Paulo Gil, baterista, crítico, divulgador, compositor

Paulo Gil

Baterista . Divulgador . Programador . Jazz

Nascido em Lisboa, Paulo Gil (n. 8 de novembro 1937 – m. 11 de maio 2022) foi um dos grandes divulgadores e entusiastas do jazz em Portugal.

Compositor de bandas-sonoras, é da sua autoria a banda sonora do filme “A Passagem” (1971), de Manuel Costa e Silva.

Dedicou-se à crítica musical nos anos 70, passando por várias publicações da imprensa nacional, nomeadamente pela revista Flama e pelo jornal O Século, foi o responsável editorial da Valentim de Carvalho, entre 1970 e 1984, e concebeu um programa emitido pela RTP nos anos 80, O Som da Surpresa, que levou o jazz, pela primeira vez, aos ouvidos de muitos portugueses.

Foi baterista – com passagem, por exemplo, pelos Plexus, de Carlos “Zíngaro” –, e cantor.

Foi um dos primeiros sócios do Hot Club de Portugal e trabalhou como programador, colaborando com festivais como o SeixalJazz e o Ciclo Internacional de Jazz de Oeiras.

Até ao fim da vida foi presença habitual em concertos, nomeadamente no Hot Clube, de que foi um dos primeiros jovens sócios, ainda nos anos 1950, a convite de Luís Villas-Boas.

A sua morte foi notícia em jazz.pt e na Antena 2.

Bio publicada na Meloteca a 12 de maio de 2022

Testemunhos
“A Câmara Municipal do Seixal lamenta o falecimento de Paulo Gil, uma figura incontornável do jazz nacional e diretor artístico do Festival Internacional SeixalJazz, desde a sua criação, em 1996, e durante 17 edições. Paulo Gil nasceu em Lisboa, em novembro de 1937. Começou a ouvir e a interessar-se por jazz desde os 6 anos. Estudou música com nomes como Fernando Lopes-Graça e Jorge Costa Pinto e frequentou a Academia dos Amadores de Música. Em 1954, tornou-se sócio do Hot Clube de Portugal a convite de Luís Villas-Boas. Foi baterista de jazz entre 1955 e 1978. Em 1968, com o pianista Marcos Resende e o contrabaixista Bernardo Moreira, constituiu o Bossa Jazz Trio. No final dos anos 1960, criou música original para filmes e para apoio a sessões de poesia de Manuela Machado e Mário Viegas e leitura de textos de Alexandre O’Neil. Entre 1972 e 1986, foi responsável pela edição de jazz e música clássica na editora Valentim de Carvalho. Desenvolveu ainda atividade crítica e de divulgação de jazz, colaborando em publicações em programas de rádio e televisão. Em 1978 deixou a sua atividade como baterista, e passou a organizar e produzir concertos de jazz e festivais de nível internacional. Desde então, foi responsável pela apresentação no nosso país de mais de 1500 músicos norte-americanos e 200 europeus da área do jazz, muitos deles no Festival Internacional SeixalJazz. Nas comemorações dos 25 anos do SeixalJazz, em 2021, Paulo Gil foi homenageado pela autarquia por ajudar a criar e a fazer do SeixalJazz uma referência a nível nacional e internacional.” (CMS/SeixalJazz)

“Todos os dias entrava antes da hora. Batia à porta ruidosamente e ia directo ao seu lugar. Dava um jeitinho à mesa e sentava-se estrategicamente, na última ponta do sofá, num ângulo preparado com cuidado. Daí falava com os músicos, cantava, esgrimia baquetas imaginárias, dava indicações a quem estava a tratar do som. Era quase como estar no palco. Em poucos dias alguém vai entrar, um turista, um distraído, e vai sentar-se naquele lugar. Mas de hoje em diante há um espaço que vai ficar vazio.” (Inês Homem Cunha)

“No Hot Clube, o Paulo Gil foi fundamental na transição entre o antes e o pós 25 de Abril com a entrada de uma nova geração para o Clube. Antigo baterista, deixou a actividade de músico dedicando-se à de produtor e promotor. Entre muitas outras coisas foi o programador original do SeixalJazz. Era o sócio número 3.” (HotNews)

“Como não lembrar os artigos, dezenas, que escreveu nos anos 1970 para a imprensa, os programas de rádio e o “Som da surpresa”, na RTP dos anos 1980? Além da faceta de divulgador, houve a de produtor de discos e de festivais, como o Seixal Jazz, e de agente!/manager, nomeadamente do Opus Ensemble. Foi também músico, baterista, em grupos como o Status. E depois, havia as inúmeras estórias e peripécias que viveu com grandes músicos do jazz, da pop e do rock, de Miles Davis a Roger Waters, que conheceu enquanto trabalhou na Valentim de Carvalho.” (João Moreira Santos)

“O Paulo Gil teve uma vida longa dedicada ao Jazz. As minhas recordações mais longínquas são dos anos 70, no Hot, como baterista do Plexus, ou com Manuel Guerreiro (e Francisco Xavier Neto, João Courinha e Celso de Carvalho), e como jornalista em alguns artigos dispersos na imprensa da altura. Mas Paulo Gil foi divulgador, foi músico, baterista, cantou até!, fez rádio e televisão: «O Som da Surpresa» -, compôs para uma banda sonora, escreveu nos jornais, fez promoção discográfica, produziu discos, fez produção de concertos e festivais (Seixal, Oeiras, Figueira da Foz…) , foi membro da direcção do Hot Club, fez de tudo, com um entusiasmo e bonomia contagiantes.” (Leonel Santos)

“Um dos homens mais bem humorados que conheci no mundo do Jazz, que vai deixar muitas saudades.” (Paula Cordeiro)

“A Reunion Big Jazz Band está de luto por ter perdido o seu padrinho. O Paulo deve ter assistido a 80% dos muitos concertos que a orquestra fez entre 2005 e 2012. Tinha sempre uma palavra amiga, uma crítica construtiva.” (Reunion Big Jazz Band)

“Obrigado por toda a amizade e suporte que deste à minha carreira de músico e à de tantos outros e à incansável organização de centenas de festivais de Música de altíssima qualidade.” (Pedro Madaleno)

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