Helena Sá e Costa
Piano
Helena Sá e Costa (26 de maio de 1913 – 8 de janeiro de 2006) é neta de Bernardo Valentim Moreira de Sá (fundador do Conservatório de Música do Porto e do Orpheon Portuense), filha da pianista Leonilda Moreira de Sá e Costa e do pianista e compositor Luís Costa, Helena Moreira de Sá e Costa, pianista, concertista e professora, foi aluna dos seus pais e do Mestre Vianna da Motta.
Concluiu o curso de Piano no Conservatório Nacional de Lisboa com 20 valores. Obteve o prémio Beethoven e o da Emissora Nacional em 1943. Estudou ainda com Alfred Cortot e Edwin Fischer, com o qual tocou em 40 concertos nas principais cidades da Europa.
Irmã da violoncelista Madalena Sá e Costa, Helena foi uma personalidade marcante da vida cultural e musical do Porto na sua época. Viveu desde sempre imersa em música. A casa dos pais era visitada por pessoas como António Carneiro (pai de Cláudio, compositor), Teixeira de Pascoaes, Guerra Junqueiro, Teixeira Lopes, Roque Gameiro ou António Arroio, tradição que cultivou pessoalmente, mais tarde, sendo anfitriã na sua casa sempre aberta a amigos, músicos e nomes ligados à cultura, que deliciava com os dois pianos Bechstein no nº 53 do Largo da Paz.
Em 1935, ano em que concluiu o curso de piano no Conservatório Nacional com a classificação máxima, interpretou o Concerto Nº2 de Saint-Saëns com a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional sob a direção de Pedro de Freitas Branco. Mas, concluídos os estudos em Portugal, Helena partiu para Paris onde estudou com os pianistas Paul Loyonnet e Alfred Cortot.
Loyonnet que nos deixou um interessante livro intitulado “Beethoven e as 32 sonatas”, era considerado por Helena de Sá e Costa, o principal intérprete de Beethoven em França. Cortot, por outro lado, era o apaixonante mestre romântico, intelectual, autor de obras didáticas e biógrafo. Era sobretudo um artista do piano, um poeta do piano.
Depois da experiência vivida em Paris, Helena de Sá e Costa foi para Berlim, onde estudou com Edwin Fischer. Com ele, estreou-se em Paris em 1938, num concerto onde interpretou, ao lado do mestre alemão, os Concertos de Bach para dois e três pianos.
No regresso a Portugal, foi convidada para suceder a José Vianna da Motta, seu ex-mestre, no Conservatório de Lisboa. Mudou-se, anos depois, para o Conservatório do Porto, fundado pelo seu avô, e essas serão as únicas escolas onde lecionou oficialmente, em Portugal.
Helena de Sá e Costa marcou decididamente a música portuguesa no século XX, nos dois domínios em que se evidenciou: pianista e professora. No Porto, formou, entre outros, Adriano Jordão, Pedro Burmester, Fausto Neves, Francisco Monteiro, Manuela Gouveia, Sofia Lourenço, Bárbara Dória, Caio Pagano e António Pinho Vargas.
Em Portugal, destacam-se os Cursos de Música do Estoril dos anos de 1960 a 1980, mas por todo o mundo, onde era convidada para ministrar cursos ou classes de aperfeiçoamento, ensinou (ou “aconselhou”, como gostava de dizer) muitos mais.
Helena de Sá e Costa desenvolveu uma notável carreira internacional na Europa, Américas e África, como solista em música de câmara ou com orquestra. Tocou ao lado de famosos pianistas, violinistas, violoncelistas ou cantoras e sob a batuta de grandes maestros e foi jurada de reputados concursos. Na música de câmara, saliente-se o Trio e o Quarteto Portugália, onde a sua irmã foi violoncelista.
Associada, mais que a qualquer outro compositor, a Bach (já que foi a primeira a tocar a integral de O cravo bem temperado em Portugal), elegia como favoritos Mozart, Beethoven, Schubert, Chopin, Mendelssohn, Schumann, Brahms, Debussy, Ravel e Falla. Dos compositores portugueses, tocou Seixas, Bomtempo, Luiz Costa, Armando José Fernandes, Croner de Vasconcelos, Carneyro, Lopes Graça, Joly e Fernando C. de Oliveira.
Helena de Sá e Costa foi responsável pela direção dos Encontros da Primavera, em Guimarães e presidiu à comissão instaladora da Escola Superior de Música do Porto. Considerada e admirada pela sua cidade natal, o Porto fez-lhe várias homenagens, a última das quais durante a Porto 2001 – Capital da Cultura, tendo ainda sido dado o seu nome a uma sala de teatro e a um prémio musical. Em 2000, recebeu o Prémio Almada.
Morreu no Porto dia 8 de janeiro de 2006.
Antena 2, acesso ao texto a 05 de novembro de 2017