Luiz Duarte, orquestrador e guitarrista

Luiz Duarte

Orquestração . Guitarra

Luiz Duarte Rocha Marques da Silva nasceu em Lisboa a 8 de outubro de 1949 e faleceu a 06 de junho de 2021. Em 1959, fez formação na Fundação Calouste Gulbenkian e conheceu Edgar Willems, um dos mais importantes pedagogos do século XX. Entre 1959 e 1967 concluiu três cursos: curso de iniciação musical de Edgar Willems e Carl Orff, curso de Solfejo de Edgar Willems, curso de flauta de bisel e curso superior de Viola da Gamba. Foram seus professores Maria Vitória Reis, Raquel Simões, Maria de Lourdes Martins e Victor Marques Dinis.

Em 1961, foi selecionado para cantar e gravar duas canções e o genérico do filme realizado por Constantino Esteves Nove rapazes e um cão. Em 1962, atuou pela primeira vez na RTP no programa infantil transmitido em direto aos domingos.

Na sua estreia televisiva tocou um tema em xilofone e cantou o segundo tema acompanhando-se à viola. Entre 1963 e 1964 teve várias participações em teatro radiofónico. Na extinta emissora nacional, a convite da escritora Odete de Saint-Maurice, representou com alguns dos melhores atores da época, como Manuel Lereno.

Em 1967, iniciou a carreira profissional como músico a convite pessoal do maestro Thilo Krassman, para o substituir no seu grupo Thilos Combo, onde tocava baixo e cantava ao vivo todas as noites na “Galeria 48 “, com Paulo de Carvalho na bateria, Victor Santos em sax tenor e flauta, José Luís Simões na guitarra elétrica, e Jorge no piano e teclados. Começou a participar com regularidade na série de programas musicais TV Clube na RTP, e obteve a primeira carteira profissional do Sindicato Nacional dos Músicos em 1968.

Por influência familiar, o jazz foi a sua primeira paixão musical, e são incontáveis os concertos e jam sessions em que participou no Hot Club de Portugal na RTP no programa Pop 25 com autoria e apresentação de Luís Vilas Boas. Tocou com Carlos Menezes, Jorge Veloso, João Jorge, Rão Kyao e muitos outros. A nível internacional tocou com Artie Blakie, Dom Bias, Ronnie Scott, Jorgie Fame, Rita Reys, Marcus Resende, Helmut Zacaryas.

Em 1968, começou a participar em estúdios de gravação profissionais com os maestros Fernando Correia Martins, Jorge Machado, José Calvário, Pedro Osório, Jorge Costa Pinto. Foi convidado pelo maestro Thilo Krassman para ser músico residente no programa Zip Zip transmitido na RTP durante 52 semanas, com apresentação de Raul Solnado, Carlos Cruz e Fialho Gouveia.

Em 1969 representou pela 1ª vez Portugal e a RTP no Singing Europe 69, realizado em Sheveningen na Holanda, e logo depois foi convidado para ser músico residente no programa da RTP Curto Circuito com o maestro Pedro Osório, apresentado por Artur Agostinho e co-autoria de Luiz Villas-Boas e João Soares Louro. Entre 1968 e 1970, com Rão Kiao fundou o grupo de jazz Status.

Entre 1969 e 1974, gravei alguns discos de 45 rpm para as extintas Philips portuguesa, Rrádio Triunfo e Rossil como cantor e músico.

Em 1970 tocou no Porão da nau e no Casino do Estoril, com um grupo formado por alguns dos antigos elementos do Thilos Combo e do Quinteto Académico com o nome de Forma 5.

Entre 1971 e 1974 foi músico residente da orquestra do Teatro ABC no Parque Mayer, na altura em que o empresário Sérgio de Azevedo decidiu renovar o teatro de revista, contratando um elenco de atores que integrava Nicolau Breyner, Ribeirinho, Ivone Silva, Paulo Renato, Rui Mendes, Aida Baptista, Hermínia Silva e outros nomes famosos que fizeram história no teatro português. Contratou também os melhores músicos da época, e possibilitou o aparecimento de novos atores, como Herman José, Helena Isabel, Manuel Luís Goucha.

Em 1972 participou como solista na qualidade de viola-baixo, na estreia mundial de duas obras do famoso compositor e maestro polaco Krzysztof Penderecki. A célebre partita foi estreada sob a sua direção no auditório nº 1 com a orquestra de câmara da Gulbenkian. A segunda obra foi estreada no mesmo auditório com a mesma orquestra, desta vez dirigida pelo maestro Werner Andreas Albert, em 1973. No mesmo ano, a convite de Fernando Tordo e José Carlos Ary dos Santos, participou como cantor no festival da RTP com a canção Minha Senhora das Dores, em que o Fernando Tordo ganhou com a célebre “tourada”.

Em 1974, quando aconteceu a revolução de abril, estava como músico residente na orquestra do Teatro ABC. Em 1975, foi viver para Londres cerca de um ano.

No final de 1975, ao regressar a Portugal, inscreveu-se como sócio da Sociedade Portuguesa de Autores.

Em 1976, participou como músico (viola baixo) juntamente com Pedro Osório e F. Correia Martins no festival da RTP. Em 1977, fez a sua estreia como orquestrador no festival da RTP e juntamente com o grupo que integrava na altura, o quarteto 1111, (sem José Cid), orquestrou e gravou dois temas instrumentais de música portuguesa (Canção do mar e Lisboa à noite, que deu origem a uma digressão com a duração de um mês e meio, ao Canadá e E.U.A., e à gravação de um programa de televisão na Global – Network de Toronto (Ontário, Canadá).

Em 1978 foi orquestrador e diretor musical de um programa semanal para crianças da autoria de Badaró, produzido e realizado pela RTP.

Em 1979 foi convidado por Thilo Krassman para diretor de uma orquestra com 32 elementos, no 1º programa Tal e qual de Joaquim Letria, para a qual orquestrei e dirigi, durante 32 semanas.

Entre 1979 e 1980, a convite de Francisco Nicholson e Henrique Viana, dirigiu uma pequena orquestra do teatro ad hoc no Martim Moniz em lisboa, onde permaneceu durante ano e meio.

Entre 1981 e 1982, dirigiu no Teatro Maria Matos a orquestra que diariamente constituía o suporte do primeiro espetáculo musical protagonizado por crianças realizado em Portugal Annie, com Nicolau Breyner, Manuela Maria, Armando Cortêz, Carlos Quintas e Rita Ribeiro nos principais desempenhos. A partir desta altura começou a orquestrar LPs para diversos cantores e atores nacionais, como Fernando Tordo, Paco Bandeira, Samuel, José Jorge Letria, Júlio César, Simone de Oliveira, Isabel do Valle, Tonicha, José Malhoa, Toy, Tony de Matos, Cidália.

Em 1982 ganhou o seu primeiro festival da RTP realizado no Teatro Maria Matos, com a orquestração e direção de orquestra da canção Bem bom cantada pelas Doce, e foi a Inglaterra (Harrogate, Yorkshire) representar Portugal e dirigir a Orquestra da BBC no festival da Eurovisão.

Entre 1982 e 1984 trabalhou como músico e diretor musical com o Herman José e Carlos Paião nos programas produzidos e realizados nos estúdios da Edipim, produtora de televisão independente para a RTP.

Foi convidado por Paco Bandeira para o acompanhar nos espetáculos em Portugal e por todo o mundo, desde o Brasil à Austrália, como músico, diretor musical e orquestrador, até 1998. Orquestrou em parceria com Thilo krassman e participou também como músico na gravação da banda sonora do filme Kilas, o mau da fita realizado por Fonseca e Costa.

Em 1983, como compositor, orquestrador e diretor de orquestra realizou um programa especial de 30 minutos para a RTP com elementos da orquestra de câmara da Gulbenkian, intitulado “ notas soltas “. participou como músico e orquestrador em programas como “Tv show “ com José Calvário e Noites de gala com Pedro Osório, e tal como desde 1977 continuou a participar como orquestrador e diretor de orquestra em todos os festivais da RTP.

Entre 1983 e 1988 orquestrou e dirigiu muitos programas de televisão e concertos ao vivo nas ruínas do Carmo com a orquestra sinfónica da RDP.

Em 1988 foi nomeado diretor musical do programa semanal da RTP O nosso século da autoria de Octávio Clérigo. No mnesmo ano orquestrou, cantei com viola-baixo uma canção de Nuno Nazareth Fernandes para o festival da RTP desse ano, canção classificada em 1º lugar mas que não foi representada neste ano na eurovisão porque a RTP não participou. O título da canção é, Quando a noite se faz certa.

Em 1989, a RTP realizou o seu festival no Teatro Garcia de Resende em Évora e Luiz Duarte voltou a ganhar como orquestrador e diretor de orquestra, desta vez com o tema conquistador cantado pelos Da Vinci tendo novamente representado Portugal, desta vez na Suíça (Lausane), e dirigi a orquestra da S.S.R. (Televisão Tomande) no Festival da Eurovisão. Também em 1989 foi diretor musical do segundo programa Já está de Joaquim Letria, RTP.

Em 1991, como compositor, orquestrador e músico, dirigiu um CD para o cantor Tony de Matos com o título genérico Cantor latino de que resultou aquele que viria a ser o seu último programa gravado para RTP.

Em 1992 começou a lecionar música em escolas do concelho de Sintra (Massamá e Queluz) com o apoio da C.M. de Sintra. Lecionou viola baixo, viola acústica, flauta de bisel, solfejo e iniciação musical na escola Diapasão, em Lisboa, e deu aulas particulares.

A partir de 1993 começou a compor e orquestrar música para telenovelas da RTP através da NBP de Nicolau Breyner (Filhos do Vento, Grande Aposta, Vidas de Sal e Primeiro Amor.

Em 1996, por motivos pessoais e de saúde, decidiu viver com a minha família no Algarve (Albufeira). Ao verificar a inexistência de grupos corais no concelho, com a sua mulher, Isabel do Valle, propôs ao Município a criação dos coros municipais, projeto que foi aceite de imediato.

Em 1997 quando fundou os grupos corais municipais (grupo coral sénior e grupo coral infantil da CMA), desenvolveu um projeto com o grupo coral sénior, através de composições e orquestrações originais com o objetivo de divulgar a poesia e os poetas do sul, tais como António Aleixo, José Diogo Cabrita, Conceição Eloi, Joaquim Magalhães, Santos Serra, Manuel da Fonseca.

Desde 2000 lecionou a disciplina de Educação Musical (em português e inglês) a todos os alunos da EB1 de Brejos em Albufeira. Em 2001, foi promovido a sócio cooperador da Sociedade Portuguesa de Autores.

Em 2005, desvinculou-se da direção do grupo coral sénior da Câmara Municipal de Albufeira e continuou com a direção do grupo coral infanto-juvenil CMA que, em 2012, completou 15 anos de existência. Em 2006, fez o curso internacional de direção e pedagogia coral no I.S.E.I.T. – Instituto Piaget, destinado a licenciados e a diretores corais e de orquestra.

Em 2008, realizou o curso de formação contínua Ensino da música no 1º ciclo do Ensino Básico com a avaliação final de excelente.

Entre 2007 e 2008 reuniu algumas das suas composições originais e temas com carácter pedagógico dos mais diversos géneros musicais, e orquestrou, dirigiu e realizou a gravação do primeiro CD do grupo coral infanto-juvenil da Câmara Municipal de Albufeira. A partir de 2008, deu ações de formação de flauta de bisel a professores de música do Algarve, através da Meloteca.

No final de 2012 foi viver para Évora e na sequência desta mudança dirigiu desde 2014 um grupo coral da cidade.

Em 2016, comemorou cinquenta anos totalmente dedicados à atividade musical. Desde 2015, lecionou na EB2 e EB3 de Queluz.

Faleceu de cancro a 06 de junho de 2021.

Biografia facultada por Luiz Duarte em 2021

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