Dia Não
De paisagens mentirosas
De luar e alvoradas
De perfumes e de rosas
De vertigens disfarçadas
Que o poema se desnude
De tais roupas emprestadas
Seja seco, seja rude
Como pedras calcinadas
Que não fale em coração
Nem de coisas delicadas
Que diga não quando não
Que não finja mascaradas
De vergonha se recolha
Se as faces tiver molhadas
Para seus gritos escolha
As orelhas mais tapadas
E quando falar de mim
Em palavras amargadas
Que o poema seja assim
Portas e ruas fechadas
Ah! que saudades do sim
Nestas quadras desoladas!
Poema: José Saramago (in “Os Poemas Possíveis”, Lisboa: Portugália Editora, 1966 – p. 24-25)
Música: Luís Cília
Intérprete: Luís Cília* (in LP “La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours – 1”, Moshé-Naïm, 1967; CD “La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours”, EMEN, 1996)
* Luís Cília – voz e guitarra
Marc Vic – guitarra
François Rabbath – contrabaixo
Produção – Moshé Naïm
Gravado nos Studios Europa-Sonor, Paris
Versão de Manuel Freire
Poema: José Saramago (in “Os Poemas Possíveis”, Lisboa: Portugália Editora, 1966 – p. 24-25)
Música: Luís Cília
Intérprete: Manuel Freire* (in LP “Devolta”, Diapasão/Lamiré, 1978)
* [Créditos gerais do disco:]
Manuel Freire – voz
Luís Cília – guitarra, coros
Pedro Caldeira Cabral – guitarra portuguesa
Celso de Carvalho – viola baixo
Vasco Pimentel – sintetizador ARP Omni, piano
Arranjos e direcção musical – Luís Cília
Produção – Lamiré
Gravado nos Estúdios Musicorde, Lisboa
Deixe um comentário
Quer participar?Deixe a sua opinião!