Helena Matos
Piano
A pianista Maria Helena Leite de Matos da Silva faleceu na noite de 23 de Julho de 2019, aos 100 anos de idade.
A pianista Helena Matos dedicou toda a sua vida à música, tendo entrado no Conservatório Nacional com onze anos, no início da década de 1930, quando Vianna da Motta estava na direcção musical da escola. Pouco depois iniciou uma carreira de concertista que durou mais de sete décadas e se estendeu a todo o país e no estrangeiro.
Atuou com diferentes gerações de grandes intérpretes, como os violinistas Jack Glattzer, Christa Rupper, Leonor Prado, Vasco Barbosa e Lídia de Carvalho, ou com a violoncelista Madalena Sá e Costa, entre outros músicos.
Helena Matos distinguiu-se em particular na interpretação dos repertórios romântico e do século XX, incluindo obras de compositores como Chopin, Anton Webern e Sergei Profokiev nos seus recitais, e também na divulgação da música erudita portuguesa, com composições de criadores como Armando José Fernandes, Fernando Lopes-Graça e Filipe Pires, de quem estreou “Seis Epígrafes”, ciclo de canções sobre poemas de Natália Correia, que levou a várias salas do país, com a meio-soprano Dulce Cabrita.
Colaborou, entre outras, com a Orquestra do Teatro Nacional de São Carlos, com a Orquestra da Radiodifusão Portuguesa e a Orquestra Gulbenkian.
Foi galardoada com um prémio nacional de interpretação, recebeu igualmente o Prémio da Juventude Musical do Porto, em 1954, e o Prémio Luiz Costa, de homenagem ao compositor, em 1962.
Na Escola de Música do Conservatório Nacional, em Lisboa, onde lecionou durante toda a carreira, manteve-se como referência de músicos como os pianistas Jorge Moyano e Adriano Jordão, e de musicólogos como Manuela Toscano e Rui Vieira Nery, que se contam entre os seus muitos alunos.
Helena Matos foi uma das fundadoras, com outras personalidades maiores do meio musical português, da Juventude Musical Portuguesa.
Fez parte de vários júris nacionais de música.
Recentemente, em 2017, foi publicado o seu derradeiro álbum, “Entrega”, com o tenor Fernando Serafim.
Também em 2017 foi distinguida pelo Governo português, com a atribuição da Medalha de Mérito Cultural, pela dedicação da sua vida às causas da cultura.
Fonte RTP