Bio+
Luísa de Melo
Fado
Luísa de Melo nasceu em Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, Açores.
Desde muito jovem Luísa começou a ouvir fado através da rádio e desde tenra idade se sentiu atraída pela sua nostalgia criando com o fado e com a guitarra uma verdadeira afinidade que originou nela o ardente desejo de aprender a tocar guitarra. Todavia, as carências de recursos na sua terra natal não lhe permitiram lá consumar este seu sonho.
Em 1972, Luísa decidiu radicar-se no Canadá, trazendo na bagagem a sua contínua paixão pelo fado e pela guitarra que continuam inalteráveis almejando sempre tornar-se guitarrista.
Já no Canadá, Luísa de Melo contactou o guitarrista José Bairos, que lhe ensinou tudo o que sabia, abrindo assim as portas ao seu tão ambicionado desígnio.
Depois já com alguns conhecimentos de guitarra teve a felicidade de encontrar na região de Toronto, o grande mestre e professor de guitarra António Amaro, que com a sua sapiência conseguiu dar asas ao seu sonho.
Concluída a aprendizagem, Luísa começou a acompanhar noites de fado como guitarrista e a fazer actuações públicas em clubes e associações, tendo alcançado rapidamente a admiração do público em geral e por mérito próprio conquistado alguns prémios e menções honrosas que muito têm prestigiado a sua carreira , entre os quais se destaca um prémio especial que lhe fora atribuído pela Fundação do saudoso mestre da guitarra portuguesa Mariano do Rego.
Luísa tinha assim consumado o seu grande sonho, mas o destino reservou-lhe um fado mais triste, que é talvez o ponto fulcral de toda a sua biografia. No auge deste seu grande júbilo, Luísa foi dramaticamente surpreendida com o diagnóstico de um cancro.
Em face desta pavorosa notícia, a sua vida toma então um novo rumo. Obviamente triste e desmoralizada chegou mesmo a pensar que tinha chegado o fim. Mas Luísa acreditava contudo que a fé pode fazer mover montanhas, tal como acontecera com a concretização do sonho de ser guitarrista.
Baseada nesta mesma filosofia, Luísa desafia a terrível doença sem nunca desistir de poder curar-se , continuando abraçada à sua guitarra, dedilhando-a sempre como que um bálsamo, com a convicção de que a sua fé e o amor à sua guitarra eram mais fortes do que a apavorante doença que a torturava.
Quase como que miraculosamente, Luísa acabou mesmo por recuperar da aterrorizadora doença, atribuindo esta consequência à fé que a sua amada e inseparável guitarra lhe inspirou, à qual quase religiosamente presta culto por lhe ter devolvido a vida e a alegria de viver. (…)
Euclides Cavaco
[ Músicos dos Açores ]