Gunther Arglebe
Direção de orquestra
Em 1947, quando se fundou a Orquestra Sinfónica do Porto, passou a integrar a instituição como terceiro flautista, ascendendo rapidamente a líder da secção das flautas.
Imbuído pelo sonho de dirigir uma orquestra, rumou a Munique para iniciar o curso de Direcção de Orquestras, Ópera e Coros, uma vez que em Portugal ainda não existia a formação. Terminou a formação em Wurzburg, na classe de Hans Reinartz com um exame de estado no Conservatório Estadual da Baviera.
Em 1962, regressou a Portugal e, até 1965, como director artístico da Orquestra de Câmara Pró-Música do Porto, realizou cerca de quarenta concertos. Criou, mais tarde, na Juventude Musical do Porto, um coro e um grupo de ópera, levando à cena obras como Bastian e Bastienne de Mozart (1962) e Il Filosofo de Campagna de Galuppi (1966).
Em 1967 foi criado o Círculo Portuense de Ópera, com o qual levou à cena a Ópera Rita de Donizetti. Transformou assim meros amantes da música num grande coral sinfónico.
No mesmo ano Arglebe foi nomeado director do orfeão Universitário do Porto e Maestro sub-director da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional.
Foi ainda nomeado Principal Maestro Convidado da Orquestra de Câmara de Wurzburg, com a qual dirigiu os primeiros concertos na Alemanha.
Em 1969 aceitou o convite para dirigir a Orquestra Sinfónica do Porto.
Em 1992 foi convidado para integrar o projecto Orquestra do Norte ao lado de José Ferreira Lobo. Aqui desempenhou papel fundamental e estruturante, pela sua intervenção enquanto chefe de orquestra e também pela sua dedicação à organização e aconselhamento no plano artístico.
Dotado de um peculiar sentido de humor, cultivou uma relação peculiar com as orquestras que dirigiu, utilizando esse humor instrumentalmente.
As suas qualidades intelectuais permitiram-lhe um pensamento abrangente sobre a partitura possibilitando-lhe assim uma abordagem profunda das obras cuja direcção tinha entre mãos. As afinidades com o reportório germânico eram evidentes. Este reportório permitiu-lhe trabalhar com rigor formal, muitas vezes austero mas eficaz, resultante da sobriedade, clareza e eficácia do gesto.
Na linha dos grandes chefes alemães, o seu estilo interpretativo era sóbrio e de bom gosto. Evidente na fidelização ao texto, ao plano formal da obra, ao equilíbrio dos planos sonoros.
A maior parte dos maestros portugueses são generalistas, mas poucos abordaram todos os géneros como Gunther Arglebe, e muito poucos a ópera.
Alguns compositores portugueses contemporâneos tiveram o privilégio de contar com as suas interpretações.
Faleceu com 77 anos, no 05 de Março de 2010.