eu dou por mim,
Cantando assim:

Agora que a luz do Outono
Já chegou
E um par de olhos por um outro
Se encantou
Corre, meu coração, corre
À desfilada
Que eu sei bem que tu não corres
Para nada
Que eu sei bem que tu não corres
Para nada

Agora que a luz do Outono
Já chegou
E um par de olhos por um outro
Se encantou
Corre, meu coração, corre
À desfilada
Que eu sei bem que tu não corres
Para nada
Que eu sei bem que tu não corres
Para nada

Letra e música: Aníbal Raposo (Dezembro de 2001)
Intérprete: Aníbal Raposo
Versão original: Aníbal Raposo (in CD “A Palavra e o Canto”, Açor/Emiliano Toste, 2005)

Poema ao Vento

[ Balada de Outono ]

Poema ao vento
Com as crinas delirantes!
Outono lento
Com os sonhos bem distantes!
Meu Sol sangrando
em agonia,
Meu corpo amando
Um farrapo de poesia.

Folhas de Outubro
Sobre Setembro:
– Mãos que descubro
Sem saber do que me lembro…
Meu barco atado
Ao cais da vida;
Lenço bordado
Que aceno em despedida.

Tudo sereno
Neste mar em maresia:
Um cheiro a feno
Vai na onda da poesia
Nas mãos da tarde
– Em concha pura
Um corpo arde
De espanto e de ternura.

Eis o Outono
Correndo à chuva!
Com ar de sono
E seu pranto de viúva…
Tudo cinzento.
Mágoa levada
No movimento
Desta garça abandonada.

Longo tormento
Que Novembro acarreta:
Poema dentro
Da barriga do poeta.
Minha placenta,
Sem ter idade,
Que não rebenta
Este grito de saudade.

Que parto ameno
De mim deriva?
– Meu filho pleno,
Meu amor em carne viva;
Meu sangue e carne,
Criado e dono;
Folha da tarde
Que caiu no meu Outono.

Poema: Álamo de Oliveira
Música: Aníbal Raposo
Intérprete: Aníbal Raposo* (in CD “A Palavra e o Canto”, Açor/Emiliano Toste, 2006)

Vento que traz nostalgia

[ Outono na Cidade ]

Vento que traz nostalgia
D’um amor perdido
Nas ruas da vida,
Sombras e melancolia,
Um adeus sentido
De mulher esquecida.
Nas folhas da esperança
Caídas sem dono,
Há passos de criança:
É Outono!

Outono na cidade
Tem gosto de saudade:
É terna despedida que não esquece,
É doce melodia
Que vem no fim do dia
Que o Sol – bom e doirado – ainda aquece.

Cai a folha – folha nua –,
Chuva d’oiro molhando a rua:
Outono na cidade,
Que fria claridade!
Sorriso que desce da Lua!

Gente que corre apressada
Na manhã brumosa,
Sonolenta e fria;
Vida que sonha acordada
A canção formosa,
Luz do meio-dia.
No azul infindo
O povo bem sente
O teu adeus, tão lindo,
Sol poente!

Cai a folha – folha nua –,
Chuva d’oiro molhando a rua:
Outono na cidade,
Que fria claridade!
Sorriso que desce da Lua!

Letra: Ferro Rodrigues e Fernando Santos
Música: Carlos Dias
Intérprete: Max (in EP “Tingo Lingo Lingo”, Decca/VC, 1962; CD “O Melhor de Max: Vol. 2”, EMI-VC, 1993; CD “Max: Essencial”, Edições Valentim de Carvalho/CNM, 2014)

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Primavera

Encontrei a Primavera

Encontrei a Primavera
Ali em baixo no jardim
Ai como vai ai como vai a Primavera
Vai assim assim assim.

Refrão

Perguntei à Primavera
Quando é que vinha o Verão
Ai a 25 de Março
A Primavera está na mão.

Refrão

Encontrei a Primavera
Ali em baixo no lombinho
Ai sentado numa cadeira
Falar com um rapazinho.

Tradicional da Madeira

Maio, maduro Maio

Maio, maduro Maio, quem te pintou?
Quem te quebrou o encanto nunca te amou.
Raiava o sol já no Sul.
E uma falua vinha lá de Istambul.

Sempre depois da sesta chamando as flores.
Era o dia da festa, Maio de amores.
Era o dia de cantar.
E uma falua andava ao longe a varar.

Maio com meu amigo quem dera já.
Sempre no mês do trigo se cantará.
Qu’importa a fúria do mar.
Que a voz não te esmoreça, vamos lutar.

Numa rua comprida El-Rei pastor.
Vende o soro da vida que mata a dor.
Anda ver, Maio nasceu.
Que a voz não te esmoreça, a turba rompeu.

Letra e música: José Afonso
Intérprete: Madredeus (in CD “Ainda”, EMI-VC, 1995)
Versão original: José Afonso (in “Cantigas do Maio”, Orfeu, 1971; reed. Movieplay, 1987, 1996)
Outras versões: Naná Sousa Dias (in “Ousadias”, Polygram, 1986); José Mário Branco, Amélia Muge e João Afonso (in CD “Maio, Maduro Maio”, Columbia/Sony, 1995); Couple Coffee (in CD “Co’as Tamanquinhas do Zeca”, Transformadores, 2007); Cristina Branco (CD “Abril”, Universal, 2007)

Passo os meus dias

[ Andorinhas ]

Passo os meus dias em longas filas
Em aldeias, vilas e cidades
As andorinhas é que são rainhas
A voar as linhas da liberdade

Eu quero tirar os pés do chão
Quero voar daqui p’ra fora e ir embora de avião
E só voltar um dia
Vou pôr a mala no porão
Saborear a primavera numa espera e na estação

Um dia disse uma andorinha
Filha, o mundo gira, usa a brisa a teu favor
A vida diz mentiras
Mas o sol avisa antes de se pôr

Eu quero tirar os pés do chão
Quero voar daqui p’ra fora e ir embora de avião
E só voltar um dia
Vou pôr a mala no porão
Saborear a primavera numa espera e na estação

Já a minha mãe dizia
Solta as asas, volta as costas
Sê forte, avança p’ra o mar
Sobe encostas, faz apostas
Na sorte e não no azar

Intérprete: Ana Moura

Plantei um cravo à janela

Plantei um cravo à janela
Para dar ao meu amor;
Inventei a Primavera
Ao redor daquela flor.

Dei-lhe um pouco de ternura
E muito duma saudade;
À janela da loucura
Inventei a felicidade.

Fiquei à espera da bruma
Nas praias do coração;
À janela da loucura
Inventei uma paixão.

Plantei um cravo à janela,
Descobri a Primavera,
Para dar ao meu amor
Que já estava à minha espera.

Letra: Hélder Moutinho
Música: José Fontes Rocha (Fado Joana)
Intérprete: Joana Amendoeira (in CD “Amor Mais Perfeito: Tributo a José Fontes Rocha”, CNM, 2012)
Versão original: Joana Amendoeira (in CD “À Flor da Pele”, HM Música, 2006)
Outra versão de Joana Amendoeira (in CD/DVD “Joana Amendoeira & Mar Ensemble: Ao Vivo no Castelo de São Jorge”, HM Música, 2008)

Hélder Moutinho

Hélder Moutinho, créditos Jorge Gonçalves

Primavera

Intérprete: Celina da Piedade

Primavera passada

[ Canção amoroso-pastoril ]

Ai lé lé lai lé lá,
Ai lé lé lai ló:
Foi a primeira cantiga
Que me ensinou minha avó.

A Primavera passada
Foi o meu divertimento:
Tomei amores mui cedo,
Logrei-os mui pouco tempo.

Primavera, Primavera,
Tempo de tomar amores;
Não há tempo mais alegre
Que Maio com suas flores.

Primavera, Primavera,
Primavera dos boieiros;
Coitadinhos dos pastores
Que dormem pelos chiqueiros.

Ai lé lé lai lé lá,
Ai lé lé lai ló:
Foi a primeira cantiga
Que me ensinou minha avó.

Ai lé lé lai lé lá,
Ai lé lé lai ló:
Foi a primeira cantiga
Que me ensinou minha avó.

Letra e música: Popular (Paradela, Miranda do Douro, Trás-os-Montes e Alto Douro)
Recolha: Fernando Lopes Graça (in livro “A Canção Popular Portuguesa”, Publicações Europa-América, 1953; 3.ª edição, col. Saber, Publicações Europa-América, s/d. – p. 75)
Intérprete: Cantos d’Aurora (in CD “Sabores”, Cantos d’Aurora, 1996)

Rompe a aurora

[ Primavera Alentejana ]

Rompe a aurora, nasce o dia
Iluminando o montado;
Como um hino à alegria
Houve-se balir o gado.

Roxo, verde e amarelo –
Olho à volta – é o que vejo;
Não há nada assim tão belo,
Ó meu querido Alentejo!

Lindos campos verdejantes
Matizados de papoilas,
Já não são como eram antes
Mondados pelas moçoilas.

Já não são como eram antes
Mondados pelas moçoilas,
Lindos campos verdejantes
Matizados de papoilas.

Perfumados de poejo
Os campos de solidão:
É assim o Alentejo
Que trago no coração.

O melro canta no silvado,
O grilo num buraquinho;
E eu por ti apaixonada,
Alentejo, meu cantinho!

Lindos campos verdejantes
Matizados de papoilas,
Já não são como eram antes
Mondados pelas moçoilas.

Já não são como eram antes
Mondados pelas moçoilas,
Lindos campos verdejantes
Matizados de papoilas.

Poema: Hermínia Gaidão Costa (em memória de Margarida Gaidão)
Música: Hermínia Gaidão Costa e Roda Pé
Arranjo: Roda Pé e Celina da Piedade
Intérprete: Roda Pé (in CD “Escarpados Caminhos”, Public-Art, 2004)

Santo Aleixo és tão nobre

[ É Lindo na Primavera ]

[1.ª cantiga:]
Santo Aleixo és tão nobre,
Tão sincero, hospitaleiro…
És terra de gente pobre,
És terra de gente pobre,
Mas a virtude é dinheiro!

[Moda:]
É lindo na Primavera
A gente viver no campo:
Olhar e ver as flores,
Bonitas de várias cores,
Tão lindas é um encanto!

Ouvir as aves cantar,
Ver a vida à nossa espera,
Ver os ribeiros mandar
Água clara p’ra o mar:
É tão linda a Primavera!

[2.ª cantiga:]
Quem quer bem dorme na rua
À porta do seu amor:
Faz das pedras cabeceira,
Faz das pedras cabeceira,
Das estrelas cobertor.

[Moda:]
É lindo na Primavera
A gente viver no campo:
Olhar e ver as flores,
Bonitas de várias cores,
Tão lindas é um encanto!

Ouvir as aves cantar,
Ver a vida à nossa espera,
Ver os ribeiros mandar
Água clara p’ra o mar:
É tão linda a Primavera!

Letra: Bento Figueira
Música: Popular (Alentejo)
Intérprete: Grupo Coral da Casa do Povo de Santo Aleixo da Restauração (in 2CD “O ‘Cante’ Alentejano”: CD 1, Public-Art, 1998)

Se deixaste de ser minha

[ Por morrer uma andorinha ]

Se deixaste de ser minha
Não deixei de ser quem era
Por morrer uma andorinha
Não acaba a Primavera
Por morrer uma andorinha
Não acaba a Primavera

Como vês não estou mudado
E nem sequer descontente
Conservo o mesmo presente
E guardo o mesmo passado
Conservo o mesmo presente
E guardo o mesmo passado

Eu já estava habituado
A que não fosses sincera
Por isso eu não fico à espera
De uma ilusão que não tinha
Se deixaste de ser minha
Não deixei de ser quem era
Se deixaste de ser minha
Não deixei de ser quem era

Vivo a vida como dantes
Não tenho menos nem mais
E os dias passam iguais
Aos dias que vão distantes
E os dias passam iguais
Aos dias que vão distantes

Horas, minutos, instantes
Seguem a ordem austera
Ninguém se agarra à quimera
Do que o destino encaminha
Pois por morrer uma andorinha
Não acaba a Primavera
Por morrer uma andorinha
Não acaba a Primavera

Letra: Frederico de Brito
Música: Francisco Viana
Intérprete: Carlos do Carmo (in “Por Morrer Uma Andorinha”, Philips/Polygram, s/d; “A Arte e a Música de Carlos do Carmo”, Philips/Polygram, 1982; CD/DVD “Carlos do Carmo ao vivo: Coliseu dos Recreios de Lisboa”, Universal, 2004)

Se o fim é um começo

[ Primavera ]

Se o fim é um começo
Voltamos sempre a lutar:
Já lá vem outro Abril,
É tempo de semear!

Da espera faz-se a luz
Da primavera a nascer:
Um fruto é como um filho
Do querer!

Dois, três, e…

A tudo o que aprendemos,
Beijado ao calor do Verão,
Esquecemos neste Inverno…
Faltou-nos uma canção!

Cantar p’ra não esquecer
Que unidos não estamos sós!
Que temos liberdade
Na voz!

É Primavera quando chegas!
Sou andorinha p’ra te ver
E as flores que trazes são vermelhas:
Há sempre esperança a renascer!

É Primavera quando chegas!
Sou andorinha p’ra te ver
E as flores que trazes são vermelhas:
Há sempre esperança a renascer!

É Primavera quando chegas!
Sou andorinha p’ra te ver
E as flores que trazes são vermelhas:
Há sempre esperança a renascer!

Letra e música: Celina da Piedade e Alex Gaspar
Intérprete: Celina da Piedade (in CD “Festival da Canção 2017”, RTP Edições/Sony Music, 2017)

Todo o amor que nos prendera

[ Primavera ]

Todo o amor que nos prendera,
como se fora de cera,
se quebrava e desfazia.
Ai funesta Primavera,
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia!

E condenaram-me a tanto:
viver comigo o meu pranto,
viver, viver… e sem ti!
Vivendo sem, no entanto,
eu me esquecer desse encanto
que nesse dia perdi…

Pão duro da solidão
é somente o que nos dão,
o que nos dão a comer…
Que importa que o coração
diga que sim ou que não,
se continua a viver?

Todo o amor que nos prendera
se quebrara e desfizera,
em pavor se convertia.
Ninguém fale em Primavera!
Quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia!

Poema: David Mourão-Ferreira
Música: Pedro Rodrigues
Intérprete: Amália Rodrigues (1965, in CD “Segredo”, EMI-VC, 1997; CD “Amália canta David”, Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)

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