Maria Jô-Jô
Fado
Maria Jô Jô é um nome familiar do universo fadista, normalmente associado à casa que gere desde de 1978 – a Taverna d’El Rey.
A fadista iniciou a sua carreira na Viela, onde teve por madrinha a fadista da velha guarda Berta Cardoso. Não admira que Maria Jô Jô revele que “antigamente era o fadista que fazia a casa de fados” e esta era tão famosa como os nomes que tivesse no seu elenco. A sua Taverna é uma das casas mais conhecidas de Alfama, e por ela passaram nomes como: Tristão da Silva, Tony de Matos, Francisco José, Fernando Maurício, Maria Valejo, Celeste Rodrigues, Vasco Rafael, Artur Ribeiro, Vasco Lima ou Martinho d’Assunção, que naturalmente ajudaram a transformar o espaço numa casa das mais conceituadas do bairro.
O espaço já foi ocupado por um armazém de sacos e depois por uma taberna. Mais tarde, abriu com o nome de Taverna d’El Rey pela mão de Francisco Lampreia, proprietário de vários restaurantes em Lisboa, encerrando pouco tempo depois. Até que Joaquim Manuel, conhecido por “Nelo do Twist” e vocalista dos Gatos Pretos a reabre, apresentando como fadistas Maria Jô Jô e Natália dos Anjos. É em 1978 que o marido de Maria Jô Jô compra a casa, que então passa a ser gerida por esta fadista.
A proprietária, que canta na sua casa todas as noites, dá muita importância ao lado de encenação no fado. Por isso, faz questão que os fadistas usem fato completo e que as artistas não sejam vistas sem o seu xaile e vestido comprido. Mas embora a indumentária e as luzes ajudem a construir um ambiente e façam parte do espectáculo, a magia do fado não resulta nunca de uma obrigação: “o fado não é quando a gente quer. Às vezes, rouca canto melhor. Isto do fado tem dias, tem momentos, é preciso uma disposição, um estado de espírito”, confidencia, lamentando a falta de critérios do público actual, pouco apto a distinguir entre um bom e um mau fadista. Durante os últimos anos, quase todas as casas de fado têm recebido um número muito maior de turistas estrangeiros do que de portugueses, facto que na sua opinião em muito contribui para que hoje se exija menos dos fadistas do que acontecia antigamente.
Maria Jô-Jô continua a conjugar o fado com a gestão da casa onde continua a actuar todas as noites. Sob a sua gestão remodelou o espaço, decorando o tecto com madeira a fazer lembrar as caravelas de antigamente e calcetando o pavimento com calçada portuguesa, com desenhos de grandes claves, que nos transportam imediatamente aos acordes do fado que aqui podemos ouvir.
Museu do Fado, acesso a 15 de abril de 2018