Carlos Alberto Girão Ferreira, professor e percussionista alentejano

Carlos Girão

Percussão

Carlos Alberto Girão Ferreira foi um professor, percussionista e distinto filarmónico alentejano, conhecido por Professor Girão, oriundo da Banda do Crato (Portalegre/Alto Alentejo).

É descrito como um dos maiores percussionistas portugueses do seu tempo. Fez uma carreira brilhantíssima na Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana, no Conservatório Nacional de Lisboa, na Orquestra da Fundação Gulbenkian, na antiga Orquestra de São Carlos, entre tantos outros agrupamentos e iniciativas musicais.

Apesar do seu ímpar percurso, jamais esqueceu as Bandas Filarmónicas com especial ternura e dedicação à “sua” Filarmónica do Crato, onde seu pai, o grande Mestre Ferreira fez escola.

Carlos Alberto Girão tinha o dom da humildade e especialmente o da amizade. O seu jeito divertido, o seu sorriso fácil, contagiante, de quem estava agradecido pelo dom da vida, tornava-o numa pessoa singular e querida de todos que com ele conviviam.

Faleceu a 09 de junho de 2021, com 79 anos.

O Festival Internacional de Bandas Filarmónicas do Alto Alentejo, adiado desde 2020, pretende fazer-lhe uma homenagem póstuma em 2022.

Grupo de Metais do Seixal em Viena de Áustria, monumento a Johannes Brahms

Grupo de Metais do Seixal em Viena de Áustria, monumento a Johannes Brahms

Testemunhos

O Sr Girão foi um dos maiores ícones musicais da minha juventude. Era fabuloso vê-lo tocar e irradiava sempre um sorriso de satisfação quando vinham os maiores desafios. Foi um pilar da banda da GNR e da Orquestra Sinfónica da RDP. Coincidimos ainda algumas vezes no São Carlos e no Grupo de Música Contemporânea de Lisboa. Foi grande amigo da família e parceiro do meu pai. Foi dos músicos que mais admirei pelo talento mas também porque nunca o vi tocar sem vontade. Se há outra vida, já estará a partilhar uns caracóis com meu pai depois de mais um concerto da banda.

(António Saiote, maestro e clarinetista)

Faleceu Carlos Alberto Girão Ferreira, meu antigo professor no Conservatório Nacional e amigo de tantos nós. Engane-se quem pensa que era um simples professor… era uma referência, um pai para todos nós. Um pedagogo exímio, preenchido de humildade e dedicação, sempre pronto para abraçar com palavras todos aqueles que com ele se cruzavam. Em 2001, perdido após o encerramento inesperado da Escola Profissional de Música de Almada, fui à sua procura no Conservatório. Não o conhecia, só ouvia histórias: “…o rufo do professor Girão parece o cantar de uma abelha”, “…o A, o B ou o C, estudaram com ele e agora tocam no sítio X, Y ou Z”, entre tantas outras. Por uma questão administrativa nunca fui seu aluno direto, mas não havia uma semana que não tocasse para ele ou lhe pedisse uma opinião… pois ele estava lá, estava sempre lá para mim. Na verdade estava lá para todos nós, sempre esteve, não precisávamos de perguntar… e eu sempre me considerei seu aluno. Estamos mais pobres, a percussão em Portugal está de luto, faleceu um dos grandes, um dos pioneiros, um daqueles que merecerá sempre o nosso respeito e admiração.

(Marco Fernandes, percussionista)

Tive o privilégio de trabalhar e conviver com este Grande Senhor, ao longo de dezenas de anos. Uma grande perda.

(Francisco Luís Vieira, maestro e oboísta)

O Prof. Carlos Girão, que muitas gerações não conhecem, partiu hoje deixando um legado muito importante na história da música (principalmente na percussão) em Portugal!

(Orquestra Nacional de Jovens)

Quando entrei no Conservatório de Música havia um professor de percussão que tinha sempre uma palavra carinhosa e de alento para os miúdos. Os antigos alunos só têm boas memórias, o que diz bem da sua personalidade. E tinha uma técnica de caixa assombrosa, lembro-me.

Rúben da Luz (trombonista)

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