Emília Rodrigues
Cantora lírica
Maria Emília Pinto Rodrigues, cantora lírica, nasceu em Cascais, a 15-09-1894, e faleceu em São Paulo (Brasil), a 21-11-1979.
Era filha de João Rodrigues e de Maria Pinto Rodrigues e irmã de João Pinto Rodrigues que foi violinista e tenor. Seu pai, foi dono ou concessionário do restaurante do Coliseu dos Recreios, o que lhe permitiu, desde criança, assistir a frequentes espectáculos líricos que ali se realizavam e conviver com muitos dos grandes artistas que por lá passavam.
Deles recebeu os primeiros conselhos sobre canto. Depois estudou canto, já com continuidade, com Carolina Palhares, a quem procurou por indicação de Júlio Neuparth, e fez a sua estreia no Teatro Carlos Alberto, do Porto, em 15 de Dezembro de 1912, numa ”tarde artística” promovida pela empresa Galhardo em que se apresentaram Maria Bacelar Begonha e Alice Rebelo da Silva, que viria depois a fazer uma notável carreira com o nome de Alice Pancada. Em 07 de Fevereiro de 1914, ainda como aluna de Carolina Palhares, deu uma audição no Conservatório Nacional, em que cantou os rondós de “A Sonâmbula” e da Lúcia e uma ária do Hamlet.
Em 14 de Abril apresentou-se num concerto, no Teatro de D. Maria II, promovido por Ilda Palhares, em que também participaram a própria organizadora, Carolina Palhares, João Pinto Rodrigues e o violinista Francisco Benetó. Pouco depois, em 01 de Junho de 1914, fez a sua estreia como cantora de ópera, em A Sonâmbula, no Coliseu dos Recreios, com o tenor Giacomo Eliseo. Em 27 de Junho participou num concerto realizado no Conservatório Nacional, com Carolina Palhares, Isabel Pacheco Soares, Fernanda Melo Neuparth, Alfredo Mascarenhas, Guilherme Bizarro e João Bastos. O concerto foi em benefício de sue irmão João, provavelmente para lhe subsidiar os estudos.
Esteve ausente durante o mês de agosto, para ir estudar para Itália, porém a guerra não lho permitiu. Em 16 de janeiro de 1917, Emília Rodrigues, partiu para o Brasil, contratada para cantar durante três meses uma série de récitas no Teatro República, do Rio de Janeiro. Da mesma companhia (Rotoli-Billoro) faziam parte dos barítonos Mário Pinheiro (Brasileiro) e De Franceschi e os sopranos Rina Agozzino e Agustinelli.
Do ponto de vista artístico esta viagem não foi feliz para Emília Rodrigues. Tendo adoecido com uma laringite durante a viagem, viu-se impedida de cantar no Rio de Janeiro e, em São Paulo, contra a opinião do Médico e por não querer causar prejuízos à companhia, cantou uma récita do Rigoletto que, como era de esperar, esteve longe de ser brilhante.
Nesta última cidade, em 02 de junho de 1917, a cantora casou com João Diogo Vaz de Madureira Lobo, pondo assim termo à sua carreira lírica quando estava à beira de ocupar um lugar do maior relevo entre os grandes sopranos ligeiros da sua época.
Alguns contratos, que já tinha, rescindiu-os, e inclusivamente recusou outro, vantajosíssimo, que entretanto lhe chegara dos Estado Unidos.
A partir de então a sua vida artística limitou-se a esporádicas apresentações em concertos de beneficência e ao ensino do canto a um número muito restrito de amigos.
Fonte: Cantores de Ópera Portugueses, Mário Moreau, II Volume, Bertrand Editora.