Moniz Pereira, autor de canções

Moniz Pereira

Autor de canções

Mário Alberto de Freire Moniz Pereira, nasceu em Lisboa, na Rua Gomes Freire, e faleceu em Lisboa no dia 31 de julho de 2016 aos 95 anos.

Numa busca rápida pelos registos da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) contam-se cerca de 120 temas (fados e canções) de sua autoria, quer a música, quer a letra ou de ambas. Além de “Valeu a pena” criado por Carlos Ramos e popularizado por Maria da Fé que o tornou inesquecível e um “hit” da música portuguesa, podemos referir entre outros êxitos “Fado Varina”, “Chaves da vida”, “Rosa da noite”, “Rio Tejo de Lisboa”, “Não me conformo”, “Rosa da Madragoa”, “Eu sei que tu sabes” ou “Leio em teus olhos”.

Carlos Ramos, Maria da Fé, Carlos do Carmo, Lucília do Carmo, Maria Armanda, Manuel de Almeida, Deolinda Rodrigues, Rodrigo são alguns dos fadistas que cantaram letras ou músicas de sua autoria, sem referir os muitos que as continuam hoje a cantar e a recriar.

Espantou todos quando aos cinco anos improvisou ao violino. A música continuaria a ser a sua paixão a vida toda, apesar de afirmar não conhecer uma nota. Não chegou a estudar música mas se uma ideia musical surge, coloca-se ao piano e cria, graças a um apurado ouvido e sensibilidade excepcional.

Qualquer esboço biográfico seu tem de referir em paralelo a carreira desportiva – quer como atleta, quer como treinador e homem empenhado no desenvolvimento do desporto nacional, participou entre dezenas de competições desportivas internacionais, nomeadamente em 12 Jogos Olímpicos -, e a carreira na música.

Ainda aluno do extinto INEF (Instituto Nacional de Educação Física) actual Faculdade de Motricidade Humana, em 1945 o jornal Os Sports escrevia a propósito da festa de aniversário daquela instituição: “uma menção especial para o conjunto vocal dirigido pelo aluno estagiário Moniz Pereira, que deu prova de muito apreciável sentido musical”, acrescentando que foi ovacionado pelos espectadores.

“Tocar de ouvido” como afirma é uma especialidade sua desde miúdo, quando regressava a casa do Cinema Central tocava no piano da família as músicas do filme a que assistira. Um acaso levou-o a começar a escrever para fado. Aconteceu n’A Viela, quando ouviu certo fado e imediatamente o reproduziu num piano que lá se encontrava. Foi desafiado a escrever, e começou a compor, em finais da década de 1950. O primeiro fado que compõe (letra e música), “Contentamento”, seria gravado por Lucília do Carmo que registou onze temas seus.

Depois do desafio feito n ‘A Viela começa a frequentar A Toca de Carlos Ramos, que ainda gravou alguns temas da sua autoria. De A Toca passou a frequentar O Faia e deu-se o conhecimento e convivência com Lucília do Carmo, por cuja voz se apaixonou.

“Valeu a pena” escrito em 1964, tem, segundo o seu autor, 23 versões diferentes interpretadas por 18 artistas, incluindo o espanhol Diego Romero e a brasileira Roberta Miranda.
Relativamente à música, a sua opinião foi expressa à revista Autores da SPA: “Perguntei um dia a um homem da rádio qual a palavra que mais se ouve na rádio portuguesa. Ele pensou, pensou e disse que não fazia ideia. Eu respondi-lhe: é ai. E depois expliquei-lhe: não é o ai de ó ai ó linda, não é o ai de ai Mouraria. É o ai de I love you, de I believe, I go, I want. As letras são péssimas, são muito piores que as nossas.”

Fontes: Portal do Fado e Museu do Fado

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