maestro Joly Braga Santos compositor

Joly Braga Santos

Composição

Joly Braga Santos, de nome completo José Manuel Joly Braga Santos (14 de maio de 1924 – 18 de julho de 1988) iniciou aos 18 anos a vida de compositor com a estreia do Noturno para violino e piano.
Joly Braga Santos empenhou toda a sua vida na causa musical e tomou como responsabilidade sua a sensibilização dos jovens para se dedicarem à arte musical. Em 1949, fundou o grupo de Jovens Músicos Portugueses.

A música, que já ouvia aos dois anos de idade, é a primeira forma artística de que se lembrava. Gostava que lhe oferecessem instrumentos musicais e o seu pai, apercebendo-se da sua predileção pela música, levava-o aos concertos e à ópera. Joly gostava especialmente das óperas com muito coro.

Aos cinco anos começou a tocar num violino de brincar, e o seu apego ao instrumento parecia conduzi-lo a uma carreira de violinista profissional. Chegou a estudar violino e composição no Conservatório de Lisboa.

Durante a sua juventude, o contexto de guerra mundial de então impediu-o de um contacto mais próximo com a cultura musical europeia. O antigo folclore português e o polifonismo renascentista estão bem presentes no seu primeiro período, durante o qual compõe as suas primeiras quatro sinfonias. Antes de completar os 20 anos de idade, transpôs para música, textos de Antero de Quental, Fernando Pessoa e Luís de Camões.

Joly Braga Santos aprendeu composição com Luís de Freitas Branco e Virgílio Mortari, respetivamente em Lisboa e Roma e regência de orquestra com Hermann Scherchen em Itália e na Suíça.

Em 1950, desempenhou as funções de Diretor da Orquestra do Teatro de São Carlos. Realizou múltiplos concertos e foi maestro nas estreias de obras de muitos compositores portugueses e estrangeiros célebres. Como autor, dedicou-se sobretudo à sinfonia, mas deixou-nos também ópera e música de câmara.

O estilo inicial da sua criação musical tem elementos da música polifónica portuguesa do Renascimento e do folclore alentejano. As suas primeiras produções revelam o forte ascendente de Luís de Freitas Branco, nomeadamente no culto de ideais neoclássicos, do modalismo e ainda na procura de construir obras que, segundo o próprio Braga Santos, “não desdenhando as conquistas do século XX, falassem ao homem comum com simplicidade e clareza”. Mas compositores como William Walton e Vaughan Williams exerceram também influência.

A maturidade e também as largas permanências no estrangeiro, onde contactou com técnicas mais evoluídas, o estilo de Joly Braga Santos foi-se renovando. O vocabulário harmónico tornou-se mais rico, com maior emprego da dissonância e do cromatismo.

O contacto com a Europa acontece com a sua ida para Itália, país onde Braga Santos foi bolseiro para musicologia, composição musical e direção de orquestra. No seu regresso a Portugal, tornou-se uma figura de destaque na direção de orquestra e durante um longo período de tempo deixou de lado a composição.

Além da vasta obra musical, Braga Santos pertenceu ainda ao Gabinete de Estudos Musicais da Emissora Nacional, foi Diretor da Orquestra Sinfónica do Porto, Maestro Assistente e de Captação da Orquestra Sinfónica da RDP, professor de Composição do Conservatório Nacional de Lisboa, crítico e articulista, entre outros do Diário de Notícias, e fundou ainda a Juventude Musical Portuguesa.

Eleito pela UNESCO como um dos 10 melhores compositores da música contemporânea de então, Joly Braga Santos disse de si próprio, parafraseando Stravinski, “Não me considero compositor, mas sim inventor de música.”

Antena 2, acesso a 11 de março de 2018

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