Carlos do Carmo

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Carlos do Carmo

Fado

A intensa actividade de Carlos do Carmo (Lisboa, 21 dezembro, 1939-01 de janeiro de 2020) incluiu espetáculos por salas dos cinco continentes, programas de televisão onde está bem patente a facilidade de comunicação com o público na transmissão de valiosa informação para a história do Fado, mas também uma relação próxima com as novas gerações do fado.

Figura maior do panorama fadista, Carlos Alberto do Carmo Almeida, que adoptou o nome artístico de Carlos do Carmo, é filho único da grande fadista Lucília do Carmo e do empresário Alfredo Almeida.

O fadista fez um curso superior de hotelaria na Suíça, que incluiu um curso de contabilidade e gestão e o estudo de várias línguas estrangeiras, facto que lhe permitiu falar fluentemente francês, inglês, alemão, italiano e espanhol.

Após a morte do pai, em 1962, Carlos do Carmo ficou a gerir a casa de fados Faia, casa aberta pelos seus pais quando tinha 8 anos. No ano seguinte iniciou a carreira como intérprete, acumulando durante essa década e na seguinte, a gestão da casa com a vida artística.

Carlos do Carmo contactou muito prematuramente com o fado, frequenta com os pais as matinés e verbenas de fim-de-semana. Filho de uma das figuras de maior destaque do universo fadista – Lucília do Carmo – o seu próprio nascimento foi noticiado pelo jornal “Guitarra de Portugal” a 28 de dezembro de 1939.

Ao assumir a gestão da casa de fados, Carlos do Carmo começou a prestar outra atenção a este género musical com o qual convivia desde que nasceu. Apesar de apenas saber de cor o Fado “Loucura”, de autoria de Júlio de Sousa, ao interpretá-lo numa reunião de amigos, em 1963, foi de tal modo elogiada a sua forma de cantar que lhe pediram para gravar essa faixa, editado num EP do seu amigo Mário Simões.

O tema começou a passar regularmente na rádio e, em consequência do sucesso que tem, editou, no ano seguinte, um EP em nome próprio, o disco “Carlos do Carmo com Orquestra de Joaquim Luiz Gomes”.

Em 1967 a Casa da Imprensa distinguiu-o com o prémio “Melhor Intérprete” e, em 1970, atribuiu-lhe o prémio Pozal Domingues de “Melhor Disco do Ano”, para o seu primeiro álbum, intitulado “O Fado de Carlos do Carmo”, editado pela Alvorada em 1969.

Posteriormente lançou numerosos EP e LP, como os discos “O Fado em Duas Gerações, Carlos do Carmo e Lucília do Carmo”, “Por Morrer uma Andorinha” ou “Carlos do Carmo”, mas referência obrigatória na história do Fado é o disco “Um Homem na Cidade”, editado em 1977 pela Trova, onde interpreta poemas de Ary dos Santos aliados a um conjunto de composições musicais inovadoras, de autorias tão diversas como José Luís Tinoco, Paulo de Carvalho, António Vitorino de Almeida, Frederico de Brito, Fernando Tordo, Joaquim Luís Gomes, Moniz Pereira ou Martinho d’Assunção.

Temas como “Um Homem na Cidade”, “O Cacilheiro”, “Fado do Campo Grande”, “O Amarelo da Carris” ou “O Homem das Castanhas” tornaram-se clássicos de sucesso entre o vasto repertório de Carlos do Carmo.

No âmbito da discografia do fadista salienta-se o lançamento, em 1984, de “Um Homem no País”, novamente um projeto em torno de poemas de Ary dos Santos, que se destaca como a primeira edição em formato Compact Disc de um artista português.

As suas passagens no Olympia de Paris, nas Óperas de Frankfurt e de Wiesbaden, no Canecão do Rio de Janeiro, no Savoy de Helsínquia, no Auditório Nacional de Paris, no Teatro da Rainha em Haia, no Teatro de São Petersburgo, no Place des Arts em Montréal, no Tivoli de Copenhaga ou no Memorial da América Latina em São Paulo foram momentos altos na carreira do fadista.

Até ao final do ano de 1979, o fadista acumulou a gestão do Faia com a carreira artística, pelo que atuou com a mãe, de forma diária, na sua casa de fados. Para além desse espaço fez frequentes apresentações na televisão e, em 1972, produziu e apresenta um programa semanal na RTP. O “Convívio Musical” pauta-se por ser palco de grandes nomes da canção portuguesa e internacional.

As primeiras digressões foram realizadas no início da década de 1970, com espetáculos em Angola, Estados Unidos e Canadá e, em 1973, estreou-se no Brasil, cantando ao lado de Elis Regina, no Copacabana Palace do Rio de Janeiro.

Em 1976, Carlos do Carmo representou Portugal no Festival da Eurovisão na Holanda, com a canção “Uma Flor de Verde Pinho”, um poema de Manuel Alegre com música de José Niza. Posteriormente editou o disco “Uma Canção Para a Europa”, onde se incluíam, para além da canção vencedora, temas como “Estrela da Tarde”(Ary dos Santos – Fernando Tordo), “No teu Poema”(José Luís Tinoco) ou “Lisboa, Menina e Moça”( Ary dos Santos e Joaquim Pessoa – Paulo de Carvalho e Fernando Tordo).

Ainda na década de 1980, Carlos do Carmo foi distinguido com diversos prémios, dos quais destacamos o prémio “Fadista”, atribuído pela revista “Nova Gente”, em 1983; e o Título de Cidadão Honorário do Rio de Janeiro, em 1987.

O fadista realizou grandes espetáculos comemorativos dos aniversários da sua atividade nomeadamente nos 25, 30, 35 e 40 anos de carreira.

Na celebração dos seus 25 anos de carreira, em 1988, fez digressões pelos Estados Unidos, Europa e Brasil, facto bastante revelador da sua popularidade, em particular junto das comunidades portuguesas.

No início da década de 1990 Carlos do Carmo sofreu um acidente durante um espetáculo em Bordéus, caindo do palco para a primeira fila da plateia, uma queda de uma altura equivalente a um andar, que obrigou o fadista a uma longa recuperação. Em março de 1991 fez o seu regresso no Casino Estoril apresentando um espetáculo intitulado “Vim Para o Fado e Fiquei”. E, nesse mesmo ano, a Casa da Imprensa, entregou-lhe o prémio “Prestígio”, no decorrer do espetáculo da Grande Noite do Fado.

Dois anos depois, em 1993, voltou a realizar grandes digressões no âmbito da celebração dos 30 anos de carreira. Nesta comemoração edita com as Selecções do Reader’s Digest a colecção “O Melhor de Carlos do Carmo”, onde apresenta um depoimento sobre cada um dos seus discos.

Um concerto no grande auditório do Centro Cultural de Belém, mais tarde editado em CD, foi a forma escolhida para celebrar os 35 anos de atividade de Carlos do Carmo como fadista. E, na soma de 40 anos de carreira, o palco escolhido para a apresentação foi o do Coliseu dos Recreios em Lisboa, com posterior lançamento de CD e DVD do espetáculo. O Museu do Fado aliou-se a esta celebração apresentando a exposição “Carlos do Carmo: Um Homem no Mundo”, uma mostra relativa à sua vasta e consagrada carreira.

No final da década devemos destacar a atribuição, pelo Presidente da República, em 1997, do Grau de Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique e, no ano seguinte o Globo de Ouro “Excelência e Mérito”, com que foi distinguido pela SIC.

Apesar de algumas interrupções forçadas por motivos de saúde, Carlos do Carmo manteve-se ativamente empenhado em apresentar-se ao vivo para um vasto público que o fadista fidelizou ao longo de mais de 4 décadas.

Em 2002 a estação de televisão SIC voltou a salientar a atividade de Carlos do Carmo, distinguindo-o com o Globo de Ouro “Melhor Disco do Ano”, atribuído pelo lançamento do seu disco “Nove Fados e Uma Canção de Amor”.

No dia 7 de novembro de 2007, Carlos do Carmo apresentou, no Museu do Fado, o seu mais recente trabalho discográfico, um álbum intitulado “À Noite”, que reúne textos inéditos de Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral, Maria do Rosário Pedreira, Júlio Pomar, Luís Represas, José Luís Tinoco e José Manuel Mendes para as músicas de Fados tradicionais da autoria de Armandinho, Joaquim Campos e Alfredo Marceneiro. Este lançamento foi acompanhado de uma pequena mostra expositiva elaborada em torno do seu mais recente disco.

Carlos do Carmo abraçou projetos onde a valorização do Fado é central, de que são exemplo a sua participação na publicitação da maior coleção editada sobre Fado, de título “Um Século de Fado”, num lançamento da Ediclube, ou a presença, desde os alvores da sua idealização, no núcleo de consultores do Museu do Fado, ou ainda, a contribuição, também como consultor, no filme “Fados”, do conceituado realizador Carlos Saura.

O fadista participou também como intérprete no filme de Carlos Saura o que lhe valeu a atribuição, em 2008, do prémio Goya “Melhor Canção Original”, para o tema “Fado da Saudade”, distinção da Academia Espanhola das Artes Cinematográficas. Neste ano editou o disco Fado Maestro, em formato best of com 2 CD. No dia 29 de novembro, o fadista encheu o Pavilhão Atlântico, no principal concerto de comemoração dos seus 45 de carreira.

Em 2009, recebeu o troféu “Pena de Camilo” no Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Famalicão – prémio destinado a consagrar carreiras artísticas nacionais.

A coleção “100 Canções uma Vida”, foi lançada em 2010. Esta publicação produzida em conjunto pelo jornal Público, Museu do Fado e Universal Music Portugal, com textos de Ana Sousa Dias, condensa o melhor de Carlos do Carmo em 10 volumes. Neste ano, foi editado também o disco “Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti”. Estreou ainda, na RTP, o primeiro documentário audiovisual sobre a história do fado, intitulado “Trovas Antigas, Saudade Louca”. Carlos do Carmo foi co-autor e anfitrião desta série.

Carlos do Carmo foi uma das principais figuras da primeira edição do Festival de Fado de Madrid, realizado em 2011. a 7 de novembro recebeu o troféu “Homenagem ao Fado”, da Sociedade Portuguesa de Autores.

Em 2012, a Universal Music Portugal lançou uma caixa com 4 CD, intitulada “Carlos do Carmo ao Vivo nas Salas Míticas, que reúne gravações dos concertos ao vivo no Olympia, Ópera de Frankfurt, Canecão e Coliseu dos Recreios de Lisboa. Neste ano foi também editado o disco “Sem Palavras – Maria João Pires / Carlos do Carmo”.

O fadista recebeu, pela segunda vez, a Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro, atribuída pela Câmara Municipal de Lisboa.

No ano seguinte, Carlos do Carmo participa em vários concertos, evocativos dos seus 50 anos de carreira, destacam-se os concertos no claustro do Mosteiro dos Jerónimos e os concertos no grande auditório do CCB. O disco “Fado é Amor” foi editado também em 2013. Este álbum de duetos conta com a participação de fadistas de nomeada da nova geração de intérpretes. A 23 de outubro, Carlos do Carmo recebeu o “Diploma de Honra ao Mérito da Ordem dos Músicos do Brasil – Conselho Regional de São Paulo.

Em 2014, e ainda no âmbito dos seus 50 anos de atividade artística, o fadista promoveu dois concertos nos Coliseus de Lisboa e do Porto. Estes espetáculos contaram com a presença de oito do dez fadistas que participaram no álbum “Fado é Amor”.

A 19 de novembro deste ano, Carlos do Carmo recebeu o “Grammy Lifetime Achievement Award – Premio a la Excelencia Musical 2014, pela Academia Latina de Artes y Ciencias de la Grabación.

Adaptado de Museu do Fado

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