Deonilde Gouveia
Fadista
Deonilde Gouveia nasceu em Viana do Castelo, Portugal, e morreu em agosto de 1947 após doloroso sofrimento. Nos primeiros anos do século XX iniciou a sua carreira artística optando, numa primeira fase, pelo teatro.
Durante este período, trabalhou em diversas companhias artísticas – nomeadamente a pertencente a Armando Vasconcelos – com as quais percorreu todo o território nacional e quase todos os estados do Brasil, estreando-se como cantadeira, no Teatro República, no Rio de Janeiro, na opereta “Fado do Bairro Alto”.
Já de regresso a Portugal, foi na década de 1930 que Deonilde assistiu a uma maior dinâmica no seu percurso artístico e, após a sua estreia no Solar da Alegria, a cantadeira afirmará: “Sendo das mais novas cantadeiras, já, felizmente cantei do Norte a Sul do país. À beneficência somam-se também as actuações em verbenas, casas de fado, festas de homenagem, teatros e em casas de particulares.
Reflexo da estima e admiração não só por parte da imprensa mas também por parte dos seus colegas, ocorreu no Salão Artístico de Fados em outubro de 1930, uma festa de homenagem a Deonilde Gouveia, onde tomam parte nomes como: Armandinho, Ercília Costa, Berta Cardoso, Alberto Costa, Júlio Proença, Manuel Cascais, entre outros.
Em fevereiro de 1931, anuncia-se a reabertura de um dos mais emblemáticos espaços de fado, o Solar da Alegria, situado na Praça da Alegria, que sob a direcção de Deonilde Gouveia e Júlio Proença, abre portas com um novo elenco de artistas composto por: Alberto Costa e Rosa Costa, a que se juntam Deonilde Gouveia e Júlio Proença. O acompanhamento fica a cargo de João Fernandes e Domingo Costa na guitarra portuguesa e Santos Moreira na viola.
É também neste período que se assinala a existência de diferentes grupos de artistas com o propósito comum de realizarem espectáculos e digressões. Rui Vieira Nery identifica para além da “Troupe Guitarra de Portugal” e do “Grupo Artístico Canção Nacional”, o “Grupo Artístico Propaganda do Fado” integrado por Deonilde Gouveia, Júlio Proença e Joaquim Campos. A par destas atuações, Deonilde soma ao seu percurso artístico digressões em Portugal e na Ilha da Madeira.
Em 1936 figura na capa da “Canção do Sul” que a destaca como uma das mais representativas figuras do meio artístico e para quem “Deonilde é uma grande cantadeira. Canta o fado e sente-o com uma alma de eleição. É uma fadista antiga e tem o seu público fiel…”
Para além de excelente intérprete, Deonilde Gouveia figura também como autora de temas do seu repertório, a saber: “Portugal”, “Campinos” e “Tarde de Toiros”, entre outros registos.
Em 1946 foi alvo de uma homenagem no Retiro dos Marialvas.
Fonte: Museu do Fado