Palmira Bastos, atriz natural de Alenquer

Palmira Bastos

Cantora

Palmira Bastos (Aldeia Gavinha, Alenquer, 30-05-1875 – Lisboa, 10-05-1967) nasceu no seio de uma família de artistas ambulantes espanhóis e, após o desaparecimento do pai, mudou-se – juntamente com a mãe e duas irmãs – para Lisboa, onde cedo começou a frequentar os bastidores dos teatros onde a sua mãe ganhava a vida como corista.

O seu vasto percurso teatral foi marcado pela representação em quase todos os géneros de teatro – Palmira foi da opereta ao drama, passando pela revista e alta comédia – e por um período de atividade muito extenso no TNDMII, com a companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, na qual desempenhou alguns dos seus papéis mais célebres. A prestigiada atriz despediu-se dos palcos a 15 de dezembro de 1966, no Teatro S. Luiz, com a reposição do espetáculo O ciclone.

Após a pequena participação n’ O reino das mulheres, continuou representando papéis secundários no mesmo registo de teatro ligeiro – ainda no Condes – aparecendo na mágica O reino dos homens, em 1891, bem como na revista Tam Tam (1890). Trabalhou, de seguida – entre 1891 e 1892 – no Teatro do Rato e no Avenida, onde ficou provada a sua notoriedade no género musicado. Em 1893 realizou a primeira de onze digressões ao Brasil – onde regressou em 1895, 1899, 1901, 1904, 1910, 1915 (só tornando a Lisboa em 1917) e, por último, em 1920. No Brasil foi sempre acolhida com muito agrado, tendo iniciado a sua carreira por lá integrada na companhia Rosas & Brazão, estreando-se, assim, em teatro declamado. Ao regressar a Portugal, Palmira conseguiu o seu primeiro papel de vedeta na revista O sarilho, em 1893, no Teatro da Rua dos Condes.

No ano seguinte integrou a companhia de opereta do Teatro da Trindade, cujo empresário era Sousa Bastos – com quem casou a 1 de julho desse mesmo ano, tornando-se, assim, Palmira Bastos – e com essa companhia ficou até 1899, representando em várias operetas e revistas, entre as quais Sal e pimenta (1894), que obteve grande sucesso apesar de ter sido pateada na estreia, por descontentamento dos admiradores de Pepa Ruiz, atriz que havia sido substituída (tanto na companhia, como na vida pessoal de Sousa Bastos) por Palmira.

Para satisfação de quem a queria ver de regresso ao género que a celebrizou, Palmira integrou, de seguida, a companhia de Afonso Taveira, onde se manteve, a interpretar óperas vienenses, no Teatro da Trindade, até 1913. Inaugurou, no ano que se seguiu, a 25 de setembro, o [antigo] Teatro Éden, com uma reposição de O burro do sr. Alcaide, opereta em que já tinha participado anteriormente, em 1900, ao substituir Pepa Ruiz no papel de André. Regressou ao Nacional, em 1915, para um espetáculo, a seguir ao qual deu início à mais longa digressão que efetuou ao Brasil, integrada na companhia de opereta de Luís Galhardo, reaparecendo, apenas, em 1917, no Teatro Avenida. Após a morte de Sousa Bastos – em 1911 – Palmira voltou a casar, seis anos depois, com o ator-tenor, empresário e ensaiador Almeida Cruz, mas a união foi de curta duração.

Fonte:

Instituto Camões (excerto)

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