Ferrer Trindade
Direção . Composição
Maestro, compositor e arranjador, Ferrer Trindade nasceu no Barreiro e morreu com 81 anos, vítima de infecção nos brônquios.
Desde cedo descobriu a sua sensibilidade musical.
Começou por atuar como músico amador no conjunto “Os Timpanas”, um grupo de cordas percutidas e dedilhadas. Mais tarde foi para a “Banda d’Os Franceses” onde aprendeu a tocar clarinete.
Posteriormente formou a sua primeira orquestra, no início utilizando o nome “Ferrer Trindade e sua Orquestra”, vindo mais tarde a chamar-se “Orquestra Ritmo”. Entretanto, trabalhava de dia e estudava à noite, matriculando-se como aluno externo no Conservatório Nacional de Música.
Aqui cursou instrumentos de sopro, violino, piano, composição, acústica e história da música, contando entre os seus mestres, Abílio Meireles, Wenceslau Pinto, Luís de Freitas Branco, Carlos Gonçalves, Padre Tomás Borba e Tomás Lima. A nível profissional, estreou-se como executante de clarinete na Banda da Armada, tendo como maestro Artur Fão. Na Orquestra Filarmónica de Lisboa concretizou a sua estreia com o violino, dirigido pelo maestro Ivo Cruz.
Nesse período decidiu formar a sua própria orquestra, que atuaria nos casinos da Póvoa do Varzim, Figueira da Foz, Espinho e Estoril, onde contactou com os maiores artistas nacionais e estrangeiros. Foi o primeiro a dirigir uma orquestra no período experimental da Rádio Televisão Portuguesa.
Ferrer Trindade escreveu muitas revistas musicais e dezenas de canções, entre as quais se contam alguns sucessos inesquecíveis. Amadeu de Vale, Aníbal Nazaré, Nelson de Barros, Carlos Lopes, Gonçalves Preto, Frederico Brito, César de Oliveira, Henrique Santana e Francisco Nicholson, foram alguns dos poetas e autores a quem Ferrer Trindade musicou os textos.
No seu currículo consta um primeiro prémio no Festival da Figueira da Foz, com canção “Olhos de Veludo”, e um terceiro prémio com a canção “Sombras da Madrugada”, ambas com versos de António José. No Festival de Luanda conquistou o primeiro prémio “Welvichia de Ouro” e o segundo “Dalila de Prata”.
Ferrer Trindade deixou melodias suas gravadas pelos melhores artistas portugueses, incluindo Amália Rodrigues.
Entre as muitas condecorações, obteve a Medalha de Ouro da Emissora Nacional, condecoração atribuída a compositores consagrados, a Medalha de Mérito Artístico, pelo Governador Civil do Distrito de Setúbal e a Medalha da Cidade de Setúbal atribuída pela Câmara Municipal, com base no reconhecido mérito da sua carreira musical e o seu elevado valor artístico.
A “Canção do Mar” deixou o seu nome imortalizado.