Bio+
Carlos Peninha
Guitarra
Carlos Peninha é o nome artístico de Carlos Alberto Carvalho Marques, nascido em 14 de maio de 1962 em Viseu, guitarrista e multi-instrumentista autodidata desde os 12 anos.
A partir de 1982 estudou nos conservatórios de Música de Aveiro, Porto e Viseu e também na Escola de Jazz do Porto onde estudou com Carlos Azevedo e Mário Barreiros e Pedro Barreiros, tendo frequentado mais tarde formação sobre música e improvisação com Jimmy Weinstein através da Traveling School Playjazz.
Em 1987 foi professor de piano jazz na Escola de Jazz do Porto durante dois anos. Posteriormente profissionalizou-se como professor de Educação Musical na Universidade de Trás os Montes e Alto Douro.
Foi cofundador do Quinteto de Jazz de Viseu, o primeiro grupo de Viseu a tocar música de influência jazz, em 1986, onde tocou piano e compôs grande parte do reportório.
No final dos anos 80 foi responsável pela realização e programação dos primeiros Encontros de Jazz de Viseu que teve duas edições no Hotel Príncipe Perfeito em Viseu onde tocaram músicos nacionais e internacionais assim como projetos viseenses.
Carlos Peninha é colaborador de vários projetos teatrais e musicais, onde toca guitarras e teclados, com destaque, desde 1994 para o Trigo Limpo Teatro ACERT, onde fez grande parte do seu trabalho musical durante alguns anos quer como intérprete ou compositor, com especial relevo para a criação de Música para Teatro.
É responsável pela direção musical dos espetáculos e CDs do Trigo Limpo Teatro ACERT Soltar a Língua, Cantos da Língua e do A Cor da Língua, projetos que têm como protagonista a Língua Portuguesa, com todas as riquezas da Diáspora, onde assume igual importância a palavra dita e a palavra cantada, tendo também composto a maioria da musica original destes projetos.
Atualmente participa e dirige o projeto “Carlos Peninha – Ponto de vista”, projeto de música improvisada que interpreta temas da sua autoria, baseado no Carlos Peninha quarteto, projeto que mantém há cerca de vinte e cinco anos, agora com a edição do CD homónimo em Dezembro de 2019, resultado de candidatura a apoio financeiro do Viseu Cultura. Lidera o projeto “Tocar o Chão” com música da sua autoria sobre poesia de língua portuguesa da diáspora.
Editou em nome próprio:
- no final de 2017, o CD Tocar o Chão, que conta com a participação de músicos de Portugal, Moçambique e de Espanha.
- no final de 2019, o CD Ponto de Vista, que conta com a participação de músicos de primeira linha do Jazz Português.
- em 2021, o CD Dispersos, em formato digital, que é resultado de uma seleção de gravações feitas ao longo dos últimos 30 anos, que conta com a participação de músicos com quem trabalhou durante o período de tempo referido.
Começou em 2020 o projeto Sessões (In)discretas, que consiste na publicação de vídeos com música sua, inédita, no seu canal de Youtube e divulgação nas redes sociais, tocada e filmada com a com a colaboração de músicos a partir da casa/estúdio de cada um.
É desde 2020 o presidente do Júri do Garband Music Fest, festival de bandas e projetos musicais de Vila Nova de Gaia.
Recebeu o prémio Mérito Artístico dos Prémios Animarte 2012 do Gicav, Viseu, e o prémio Mérito Artístico dos Prémios Animarte 2019 do Gicav, Viseu.
discografia
Participações a solo e como parte de equipas (CD)
• Carlos Peninha – Dispersos – CP 2021
• A Dúvida Soberana CD/DVD – Zeca Medeiros – Tradisom 2021
• Liberdade (single digital) – Márcia Tao (Brasil) 2021
• A Distant Shore (single digital) Cienta o Maquinista/Carlos Peninha – 2021
• Carlos Peninha – Ponto de Vista – CP 2019
• Carlos Peninha – Tocar o Chão – CP 2017
• A Viagem do Elefante, Luis Pastor e A Cor da Língua ACERT-2014
• “Especial Interfolk”, Toques do Caramulo-2012
• “Retoques” Toques do Caramulo-2011
• “Músicas de Sempre” Paulo Lima 2010
• “Musica Portuguesa” Edisco 2010
• “Totem” de NARF, Fran Perez 2007
• “Cantos da Língua” Acert- 2006
• “Pauta Inacabada”, homenagem a Sérgio Mestre 2005
• “Torna Viagem” (José Medeiros) Disco Prémio José Afonso 2005
• “Amusia” Wipeout 2005
• “Gente feliz com lágrimas” CD e Banda Sonora da série televisiva da RTP Açores de José Medeiros 2005
• “Musica deste tempo” (de Paulo Lima) 2004
• “Soltar a Língua” Acert– 2001
• “Luna del Plata” de Andrés Stagnaro (Uruguai) 2000
• “Cinefilias e outras incertezas” de José Medeiros 1999
• “ManifestaSons” – 1996
• “Ópera do Bandoleiro” (de Carlos Clara Gomes) 1994
Participações como Autor/Produtor/Arranjador
- Produção e arranjo do single “Liberdade” de Márcia Tao (Brasil) 2021
Autorias (Músicas e Letras)
CD “Mariana” de Mariana Abrunheiro- Musica –Anunciação,2013.
CD “Caminho” de Silvia Mitev – Musica e Letra de “Ao cimo da rua” e: Música em “Apenas a saudade”, 2014.
(DVD, TV e Cinema)
• Convidado em nome próprio para o programa “Viva a Música” da RTP/Antena1 de Armando Carvalheda para a apresentação do CD Carlos Peninha – Tocar o Chão-2018
• DVD “Fado e Jazz” do espetáculo gravado ao vivo com o Quinteto de Paulo Lima-2012
• Convidado em nome próprio no programa Quilómetro Zero da RTP2 para entrevista e interpretar ao vivo música da sua autoria-2008
• “Fogo da Terra” DVD, concerto ao vivo 2006
• “Gente feliz com lágrimas” Participação na série televisiva da RTP Açores de José Medeiros 2005
• Festival da Canção da RTP com o grupo Trivium-1994
• Banda sonora do Filme “Os anos loucos de Frank” de Nuno Tudela-1991
• Programa “Às Dez” da RTP Porto com o Quarteto, Quinteto e Sexteto Jazz de Viseu- 1987/88
PARTICIPAÇÕES MUSICAIS
Carlos Peninha participou em inúmeros espetáculos nacionais e internacionais dos quais se destacam:
• Programação Cubo Mágico – Carlos Peninha – Tocar o Chão, Viseu 2020
• Lançamento do CD – Carlos Peninha – Ponto de Vista, Festival Literário Tinto no Branco, Viseu, 8 de Dezembro de 2019.
• Feira de S. Mateus -Carlos Peninha – Tocar o Chão, Viseu 2017 e 2018
• Lançamento do CD – Carlos Peninha – Tocar o Chão, Carlos Peninha e Convidados, Teatro Viriato, Viseu, 21 de Dezembro de 2017.
• Festival de Jazz de Viseu- 30 Anos do Quinteto Jazz de Viseu- Museu Nacional Grão Vasco-2016
• VIAGEM DO ELEFANTE – Trigo Limpo teatro ACERT/Flor de Jara 2013/2014/2015/2016/2018
• VIAGEM DO ELEFANTE- Trigo Limpo teatro ACERT/Flor de Jara – FOLIO – Óbidos 2015
• -Luis Pastor e A Côr da Língua ACERT no Centro cultural de la Villa, Madrid, 2014
• Luis Pastor e A Côr da Língua ACERT no Centro Cultural de Belém, Lisboa, 2014
• CONCERTO TERRA DA FRATERNIDADE-TOM DE FESTA 2012
• LUIS PASTOR-Participação especial FILMUS- TOM DE FESTA – ACERT 2012
• ACERT 35 Anos-JP SIMÕES Participação especial “A Cor da Língua “, 2011
• SILA-Salão Internacional do Livro Africano com “A Côr da Língua” Tenerife 2010
• Festival OLLIN KAN Portugal 2010(c/Toques do Caramulo)2010
• “Povo que lavas no rio Àgueda” Espectáculo Inter Associativo da D’Orfeu 2009 e 2010.
• Festival POW WOW em Trogen – Switzerland(c/ Toques do Caramulo)2009
• Bardentreffen Festival em NÜRNBERG (Deutschland)(c/ Toques do Caramulo)2009
• Pasinger-Fabrik, MÜNCHEN, Alemanha 2009( c/ Toques do Caramulo)2009
• ENTRUDANÇAS 09 ( c/ Toques do Caramulo) Entradas – Castro Verde, 2009
• Navelgas Folk, CUARTO LOS VALLES Astúrias, Espanha( c/ Toques do Caramulo) 2009
• “DIE FARBE DER SPRACHE”(A Cor da Língua)..
• Co- produção Theater tri-bühne Stuttgart (Alemanha) / Trigo Limpo teatro ACERT – Festival de Teatro Europeu de Stuttgart 2008.
• “Ahoje é Ahoje” Intercâmbio artístico e de cooperação solidária-Maputo, Moçambique 2008..
• Festival “Music and Dance from around the World”- Weston super Mare-Reino Unido”(Carlos Peninha & Tocar o Chão)2008
• Festas da Reconquista – Vigo – Galiza (Toques do Caramulo-D’Orfeu)2008
• Festival “Uma Casa Portuguesa”- Casa da Música 2008(Toques do Caramulo)2008
• Festa do Avante 2008-Palco 25 de Abril (Toques do Caramulo + Galandum Galundaina)2008
• Escenario Prau, Teatro Principal de REINOSA Cantábria, Espanha(Toques do Caramulo)2007
• Jazzin Tondela-Acert(Carlos Peninha Quarteto) 2006
• Festival de Agosto – Maputo e Inhambane – Moçambique (Trigo Limpo Teatro Acert)..2002
• Festival de Teatro Português – Pau, Bordéus, Paris e Estrasburgo – França(Trigo Limpo Teatro Acert) 2001
• 40 Anos Teatrando Maningue-Acert/Mutumbela Gogo- Maputo 2001
• IDENTIDADES – Recife e Aracajú-Nordeste do Brasil (Espectáculo Canções de João Loio, Trigo Limpo Teatro Acert, Gesto e Fundação Joaquim Nabuco)1998
• EXPO98 – Barco Palco com “Cantos e Ditos” (Trigo Limpo Teatro Acert)1998
• TRAVESSIAS – Moçambique (Trigo Limpo Teatro Acert) Maputo 1996
MÚSICA PARA TEATRO/AUTORIAS
• “Romeu e Julieta” 2014 -Música original para a adaptação e encenação de Graeme Pulleyn no âmbito do festival de artes do espetáculo “ Viseu A…” um projeto do Teatro Viriato para a região de Viseu.
• “Da minha vista ponto” 2008 -Música original para a peça do Teatro Regional da Serra do Montemuro (encenação de Graeme Pulleyn)
Música original para as peças do Trigo Limpo Teatro ACERT:
- Em Viagem, co-autoria com Miguel Cardoso e A Cor da Língua. 2011 (encenação de Pompeu José)
- Em Paz, 2006 (encenação de José Rui Martins)
- Materna Doçura, (autoria parcial) 2005 (encenação de José Rui Martins)
- Mamã Lusitânia, “Cabaret com Isqueiro” 2004(encenação de Marta Pazos)
- Miango, 2003 (encenação de José Rui Martins)
- Olá Classe Média, 2002 (encenação de Pompeu José)
- Cadeiras, 2000 (encenação de Pompeu José)
- Se Chovesse, 2000 (encenação de Carla Torres)
- Vinte e Zinco,1999 (encenação de José Rui Martins)
- É permitido fumar no intervalo, 1996 (encenação de Júnior Sampaio para o Entretanto Teatro)
Participou também nos seguintes espetáculos de Teatro de Rua do Trigo Limpo Teatro Acert:
- “Faldum” 1996 (Trigo Limpo Teatro Acert)
- “Augaciar” 1999 (Trigo Limpo Teatro Acert)
- “Transviriato” 2001 (Trigo Limpo Teatro Acert)
- “Num Abril e Fechar de Olhos” 2004 (Trigo Limpo Teatro Acert e Teatrosfera ) juntamente num colectivo musical formado pela orquestra tradicional Moçambicana
- “Timbila Musimba”
- “Em Paz”2006 (Trigo Limpo Teatro Acert)
- “Queima do Judas” Tondela (Trigo Limpo Teatro Acert) (muitas edições desde 96)
Durante os muitos anos de atividade profissional como músico trabalhou e tocou em muitos projetos com muitos músicos e artistas entre os quais se destacam entre outros:
Miguel Ângelo, João Mortágua, Leandro Leonet, Daniel Tapadinhas, Manuel Maio, Rui Ferreira, Márcia Tao (Brasil), Flávio Martins, Rodrigo Neves, Luís Pastor (Espanha), Mário Costa, Eddy Slap, Artur Fernandes, Sara Figueiredo, Julieta Silva, Rui Silva, Janita Salomé, Rui Costa, Carlos Azevedo, Marcos Cavaleiro, Rui Teixeira, Lydia Pinho, Mariana Abrunheiro, José Rui Martins, João Loio, José Santos, Luca Argel, Zeca Medeiros, César Prata, Rui Lúcio, Luísa Vieira, Paulo Borges, Miguel Cardoso, Jorge Cardoso, J.P. Simões, Amélia Muge, José Martins, Luís Fernandes, Pedro Lemos, Maria do Céu Guerra, João Nogueira, Mário Santos, Paulo Lima, Jorge Afonso, Laurent Filipe, Paulo Bandeira, Pedro Guedes, Rui Teixeira, Quiné Teles, Brian Carvalho, Teresa Gentil, Manuel Marques, António Augusto Aguiar, Pedro Gonçalves, Acácio “Salero”, Carlos Clara Gomes, Najla Shami (Galiza/Palestina), Andrés Stagnaro (Uruguai), Quinteto Violado (Brasil), Fran Perez NARF e Marcos Teira(Galiza), Celso Paco, Cheny Wa Gune e Timbila Muzimba (Moçambique).
Textos publicados sobre os CD de Carlos Peninha:
Tocar o chão, uma patente sonoro-poética multicultural
Se há música desengaiolada de estilos, é a de Carlos Peninha.
Carlos Peninha é construtor de melodias que fazem adormecer os poemas dos autores que deseja embalar.
As suas composições não se restringem à apresentação nos seus concertos ou no repertório dos grupos que integra, desaguando na música de cena que cria para produções teatrais. Os seus temas envolvem as narrativas teatrais, comprovando a agilidade estética de cada aposta artística onde deixa a sua marca de compositor.
A sua música é genuína e franca e não preconcebida, rejeitando a banalidade ou a falta de rigor que atesta um trabalho de grande honestidade artística. Uma autenticidade que mestiça um labor de uma cigarra-formigueira: uma sofreguidão da criação permanente e uma inquietude inaudita de voar incessantemente junto do público em todos as ocasiões onde a sua generosidade se revela.
Carlos Peninha é um canta-de-autores. Um perseguidor de poemas que, à primeira leitura, lhe suscitam o desejo de musicar. E aí entra o jazz mestiçado com a música popular portuguesa e africana, sem preconceitos no atingir de resultados catalogáveis. É um músico de primeiro take no espetáculo ao vivo e na forma como acompanha, em encontros informais, outros músicos que o adotam de imediato. Quando entra na dança, cria junto do outro executante momentos de improviso irrepetíveis.
“Tocar o Chão” é a prova disso. Uma viagem musical conduzida pelas palavras dos poetas. Composições despretensiosas onde o rigor dos arranjos já está subjacente quando, com a guitarra, surge o parto.
Eclético, ousado e sincero, Carlos Peninha é portador de uma identidade de pluralidades geográficas e estilísticas que baralham o olhar microscópico da catalogação.
José Rui Martins – Encenador e Programador do Tom de Festa festival de músicas do Mundo da Acert. Texto que integra a capa do CD Tocar o Chão.
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O já longo percurso musical de Carlos Peninha conflui agora num trabalho em que o compositor e instrumentista se reconhece nos longos passos nele caminhados, nas diversas circunstâncias que o rodearam, nas múltiplas geografias sonoras que o envolveram.
Porém, um horizonte que se manteve constante — o som (também o som das palavras…) nas suas dimensões melódica, harmónica e rítmica — assegura a coerência de Tocar o Chão, na sua unidade plural. Com a certeza de que a criação e execução do que chamamos “música” se constrói com o talento, mas também com o afecto e a cumplicidade do “outro” que nela participa, ainda que como ouvinte.
Só pode ter sido assim que se construiu este resultado de prazer de quem o criou e executou. E, sobretudo, de quem o ouve…
João Luís Oliva – Escritor e assistente de produção de vários discos de Júlio Pereira e de José Afonso. Texto que integra a capa do CD Tocar o Chão.
O disco de estreia de Carlos Peninha é uma celebração da poesia de língua portuguesa e de todas as suas fronteiras musicais. Curiosamente, apesar de ser um músico com reconhecida experiência no campo do Jazz (sobretudo ao piano), aqui constrói um álbum mais próximo de José Afonso do que de Mário Laginha, em que toca guitarra.
Embora o Jazz esteja sempre lá sobretudo nos arranjos de canções que nascem da terra. Que é como quem diz, a fonte inesgotável para a escrita destes temas parece ser a tradição. Não só a tradição musical portuguesa, mas ritmos e sugestões melódicas embebidos da riqueza da África Lusófona, sobretudo Cabo Verde. Tocar o Chão é assim um álbum que atravessa fronteiras, sem catalogação fácil, mas escuta agradável, com a inegável vantagem de usar as palavras de grandes poetas como Eugénio de Andrade, Miguel Torga, Jorge de Sena Ruy Belo ou Amílcar Cabral.
Manuel Halpern no Jornal de Letras sobre o CD Tocar o Chão na edição no1240 11 a 24 de abril de 2018.
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(…). Um chão imenso sem fronteiras, por onde passam gentes e geografias, que celebram a visão multicultural que ele tem do mundo, da vida e da música. É um disco de viagens e de afetos, que toca afinal o chão dos nossos sentidos. É em Viseu que peças de música como as que aqui hoje damos a conhecer, “Tocar o Chão”, aparecem e muitas vezes não têm, como seria a desejar, a divulgação quem merecem. O palco da rádio tem essa vocação, trazer para a luz temas, canções, autores que, muitas vezes andam na penumbra, e até parecem que estão envergonhados com o excelente trabalho que fazem. Carlos Peninha é o responsável por este projeto de música (…)
Armando Carvalheda – Excerto da introdução no programa Viva a Música da Antena1, em 15/02/2018 com Carlos Peninha-Tocar o Chão ao vivo.
… o segundo CD, para acabarmos, é de um cantor, guitarrista, compositor e multi instrumentista, muito bom, da zona de Viseu, o Carlos Peninha, que lançou dois CDs agora, “Ponto de Vista” e “Tocar o Chão”… do Tocar o Chão, um poema do Miguel Torga com um tratamento penso eu genial, … podem também ver o Carlos Peninha através das plataforma digitais.
Nuno Rogeiro, na rubrica Leste Oeste, no Jornal das 2 da SIC Notícias, no dia 29 de Março de 2020
Carlos Peninha: “Ponto de Vista”.
O nome de Carlos Peninha não será dos mais reconhecidos pelos amantes portugueses do jazz, mas apenas porque este poli-instrumentista (em “Ponto de Vista” toca guitarras eléctrica e acústica, e quando assim não é a escolha vai para um Fender Rhodes) tem dedicado a sua actividade, sobretudo, ao ensino de música.
O facto de viver em Viseu explica igualmente essa circunstância, num país cujas cenas jazzísticas estão concentradas em Lisboa e no Porto. Os mais atentos lembrar-se-ão, no entanto, dele como pianista do Quinteto de Jazz de Viseu. Neste disco, os seus parceiros são três pesos-pesados do jazz a Norte, João Mortágua nos saxofones alto e soprano, Miguel Ângelo no contrabaixo e Marcos Cavaleiro na bateria, com o acrescento em algumas faixas da flautista e cantora Luísa Vieira. E digo “apenas” lá em cima pelo facto de a música contida neste CD, das composições e letras do próprio à execução, revelar um músico especialmente interessante.
Este é um jazz “moody”, todo ele feito de estados de espírito, com tanto de jovial quanto de introspectivo, somando ideias boas a interpretações e improvisações descontraídas e desenvolvidas com esmero. Não surpreende, nem pretende fazê-lo, mas assume o que é de forma assertiva. Ouvimos com prazer e muito depressa nos rendemos a ele. Os guitarrismos são de filigrana e têm personalidade, com Peninha a seguir a sua voz sem se colocar na esteira de referências demasiado óbvias. Mortágua tem espaço para brilhar, Ângelo demonstra mais uma vez neste contexto as suas superlativas qualidades e Cavaleiro está como peixe na água. O melhor tema é “As Mãos”, com um fantástico solo de flauta pela jovem Luísa Vieira, de quem com certeza iremos ouvir falar muito no futuro. E esperemos que Carlos Peninha saia mais das salas de aula, porque o que tem para nos dizer importa.
27/03/2020
Rui Eduardo Paes
Ponto de escuta – jazz.pt
Carlos Peninha, Ponto de Vista, Edição de autor, 2019.
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Guitarrista e compositor, Carlos Peninha nasceu em Viseu em 1962. Após três décadas de trabalho artístico em diversas áreas, Peninha estreou-se na condição de líder com o disco Tocar o Chão, editado em 2017, onde explorou o formato canção em ligação com a poesia portuguesa. Agora, ao segundo disco, Ponto de Vista, Peninha investe num projecto assumidamente jazzístico.
Neste novo disco Peninha (guitarras e Rhodes) faz-se acompanhar por três dos mais notáveis músicos da actual cena jazz nacional: João Mortágua nos saxofones alto e soprano, Miguel Ângelo no contrabaixo e Marcos Cavaleiro na bateria. Acrescenta-se ainda uma convidada, Luísa Vieira, que contribui com flauta transversal e voz em dois temas.
A música aqui gravada foi composta por Peninha em diversos momentos, entre 1987 e 2018, e o autor afirma que “pretendeu fazer-se uma abordagem livre, de forma a que este registo captasse a espontaneidade de uma nova leitura”. O disco revela um conjunto de composições bem servidas pelo envolvimento colectivo, resultando um trabalho sólido. Ponto de Vista pode ser escutado no Bandcamp.
Nuno Catarino, 11 Abril, 2020
Blog – A Forma do Jazz