Joaquim Alves Amorim
Maestro
Joaquim Alves Amorim foi maestro, Chefe de Banda de Música, Tenente Coronel Músico, Inspetor Geral das Bandas e Fanfarras do Exército Português, mentor e criador da Banda Sinfónica do Exército Português.
Foi corresponsável pela criação e implantação dos Cursos de Formação de Sargentos Músicos no Exército Português. Desempenhou as funções de Maestro e Chefe titular da Banda Sinfónica do Exército durante vários anos.
Foi Maestro e Chefe titular da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana.
Compôs marchas militares, como “Exército Luso”. Dirigindo a Banda da Guarda Nacional Republicana gravou para as Edições Valentim de Carvalho em 1977 o disco Banda da Guarda Nacional Republicana.
Faleceu aos 88 anos, a 24 de fevereiro de 2019.
Testemunhos
“Foi alguém que sempre admirei e apreciei como Maestro e como homem. De fino trato, fez questão de me receber e à minha futura mulher, nas instalações da banda. Iluminou muitos momentos da minha adolescência nos concertos da GNR que assisti.” (António Saiote)
“Pelo que sei e pesquisei, na Revista nº 99 da Guarda Nacional Republicana, e tal me foi confirmado pelo meu amigo Filipe Sabino, que era 1º Trombone da Banda da Guarda Nacional Republicana e 3º Trombone da Orquestra Ligeira da RDP, o Major Joaquim Alves Amorim, o Chefe da Banda Sinfónica do Comando Geral da GNR, entre 1973 e 1982, inicia a sua carreira na Banda da Guarda como adjunto, passa pouco tempo depois a ser o oitavo chefe da Banda.
Precisamente nesse ano, grava com a Banda da GNR um LP polémico, que muitos músicos detestaram, por causa de várias obras terem sido retalhadas, entre elas a selecção “A Severa” de Frederico de Freitas e “Rapsódia Portuguesa” de Manuel de Figueiredo. Esse LP ficaria para a história da Revolução dos Cravos, porque foi precisamente esta marcha que a RTP transmitiu a seguir ao comunicado do MFA lido por Fialho Gouveia e anunciado por Fernando Balsinha, e antes da transmissão do Quarteto Concertante do maestro Frederico de Freitas, por Vasco Barbosa, Gaio Lima, Madalena Sá e Costa, Isabel Delerue e a Orquestra Sinfónica da EN.
Trata-se da Marcha “Victory” de António João de Brito. Atravessa um período conturbado da História Portuguesa, à frente da chefia da banda, pois esta coincide com o 25 de Abril. E apesar da perfomance publicitada fazer história, é nesta altura, por pressão do ambiente da revolução e por medo de alguns excessos, que terminam também as temporadas de concertos que a Banda realizava no Pavilhão dos Desportos.
A temporada de concertos semanais até então realizados no Quartel do Carmo foram retomados em 1975, como ilustra o programa de concerto. As digressões prosseguem com a deslocação à Bélgica (Mons) onde participa num festival militar em 1980, tendo esta sido muito apreciada.” (Miguel Catarino)
“O TCor Alves de Amorim foi o responsável pela implantação do cursos de Sargentos Músicos para quem não sabe. Na altura estava em funções na então Banda da Região Militar Norte sediada no Regimento de Infantaria do Porto, e o então Major Alves Amorim fez inúmeras reuniões com o então Inspetor de Bandas e Fanfarras do Exército Ferreira da Silva e através dessas reuniões com o Estado Maior do Exército ficou decido a implantação de um CFS remodelado e adaptado às necessidades das bandas militares. Estava a existir um envelhecimento dos quadros das bandas militares e a solução foi encontrada pelo TCor Alves de Amorim e o TCor Ferreira da Silva. O primeiro curso que teve esta estrutura foi o 12 curso de formação de Sargentos do qual faço parte. Devemos a este Senhor a remodelação dos quadros das bandas militares do Exército, e o não perder de excelentes músicos para outros ramos das Forças Armadas.” (António Coelho)
“Na Banda da Região Militar Norte, um dia o segundo comandante chamou o Sr. Major Amorim por um motivo: os Sargentos entravam tarde no quartel. O Major Alves Amorim perguntou – Como sabia? O comandante respondeu-lhe: – Eu próprio que estive à porta-de-armas. Resposta do Major: – Meu comandante, os sargentos são tão profissionais como eu. Nunca vi o meu comandante às duas horas da manhã quando chegamos dos concertos e, às cinco da manhã, quando saímos para Chaves e, não me pagam para ir tomar conta dos meus homens para a porta-de-armas. O comandante eleva o tom de voz e o Major (à época) diz-lhe: – Não me levante a voz. Passe-me uma guia-de-marcha, e apresento-me no Quartel General. (Álvaro Augusto Araújo)