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Diogo Carriço
Piano . Eletrónica
Sem fronteiras. Entre o acústico e o eletrónico. Entre a imagem e o som. Entre a máquina e o Homem. Entre o músico e o público. É este o mundo sem muros de Diogo Carriço.
Tudo começou com a vontade de compor para cinema. “O filme mudo tinha uma narrativa para a qual eu poderia construir uma narrativa musical paralela”, conta.
Diogo Carriço tinha 20 anos e já não se identificava com a estética da composição e da performance da música clássica, com a qual esteve em permanente contacto desde a infância, através do piano.
Mas o verdadeiro ponto de viragem chegaria mais tarde. Quando, num concerto, viu visuais a reagirem em tempo real ao que estava a ser tocado pelo músico, apercebeu-se da existência de novos terrenos que ansiava explorar: “O vídeo podia ser tocado pela minha música e a eletrónica oferecia infinitas possibilidades criativas. Isso interessava-me imenso.” A descoberta mudou-lhe o rumo indelevelmente.
Poucos anos depois, conheceu Henrique Couto, artista eletrónico, e desse encontro resultou o seu primeiro grande mergulho neste admirável mundo novo, de nome “Do it again insane drain”. Seria este o primeiro sulco na sua renovada faceta artística e o primeiro passo de um caminho resoluto que, hoje, talha a solo.
As performances de Diogo Carriço são uma simbiose entre elementos acústicos, eletrónicos e visuais, cujas interações são programadas consoante a sua vontade artística – ora o piano despoleta reações na eletrónica e nos visuais, ora é o artista que responde no piano ao que a eletrónica ordena. Nesta relação de forças – que oscila a cada música –, o artista derruba fronteiras entre géneros, viajando entre a eletrónica progressiva e o experimental, entre o jazz fusion e o post-rock.
O piano, o seu instrumento primordial, é explorado na totalidade: o músico tira partido de várias possibilidades tímbricas, recorrendo até à percussão nas cordas no interior do mesmo.
Mas é a criação e o desenvolvimento da tensão, através do jogo entre as texturas do frenético ruído digital e da paleta de sons puramente acústicos, que mergulham o espetador numa espécie de transe do qual este dificilmente se consegue libertar.
Permanentemente fascinado pela multiplicidade de possibilidades oferecida pela tecnologia, desenvolve e programa as ferramentas de que necessita para as suas performances. O controlo da eletrónica via gesto corporal e o modo como, através da visão computacional, o artista é capaz de ultrapassar limitações físicas e expressivas na performance musical, foram os temas centrais da sua tese de mestrado em Live Electronics, no Conservatório de Amesterdão.
No entanto, o conhecimento não se cristaliza na teoria. Nas suas músicas, Diogo Carriço recorre a sensores que foi buscar ao mundo da realidade virtual – como o leap motion – para, através do gesto de uma mão, fazer o que não conseguiria com dez. E o universo tecnológico estende-se para lá da presença na técnica do artista: tem ainda uma grande influência conceptual sobre a sua música. Em “Digital Feels”, por exemplo, a matéria-prima sonora é extraída da leitura áudio de ficheiros digitais, tais como PDFs – desvelando o mundo desconhecido e mudo dos ficheiros que jazem nos computadores que nos rodeiam diariamente. Ao vivo, o músico manipula eletronicamente os sons resultantes através de gestos.
Em 2018, conseguiu o apoio da Fundação GDA, sob a forma de uma bolsa de Qualificação e Especialização Artística.
A partir de setembro, estará em conjunto com o percussionista Daniel Bolba em residência artística na Universidade de Artes de Amesterdão, com o apoio da Nederlandse Filmacademie, para investigar sobre a utilização de fatos motion capture e o sensor leap motion na performance musical.
Diogo Carriço nasceu em 1995, em Rio Meão, Portugal. Sediado em Amsterdão, encontra-se atualmente a preparar uma performance imersiva, onde cruza piano, eletrónica e filme em tempo real e em que irá apresentar, pela primeira vez, uma compilação das suas principais músicas – no dia 22 de junho, na Amsterdam Blue Note.
Até à data, o artista integrou o cartaz do festival holandês Minimal Music Festival 2019, atuou nas salas Splendor e Amsterdam Blue Note (ambas na Holanda) e no Hard Club Porto (Portugal).
[ Bio facultada por Diogo Carriço e publicada a 30 de abril de 2019 ]