Fernando Ribeiro
Acordeão
Acordeonista, compositor e orquestrador, Fernando Martinho Cordeiro Ribeiro nasceu na freguesia de Tremês (Santarém), a 03 de março de 1933 e faleceu a 17 de setembro de 2019.
Aprendeu a tocar concertina de forma autodidacta aos cinco anos. Dois anos mais tarde mudou-se com a família para Lisboa, onde teve aulas particulares de Teoria Musical, Acordeão de Teclas e Piano.
Aos 10 anos foi incentivado por Vitorino Matono a mudar para acordeão de botões, tendo começado então a atuar em bailes, actividade profissional que manteve durante os dez anos seguintes.
O seu primeiro fonograma (disco de 78 rpm) foi editado pela Valentim de Carvalho em 1946, incluindo uma valsa e um corridinho da sua autoria.
Conheceu Fernanda Guerra em 1948, altura em que com esta iniciou uma colaboração artística que configurou o percurso artístico de ambos. Contraíram matrimónio em 1955 e começaram a apresentar-se como Duo Fernando Ribeiro e Fernanda Guerra, tendo atingido grande projecção nacional e internacional. Fernanda Guerra executava a melodia enquanto Fernando Ribeiro tocava variações e contracanto. Ainda em 1955 atuaram em Goa, Damão e Diu, a convite do Ministério da Defesa, e no Médio Oriente (Líbano, Síria, Jordânia e Egipto).
No início da década de 1960, Fernando Ribeiro adquiriu um acordeão electrónico, o primeiro importado para Portugal, passando a utilizar este instrumento quando actuava em duo, valorizando a sua interpretação através de recursos tímbricos do instrumento.
Um importante ponto de viragem na carreira de ambos, deu-se em 1961, quando começaram a actuar no Restaurante Folclore, em Lisboa, tendo aí desenvolvido uma atividade profissional durante 11 anos, acompanhando cantores de maior relevo no panorama musical da altura, como Tony de Matos, Francisco José, Paula Ribas, Maria José Valério, Maria de Lourdes Resende e Carlos do Carmo.
Nesse espaço conheceram empresários de espetáculos que lhes proporcionaram contratos no estrangeiro (Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos da América, Holanda, Suécia), onde atuaram em teatros, casinos, clubes noturnos, hotéis). Nesse período destacam-se as atuações em Monte Carlo para os Príncipes do Mónaco, em 1966, juntamente com MariaTeresa de Noronha e do Duo Ouro Negro, em Estocolmo no Sarau de Gala do Ano Internacional do Turismo para a Princesa Cristina, da Suécia, em 1967 e, no mesmo ano, em Paris no Teatro Olympia, em conjunto com Amália Rodrigues, Simone de Oliveira e Carlos Paredes, entre outros.
O Duo (Fernando Ribeiro e Fernanda Guerra) participou na Gala Hispanoportguesa em Torremolinos, em 1971, atuando em conjunto com Tonicha, Amália Rodrigues, Paulo de Carvalho e Carlos Paredes, e fez digressões pelo Brasil, em 1968, 1975-1977 e 1982.
Em 1986, após uma digressão de três meses pela Austrália, o Duo apresentou-se pela primeira vez no Teatro de Revista, como atração principal. Entre 1987 e 1996, Fernando Ribeiro trabalhou no Teatro Maria Vitória como Compositor, arranjador e ensaiador dos atores, findando o Duo que mantinha com a esposa. Em paralelo com o Duo, Fernando Ribeiro prosseguiu a sua carreira como solista, embora com menos intensidade.
Adquiriu um acordeão com bassetti (três filas de baixos adicionais num total de cinco oitavas), instrumento que se adequa à interpretação de música erudita, no âmbito da qual conquistou vários prémios, entre os quais: Troféu Mundial de Acordeão (em Calais, França, em 1967); Certámen International de Acordéon Ciudad de Irún, categoria profissional, em 1974; 3º lugar na categoria Sénior, no XX Troféu Mundial de Acordeão, em Trencianske Treplice (Checoslováquia, 1970).
Atuou, entre 1957 e 1986 e participou em programas de Televisão nos países onde atuou.
Apresentou-se com a Orquestra Ligeira da Emissora Nacional e participou em mais de uma centena de programas da mesma Emissora.
Gravou mais de 50 fonogramas, 15 como solista e os restantes com Fernanda Guerra, em Portugal, Espanha, Estados Unidos da América e Austrália, incluindo adaptações de música erudita e composições de sua autoria no âmbito da música popular e do folclore.
Compôs centenas de obras para Acordeão e para Teatro de Revista e fez numerosos arranjos e orquestrações para outros intérpretes.
Fonte
Carla Nunes, Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX, (Direcção de Salwa Castelo-Branco, IV Volume, P-Z, Temas e Debates, Edição do Círculo de Leitores, 1ª Edição, Julho de 2010, Pág. 1118 e 1119.