Sara Correia
Fadista
Desde muito cedo que Sara Correia é presença habitual nas melhores casas de fado da cidade. E, por isso, canta com a propriedade e força de quem cresceu no fado. Agora prepara-se para lançar o seu primeiro álbum, intitulado “Sara Correia”. “Tenho uma identificação muito grande com os temas que constroem este disco, revejo-me em todas as histórias e elas definem-me enquanto fadista. Por isso, decidi intitulá-lo com o meu nome próprio”, explica a fadista.
Vive o fado desde criança. O facto de ter crescido numa família fadista ajudou a que desde cedo vivesse rodeada de música e de músicos e a viver essa vida de uma forma bastante natural. “Foi tudo tão rápido. Eu vou aos fados desde muito menina, tenho família fadista e comecei a cantar desde cedo”, lembra. Ainda assim, houve um momento que foi particularmente marcante neste início de percurso e que a levou a decidir que se ia dedicar por inteiro ao fado. “Quando participei e venci a Grande Noite do Fado de Lisboa, senti que era isto que queria fazer”, recorda.
Sara Correia tinha apenas 13 anos quando se consagrou vencedora da Grande Noite do Fado e, logo de seguida, é convidada para cantar numa das casas de fado mais míticas da cidade, a Casa de Linhares. Aí teve o privilégio de cantar e aprender ao lado de grandes nomes do fado, nomeadamente Celeste Rodrigues, Jorge Fernando, Maria da Nazaré, entre outros. Todos eles “foram e serão sempre a escola de se ser fadista”, afirma Sara.
Aliás, para si a experiência da casa de fados é fundamental. “Pisar casas de fado é muito importante, obrigatória, a meu ver. É onde se ganha a mão do canto, onde ganhamos a nossa identidade, a encarar as noites após noites a cantar como a coisa mais séria da nossa vida. Todas as grandes fadistas de hoje e de sempre tiveram a casa de fados como raiz”.
Cresceu e aprendeu a ouvir Amália Rodrigues, “fadista inteira” que tanto a inspirou no caminho que traçou até hoje, em todas as suas vertentes, mas Sara Correia tem também como referências outras grandes vozes, como Fernanda Maria, Beatriz da Conceição e Hermínia Silva.
Além das casas de fado, atuou em palcos célebres como o Centro Cultural de Belém, os festivais Caixa Alfama e Caixa Ribeira e foi convidada para cantar no Concerto por um Novo Futuro, na maior sala de espetáculos do país, a Altice Arena.
Recentemente, o seu talento captou a atenção do realizador francês Joel Santoni, que a convidou a cantar o “Grito”, de Amália Rodrigues, para a sua série “Une famille formidable”. Foi ainda convidada por Diogo Varela Silva a participar no seu próximo filme, “Alfama em Si”, retratando a Severa, personagem histórica que é um verdadeiro símbolo do fado, integrando um elenco composto por alguns dos melhores artistas portugueses.
Agora prepara-se para, finalmente, lançar o seu muito aguardado álbum de estúdio, um projeto criado em parceria com o produtor Diogo Clemente. Participam ainda músicos como Ângelo Ferreira – “que é sem dúvida um génio da guitarra portuguesa desta geração” –, o mestre Marino de Freitas no baixo, Vicky Marques nas percussões e Ruben Alves no piano.
O amor, a tristeza, a saudade, a alegria, a cidade de Lisboa, a nossa portugalidade, todas estas histórias intensas são cantadas e contadas da forma sincera e fadista que caracteriza o canto de Sara Correia.
Para o futuro espera continuar a fazer aquilo que mais gosta: cantar e partilhar isso com o mundo. “Sou inteiramente feliz quando canto. Por trabalhar ao lado de pessoas que eu admiro e com quem eu tanto aprendo todos os dias é, sem dúvida, um privilégio. Espero poder viver muitas experiências ao lado de grandes profissionais e de todos os músicos e públicos que se irão cruzar na minha vida”.
O promissor álbum de estreia de Sara Correia tem lançamento marcado para o primeiro trimestre de 2018 e a fadista será uma das grandes apostas para este ano da Universal Music Portugal, a editora que tem créditos provados no fado com nomes como Carlos do Carmo, Ana Moura, António Zambujo, Cristina Branco ou Marco Rodrigues.