João Garcia de Guilhade, trovador, Barcelos, Ai, dona fea

João Garcia de Guilhade

Trovador

João Garcia de Guilhade foi um dos mais notáveis trovadores galego-portugueses. Terá nascido em Milhazes, concelho de Barcelos e desenvolveu a sua arte poética em meados do século XIII. Terá frequentado a corte de D. Afonso III. Permaneceu alguns anos na corte de Afonso X (rei de Leão e Castela).

Cultivou, por vezes ironicamente, e de maneira deformada, os vários tipos de composição poética, destacando-se pelo seu humor, de que por vezes se torna ele próprio objecto. De estilo gracioso, introduziu ou desenvolveu de forma original alguns dos motivos da poesia trovadoresca.

Apesar de ser reconhecida a sua capacidade e mestria poética, muita da sua produção tem um carácter brejeiro. É autor de poemas mordazes e célebres, como «Ai Dona fea, fostes-vos queixar», e coube-lhe introduzir o tema dos «olhos verdes» na lírica portuguesa, com «Amigos, non poss’eu negar».

Em meados do século, João retornou a Portugal, provavelmente a Faria, perto Milhazes, onde criou os seus filhos e local onde se encontram duas de suas composições. Está ainda documentado aí em 1270, confirmando o testamento de um Lourenço Martins, marido de Sancha Pires de Guilhade, provavelmente sua familiar. O seu nome vem ainda referido nas O nome João de Guilhade é ainda referido nas Inquirições de 1288, a propósito da criação de um seu filho em S. Salvador de Fornelos. Não sabemos se ainda estaria vivo nesse ano, mas, a ser esse o caso, teria já certamente uma idade avançada.

Obra

Fólio do cancioneiro da Ajuda, que integra as cantigas Que muitos me preguntarám, Amigos, nom poss’eu negar, Senhor, veedes-me morrer e a primeira parte da cantiga U m’eu parti d’u m’eu parti.

Fólio do cancioneiro da Ajuda, que integra a segunda parte da cantiga U m’eu parti d’u m’eu parti, a cantiga A bõa dona por que eu trobava, e a primeira parte da cantiga Amigos, quero-vos dizer.

Fólio do cancioneiro da Ajuda, que integra a segunda parte da cantiga Amigos, quero-vos dizer e a cantiga Quantos ham gram coita d’amor.

João Garcia de Guilhade deixou uma vasta obra escrita, sendo considerado um dos mais notáveis do períodoː conservam-se até hoje 53 textos deste autor (nos géneros de cantigas de amor, de amigo e de escárnio e maldizer) nos vários cancioneiros medievais portugueses.

Cultivou, por vezes ironicamente, e de maneira deformada, os vários tipos de composição poética, destacando-se pelo seu humor, de que por vezes se torna ele próprio objeto. De estilo gracioso, introduziu ou desenvolveu de forma original alguns dos motivos da poesia trovadoresca.

  • A bõa dona por que eu trobava
  • A Dom Foam quer’eu gram mal
  • A mia senhor já lh’eu muito neguei
  • Ai amigas, perdud’ham conhocer
  • Ai dona fea, fostes-vos queixar
  • Amigas, o meu amigo
  • Amigas, que Deus vos valha, quando veer meu amigo
  • Amigas, tamanha coita
  • Amigos, nom poss’eu negar
  • Amigos, quero-vos dizer
  • Cada que vem o meu amig’aqui
  • Chus mi tarda, mias donas, meu amigo
  • Cuidou-s’Amor que logo me faria
  • Como se forom perder e matar
  • Diss’, ai amigas, dom J’am Garcia
  • Dom Foam disse que partir queria
  • Dona Ouroana, pois já besta havedes
  • Elvira López, aqui noutro dia
  • Elvira López, que mal vos sabedes
  • Esso mui pouco que hoj’eu falei
  • Estas donzelas que aqui demandam
  • Estes meus olhos nunca perderám
  • Fez meu amigo gram pesar a mi
  • Fez meu amigo, amigas, seu cantar
  • Foi-s’ora daqui sanhudo
  • Fostes, amig’, hoje vencer
  • Gram sazom há que eu morrera já
  • Lourenço jograr, hás mui gram sabor
  • Lourenço, pois te quitas de rascar
  • Martim jograr, ai Dona Maria
  • Martim jograr, que gram cousa
  • Morr’o meu amigo d’amor
  • Muito te vejo, Lourenço, queixar
  • Nunca [a]tam gram torto vi
  • Ora quer Lourenço guarir
  • Per bõa fé, meu amigo
  • Par Deus, amigas, já me nom quer bem
  • Par Deus, Lourenço, mui desaguisadas
  • Par Deus, infançom, queredes perder
  • Por Deus, amigas, que será
  • Quantos ham gram coita d’amor
  • Que muitos me preguntarám
  • Queixei-m’eu destes olhos meus
  • Quer’eu, amigas, o mundo loar
  • Sanhud’and[ad]es, amigo
  • Se m’ora Deus gram bem fazer quisesse
  • Senhor, veedes-me morrer
  • Treides todas, ai amigas, comigo
  • U m’eu parti d’u m’eu parti
  • Um cavalo nom comeu
  • Veestes-me, amigas, rogar
  • Vi eu estar noutro dia
  • Vi hoj’eu donas mui bem parecer
  • Vistes, mias donas: quando noutro dia

Fontes:

Wikipédia, Escritas

[ Músicos naturais de Barcelos ]

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