Citações de Música na Literatura
A música nas linhas da literatura
Friedrich von Schiller
(n. Narbach, Alemanha, 1759; m. Weimar 1805)
A ópera, graças ao poder da música, afina o sentimento e torna-o apto a bem receber impressões de beleza; aqui o próprio patético se sente à vontade para se exprimir, porque a música o ajuda e o maravilhoso, tão difícil de traduzir no palco, encontra finalmente a forma teatral que lhe convém. ]
Camilo Castelo Branco
(n. Lisboa, Portugal, 1825; m. São Miguel de Seide, Famalicão, 1890)
Verei se consigo afinar a minha alma por umas toadas que rumorejam de entre as selvas. Dá Deus estas harpas místicas aos arvoredos em benefício dos ânimos conturbados, que se acolhem fugitivos a ermos onde eles cuidam que o Céu os há-de ouvir. Acalentava a música o exasperado Saúl. Bons tempos! A música de agora é irritante. Há pouco entrei no templo: o sacerdote consagrava a hóstia, e o órgão entoava a Traviatta. Santo Deus! Quem quiser música de adormecer dores e levantar a alma à sua origem, há-de pedi-la à vibração e à folhagem das florestas. ]
José de Almada Negreiros
(n. Trindade, São Tomé e Príncipe, 1893; m. Lisboa, 1970)
Uma flauta triste vinha de viagem pelo caminho; chorava de seguida imensas canções de choros e tinha acompanhamentos funéreos de guisalhadas surdas. Calou-se a flauta, um cipreste distante gemia baixinho as dores da tatuagem que lhe iam abrindo no peito. O pastor lembrava ali o nome do seu Bem. ]
Emil Cioran
(n. Rasinari, Roménia, 1911; m. Paris, França, 1995)
E, subitamente, o prodígio das vozes do órgão, na catedral onde nos julgávamos sós. Calaram-se os arcos, as colunas, as abóbadas, a nossa matéria dilatou-se sob as vibrações, a catedral cresceu até às dimensões do mundo. Para quê procurar limites aos sons do órgão, a essa música do além, para lá dos limites do mundo e da alma? Nesse instante, os céus repousavam sobre a nossa alma…
Margriet de Moor
(n. Noordwijk, Holanda, 1941)
Dizem que a criação é demasiado grande para os homens, demasiado grande e demasiado confusa, e que, precisamente por este motivo, se inventou a linguagem. Língua, palavras, e no final das palavras a música. Criação de Deus dissolvida numa poção inventada pelo homem. ]
Mário Cláudio
(n. Porto, Portugal, 1941)
Dança a nossa população, com os seus trajes multicolores, nas pouquíssimas horas livres, que sobram das fadigas do labor agrário e dos esforços da faina piscatória. São desenhos muito puros, em que o corpo participa das cadências espontâneas, executadas por rapazes e por raparigas, exibindo a sua mocidade e galhardia, a sua graça e a sua beleza. E é como se este bailado reproduzisse a agitação que o vento provoca, nas searas, ou a languidez com que se espreguiçam as ondas, nos areais. ]
Robert Schneider
(n. Bregenz, Áustria, 1961)
Elias tocava já há mais de meia hora e não se avistava um fim. Mas do caos imenso e escuro sobressaíam gradualmente vozes reconciliadoras. Às melodias, seguiam-se outras melodias, aromáticas e suaves, como as ervas balouçando ao sabor do ventinho da Primavera. ]
Margarida Rebelo Pinto
(n. Lisboa, Portugal, 1965)
É a virtude que nos faz querer ser todos os dias pessoas melhores. Não é por acaso que na música o termo virtuoso é tão popular. Um músico virtuoso é alguém que põe todo o seu corpo, o seu coração e a sua alma na execução, e que por isso, além da técnica irrepreensível, se transcende através da entrega. ]