Max, Maximiano Sousa, cantor natural do Funchal

Max

Cantor

Max, de seu nome Maximiano de Sousa (Funchal, 20/01/1918 – Lisboa, 29/05/1980) foi um cantor e compositor de músicas que integram o repertório popular madeirense e nacional como: “Bailinho da Madeira”; “Mula da Cooperativa”; ou “Pomba Branca”.
Maximiano de Sousa foi um “embaixador” da Madeira com carreira internacional nos E.U.A., África do Sul e Europa.

Maximiano de Sousa, conhecido internacionalmente como Max nasceu na ilha da Madeira a 20 de janeiro de 1918 e começou a cantar muito desde criança, ficando conhecido como o rapaz que assobiava pela cidade enquanto fazia os “recados”.

A primeira atuação de Max aconteceu aos 19 anos, na Praia Oriental, numa casa de diversão do Funchal. O cantor obteve um sucesso extraordinário com essa atuação, que o levou a cantar nos hotéis mais frequentados da época: “Miramar” e “Belavista”, cujo diretor era o britânico Fred Jones, um dos impulsionadores da sua carreira.

Em 1944, Max profissionalizou-se como artista com atuações na discoteca Flamingo, integrado no conjunto Tony Amaral and His Boys. A carreira de Max no conjunto de Tony Amaral, como baterista e vocalista, teve início na década de 1940.

Impulsionado por diversos amigos, entre os quais Henrique Santana e Fred Jones, o cantor viajou para Lisboa em 1946 com Tony Amaral and His Boys para atuar no Clube Americano, localizado na Avenida António Augusto de Aguiar.

No período em que atuaram em Lisboa, Tony Amaral And His Boys atingiram um sucesso notório. Através deste percurso Max lançou a sua carreira a solo.

A despedida de Max do conjunto de Tony Amaral ocorreu na festa do presidente da república, Craveiro Lopes, no Palácio da Bolsa, Porto.

Com lançamento da sua carreira a solo o músico percorreu então o país e iniciou a gravação dos primeiros discos, constituídos por músicas populares da sua autoria.

Em 1949 Max assinou contrato com a editora Valentim de Carvalho e gravou o seu primeiro disco: um 78 rotações, onde estavam incluídas as músicas “Bailinho da Madeira” (letra a música de sua autoria), “Noites da Madeira” (de Tony Amaral), “Baile da Camacha” e “Baile dos Vilões” (do cancioneiro popular madeirense).

Temas que completam a lista de sucessos do cantor com: “Mula da Cooperativa”, “Porto Santo”, “3 ou Sinal da Cruz”, “Tingo Lingo”, “Chá-Chá de Lisboa” e “Magala”.

Outro grande êxito de Max foi a canção “Fado Mayer” de Armandinho e Barbosa, mais conhecido como “Não Digas Mal Dela”.

Max tornou-se então uma presença frequente na rádio, nomeadamente no “Passatempo APA”, em parceria com Humberto Madeira e Artur Agostinho, cujos programas eram emitidos a partir do Cinema Éden.

Após a sua passagem pela rádio Maximiano de Sousa conquistou o “teatro de revista”, com estreia em 1952. Tudo começou com um convite de Eugénio Salvador para participar no elenco de uma revista “Saias Curtas” no Parque Mayer.

Destacam-se ainda as participações nas revistas “Cala o Bico”, “Fonte Luminosa”, “Mãos à Obra”, “Peço a Palavra”, “Pimenta na Língua”, “Aqui é Portugal”, “Quem Sade, Sabe”, “Mulheres à Vista” e “Torne Portugal Mais Alegre com Robbialac”.

A carreira internacional de Max destacou-se com o sucesso obtido em vários países na Europa durante a década de 1950.
Um dos primeiros convites para atuar no estrangeiro veio de Espanha, onde Max atuou em Madrid na boîte “El Niño”.

Posteriormente, seguiu para França e atuou na televisão francesa com o tenor Tomé de Barros Queirós.
Um dos momentos mais importantes da sua carreira internacional surgiu em 1956, com o convite para atuar nos Estados Unidos. Max permaneceu neste país durante dois anos e nesse período participou num programa de Grouho Marx produzido para a NBC, visto por uma audiência de 48 milhões de espectadores. Um desempenho que valia um salário de cerca de mil dólares por semana, valor bastante significativo para época, apesar de atualmente o mundo do espetáculo premiar os artistas com milhões de dólares por concerto.

Ainda na América, o cantor atuou no clube “Flamingo”, em Hollywood e durante cinco semanas no espaço “El Chico”, em Nova Iorque. Max participou também num espetáculo organizado pelas Nações Unidas e teve o privilégio de atuar no Hotel “Long Beach” e no bar “Big Piano”, onde ganhou alcançou o primeiro prémio de um concurso.

Salienta-se o fato de Max, mesmo não sabendo cantar em inglês ou francês, ter conseguido permanecer durante longos períodos no estrangeiro, onde interpretava as suas músicas sempre em português.

José António de Sousa, filho de Max relata um episódio passado na África do Sul. Max tinha um show de 40 minutos no Clube dos Milionários, na Cidade do Cabo, onde cantava sozinho e os espetadores aplaudiam mesmo sem compreender o que ele dizia: “Um dia estava eu em Cape Town, no Clube dos Milionários, onde atuei cerca de três meses. Estava a lamentar-me por não saber cantar em inglês ou francês, quando um senhor perguntou à filha do dono do Clube o que eu estava a dizer. Ela traduziu-lhe a minha tristeza, e o dito cavalheiro, que era o diretor do Conservatório da cidade, abanou a cabeça em sinal de desacordo, dizendo para a jovem me traduzir:

«Um artista quando tem para dar e não para vender a sua arte, entregando-se-lhe com toda a sua alma e coração, não tem nacionalidade, nem língua. É universal».”

Além dos Estados Unidos e África do Sul, Max efetuou digressões no Canadá, Argentina, Brasil, Espanha, Alemanha, Austrália, Bélgica, Áustria, Angola e Moçambique.

Max regressou definitivamente a Portugal, retomou a sua carreira no teatro e voltou a integrar diversas companhias: Coliseu dos Recreios; Teatro ABC; Teatro Avenida; e Teatro Sá da Bandeira. Participou, igualmente, em programas publicitários da Emissora Nacional e da RTP.

Neste período surgiu outro dos seus maiores êxitos do músico com a canção “Pomba Branca”. Raúl Solnado relatou a história da composição desta canção, que reflete a versatilidade musical de Max. Após receber a letra da canção o músico começou a assobiar uma melodia e minutos depois apresentou a Raúl Solnado a música composta.

O talento de Max e o modo como projetou a ilha da Madeira no mundo foi reconhecido pela Secretária Regional de Cultura da Madeira em 1979, numa festa de homenagem organizada em sua honra a 29 de Janeiro. A homenagem decorreu no Casino do Funchal e foi transmitida para todo o país pela rádio e pela televisão. Por motivos de saúde Max não conseguiu estar presente, mas o evento contou com a participação de Amália Rodrigues, Raúl Solnado, Henrique Santana, Nicolau Breyner, Mara Abrantes, Valério Silva, Paco Bandeira, Carlos Coelho, o Trio Boreal, Joel Branco e a Orquestra Ligeira da RDP.

No âmbito desta homenagem Max foi entrevistado, na sua residência de Algueirão, quando a sua saúde estava bastante debilitada e afirmou:

“Os amigos são o meu bem mais precioso, (…) venham todos que eu não quero nem nunca quis ter inimigos. Para quê se estou no mundo por simples empréstimo?”

Autoria:

BARROS, Renata & FERNANDES, Rubina (2008). “Maximiano de Sousa”. In 50 Histórias de Músicos na Madeira. Funchal: Associação de Amigos do Gabinete Coordenador de Educação Artística, pp. 78-80.

Atualização:

ESTEIREIRO, Paulo. “Recordar Max“. In Diário de Notícias. Funchal.

VENTURA, Ana (2011). “Maximiano de Sousa“. Dicionário Online de Músicos na Madeira. Funchal: Divisão de Investigação e Documentação, Gabinete Coordenador de Educação Artística, atualizado em 23/09/2011.

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