Né Ladeiras, cantautora natural do Porto

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Né Ladeiras

Cantora

Né Ladeiras é o nome artístico da cantora portuguesa Maria de Nazaré de Azevedo Sobral Ladeiras, nascida no Porto a 10 de agosto de 1959.

Nasceu numa família com grandes afinidades com a música. A mãe cantava em programas de rádio, o pai tocava viola e o avô materno tocava guitarra portuguesa, braguesa, cavaquinho e instrumentos de percussão.

Com 6 anos participou no Festival dos Pequenos Cantores da Figueira da Foz. Durante a adolescência integrou vários projetos musicais, entre os quais um duo acústico formado com uma amiga da escola.

A sua carreira musical começou realmente com a fundação, em 1974, com diversos amigos, da Brigada Victor Jara, projeto no qual tocavam sobretudo música latino-americana tendo participado em diversas campanhas de animação cultural do MFA (Movimento de Forças Armadas) e de trabalho voluntário.

O interesse do grupo pela música tradicional portuguesa só se manifesta nos últimos meses de 1976, após realizarem diversos espectáculos pelo país e aí “descobrirem” as potencialidades e qualidade da nossa tradição musical.

Em 1977, na sequência de uma actuação na FIL (Feira Internacional de Lisboa), manteve contactos com a editora Mundo Novo (associada à editorial Caminho), para a qual gravaram, durante dois dias, o álbum Eito Fora, editado nesse ano. Né Ladeiras interpreta, neste disco, um dos temas mais conhecidos, Marião com base num tradicional de Trás-os-Montes.

No ano seguinte, participou nas gravações do segundo álbum da Brigada Victor Jara intitulado Tamborileiro. Em 1979, depois de se separar da Brigada, juntou-se ao agrupamento Trovante, ainda antes de este alcançar sucesso, com o qual gravou o single Toca a Reunir.

Na altura da gravidez do seu primeiro filho, Né Ladeiras ficou em casa e nessa altura foi convidada pelos Trovante que já andavam há muito tempo à procura de uma voz feminina. Fizeram alguns espetáculos e toda a preparação de Baile do Bosque. Quase todas as músicas da maqueta apresentada às editoras eram cantadas por Né Ladeiras.

Entre 1980 e 1982, integrou um dos projetos mais inovadores da música portuguesa, a Banda do Casaco, fundada em 1973 por Nuno Rodrigues e António Pinho (ex- Filarmónica Fraude). Né Ladeiras participou na gravação dos álbuns No Jardim da Celeste (em 1981) e Também Eu (em 1982) que incluíam alguns dos maiores sucessos do grupo, como sejam Natação Obrigatória e Salvé Maravilha.

Né Ladeiras em concerto

O primeiro trabalho a solo de Né Ladeiras, Alhur, foi editado em 1982 pela Valentim de Carvalho. O disco, um EP (ou maxi-single) composto por quatro temas da autoria de Miguel Esteves Cardoso (letras) e Né Ladeiras (músicas), regista a participação de Ricardo Camacho na produção e dos Heróis do Mar como músicos de estúdio. Alhur é um disco que fala de águas, desde as águas régias do pensamento às águas salgadas dos oceanos e das lágrimas.

Né Ladeiras retribuiu, nesse mesmo ano, a colaboração com os Heróis do Mar, participando no maxi-single de Amor, que se tornou um grande êxito comercial.

Colaborou com Miguel Esteves Cardoso num duplo álbum intitulado Hotel Amen que não chega a ser gravado.

Em 1984 foi editado pela Valentim de Carvalho o álbum Sonho Azul, com produção de Pedro Ayres Magalhães (membro dos Heróis do Mar e futuro mentor dos Madredeus e Resistência), que também assina as letras e partilha, com Né Ladeiras, a composição das músicas. O disco é dedicado a todas as pessoas que fizeram do cinzento um “Sonho azul” e ao filho Miguel. Dos oito temas, os que obtém maior notoriedade são: Sonho Azul, Em Coimbra Serei Tua e Tu e Eu.

Participou no Festival RTP da Canção de 1986 com “Dessas Juras que se Fazem”, um inédito de Carlos Tê e Rui Veloso.

Em 1988 integrou o projeto Ana E Suas Irmãs, idealizado por Nuno Rodrigues – seu colega na Banda do Casaco e então director da editora Transmédia. O grupo concorreu ao Festival RTP da Canção de 1988 com o tema Nono Andar, sendo apresentado como um conjunto mistério. No entanto, Né Ladeiras não participou no certame, colaborando apenas na edição em single.

Em 1989 lançou um álbum dedicado à atriz sueca Greta Garbo, Corsária, fruto de um projecto de pesquisa, o que, aliás, é bem característico do trabalho a solo de Né Ladeiras. A produção e arranjos estiveram a cargo de Luís Cília. As músicas são compostas por si, sendo as letras da autoria de Alma Om. O disco não obtém uma grande divulgação, principalmente porque a editora abre falência pouco tempo após a edição do disco.

Colaborou igualmente com a rádio, outra das suas paixões, em rádios de Coimbra, Antena 1 e TSF. E, posteriormente, em resultado de algum desencantamento com a música, retirou-se da actividade musical.

Em 1993 participou nas gravações de “Matar Saudades”, tema bónus incluído na edição em CD do disco Banda do Casaco com Ti Chitas.

Né Ladeiras em Trás-os-Montes

Entre janeiro de 1993 e outubro de 1994, Né Ladeiras gravou, com produção de Luís Pedro Fonseca, o seu quarto álbum, Traz-os-Montes, uma produção da Almalusa com edição da EMI-Valentim de Carvalho, que resulta de dois anos de pesquisa de material relacionado com a música e a cultura tradicionais transmontanas (onde veio a descobrir raízes na família), nomeadamente as recolhas efetuadas por Michel Giacometti e por Jorge e Margot Dias. O disco recebeu o Prémio José Afonso.

A qualidade de temas como Çarandilheira e Beijai o Menino fazem deste disco, que é a revisitação de temas tradicionais transmontanos interpretados em língua mirandesa, a sua obra-prima e um dos melhores discos de sempre da música portuguesa.

No Natal de 1995 foi editado o álbum Espanta Espíritos, disco de natal idealizado e produzido por Manuel Faria (seu colega nos tempos dos Trovante), no qual participam diversos artistas, entre os quais se destaca Né Ladeiras que interpreta o tema “A Lenda da Estrela” com letra de João Monge e música de João Gil.

Em 1996 participou na compilação A Cantar com Xabarin, Vol. III e IV, proposta pelo programa da TV Galiza, com o tema Viva a Música! composto por Né Ladeiras e Bruno Candeias, no qual participam, nos coros, os seus filhos Eduardo e João.

O álbum Todo Este Céu, editado em 1997, é inteiramente dedicado às canções de Fausto, compositor popular português.

No álbum-compilação A Voz e a Guitarra faz incluir o tema As Asas do brasileiro Chico César e uma nova versão de La Molinera que conta com a participação do guitarrista Pedro Jóia.

Durante a Expo ’98 partilhou Afinidades com Chico César numa iniciativa que “desafia cantoras nacionais a conceberem um espectáculo para o qual convidam um ou uma vocalista que seja para elas uma referência.” Os dois intérpretes participaram igualmente no programa Atlântico da RTP/TV Cultura.Né

Ladeiras numa atuação para a televisão portuguesa

Em 1999 iniciou no Castelo de Montemor-o-Velho as gravações de um disco de cantares religiosos e pagãos com a produção de Hector Zazou. Nele participaram músicos portugueses como os Gaiteiros de Lisboa, Pedro Oliveira, João Nuno Represas, passando por um grupo de adufeiras do Paul e ainda a colaboração, em algumas faixas, de Brendan Perry, Ryuichi Sakamoto e John Cale. Por divergências de reportório com o mítico produtor, Né Ladeiras decidiu não continuar com as gravações e deu por finda a sua realização. Meses mais tarde outros nomes são indicados para a produção do disco Tim Whelan e Hamilton Lee dos Transglobal Underground e novos arranjos são elaborados pelos músicos britânicos. Apesar dos esforços da cantora e dos novos produtores o álbum não chegou a ser gravado.

Colaborou no disco Sexto Sentido que marcou o regresso da Sétima Legião. Em 2000 foi editada a colectânea Cantigas de Amigos com produção de João Balão e Moz Carrapa.

Anamar, Né Ladeiras e Pilar Homem de Melo juntaram-se em concerto, por iniciativa de Tiago Torres da Silva, em dois concertos realizados no mês de Novembro de 2000.

O álbum Da Minha Voz, de (2001), têm várias músicas do brasileiro Chico César e teve lançamento no Brasil em espetáculos realizados em São Paulo, com a orquestra do Teatro Municipal de São Paulo e com o grupo Mawaca. A imprensa brasileira teceu críticas positivas e elogiou, sobretudo, a voz grave e segura de Né Ladeiras. O disco conta com a participação de Ney Matogrosso, curiosamente cantando sozinho o tema “Sereia”.

Ao mesmo tempo foi delineando outros projectos: um disco inspirado nas pinturas de Frida Kahlo e um outro disco de homenagem à escritora Isabelle Eberhardt (escritora convertida ao Islão, autora de “Escritos no Deserto”) contando, para isso, com as letras de Tiago Torres da Silva.

Em 2002 foi editado o disco Anamar, Né Ladeiras, Pilar – Ao Vivo.

Foi editada uma compilação com os discos Alhur e Sonho Azul.

Em Abril de 2010 iniciou a gravação de um novo disco com composições suas e letras de Tiago Torres da Silva na alcaidaria do castelo de Torres Novas. Conta com as participações de Vasco Ribeiro Casais (Dazkarieh), Nuno Patrício (Blasted Mechanism), Francesco Valente (Terrakota), Corvos, Lara Li e Mísia.

Em 2016 lançou o CD “Outras vidas”, dedicado a várias mulheres que marcaram a sua vivência e a sua carreira como Avita, Greta Garbo, Frida Khalo, Madre Teresa, Isabelle Eberhardt ou Violeta Parra. A música é da própria e as letras têm assinatura de Tiago Torres da Silva tendo produção de Amadeu Magalhães.

discografia a solo

Álbuns

Alhur (1982) (EP, Valentim de Carvalho)
Sonho Azul (1984) (Álbum, Valentim de Carvalho)
Corsária (1989) (Álbum, Schiu!/Transmédia)
Traz-os-Montes (1994) (Álbum, EMI-Valentim de Carvalho) [4]
Todo Este Céu (1997) (Álbum, Sony) [5]
Da Minha Voz (2001) (Álbum, Zona Música)
Anamar, Né Ladeiras, Pilar – Ao Vivo (2002)
Outras Vidas (2016)

Compilações

Espanta Espíritos (1995) com o tema “A Lenda da Estrela” (CD, Dínamo)
A Cantar Xabarin (1996) com o tema “Viva a música!” (CD, Boa)
A Voz & Guitarra (1997) com os temas “La Molinera” e “As Asas” (2CD, Farol)[7]
Canções de Amigo (1999) (CD, Sony)

Participações Especiais

José Afonso – Benditos (CD, Galinhas do Mato, 1985)
Heróis do Mar – Amor (EP)
Sétima Legião – A Volta ao Mundo (CD, Sexto Sentido)
UHF – Amor Perdi (no álbum 69 Stereo, 1996)
Mawaca – Reis; Alvíssaras (CD, Astrolabio Tucupira.Com.Brasil, 2000)
MusicalBi – Çarandilhera (CD, Mastiço)
Corvos – No Canto do Olho; Depois do Mar Sem Fim (CD, Medo, 2010)
OMIRI – Malhão do Vento (CD, Dentro da Matriz, 2010)
Nação Vira Lata – Ayask ou Os Guerreiros da Utopia (CD, Kayamura)

Fonte: Wikipédia

[ Músicos do Porto ]

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