Nuno de Aguiar
Fado
Nuno de Aguiar (1941-) celebra os 45 anos de carreira em 2006 assinalados com a edição de um CD, etiqueta Metro-Som: “Meu Disco, Meu Fado”, e onde revela a sua faceta de poeta, ao assinar dois dos 14 fados que compõem o CD.
Nasceu na Travessa do Olival à Graça e revelou-nos que desde muito cedo se sentiu rendido ao mundo do Fado. Na sua vida infância, Concórdio trocava de bom agrado os pontapés na bola de futebol para ouvir e cantar o Fado. O fadista de hoje recorda os momentos em que, as vizinhas lhe pediam para fazer recados, e com os tostões que lhe davam, descia até ao Vale de Santo António para, numa tasca pagar um copo de vinho aos guitarristas, em troca de um Fado. È em pleno bairro de Alfama, no “Retiro” do Sr. Augusto, que Concórdio canta alguns dos Fados que ouve na Emissora Nacional. Contudo, estes acontecimentos dão-se sempre à “revelia” dos seus pais.
Uma nota curiosa neste seu percurso é que um dos grandes apreciadores de ouvir Concórdio a cantar, era o General França Borges, antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que frequentava o “Retiro” do Sr. Augusto e que em troca de uns tostões lhe pedia a interpretação de alguns temas de Fado.
Influenciado pelo pai, mestre em marcenaria de obras de arte, Concórdio aprende o ofício, no Instituto Industrial de Lisboa, mas cedo opta por se dedicar exclusivamente ao Fado e passa a ser solicitado para cantar, ainda que a título amador. Destaca-se então pelo estilo próprio de interpretação que o distingue de tantas outras vozes.
Em 1960 profissionaliza-se após ganhar o concurso “Primavera no Fado”, no Coliseu dos Recreios, findo várias eliminatórias no “Salão Luso”.
Depois do serviço militar, onde encantou os colegas com as suas interpretações de Fado, é convidado para o “Ritz Clube” (1965): “Um lugar fora do comum” dirá. Neste espaço, o Fado tinha início às 2 horas da manhã e durava até cerca das 7 horas da manhã. Aqui, Concórdio manteve-se por cerca de dois anos, até ao convite do Sr. Barros para integrar o elenco do “Retiro da Severa”. Surge então a oportunidade de gravar para a editora “Estúdio”, ainda que seja aconselhado a alterar o seu nome próprio – Concórdio para um nome considerado mais artístico e “nasce” Nuno de Aguiar. Praticamente todas as noites, Nuno de Aguiar interpretava o Fado “Bairro Alto”, (letra de Carlos Simões Neves e música de Nuno de Aguiar) e que se revelaria um enorme sucesso e que pontua a sua carreira.
Mais tarde, é convidado por Lucília do Carmo para o elenco do “Faia” situado no Bairro Alto, local de contínua aprendizagem e óptimas recordações.
Nuno de Aguiar revela-nos ainda as actuações de sucesso que tiveram lugar no Casino do Funchal.
É neste período que a carreira do fadista conhece contornos internacionais, com incontáveis viagens e concertos um pouco por todo o mundo, com apresentações em cidades que o fadista diz conhecer tão bem como o bairro onde nasceu! Numa dessas deslocações até à América, Nuno de Aguiar acaba por ficar durante 9 anos, em concertos para a comunidade portuguesa e não só.
Passou um longo período numa casa típica em Lourenço Marques (Moçambique), até ao 25 de Abril, altura em que regressa a Lisboa.
Após o regresso inicia um novo circuito pelas casas típicas de Lisboa, salientando-se a inauguração do “Forcado” e o início de uma colaboração assídua com Rodrigo no “Picadeiro”, em Cascais.
Torre da Guia é o seu poeta de eleição. Conheceram-se no serviço militar e desde então tem a particularidade de escrever a maior parte das letras que Nuno de Aguiar interpreta.
Celebra os 45 anos de carreira em 2006 assinalados com a edição de um CD, etiqueta Metro- Som: “Meu Disco, Meu Fado”, e onde revela a sua faceta de poeta, ao assinar dois dos 14 fados que compõem o CD.
Museu do Fado, acesso a 15 de abril de 2018