Bio+
Coral Infantil de Setúbal
Coro
O Coral Infantil de Setúbal foi fundado em 1979.
O Coral Infantil rapidamente granjeou fama a nível nacional, tendo desde logo promovido espectáculos em vários pontos do país e participado em programas da RDP e RTP, que mereceram rasgados elogios. O Coral era então constituído por 50 coralistas, com idades compreendidas entre os 6 e os 14 anos e fazia-se acompanhar por uma orquestra privativa, composta por 16 elementos.
Não possuindo instalações próprias, o Coral ensaiava numa sala do Museu Etnográfico, cedida para o efeito pelo Município. Em 1982, uma época conturbada em que muitas colectividades recém-nascidas não recebiam os necessários apoios e em que se avolumava o problema das instalações, o Coral foi “despejado” da sala onde costumava ensaiar, ficando sem condições de continuar o seu trabalho. Valeu então ao Coral o auxílio da Sociedade União Setubalense, que cedeu gratuitamente uma sala, mas as condições não eram as melhores e em Junho desse mesmo ano o Coral viu-se forçado a suspender totalmente as suas actividades. Iniciou-se um movimento que lutou para que o Coral Infantil de Setúbal não acabasse e, após o fechar de muitas portas, houve uma que se abriu de par em par. Foi a porta da “Stella-Maris”, instituição que acolheu o Coral até Novembro de 1993, altura em que foi inaugurada a sede social. O nome do Padre Manuel Vieira ficará, assim, indissociado da história do Coral.
Em Março de 1984 foram retomados os ensaios e o Coral realizou em 26 de Maio desse mesmo ano o seu primeiro espectáculo depois da interrupção das actividades. A partir daqui, o Coral, com os seus 65 coralistas e a sua Orquestra de 16 músicos, fez dezenas de actuações, não só em Setúbal como em diversos pontos do país, sendo sempre alvo das referências mais elogiosas. Foi, ainda, convidado, por diversas vezes, a gravar para a televisão e, sob a direcção de Carlos Alberto Moniz, gravou um disco com dois temas: “A saia da Luisinha” e “Rei D. Leão”. Tratou-se de um período em que o Coral Infantil de Setúbal se afirmou como uma instituição credível no panorama cultural setubalense.
Apesar dos sucessos que foi obtendo e do crescente protagonismo que foi assumindo, em finais de 1986 o Coral viu-se de novo, e inesperadamente, envolvido numa situação de crise, com a demissão de Adriano Pereira, seu fundador e maestro. Iniciou-se, então, um processo que poderá ser definido como a segunda grande crise na ainda curta história da instituição. Para fazer frente às mais variadas tentativas de desestabilização de que o Coral foi alvo, valeu, na altura, a coesão de todos os elementos, desde Direcção e músicos a elementos fundadores do Coral, coralistas e encarregados de educação. Tal permitiu que a situação fosse ultrapassada sem sobressaltos.
A direcção artística fora, entretanto, assumida pelo Maestro Maurício Vieira da Silva que se manteve nesse cargo entre 1987 e 1992. Entretanto, em Março de 1986, Raul Veloso toma posse como Presidente da Direcção, cargo que ocupará ao longo de dez anos. É sob a sua direcção que em 8 de Maio de 1988 se realiza o 1º FESTIVAL DA CANÇÃO INFANTIL DE SETÚBAL / COSTA AZUL, tendo como principal objectivo a criação e promoção de novas canções de natureza infantil. O Festival é organizado pelo Coral e patrocinado pela Câmara Municipal de Setúbal e pela Região de Turismo de Setúbal / Costa Azul e, desde logo, se afirma como pioneiro e como uma referência de qualidade no panorama dos festivais infantis que, ao longo dos anos, se vão realizando, cada vez em maior número, por todo o país. Em 1991 dá-se início a outra realização que se vai manter ao longo dos anos, passando a constituir uma tradição e um ponto alto das actividades de cada época. Trata-se dos ENCONTROS DE COROS INFANTIS DA CIDADE DE SETÚBAL, que no dia 8 de Março de 1991 tiveram a sua primeira edição.
Em 1989 é dado um passo decisivo para se concretizar a aquisição de uma sede social para a instituição. No dia 26 de Julho de 1989, em cerimónia que decorreu no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal, na presença do Senhor Presidente da Câmara, Professor Mata Cáceres, a Portucel entrega ao Coral Infantil de Setúbal, na pessoa do seu Presidente, Raul Veloso, a quantia de 11 milhões e 700 mil escudos, destinada à aquisição da sede.
Em 27 de Novembro de 1993, coincidindo com o 14º Aniversário do Coral, é inaugurada pelo Professor Mata Cáceres, Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, a sede social da instituição, na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Apesar da exiguidade das instalações, a existência de uma sede própria revelar-se-á de fundamental importância para o normal funcionamento das actividades.
Entretanto, em 1992, Jorge Salgueiro assumira o cargo de Maestro dando início a uma nova fase na vida da instituição. Jorge Salgueiro apresenta um projecto próprio e ambicioso, que se sintetiza em dois grandes objectivos. O primeiro visa a integração do Coral no contexto internacional de coros infantis, com capacidade para interpretar as grandes peças do repertório sinfónico e de câmara para coro infantil. O segundo objectivo deste projecto visa, a médio prazo, estimular o gosto e a prática da música clássica na cidade de Setúbal, uma cidade onde importa honrar a tradição musical, dotando-a de mais cantores e mais público para a área do canto lírico.
Com Jorge Salgueiro o Coral começa por interpretar temas acompanhados ao piano por Teresa Cabica e, mais tarde, é criada uma equipa de trabalho constituída por um Pianista (Óscar Mourão), um Professor de Formação Musical (Mário Cabica) e uma Professora de Canto (Juliana Telmo) que, com o Maestro, garantem a necessária formação dos coralistas.
O primeiro objectivo é claramente atingido e o Coral passa a integrar no seu repertório peças, quer de câmara quer sinfónicas, originalmente escritas para crianças por grandes compositores. A equipa de trabalho passara, entretanto, a ser constituída por Paulo Tavares, Mário Cabica e Ana Cosme.
Dado que o Coral é, frequentemente, convidado a actuar em espaços e situações que não se coadunam com o seu âmbito, sente-se a necessidade de formar um grupo que possa responder a essas solicitações. O Mini-Grupo, constituído por um número restrito de coralistas mais novos, é então formado. Interpreta temas de Festivais da Canção Infantil e Juvenil da Costa Azul e alia a dança ao canto. A médio prazo a sua manutenção revelar-se-á difícil, dado que as exigências do Coral não deixam muito tempo livre para esta actividade.
Em Abril de 1995 é estreado o musical infantil em 1 acto “Festa da Bicharada”, uma peça musical da autoria de Mário Gomes Silvério e Jorge Salgueiro. Apesar de apenas ter duas apresentações, a peça regista um grande êxito.
Em1996 António Santos é eleito Presidente da Direcção. Concretiza-se, então, a gravação do primeiro CD do Coral, sob a direcção do Maestro Jorge Salgueiro. Com este trabalho o Coral visa atingir o segundo objectivo do seu projecto, estimulando o gosto pela música clássica. O CD “enCANTAR” apresenta, por isso, uma vertente clássica de repertório sinfónico e uma vertente mais lúdica, com temas de filmes da Walt Disney. Este CD é lançado no Concerto Comemorativo do 18º Aniversário do Coral, em 23 de Novembro de 1997, no Fórum Municipal Luísa Todi.
Entretanto o Coral continua a realizar todos os anos o Festival da Canção Infantil e Juvenil da Costa Azul. A Câmara Municipal da Vila da Povoação, em S. Miguel, Açores, conhecedora do prestígio deste Festival, manifesta o seu interesse em estabelecer um protocolo visando a participação mútua nos Festivais da Canção Infantil dos dois Municípios. Assim, em Maio de 1997, é assinado um Protocolo entre a Câmara Municipal de Setúbal e a Câmara Municipal da Vila da Povoação, com esse objectivo. Nesse mesmo ano, a 10ª edição do Festival da Canção Infantil e Juvenil da Costa Azul conta já com a participação da Carla Patrícia, em representação da 6ª Gala Regional dos Pequenos Cantores “Caravela d’Ouro” da Vila da Povoação. Ao longo dos anos este intercâmbio tem permitido a aproximação entre a Organização dos dois Festivais e, simultaneamente, tem proporcionado inolvidáveis vivências às crianças que nele têm participado.
O Coral vai-se afirmando, cada vez mais, como uma instituição fundamental no panorama cultural setubalense, o que é reconhecido pela Câmara Municipal de Setúbal que, em 15 de Setembro de 1997, distinguiu a instituição com a Medalha de Honra da Cidade de Setúbal.
Em 1998 Isabel Mendes é eleita Presidente da Direcção. O Coral enfrenta, entretanto, algumas dificuldades de funcionamento face à impossibilidade de o Maestro Jorge Salgueiro continuar a assumir a direcção do Coral. A marca decisiva que ele imprimira à actividade do Coral e a dedicação e entrega com que assumira as suas funções, tornava difícil a sua substituição e os próprios coralistas tinham muita dificuldade em aceitar a sua saída. Valeu, na altura, a disponibilidade de Paulo Tavares, pianista residente do Coral, que, conhecendo bem o tipo de trabalho, conseguiu dar continuidade às actividades. A função de pianista foi, provisoriamente, assumida por José Bom de Sousa e posteriormente por Olga Beliaeva.
Em 1999 o cargo de Maestro é assumido por Nuno Batalha, que forma nova equipa de trabalho, constituída por António Laertes (Piano), Célia Inês Nascimento (Técnica Vocal / Soprano) e Mário Cabica (Formação Musical / Clarinete). O Coral volta a adquirir a estabilidade necessária para consolidar os objectivos traçados e para se aventurar em novos projectos. Assim, em Dezembro de 1999, concretiza-se uma deslocação a Madrid e o Coral actua, com grande êxito, na Basílica de San Francisco el Grande. Em Março de 2000, os coralistas acolhem em suas casas os colegas do Coro Infantil do Gabinete Coordenador de Educação Artística da Madeira que, por sua vez, os acolhem em Junho. O Coral actua, então, no Funchal. Em todas as suas actuações é elogiada a qualidade que apresenta bem como o repertório, enriquecido com arranjos originais de Jorge Salgueiro, que continua a dar a sua inestimável colaboração.
O mérito do trabalho desenvolvido pelo Coral é também reconhecido a nível institucional e, em Agosto de 1999, a Presidência do Conselho de Ministros atribui ao Coral Infantil de Setúbal o regime de Entidade de Utilidade Pública.
Seguro das suas capacidades para se lançar em novos projectos, o Coral sente, entretanto, a necessidade de um novo espaço que permita viabilizar o crescimento da instituição, quer em termos do número de coralistas, quer em termos da diversidade de actividades. Sensível a esta necessidade, a Câmara Municipal de Setúbal cede ao Coral o rés-do-chão de dois prédios situados na Quinta da Poupinha. Esta cedência, por um período de 50 anos, é feita em regime de comodato, cujo contrato é assinado em Setembro de 2000. A utilização deste espaço não é, contudo, imediata uma vez que se torna necessário proceder a obras de insonorização e de adaptação do espaço às necessidades do Coral.
Em 2001 o Coral concretiza a gravação do seu segundo CD, sob a direcção do Maestro Nuno Batalha. Este CD, composto exclusivamente por temas “a cappella”, é gravado na Igreja de S. Sebastião.
Enquanto aguarda a concretização das obras que vão viabilizar a utilização da nova sede e, consequentemente, a realização de novos projectos, o Coral prepara-se para alargar o seu âmbito de trabalho a uma camada etária mais alargada. Tentando dar resposta à insistente solicitação por parte dos coralistas mais velhos, está a ser ponderada a criação de um coral juvenil.
Foi recentemente apresentado um Musical de autoria de Jorge Salgueiro (musica) e de Risoleta Pinto Pedro (Libreto) denominado “Kate e o Skate”.
Song for the children