Coro Lopes-Graça

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Coro Lopes-Graça

Coro

Fundado em 1945 por Fernando Lopes-Graça, o Coro esteve inicialmente ligado ao Movimento de Unidade Democrática, tendo tido a sua estreia pública no Teatro Taborda aquando da apresentação do MUD à população de Lisboa.

Em 1950 foi incorporado na Academia de Amadores de Música, tendo dois anos depois – 1952 – adoptado o nome de Coro da Academia de Amadores de Música.

O Coro foi dirigido pelo seu fundador até 1988, passando nessa altura a contar com a direcção de José Robert, até então e desde 1974, maestro-adjunto de Fernando Lopes-Graça.

As Canções Heróicas constituíram, de início, o reportório do Coro. A breve trecho, porém, foi a sua apresentação pública interditada pela Polícia Política e pela Censura sem que, no entanto, estas lograssem consegui-lo em convívios privados, que muitas vezes tinham lugar após os concertos em colectividades recreativas populares ou em associações estudantis, bem como no exílio e nas prisões do regime de então onde, de facto, nunca deixaram de ser entoadas.

Frequentemente a actuação do Coro era acompanhada de uma parte dedicada à declamação de poesia, primeiro por Maria Barroso, mais tarde por Manuela Porto que, a dada altura, criou um grupo de amadores que representava textos de Gil Vicente, Tchekov, Pirandello e outros. Juntava-se a música, a poesia e o teatro como Federico Garcia Lorca havia feito com A BARRACA.

Na impossibilidade de públicamente fazer ouvir as Canções Heróicas logo em 1946, surgem como resposta os cantos tradicionais do povo português harmonizados por Lopes-Graça que a este respeito escreveu:

“A história das Canções Regionais Portuguesas pode, em certa medida, considerar–se solidária da história das Canções Heróicas”.

É o caso que, quando em 1946 foram apreendidas, para que o agrupamento coral já então formado e actuante pudesse prosseguir o seu voluntário apostolado cívico, de par com uma prestante assistência de ordem cultural junto das colectividades populares que constantemente solicitavam a sua cooperação, necessário era, de toda a evidência, mudar de táctica.

Mudar de táctica significava que arranjasse um reportório de cantos que promanasse de uma realidade colectiva, de algo em que o povo se reconhecesse e mediante o qual se exaltasse nos sentimentos e nas suas aspirações a um viver pátrio íntegro e limpo de aviltações. Essa realidade colectiva, essa matéria identificadora, era, entendemos nós que era, a canção tradicional portuguesa, oferecida, não na sua natureza de puro documento folclórico – o que seria uma solução simplista e de menor operância pedagógica pois que também estava na nossa mente uma accão educadora -, mas sim transformada e aprofundada na sua significação e na sua essência estética e social. E assim nasceram as versões corais das canções regionais portuguesas que, durante cerca de trinta anos, constituíram o forçado mas não menos actuante sucedâneo das quase à nascença assassinadas “canções heróicas”, no seu confluente propósito de servirem a grei portuguesa, para sua exaltação e ilustração”.

O Coro tem actuado de norte a sul de Portugal continental. Em Dezembro de 1974 deslocou-se a Paris para participar na I Semana do Emigrante, em Abril de 1979 foi a Luanda para as comemorações do 25 de Abril, em Abril de 1998 a Bruxelas para um concerto no Parlamento Europeu, em Junho de 2003 aos Açores – Santa Cruz da Graciosa, a convite da Academia Musical local e em Junho de 2006 novamente a Bruxelas para um concerto no Parlamento Europeu e a Paris, para um concerto no Institute Universitaire de Bobigny.

Tem constituído o reportório do Coro, durante os 61 anos da sua existência e as mais de 700 vezes em que se apresentou em público (dados coligidos apenas a partir da época de 1955/56), perto de 240 canções, da autoria de Lopes-Graça ou por si harmonizadas, metade das quais (120) foram registadas em 14 discos.

Cerca de 400 coralistas passaram já pelo Coro.

Fernando Lopes-Graça faleceu em 27 de Novembro de 1994 e, por decisão unânime da Assembleia Geral da Academia de Amadores de Música reunida em 14 de Dezembro do mesmo ano, o coro passou a designar-se “Coro Lopes-Graça da Academia de Amadores de Música”.

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