Repositório de teses, dissertações e artigos científicos nos campos da música e da dança

Hervé Platel

Tão universal como a linguagem, presente desde a noite dos tempos, a música desenvolve as nossas capacidades intelectuais e ajuda a lutar contra a Doença de Alzheimer.

Gwendoline Dos Santos

Artigo da autoria de Gwendoline Dos Santos, publicado no jornal Le Point (30/10/2015), traduzido por António José Ferreira a 21 de janeiro de 2020 e publicado na Meloteca

A música não nos protege nem do frito nem do calor, nem do vento, nem do sol, nem dos predadores ou dos micróbios. Não se pode comê-la nem bebê-la. Quanto à ideia de se unir a ela, trabalho perdido. Numa primeira abordagem, é difícil compreender o que ela nos traz de um ponto de vista evolutivo, nada, de qualquer modo, que pareça garantir a sobrevivência da espécie. E contudo, ela é tão universal como a linguagem, está presente em todas as sociedades desde a noite dos tempos. Os primeiros instrumentos musicais descobertos pelos arqueólogos, as flautas talhadas em ossos de animais, têm 35000, talvez 40000 anos. Não deixando fósseis as melodias cantadas, o canto deve ter aparecido bem antes desta época pré-histórica. Que faz então a música ao nosso cérebro para lhe agradar tanto?

Toda a gente vibrou já com uma ária da Callas ou o “Don’t Stop Me Now”, dos Queen. Basta ver o transe em que entra Alex DeLarge, o sociopata ultraviolento de “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrik, desde as primeiras notas da 9ª sinfonia de Beethoven. A escuta da música pode gerar um ligeiro suor e uma modificação dos ritmos respiratório e cardíaco, um fenómeno fisiologicamente comparável ao orgasmo. Tal como a alimentação, o sexo ou as drogas, a música solicita o circuito da recompensa no cérebro do ouvinte. Este velho sistema posto em prática pela seleção natural para favorecer a satisfação das nossas necessidades fundamentais aumenta a libertação de dopamina, o neurotransmissor do prazer, responsável por este “arrepio musical”. É o que revelou, em 2011, uma equipa canadiana da universidade McGill na revista Nature Science, utilizando técnicas de imageologia cerebral (IRM e TEP). Eis o que nos estimula a renovar a experiência, podendo a música gerar um certo vício… perfeitamente inofensivo. Além de que ela não se contenta de provocar uma onda emocional, ela deixa nos cérebros traços duradoiros, seja no músico ou no simples ouvinte.

Um cérebro sob a influência da música

Hervé Platel, cujos trabalhos são mundialmente conhecidos, é um dos primeiros investigadores, nos anos 90, a a ter observado o cérebro sob a influência da música graças à imageologia por ressonância magnética. Com a sua equipa, este professor de neurofisiologia do Inserm, exercendo na universidade de Caen, conseguiu destacar as redes do cérebro implicadas na perceção e na memória musicais. Até então, pensava-se que os dois hemisférios do cérebro desempenhavam um papel complementar, o esquerdo intervindo na lógica e na linguagem, o direito na parte artística. “Ora a música compromete o cérebro na sua globalidade, ela solicita-o nas zonas que têm funções muito mais vastas”, explica o investigador. Escutar uma obra musical cria no cérebro uma verdadeira “sinfonia neuronal” pondo em jogo os quatro lóbulos cerebrais, o cerebelo e ainda o hipocampo, conhecido sobretudo pelo seu papel na memória. Foi aliás no hipocampo que, com a sua equipa, Hervé Platel descobriu, em 2010, que a mais atividade cerebral nos músicos do que nos não-músicos e que a quantidade de neurónios aumenta em função do número de anos de prática e de intensidade desta. É que o nosso cérebro tem plasticidade.

À medida que se aprende a fazer malabarismo ou a falar russo, a aprendizagem desenvolve zonas do cérebro – é uma das propriedades fundamentais deste último. Em função dos exercícios que pratica e dos estímulos que recebe, ele cria novos neurónios (a neurogénese) mas, sobretudo, multiplica conexões (sinapses) para otimizar os desempenhos: é a famosa plasticidade cerebral.

O mesmo sucede quando alguém se inicia na música. Mesmo se aprende muito tarde a tocar um instrumento, o cérebro modifica-se: a música “muscula-o” e enriquece-o com uma larga paleta de capacidades cognitivas. Este treino neuronal beneficia sobretudo os jovens músicos. “Antes da adolescência, sendo o cérebro ainda imaturo, cada nova aprendizagem desafia a sua estrutura”, explica Hervé Platel, que fará parte dos quarenta peritos do cérebro reunidos pelo Le Point em Nice pela primeira edição de Neuroplanète.

As propriedades terapêuticas da música

Para além das zonas da audição, a prática de um instrumento desenvolve as regiões que tratam das informações motoras – que aliás não serão as mesmas num pianista e num violinista -, mas também em larga medida as da linguagem, com a qual ela partilha diversas áreas comuns, além da memória e do prazer. O músico criança obtém assim melhores desempenhos motores, adquire um vocabulário mais rico, desenvolve uma maior facilidade em ler, escrever, aprender línguas, compreender as matemáticas, aperfeiçoar o raciocínio, tornar-se lógico… até se revelar melhor nos testes de QI do que os colegas não-músicos. A música torna a criança mais inteligente? “Evidentemente, seria redutor! Mas ir ao conservatório, é como ir duas vezes à escola! Aprender solfejo, dominar um instrumento, obrigar-se a sincronizar com os outros músicos são atividades extremamente exigentes que vão estimular numerosas partes do cérebro, desenvolvê-las e treinar quantidade de benefícios que manterá toda a sua vida, mesmo se mais tarde deixa de fazer música”, nota o especialista.

A música não só tem um impacto sobre o funcionamento do nosso cérebro e as nossas competências intelectuais, mas também propriedades terapêuticas espantosas. As oficinas de música multiplicam-se para ajudar os doentes de Alzheimer, acalmar a sua ansiedade, melhorar o seu humor. Facto completamente inesperado: “Nos doentes de Alzheimer, a memória musical resiste, mesmo numa fase muito severa. O seu cérebro continua a codificar informações”, entusiasma-se Platel, que trabalha com doenças neurodegenerativas.

Se fazemos ouvir melodias novas a pessoas que apresentam amnésias maiores, elas são capazes, vários meses mais tarde, de as trautear. Mesmo com o seu seu hipocampo degradado, a memória persiste na sua cabeça. De facto, a memória solicita outro caminho, menos vulnerável à lesões cerebrais. “Nós estamos prestes a lançar um estudo que vai permitir observar o cérebro de pessoas muito atentas para compreender o percurso desta memória inconsciente”, confia o neurofisiólogo.

Novos campos terapêuticos são permanentemente descobertos. A musicoterapia encontra o seu lugar em tratamentos de stress, dor, dislexia, serviços de psiquiatria… Por vezes, ela parece agir miraculosamente. A aprendizagem do piano ajuda as vítimas de um AVC a reencontrar as suas capacidades motoras, o canto, a palavra. Uma música com ritmo adaptado assegura e uniformiza a marcha dos pacientes que tinham uma atividade motora desordenada por causa da doença de Parkinson. “A música abranda os costumes”, diz o provérbio. Provado pelas neurociências. Música, maestro!

Hervé Platel
Hervé Platel
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Monumento a Ludwig van Beethoven perto da Koncerthaus em Viena

Ludwig Van Beethoven (1770-2020)

Comemorações dos 250 anos

Quando à noite contemplo extasiado os céus a enorme quantidade de astros que permanentemente bailam em suas órbitas, os chamados sóis e terras, o meu espírito voa para além dessas estrelas distantes, até à Fonte Primordial, que deu origem a todas as formas e que há-de criar tudo o que será criado.

Ludwig van Beethoven

Beethoven é um dos maiores génios da Humanidade, senão o maior.

Quem como ele foi capaz de subir até à Harpa Celestial, fazendo-a descer até aos corações dos seres humanos?

A Música é a arte suprema, o Som Criador Divino que nos dá paz, alegria, esperança, amor, liberdade.

Quem como Beethoven criou composições geniais, verdadeiros hinos de fraternidade, de liberdade, de harmonia que nos eleva à nossa verdadeira pátria, que nos liberta dos elos que nos escravizam a este mundo cheio de ilusões?

Quem como ele sofreu numerosas amarguras, ingratidões, subindo nas asas do perdão, da música até Deus que muito amava.

A sua surdez física deu-lhe provas muito dolorosas, todavia, será que não possuía capacidades superiores auditivas?

John Russel teve a oportunidade de o ouvir tocar no seu piano, concluindo que entre Beethoven e o piano havia uma íntima união, uma estreita audição, estranha, que levava a que os sons se reflectiam em seu rosto, a sua alma estava muito acima deste mundo físico.

Quando lemos o seu pensamento que serviu de introdução, concluímos que tinha poderes espirituais, que o elevavam muito acima do comum dos mortais. Ele era um filósofo cosmocrata.

Um dia passeava com a minha querida esposa numa zona verde, em Viena, capital da Música, onde viveu, quando nos surge um “grandioso” monumento em sua honra.

Parámos.

Monumento a Ludwig van Beethoven perto da Konzerthaus em Viena
Monumento a Ludwig van Beethoven perto da Konzerthaus em Viena

Começámos por admirar todo o conjunto, depois acercámo-nos, investigámos cada estatueta que tinha sido esculpida na sua base. Eram nove, alegorias das nove sinfonias. Absorvidos nesta obra maravilhosa, estávamos esquecendo de almoçar! Uma delas era um cisne. Esta alvinitente ave, símbolo do Iniciado, capaz de voar até às alturas como de mergulhar nas águas, indicava o seu nível evolutivo.

Cisne do Monumento a Ludwig van Beethoven perto da Konzerthaus em Viena
Cisne do Monumento a Ludwig van Beethoven perto da Konzerthaus em Viena

Como sabemos a Nona Sinfonia é o Hino da União Europeia. Foi uma escolha perfeita, falta seguir os elevados ideais contidos nessa obra magistral.

Muito mais havia que falar sobre o seu legado incomensurável, temos de terminar, com as sábias palavras doutro génio, o último enciclopedista, Goethe:

“Nunca conheci um artista que tivesse uma tão profunda concentração espiritual aliada a uma enorme grandeza de coração. Por isso, entendo, perfeitamente, que lhe seja dificílimo adaptar-se a este Mundo e às suas convenções.”

Goethe

Delmar Domingos de Carvalho

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Louis Braille também foi católico devoto e organista em várias igrejas

Louis Braille inventou a música e a escrita em braille utilizando a mesma ferramenta que lhe tinha custado a visão.

Louis Braille nasceu na pequena cidade francesa de Coupvray, filho de um curtidor. Aos três anos, Braille, procurando imitar o pai, levantou a sovela para furar um bocado de couro. Com os olhos meio cerrados, fez força e a sovela desviou-se do couro perfurando o olho. Não foi possível encontrar tratamento e a criança sofreu terrivelmente quando o olho infecionou e a infeção alastrou à outra vista. Aos cinco anos ficou completamente cego. “Porque é que está sempre escuro?” – continuava a perguntar aos seus pais, sem dar-se conta de que nunca voltaria a ver.

O seu pai fez bastões para ele e ensinou-o a guiar-se de forma independente. Os professores e padres de Coupvray ficaram impressionados com a precocidade e perseverança de Braille e aos 13 anos recomendaram-no ao Royal Institute for Blind Youth, uma das primeiras escolas para cegos de todo o mundo. O Instituto tinha sido fundado pelo filantropo Valentin Haüy, que não era cego.

Os alunos aprendiam a ler usando letras em relevo num sistema criado por por Haüy. Mas era um processo muito moroso produzir os livros, e quando a escola abriu pela primeira vez, só tinha três. Nem as crianças podiam escrever usando o referido sistema. O pai de Braille fez-lhe um alfabeto de couro grosso, para que pudesse escrever em casa traçando as letras. Aos 12 anos, Braille tomou conhecimento da existência de um sistema de comunicação por pontos e raias em papel, idealizado pelo Capitão Charles Barbier para que os soldados partilhassem informação à noite sem falar nem usar a luz. Tinha sido rejeitado pelos militares por ser muito complicado.

Durante três anos, Braille trabalhou arduamente para desenvolver um sistema semelhante e mais simples para cegos, utilizando uma sovela, a ferramenta que o tinha deixado cego. Afirmou: “O acesso à comunicação no sentido mais amplo é o acesso ao conhecimento, e isso é de vital importância para que nós [os cegos] não sejamos depreciados ou patrocinados por pessoas videntes condescendentes. Não precisamos que tenham pena, nem que nos lembrem de que somos vulneráveis. Devemos ser tratados como iguais, e a comunicação é a forma de o alcançar.”

Depois de algumas revisões, Louis Braille criou aos 15 anos um alfabeto para cegos e publicou-o cinco anos mais tarde, expandindo-o para incluir símbolos geométricos e notação musical.

Braille, católico, era um apaixonado pela música e um talentoso violoncelista e organista. Foi organista na igreja de Saint-Nicolas-des-Champs em Paris entre 1834 e 1839, na igreja de São Vicente de Paulo. Braille foi convidado a tocar órgão em igrejas de toda a França.

Quando concluiu os estudos, foi convidado a continuar como ajudante de um professor. Foi nomeado professor aos 24 anos. Ensinou História, Geometris e Álgebra no Instituto durante a maior parte da sua vida.

Contudo, o sistema de escrita de Braille não foi aceite no Instituto. Os sucessores de Haüy foram hostis a este invento e despediram o director Dr. Alexandre François-René Pignier por ter um livro de História traduzido em Braille.

Louis Braille morreu de tuberculose aos 43 anos. Dois anos depois, o seu sistema foi finalmente adotado pelo Instituto perante a insistência dos estudantes e espalhou-se por todo o mundo francófono. (…)

Tradução de Aleteia, do Espanhol, por António José Ferreira, a 09 de janeiro de 2020 (excerto)

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soprano Susana Gaspar

Músicos Portugueses na Diáspora” é projeto Meloteca em curso ao longo de 2020 que pretende conhecer e divulgar todos os músicos portugueses na diáspora. Cada resumo biográfico, de cerca de 300 palavras, valorizará:

  • os estudos feitos pelo músico em Portugal,
  • os laços familiares musicais,
  • as circunstâncias que o levaram a emigrar,
  • a repercussão internacional da carreira,
  • as relações mantidas com a música portuguesa.

Alexandra Mascolo-David

Pianista, residente nos EUA

Alexandra Mascolo-David, pianista nos EUA
Alexandra Mascolo-David, pianista nos EUA

Residente nos EUA, Michigan, a pianista portuguesa Alexandra Mascolo-David, filha da coreógrafa Anna Mascolo, é diplomada em Piano pelo Conservatório de Música do Porto e Doctor of Musical Arts pela Universidade do Kansas, onde estudou com Sequeira Costa. Tem atuado com regularidade em temporadas de concertos na Europa, na Ásia, na América Latina e na América do Norte, incluindo um recital no Carnegie Hall em 2004, o qual recebeu uma crítica magnífica na revista New York Concert Review. Há duas décadas que tem vindo a enriquecer o seu repertório com a música de compositores portugueses contemporâneos. O seu irmão Bruno foi bailarino do Ballet Gulbenkian e do Ballet National de Marseille Roland Petit – a sua carreira foi interrompida por um acidente, o que o levou a dedicar-se ao Design de Interiores. Em 2000, Alexandra Mascolo-David casou com Patrick Donnelly em 2000, Director of Theatre Operations no Kauffman Center for the Performing Arts em Kansas City. (01/01/2020)

Dinis Sousa

Maestro, do Porto, residente em Londres, Reino Unido

maestro Dinis Sousa
maestro Dinis Sousa

Nascido no Porto, Dinis Sousa vive em Londres. É fundador e director artístico da Orquestra XXI – projecto vencedor do prémio FAZ-IOP 2013, que reúne músicos portugueses residentes no estrangeiro. Nas últimas temporadas, Dinis Sousa tem dirigido orquestras como a Southbank Sinfonia, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra de Câmara da Escócia, Aurora Orchestra e Orquestra Sinfónica de Londres. Tem trabalhado com o maestro Sir John Eliot Gardiner, enquanto seu assistente em projectos com a Orquestra Sinfónica de Londres, onde já teve a oportunidade de dirigir a orquestra, com a Orquestra Filarmónica de Berlim e com o Monteverdi Choir e Orchestre Révolutionnaire et Romantique. A 10 de Junho de 2015, foi condecorado pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com o grau de Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique. (04/01/2020)

João Terleira

Tenor, de Viana do Castelo, na residente Alemanha

João Terleira
João Terleira

João Terleira iniciou os estudos musicais na Academia de Música de Viana do Castelo. É licenciado em Canto pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE) do Porto. Terminou o Mestrado em Interpretação Artística, na ESMAE, com a dissertação Tecnologia de Apoio em Tempo-Real ao Canto – Relação entre parâmetros percetivos da voz cantada com fenómenos acústicos objetivos, sob a orientação de Rui Taveira e Sofia Lourenço. Apresenta-se regularmente em Portugal e no estrangeiro, abrangendo repertório que inclui recitais de canto, canção sinfónica e oratória. Foi bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia no projeto “Tecnologia de Apoio em Tempo-Real ao Canto”. Entre 2013 e 2015, foi membro do estúdio da Ópera da Flandres, sediado em Gent, na Bélgica. Neste momento reside na Alemanha. (06/01/2020)

Jorge Chaminé

Barítono, do Porto, residente em Paris, França

barítono Jorge Chaminé
barítono Jorge Chaminé

Nascido no Porto, Jorge Chaminé, barítono polifacetado, ocupa um lugar de destaque no mundo da lírica internacional. Bolseiro da Fundação “Calouste Gulbenkian”, estudou em Paris, Madrid, Munique e Nova Yorque. Barítono de ópera, foi aplaudido em Nova Yorque, Boston, Paris, Florença, Roma, Washington, Hamburgo, Avinhão, Sevilha, Madrid, Marselha e convidado como solista por orquestras como as Boston Symphony, London Symphony, Filarmónica Checa, Sinfónica de Berlim, RIAS, sob a direcção dos mais prestigiados maestros. Contracenou com famosos cantores como Mirella Freni, Montserrat Caballé e Teresa Berganza. O seu conhecimento das línguas assim como a originalidade dos seus programas fazem de Chaminé um recitalista sem par, tendo-o levado a cantar nas mais prestigiosas salas de concerto do mundo assim como nos principais festivais internacionais. Foram-lhe dedicadas obras por Bussotti, Lenot, Markeas, Schwarz, Petit, Vlad e Xenakis. É detentor de inúmeros prémios e distinções internacionais, Jorge Chaminé recebeu a Medalha dos Direitos Humanos da Unesco, de mãos de Federico Mayor, pela sua acção a favor das crianças abandonadas. Realizou cursos de aperfeiçoamento artístico na Europa e América. A partir de 2001, fundou um Atelier Musical no Centro Cultural Calouste Gulbenkian de Paris para cantores, pianistas e grupos de música de câmara: dado o grande êxito deste Atelier, Jorge Chaminé foi convidado a continuar esta original experiência pedagógica em 2005 no Colégio de Espanha da Cidade Universitária de Paris. Jorge Chaminé é o Director da prestigiosa Fundação Concertante e Director Artístico do Festival CIMA na Toscana. É também vice-presidente da Associação Georges Bizet. Jorge Chaminé foi nomeado Embaixador de Boa Vontade da organização “Music in ME”. A 31 de agosto 2018, foi nomeado Officier da Ordre des Arts et des Lettres pelo governo francês. (08/01/2020)

Liliana de Sousa

Meio-soprano, de Caldas de São Jorge, residente na Alemanha

meio-soprano Liliana de Sousa
meio-soprano Liliana de Sousa

Residente na Alemanha, a meio-soprano Liliana de Sousa é natural de Caldas de São Jorge. Licenciou-se em 2013 em Canto na ESMAE, Porto, e prosseguiu estudos na International Opera Academy 2013/15, em Ghent, Bélgica (anteriormente denominada Flanders Operastudio). Em Ópera interpretou diversos papéis e foi solista em diversas obras no campo da Oratória. Desde a temporada 2016/2017, é solista no Aalto-Musiktheater em Essen na Alemanha, onde interpretou papéis como Hänsel (“Hänsel und Gretel”), Page (“Salome”), Annio (“La Clemenza di Tito”), Rosina (“Il Barbiere di Siviglia”) e Cherubino (“Le Nozze di Figaro”). Na última temporada cantou em Essen papéis como Küchenjunge/2.Elfe (“Rusalka”), Despina (“Così fan tutte”), Kreusa (“Medea”), Flosshilde (“Der Ring an einem Abend”), Mercédès (“Carmen”), Barbara (” Eine Nacht in Venedig”), Page (“Salome”) assim como Hänsel. Cantou como convidada na Ópera em Wuppertal e em Dortmund. (03/01/2020)

Luís Magalhães

Pianista, de Famalicão, residente na África do Sul

pianista Luís Magalhães
pianista Luís Magalhães

Residente na África do Sul, Luís Magalhães nasceu em Lousado, Famalicão. Iniciou os estudos musicais aos 5 anos. Aos 12 anos ingressou no Curso de Piano do Centro de Cultura Musical de Caldas da Saúde. Com 18 anos começou os estudos de bacharelato na ESMAE na classe de Pedro Burmester. Foi galardoado com primeiros e segundos prémios no Concurso Maria Campina 1992 e 1997, Concurso Nacional da JMP em 1992, Prémio Jovens Músicos da RDP (Música de Câmara) em 1995. Participou no “2002 Russian Music Piano Competition” na Califórnia, EUA, tendo sido distinguido com o 2º Prémio, medalha de prata, e prémios para melhor interpretação de música russa e melhor interpretação de Rachmaninoff. Apresentou-se com numerosas orquestras nacionais e estrangeiras. Concluiu “cum laude” o grau de Mestrado in Performance na Universidade de Stellenbosch. Encontra-se matriculado na Universidade de Cape Town no grau de doutoramento. Luís Miguel Magalhães apresenta-se frequentemente em duo de pianos com a sua mulher, Nina Schumann, duo que tem obtido as melhores criticas internacionais pela sua musicalidade expressiva e técnica apurada. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian desde 1993 até 2002. (02/01/2020)

Maria de Macedo

Violoncelista, de Vila Nova de Gaia, residente em Madrid, Espanha

violoncelista gaiense Maria de Macedo
violoncelista gaiense Maria de Macedo

Maria de Macedo nasceu em Gaia em 1931 e iniciou os  estudos de violoncelo no Conservatório do Porto na classe de Madalena Sá e Costa. Aquando da sua graduação foi-lhe atribuído em 1955 o Prémio Suggia. Continuou os estudos musicais na Europa e nos EUA. Durante a década de 50, manteve uma intensa actividade como solista, em recitais, concertos com orquestra e gravacões. Foi membro da Orquestra Sinfónica do Porto, da Orquestra Nacional de Lisboa, e durante dez anos, solista da Orquestra Gulbenkian. Vivendo em Madrid desde 1975, dedica-se ao ensino do violoncelo, realizando também numerosas aperfeiçoamento em diferentes cidades espanholas e importantes universidades e conservatórios Europeus. É também júri em importantes concursos internacionais. Em 2001, fundou o prestigioso Forum de Violoncelos de Espanha, incluindo alguns dos mais importantes nomes mundiais a nível da performance e do ensino do violoncelo.

Mariana Pimenta

Soprano, da Ilha da Madeira, residente nos Países Baixos

Soprano madeirense Mariana Pimenta
Soprano madeirense Mariana Pimenta

Mariana Pimenta nasceu na ilha da Madeira, Portugal. Iniciou a atividade musical na actual Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia, no coro Infantil, dirigido por Zélia Gomes. Prosseguiu a formação em Canto no curso Profissional do Conservatório Escola Profissional das Artes da Madeira. Após concluir a Licenciatura em canto e o Mestrado em Educação de Música, na Universidade de Aveiro, Mariana continuou a formação no Conservatório Real de Haia, Holanda, especializando-se em canto na Música Antiga. Como solista, tem vindo a cantar ópera e oratória de compositores diversos. Trabalhou com a companhia de ópera Opera2Day. Na ilha da Madeira cantou com a Orquestra Clássica da Madeira árias de ópera do século XIX e XX, teve recitais a solo, cantou com a Orquestra de Bandolins da Madeira, e foi solista de um concerto integrante no Festival de Órgão da Madeira. Como trabalho em ensemble, foi membro do Vocal Ensemble, dirigido por Vasco Negreiros. É membro solista do ensemble La Banda Ariosa. Como coralista é membro freelance do Coro da Rádio da Holanda. (11/01/2020)

Nuno Rigaud

Organeiro, de Braga, residente na Alemanha

Nuno Rigaud organeiro
Nuno Rigaud, organeiro, 01-04-2013

Nuno Rigaud nasceu em Braga, em 1962, filho de Maria Adelina Caravana, fundadora do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga; e de José João Rigaud de Sousa, provador do IVP e historiador. Entre 1985-1988 fez aprendizagem da organaria em França, Alsácia, na Firma Christian Guerrier Facteur d’Orgues (www.orgues-guerrier.org). Em 1990, casou com a organista alemã Waltraud Götz-Rigaud [Diploma A do curso de Música Litúgica, Curso de Pedagogia Musical e curso de órgão de concerto concluído com a classe de mestrado (Meisterklasse)] do Conservatório Nacional de Munique (Musikhochschule München) www.goetz-rigaud.de. Entre 1988-2004, trabalhou como organeiro – adquirindo experiência em todos os ramos da organaria incluindo planeamento e intonação – nas firmas da Baixa Baviera Georg Jann Orgelbau (Jann Pai, de 1988 a 1995), (orguian.com), Thomas Jann Orgelbau (Jann Filho, de 1995 a 2004), www.jannorgelbau.de. Em 2006, fundou a sua própria firma: Nuno Rigaud Orgelbau. (05/01/2020)

Pedro Costa

Pianista, de Macau, residente em Viena, Áustria

pianista Pedro Costa
pianista Pedro Costa, créditos Krystallenia Batziou Photography

Pedro Costa é um pianista português especializado no acompanhamento de canto e música de câmara. Desde 2017 é pianista correpetidor da Universidade de Música e Artes Performativas de Graz. Foi o vencedor do Concurso de Interpretação do Estoril, Prémio Helena Sá e Costa,  Concurso Louis Spohr para Acompanhamento de Lied em Kassel, o Concurso New Tenuto. Foi também premiado com o Prémio de Melhor Acompanhador no Concurso de Canto Lírico da Fundação Rotária Portuguesa. Atuou como solista com várias orquestras e maestros. Tem vindo a apresentar-se em diversas salas europeias e participou em festivais internacionais. Com o oboísta Guilherme Sousa e o fagotista Paulo Ferreira fundou o Perspective Trio que alcançou o primeiro prémio no Prémio Jovens Músicos, tendo-lhes também sido atribuído o Prémio GDA que permitirá a produção de um CD com obras portuguesas inéditas dedicadas a esta formação. Dado o seu especial interesse no acompanhamento de Lied, participou em várias edições do International Lied Masterclasses em Bruxelas, onde trabalhou com prestigiados cantores e pianistas. Nascido em 1989 em Macau, Pedro Costa é licenciado pela ESMAE no Porto.  Em 2015 terminou com distinção o Mestrado em Piano no Koninklijk Conservatorium Brussel (Bélgica). (13/01/2020)

Renato Penêda

Percussionista, residente em Roterdão, Países Baixos

Renato Penêda, créditos Arthur Stockel
Renato Penêda, créditos Arthur Stockel

Nascido em 1990, Renato Penêda é um percussionista que divide a actividade profissional entre os palcos e os bastidores. Trabalha com diversas orquestras, resultado de um trajecto educacional focado na música para ensemble e orquestra, iniciado na Banda de Música de Moreira da Maia com passagem pelo Conservatório do Porto e a ESMAE, até à chegada à Codarts Rotterdam. Em Roterdão, Renato Penêda terminou a licenciatura, durante a qual estudou também direcção de orquestra e empreendedorismo. Na Codarts, obteve o mestrado com distinção, após a apresentação de um espectáculo de teatro musical para duo de percussão e voz baseado em música portuguesa e percussão corporal. O percurso artístico levou-o a colaborações com diversos agrupamentos e orquestras e apresentações em 14 países em 3 continentes. Activo também na área da música contemporânea, é percussionista do AKOM Ensemble (Roterdão) e membro fundador do Pulsat Percussion Group, vencedor do 2.º prémio na edição de 2012 do Prémio Jovens Músicos e na edição de 2013 do Concurso Internacional de Música de Câmara “Cidade de Alcobaça”. Fora de palco, é produtor no departamento de música clássica da Codarts Rotterdam. (13/01/2020)

Rita Moldão

Soprano coloratura, de Vila Real, residente em Madrid, em Espanha

Rita Moldão soprano coloratura créditos Juan Carranza
Rita Moldão soprano coloratura

Natural de Vila real, Rita Moldão, Rita Moldão é licenciada em Canto Teatral pelo Conservatório Superior de Musica de Gaia, onde concluiu a licenciatura na classe de Fernanda Correia tendo continuado os estudos com Elisabete Matos em Madrid onde vive atualmente. Teve a sua estreia em 2003 como Susanna na ópera Le nozze di Fígaro, numa produção do Festival de Música de Gaia. Para além das excelentes críticas que tem na interpretação de papéis de ópera, Rita Moldão também é reconhecida pelos concertos e recitais, sejam de música de câmara ou música sacra, num repertório que inclui, por exemplo, Exultate JubilateMissa da Coroação e Missa Breve em SolM de Mozart, O Messias de Handel, Missa em honra de S. Giuseppe Calasanzio de Oreste Ravanello, Missa de Santa Cecília de Gounod, Gloria de Vivaldi, entre outros. A Missa de Santa Cecília foi emitida no canal televisivo TVI no ano 2007. Estreou a obra Cantata de Natal para orquestra, coro e solista do compositor e organista Rui Soares. Apresentou-se em numerosos concertos, em Portugal, Espanha, Cabo verde e EUA em recitais com piano, concertos com orquestra, galas de ópera e música sacra.  (10/01/2020)

Susana Gaspar

Soprano, de Lisboa, residente em Londres, Reino Unido

soprano Susana Gaspar
soprano Susana Gaspar

Susana Gaspar apresentou-se em concertos e recitais no Reino Unido (St. Martin in the Fields, St. Olave’s Church, Wigmore Hall, Barbican Centre, Cadogan Hall, Winchester, Cambridge, Birmingham, Cardiff), Portugal (Teatro Nacional de São Carlos, Gulbenkian, CCB, Casa da Música), França, Suiça, Malásia e México. Iniciou os estudos musicais na Escola Profissional de Música de Almada. Frequentou o curso de canto a Escola de Música do Conservatório Nacional. Como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, estudou na Guildhall School of Music and Drama, em Londres. Participou ainda em classes magistrais e cursos de ópera. No domínio da ópera representou diversos papéis. Apresentou-se no Grémio Lusitano num recital inteiramente preenchido com obras de Mozart. Pertenceu ao Coro de Câmara de Lisboa dirigido por Teresita Marques, com o qual realizou concertos em Portugal, França, Espanha, México e Cuba, e gravou os discos a capella. É membro fundador do grupo Alma Nua – Canto y guitarra, que se dedica à divulgação de modinhas luso-brasileiras, tendo-se apresentado em concerto em Portugal e França. (14/01/2020)

LISTA EM CONSTRUÇÃO

Alexandra Mascolo-David, pianista, residente nos EUA

Cristiana Oliveira, soprano lírico, de Braga, residente em Londres, Reino Unido

Dinis Sousa, maestro, do Porto, residente no Reino Unido

João Terleira, tenor, de Viana do Castelo, na residente Alemanha

Jorge Chaminé, barítono, do Porto, residente em Paris, França

Liliana Sousa, meio-soprano, de Caldas de São Jorge, residente na Alemanha

Luís Magalhães, pianista, de Famalicão, residente na África do Sul

Maria de Macedo, violoncelista, de Vila Nova de Gaia, residente em Madrid, Espanha

Mariana Pimenta, soprano, da Ilha da Madeira, residente nos Países Baixos

Miguel Erlich, violetista, de Lisboa, residente na Alemanha

Nuno Rigaud, organeiro, de Braga, residente na Alemanha

Pedro Costa, pianista, de Macau, residente em Viena, Áustria

Renato Penêda, da Maia, residente em Roterdão, Países Baixos

Rita Moldão, soprano coloratura, de Vila Real, residente em Madrid, em Espanha

Sofia Ribeiro, cantora jazz, do Porto, baseada na Colômbia

Susana Gaspar, soprano, de Lisboa, residente em Londres, Reino Unido

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Artur Pizarro aos 3 anos com o professor Campos Coelho

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Artur Pizarro

Artur Pizarro aos 3 anos com o professor Campos Coelho

Artur Pizarro aos 3 anos com Campos Coelho

Artur Pizarro apresentou-se em público pela primeira vez aos três anos de idade e no ano seguinte apresentou-se na RTP ao lado do professor Campos Coelho. Os seus primeiros passos ao piano foram acompanhados pela avó materna, a pianista Berta da Nóbrega, e pelo professor Campos Coelho. Obteve três primeiros prémios de concursos internacionais, nomeadamente o Concurso Vianna da Motta em 1987, o Greater Palm Beach Invitational Piano Competition de 1989 (onde seis primeiros prémios de concursos internacionais foram convidados a competir) e o Leeds International Piano Competition de 1990. Artur Pizarro tem uma extensa discografia (perto de 50 CD) em diversas editoras internacionais. Em reconhecimento pela relevância da sua arte, Artur Pizarro foi galardoado com o Prémio Bordalo, o Prémio SPA, a Medalha de Mérito Cultural da Cidade de Funchal e a Medalha de Mérito Cultural de Portugal. Em 2014 foi-lhe atribuído o Prémio Albéniz pelo Festival Albéniz em Camprodon, Espanha.

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Fernando Laires

pianista Fernando Laires

pianista Fernando Laires ao centro

Fernando Laires iniciou a carreira internacional aos 19 anos com o ciclo completo das 32 sonatas de Beethoven de memória numa série de concertos. Nessa data, apenas outro pianista com menos de 20 anos tinha conseguido tal proeza. Emigrado para os EUA, do governo norte-americano recebeu financiamento para observar 20 universidades e conservatórios dos Estados Unidos. Visitou quatro continentes nos papeis de pianista, pedagogo e diretor artístico. Foi galardoado com a Beethoven Medal in memory of Artur Schnabel dos Harriet Cohen International Music Awards, Londres, pela sua interpretação das sonatas de Beethoven, e a Ordem do Infante D. Henrique pelo Governo Português, e recebeu a medalha Franz Liszt da Sociedade Liszt da Hungria e a Medalha Comemorativa Liszt da República Popular da Hungria.

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Filipe Pinto-Ribeiro fez a estreia em Portugal de grandes obras para piano. É convidado como solista pelas principais orquestras portuguesas e de vários países europeus. Apaixonado pela música de câmara, apresenta-se em parceria com alguns dos maiores nomes do panorama internacional. É fundador e diretor artístico do DSCH – Schostakovich Ensemble que se apresentou de norte a sul de Portugal e em diversos países, e gravou para o canal de televisão Mezzo. O duplo álbum do Schostakovich Ensemble, com a primeira gravação mundial da Integral da Música de Câmara para Piano e cordas de Schostakovich, foi premiado com: 5 Diapasons, Opus D’Or, Álbum do ano 2018 Classique News, Melhor do ano 2018 Jornal Público, máximas classificações de revistas europeias, e críticas de grande destaque. Gravou diversos CD que obtiveram excelente receptividade por parte do público e da crítica. A sua última gravação a solo, o duplo CD “Piano Seasons” recebeu mais elevadas classificações da crítica internacional (BBC Music Magazine, Klassik Heute, Classique News, BR-Klassik).

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Maria João Pires

Maria João Alexandre Pires

Maria João Alexandre Pires aos 7 anos

Maria João Pires tinha quatro anos quando tocou pela primeira vez em público. Aos sete anos, tocou em público concertos de Mozart. Aos nove recebeu o galardão da Juventude Musical Portuguesa. Em 1970, ganhou o primeiro prémio do concurso Beethoven de Bruxelas que lhe conferiu uma projecção internacional. O CD duplo com os Nocturnos de Chopin, gravado em 1996, vendeu cerca de trinta mil cópias em Portugal, recorde absoluto na música clássica. No princípio dos anos 80, um acidente obrigou-a a interromper a actividade. Regressou aos concertos em 1986, exibindo o seu talento nas grandes capitais. Em 1989 ganhou o Prémio Pessoa. Em 1990, a gravação integral das sonatas para piano de Mozart valeu-lhe o Grand Prix International du Disque, bem como o CD Compact Prize. Em 1983 foi feita Dama da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, em 1989 foi feita Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique e em 1998 foi elevada a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Em 2019 recebeu a Medalha de Mérito Cultural e  foi condecorada com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2015, foi distinguida em Londres com um prémio Gramophone, equivalente aos óscares para a música clássica.

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Sérgio Varella-Cid

pianista Sérgio Varela-Cid aos 5 anos

Sérgio Varela-Cid aos 5 anos

Sérgio Varela-Cid era filho de Lourenço Varela Cid, também pianista e professor do Conservatório, e de Dora Soares Varela Cid, violinista natural do Brasil. Desde os 3 anos revelou um talento extraordinário para o piano dando aos oito anos o seu primeiro concerto no ginásio do Liceu Camões e aos dez o primeiro recital público no Tivoli. A casa paterna era frequentada por alguns dos maiores vultos da música do século XX: Prokoffief, Arthur Rubinstein, Isaac Stern, Yehudi Menuhin, Igor Markevitch. O sucesso destas apresentações elevou-o desde logo à categoria de menino prodígio com concertos em várias cidades da Europa: Paris, Madrid, Escandinávia. Rubinstein terá dito: “Este poderá ser o meu sucessor”. Entre 1955 e 1962, Varela Cid acumulou prémios. Venceu em 1955 o 1º Prémio do Conservatório, em 1957 o 1º Prémio Concurso Internacional Magda Tagliaferro, em 1957 o 4º Prémio do Concurso Internacional de Música Vianna da Motta e em 1962 o 6º lugar no I Concurso Internacional Van Cliburn. Em 1972, no auge das suas capacidades, imediatamente após ter dado uma série de concertos com sucesso no Carnegie Hall e dois anos depois de ter ganho o Prémio da Imprensa com a sua gravação integral dos concerto de Beethoven abandonou a carreira de pianista. Iniciado no jogo pelo próprio professor de piano, foi incapaz de vencer a vertigem do vício. Enredou-se em dívidas, o que o levou a procurar dinheiro através de expedientes ilícitos. Em 1981, desapareceu da sua residência em São Paulo, Brasil.

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maestro Yannick Nézet-Séguin

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Vítor Rua

Vítor Rua

Vítor Rua, guitarrista e compositor

Um dia, quando o guitarrista e compositor Vítor Rua tinha uns 3 ou 4 anos, os seus pais foram para Paris com os seus tios. Ele ficou na casa de praia com as tias, tios, primas, primos e irmãos. Ficou “doente”, tipo gripe, e ligaram aos pais, que regressaram preocupados.

Quando chegaram e foram ao seu quarto ele acordou, olhou para eles e exclamou:

– Olha os meus dois grandes amigos!

Eles choraram. E o Vítor ficou logo bom…

Yannick Nézet-Séguin

maestro Yannick Nézet-Séguin

maestro Yannick Nézet-Séguin

Quando o maestro ​​Yannick Nézet-Séguin tinha 10 anos apenas, foi à cave da casa da família, pôs a tocar um dos discos de vinil da família, pegou num lápis amarelo a fazer de batuta e pôs-se a dirigir o repetidamente primeiro andamento da Sinfonia nº 40 de Mozart.

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Olha os meus dois grandes amigos, história real de Vítor Rua

Um dia, tinha eu uns 3 ou 4 anos, os meus pais foram para Paris com os meus tios, e eu fiquei na casa de praia com as minhas tias, tios, primas, primos e irmãos.

Fiquei “doente”, tipo gripe, e ligaram aos meus pais, que regressaram preocupados. Quando chegaram e foram ao meu quarto eu acordei, olhei para eles e exclamei:

“Olha os meus dois grandes amigos!”

Eles choraram os dois; e eu fiquei logo bom…

Vítor Rua

Olha os meus dois grandes amigos, história real de Vítor Rua

Ilustração de Ilda Teresa Castro

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Música e cérebro

“Somos o que somos com a música e pela música”, argumenta o autor, neurológico e neurocientista.

Facundo Manes, El País, Neurociencia, 14 de setembro de 2015

Os seres humanos convivemos com a música a toda a hora. É uma arte que nos faz desfrutar de momentos de prazer, nos estimula a recordar acontecimentos do passado, nos leva a partilhar emoções em canções em grupo, concertos ou espetáculos desportivas. Mas o que acontece de forma tão natural produz-se através de complexos e surpreendentes mecanismos neuronais. É por isso que a partir das neurociências nos colocamos muitas vezes este pergunta: que faz a música ao nosso cérebro?

A música parece ter um passado extenso, tanto ou mais do que a linguagem verbal. Prova disso são as descobertas arqueológicas de flautas feitas de osso de ave, cuja antiguidade se estima de 6000 a 8000 anos, ou mais ainda de outros instrumentos que poderiam anteceder o homo sapiens. Existem diversas teorias sobre a coexistência íntima com a música na evolução. Algumas destas deram-se porque ao estudar a resposta do cérebro à música, as áreas chave que estão envolvidas são as do controlo e da execução de movimentos.

Uma das hipóteses postula que esta é a razão pela qual se desenvolve a música: para ajudar-nos a todos a mover-nos juntos. E a razão pela qual isto teria um benefício evolutivo é que quando a gente se move em uníssono tende a atuar de forma mais altruísta e estar mais unida. Alguns cientistas, por sua vez, sugerem que a influência da música sobre nós pode ter surgido de um acontecimento fortuito, pela capacidade que ela tem de sequestrar sistemas cerebrais construídos para outros fins, tais como a linguagem, a emoção e o movimento.

Ouvimos música desde o berço ou, inclusive, no período de gestação. Os bebés, nos primeiros meses de vida, têm a capacidade de responder a melodias antes que a uma comunicação verbal dos seus pais. Os sons musicais suaves relaxam-nos. Sabe-se, por exemplo, que os bebés prematuros que não podem dormir são beneficiados pelo pulsar do coração da mãe ou sons que os imitam.

A música está incluída entre os elementos que dão mais prazer na vida. Liberta dopamina no cérebro como também o fazem a comida, o sexo e as drogas. Todos eles são estímulos que dependem de um circuito cerebral subcortical no sistema límbico, quer dizer, aquele sistema formado por estruturas cerebrais que gerem respostas fisiológicas a estímulos emocionais; particularmente, o núcleo caudado e o núcleo accumbens e as suas conexões com a área pré-frontal. Os estudos que mostram ativação ante estímulos mencionados revelam uma importante imbricação entre as áreas, o que sugere que todos ativam um sistema em comum.

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Meloteca, recursos musicais criativos para crianças, professores, educadores e animadores

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Um dos fundadores do laboratório de investigação Brain, Music and Sound [Cérebro, Música e Som], no Canadá, o cientista Robert Zatorre, descreve assim os mecanismos neuronais de perceção musical: uma vez que os sons têm impacto no ouvido, transmitem-se ao tronco cerebral e daí ao cortex auditivo primário; estes impulsos viajam através de redes distribuídas pelo cérebro importantes para a perceção musical, mas também para o armazenamento da música já ouvida; a resposta cerebral aos sons está condicionada pelo que se ouviu anteriormente, visto que o cérebro tem uma base de dados armazenada e proporcionada por todas as melodias conhecidas.

Estas memórias foram a base para uma original investigação, liderada por Agustín Ibáñez e Lucía Amoruso, que realizou o Instituto de Neurociências Cognitivas (INECO) sobre mecanismos cerebrais que permitem antecipar ações. O nosso cérebro constantemente trata de antecipar o que vai acontecer. Para analisar isto, mostraram a bailarinos profissionais de tango vídeos nos quais, segundo o nível de experiência, poderiam prever (ou não) quando outros bailarinos cometeriam um erro. Enquanto eles observavam, registou-se a ativação de certas regiões do cérebro com eletroencefalograma de alta densidade. Esta investigação revelou que só nos profissionais, 400 milissegundos antes de se iniciar a sequência, a atividade cerebral já antecipava que ia acontecer um erro. Existem circuitos no cortex cerebral envolvidos na perceção, codificação, armazenamento e na construção dos esquemas abstratos que representam as regularidades extraídas das nossas experiências musicais prévias. A construção de expetativas e a sua possível violação é chave para uma resposta emocional.

Música e cérebro

Música e cérebro

A relação da música com a linguagem também é objeto de estudo. O processamento da linguagem é uma função mais ligada ao lado esquerdo do cérebro que ao lado direito em pessoas dextras, ainda que as funções desempenhadas pelos dois lados do cérebro no processamento de diferentes aspetos da linguagem ainda não estejam claros. A música também é processada pelos hemisférios direito e esquerdo. Evidência recente sugere um processamento partilhado entre a linguagem e a música a nível conceptual.

Mas a música parece oferecer um novo método de comunicação enraizada em emoções em lugar do significado tal como o entende o signo linguístico. Investigações mostram que o que sentimos quando escutamos uma peça musical é muito semelhante ao que o resto das pessoas no mesmo lugar experimenta. Por isso as melodias, em muitos casos, podem trabalhar em nosso benefício a nível individual, ao modular o estado de ânimo e inclusive a fisiologia humana, de modo mais eficaz do que as palavras. A ativação simultânea de diversos circuitos cerebrais produzidos pela música parece gerar alguns efeitos notáveis: em vez de facilitar um diálogo em grande medida semântico, como faz a linguagem, a melodia parece mediar um diálogo mais emocional.

A área da saúde socorre-se da música com o fim de melhorar, manter ou tentar recuperar o funcionamento cognitivo, físico, emocional e social, e ajudar a abrandar o avanço de distintas condições médicas. A musicoterapia, através da utilização clínica da música, procura ativar processos fisiológicos e emocionais que permitem estimular funções diminuídas ou deterioradas, e reforçar tratamentos convencionais. Observaram-se resultados importantes em pacientes com transtornos do movimento, dificuldade na fala produto de um acidente cerebrovascular, demências, transtornos neurológicos e em crianças com capacidades especiais, entre outros.

A música pode ser uma ferramenta poderosa no tratamento de transtornos cerebrais e lesões adquiridas ajudando os pacientes a recuperar competências linguísticas e motoras, dado que ativa todas as regiões do cérebro. Estudos de neuroimagem mostram que tanto ao escutar como ao fazer música se estimulam conexões numa ampla franja de regiões cerebrais normalmente envolvidas na emoção, a recompensa, a cognição, a sensação e o movimento.

As novas terapias baseadas na música podem favorecer a neuroplasticidade – novas conexões e circuitos – que em parte compensam as deficiências nas regiões danificadas do cérebro. A música é física e anima as pessoas a moverem-se com o ritmo. Quanto mais destacado é o ritmo, mais radical e contundente é o movimento do corpo. O exercício físico pode ajudar a melhorar a circulação, a proteger o cérebro e facilitar a função motora. A música induz estados emocionais a facilitar mudanças na distribuição de substâncias químicas que pode conduzir a estados de alma positivos e aumento da excitação o que, por sua vez, pode ajudar à reabilitação.

Emoção, expressão, competências sociais, teoria da mente, competências linguísticas e matemáticas, competências visoespaciais e motoras, atenção, memória, funções executivas, tomada de decisões, autonomia, criatividade, flexibilidade emocional e cognitiva, tudo conflui de forma simultânea na experiência musical partilhada.

As pessoas cantam e bailam juntas em todas as culturas. Sabemos que o fazemos hoje e continuaremos a fazer no futuro. Podemos imaginar que o faziam também os nossos antepassados, à volta da fogueira, há milhares de anos. Somos o que somos com a música e pela música, nem mais nem menos.

Facundo Manes é neurólogo e neurocientista (PhD in Sciences, Cambridge University). É presidente da World Federation of Neurology Research Group on Aphasia, Dementia and Cognitive Disorders e professor de Neurologia e Neurociências Cognitivas na Universidad Favaloro (Argentina), University of California, San Francisco, University of South Carolina (USA), Macquarie University (Australia).

[ Tradução de António José Ferreira e publicação na Meloteca a 27 de junho de 2019 ]

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Mário Mateus, diretor de Orquestra e pedagogo

Conservatório Regional de Gaia – 30 anos ao serviço do Ensino e da Cultura

O Conservatório iniciou oficialmente as suas atividades em 1985 – ano europeu da música.

A estrutura foi criada com o objetivo de promover o ensino formal da música até ao nível superior, de criar espaços de reflexão sobre temáticas da performance e da criação musical contemporâneas e de promover atividades culturais vocacionadas para o enriquecimento da Agenda Cultural do Município.

Como polo cultural a que aspirou ser, o Conservatório, desenvolveu, além dos cursos regulares de música, um plano de atividades desenhado de forma interdisciplinar e multidimensional.

Dando corpo a este desiderato e à sua vocação internacional assumida desde a primeira hora da sua existência, o Conservatório promoveu ao longo dos anos os cursos Internacionais de Música, o Concurso Internacional de Canto Francisco de Andrade, Seminários sobre a criação musical Contemporânea, Colóquios sobre o ensino vocacional de música, Festival Internacional de Música de Gaia, etc. Essas iniciativas colocaram o Conservatório Regional de Gaia nos roteiros internacionais e trouxeram a Portugal e a Gaia nomes destacados do panorama musical internacional como: Bidu Saião, G. di Stefano, João de Freitas Branco, Tibor Varga, Paul Schilhawsky, Gundula Janowiz, entre muitos outros nomes célebres.

Com esta exposição pretendeu-se fazer a crónica da atividade letiva e cultural, desenvolvida pelo Conservatório Regional de Gaia ao longo de três décadas ao serviço da cultura e do ensino, em suma, em prol da valorização do potencial humano e da coesão territorial.

por Mário Mateus

Mário Mateus, diretor de Orquestra e pedagogo

Mário Mateus, diretor de Orquestra e pedagogo

26 de janeiro de 2019, Curso livre sobre Música & Músicos: aspetos do Património Musical Português, no Solar Condes de Resende, Canelas, Vila Nova de Gaia.

Fonte: Solar Condes de Resende

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Jorge Castro Ribeiro, etnomusicólogo

Cantar os Reis e o Património Cultural Imaterial em Portugal

O Cantar os Reis em Ovar é uma prática poético-musical multi-localizada, performada em coletivo, em espaços públicos e privados do concelho de Ovar por ocasião da Festa dos Reis Magos (6 de Janeiro), em formato apresentativo.

O Cantar os Reis em Ovar é uma prática poético-musical multi-localizada, performada em coletivo, em espaços públicos e privados do concelho de Ovar por ocasião da Festa dos Reis Magos (6 de Janeiro), em formato apresentativo.

Embora partilhe algumas características com outras práticas em Portugal e noutros países da Europa, que ocorrem no mesmo contexto temporal, designadas genericamente por “Cantar dos Reis” ou “Cantar as janeiras”, em Ovar esta prática ao longo dos anos sofreu um processo de codificação artística, social e performativa que é reconhecida e afirmada localmente como diferenciada, uma vez que adquiriu um recorte cultural próprio, sofisticado ao nível da composição musical e poética, e especializado ao nível da performance, que não é encontrado nas outras práticas conhecidas a nível nacional e europeu.

Nesta aula foi observado o Cantar os Reis em Ovar nas suas especificidades afirmadas localmente como distintivas, na veiculação de valores, visão e identidade “vareira”. Foi a forte adesão dos protagonistas à ideia de patrimonialização, e apresentados dados etnomusicológicos e a percepção da investigação etnográfica no processo de inventariação desta prática com vista ao Património Cultural Imaterial de Portugal.

A aula foi complementada com uma visita guiada e exclusiva a Ovar, exactamente no único momento do ano em que a prática tem lugar.

por Jorge Castro Ribeiro

Jorge Castro Ribeiro, etnomusicólogo

Jorge Castro Ribeiro, etnomusicólogo

05 de janeiro de 2019, Curso livre sobre Música & Músicos: aspetos do Património Musical Português, no Solar Condes de Resende, Canelas, Vila Nova de Gaia.

Fonte: Solar Condes de Resende

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