Fernando Freitas
Guitarra . Fado
Fernando Freitas, de seu nome completo Fernando Macedo de Freitas, nasceu em Lisboa, na freguesia de Santa Isabel, a 1 de setembro de 1913 e morreu em Lisboa, a 18 de março de 1988.
Com 9 anos apenas começou a trabalhar no Coliseu dos Recreios em “troupes” de palhaços excêntricos, parodistas musicais, tocando violino e depois também bandolim, banjo e cavaquinho.
Aos 12 anos aprendeu com o pai a tocar na guitarra o Fado Corrido, participando apenas com 14 anos em cegadas de Carnaval, então muito populares na capital.
Fernando de Freitas estreou-se como guitarrista em 1929, com apenas 16 anos, no Solar da Alegria, pela mão de Alfredo Marceneiro. Entretanto, dedicou-se a aprender variações na guitarra por influência de Armando Machado, enquanto ia tocando em algumas casas de jogos clandestinas, entre elas “O Peras”, na Rua de S. José, enquanto participava, também, em cegadas carnavalescas.
A partir deste momento, a par com a participação nas cegadas carnavalescas, passou a dedicar-se à guitarra, atuando sucessivamente em vários cafés e retiros, e acompanhando vozes como Ercília Costa, Adelina Fernandes, Maria Albertina, Teresa Gomes e Zulmira Miranda (também actrizes de revista).
Atuou no Café Chic de Belém e na Cervejaria Vitória da Rua de São Paulo, no Café Mondego e no Café Luso na Travessa da Queimada. Em 1935, com o advento da Emissora Nacional, acompanhou com o violista Abel Negrão, Maria Teresa de Noronha, nas suas actuações radiofónicas.
Em 1937 atuou em Paris com Armando Machado e em 1944 foi ao Brasil acompanhar Amália Rodrigues no Casino de Copacabana.
Seguiu de muito perto a fase inicial da carreira de Amália Rodrigues para quem compôs dois dos seus maiores êxitos: “Ronda dos Bairros” (com letra em alexandrinos de Francisco Santos) e “Sardinheiras” (com letra de Linhares Barbosa).
Na Guitarra de Portugal, de 15 Junho de 1945 pode ler-se:
“À hora de fechar o nosso jornal deve estar a tomar o “Clipper” que o conduzirá ao Rio de Janeiro, o virtuoso da guitarra Fernando Freitas que vai expressamente acompanhar Amália Rodrigues, que já se encontra nesse país…”.
Em 1951 voltou ao Brasil onde permaneceu 14 anos.
Em 1965 regressou a Portugal, atuando durante alguns anos na Adega Machado. Partiu depois para Espanha onde ficou três anos a acompanhar Maria Dolores Pradera (a quem chamavam a Amália espanhola) que também cantava o fado. Acompanhou Fernando Farinha na digressão que este fez aos Estados Unidos da América e Canadá, em 1966, tendo também acompanhado este artista à Argentina.
Compôs ainda, entre outras músicas, as de “A Canção da Neve” (criação de Berta Cardoso), “Fado Napoleão” (criação de Frutuoso França), “Trem Desmantelado” (com letra de Carlos Conde),”Fado Barroca” e “Fado das Romarias”.
A partir de 1971, Fernando Freitas ingressou no elenco permanente do Restaurante O Faia, ao lado de Ilídio dos Santos “Very Nice”, Martinho d’Assunção e Orlando Silva, e aí permaneceu 16 anos (os últimos já praticamente cego), acompanhando entre outros, Lucília do Carmo e Carlos do Carmo.
Foi casado com a fadista Maria Girão. É pai do cantor e compositor Fernando Girão, que também tem realizado trabalhos com incursões na área do fado.
Fonte: Museu do Fado