Nesta terra há um rio antigo
[ Fado Ribatejo ]
Nesta terra há um rio antigo de saudade
que nos dá vida e sonho e encantamento
e a paz que o campo tem e a verdade
de quem vive outro sítio, outro momento.
Ter o Tejo aqui, assim, ao pé da porta
é um berço de força e de saber.
Traz-se ao peito o gosto da paixão
enquanto o sol nos fala ao entardecer.
Viver assim é outro modo, outra maneira,
outra vida, outro sonho a comandar.
Passa o tempo escorregando à minha beira,
cantam-se fados à noite para lembrar
E o sol e a gente e o campo e a cidade
e a cheia, esse chão de água a cobrir tudo
e a alma imensa de um povo sem idade
não mudes tu, meu povo, que eu não mudo.
Nesta pátria Ribatejo se ama e canta
se dança, se trabalha e se resiste
e onde o peito alcance haverá chama
ninguém é mais alegre nem mais triste.
E doce e forte e sereno ao mesmo tempo
como os cavalos ao longe, ao pôr do sol
existe aqui um templo que é eterno
na lenda e no feitiço do Almourol.
E o sol e a gente e o campo e a cidade
e a cheia, esse chão de água a cobrir tudo
e a alma imensa de um povo sem idade
não mudes tu, meu povo, que eu não mudo.
Letra e música: Pedro Barroso
Intérprete: João Chora (in CDs “João Chora”, 1999; “Ao Vivo na Chamusca”, 2001)