Carlos Paião, cantautor, Ílhavo, Coimbra, Cascais

Carlos Paião

Cantautor

Carlos Paião nasceu acidentalmente em Coimbra, passando toda a sua infância e juventude entre Ílhavo (terra natal dos pais) e Cascais.

Primo de Manuel Paião, autor de sucessos como “Ó tempo volta p’ra trás”, desde muito cedo Carlos Paião demonstrou também ser um autor prolífico. Em 1978 tinha já escritas mais de duzentas canções. Nesse ano obteve o primeiro reconhecimento público ao vencer o Festival da Canção do Illiabum Clube.

Em 1980 concorreu pela primeira vez ao Festival RTP da Canção, numa altura em que este certame representava uma plataforma para o sucesso e a fama no mundo da música portuguesa, mas não foi apurado.

Com Playback ganhou o Festival RTP da Canção de 1981 deixando para trás as Doce e José Cid. A canção, é uma crítica divertida, mas contundente, aos artistas que cantam em play-back. Ainda nesse ano, editou outro single de sucesso e que mantém a sua popularidade até hoje: Pó de Arroz.

O êxito que se seguiu foi a Marcha do Pião das Nicas, canção na qual o cantor voltava a deixar patente o seu lado satírico. Telefonia (Nas Ondas do Ar) era o lado B desse single.

Carlos Paião compôs canções para outros artistas, entre os quais o próprio Herman José, que viria a alcançar grande êxito com A Canção do Beijinho (1980), e Amália Rodrigues, para quem escreveu O Senhor Extra-Terrestre (1982).

Algarismos (1982), o seu primeiro LP, não obteve, no entanto, o reconhecimento desejado. Surgiu entretanto a oportunidade de participar no programa de televisão O Foguete, com António Sala e Luís Arriaga.

Em 1983, cantava ao lado de Cândida Branca Flor, com quem interpretou um dueto muito patriótico intitulado Vinho do Porto, Vinho de Portugal, que ficou em 3.º lugar no Festival RTP da canção.

Num outro programa, Hermanias (1984), Carlos Paião compôs a totalidade das músicas e letras de Serafim Saudade, personagem criada por Herman José, já então uma das figuras mais populares da televisão portuguesa.

Em 1985 concorreu ao Festival Mundial de Música Popular de Tóquio (World Popular Song Festival of Tokio), tendo a sua canção sido uma das 18 seleccionadas.

A 26 de agosto de 1988, quando acabara de atuar num grande espectáculo em Fornos de Algodres, morreu num violento acidente de automóvel. Morreu no dia seguinte ao incêndio do Chiado.

Estava a preparar um novo álbum intitulado Intervalo, que acabou por ser editado em Setembro desse ano, e cujo tema de maior sucesso foi Quando as nuvens chorarem.

Segundo informação da Câmara Municipal de Ílhavo, os restos mortais de Carlos Paião encontram-se desde finais de 2014 no Cemitério de São Salvador, em Ílhavo.

Compositor, intérprete e instrumentista, Carlos Paião produziu mais de trezentas canções, para nomes tão diferentes como Herman José, Joel Branco, Cândida Branca Flôr, Amália Rodrigues, Nuno da Câmara Pereira, Peter Peterson, Trio Odemira, Octávio de Matos, Alexandra, Rodrigo, Lenita Gentil, António Mourão, Ana, Carlos Quintas ou Pedro Couceiro.

Em 2003 foi editado uma compilação comemorativa dos 15 anos do seu desaparecimento – Carlos Paião: Letra e Música – 15 anos depois (Valentim de Carvalho).

Em 2008, por altura da comemoração dos 20 anos do desaparecimento do músico, vários músicos e bandas reinterpretaram alguns temas do autor na edição de um álbum de tributo, “Tributo a Carlos Paião”.

Em 2018, uma homenagem, pensada para o Festival da Canção, deu origem ao álbum “Paião”, coordenado pelos músicos João Pedro Coimbra e Nuno Figueiredo, com interpretações de Jorge Benvinda, dos Virgem Suta, Marlon, d’Os Azeitonas, e VIA.

A 17 de setembro de 2020, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa condecorou a título póstumo Carlos Paião com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique. As insígnias foram entregues aos pais do músico.

[ Músicos de Ílhavo ]
[ Músicos naturais de Coimbra ]
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