Canções da (e sobre a) Beira Alta
Adeus, Maria da Graça
— «Adeus, Maria da Graça!
Na Espanha foste criada,
Foste a servir p’rá Póvoa, (oh ai)
Lá vieste enganada.
Lá vieste enganada
De Manuel Celestino;
Fugiste p’ró Feijoal, (oh ai)
Lá tiveste o menino.
Lá tiveste o menino,
No teu ventre foi gerado;
Agarraste-o pelas pernas, (oh ai)
Deitaste-o p’ró telhado.
Deitaste-o p’ró telhado
De sem o ninguém saber;
Tens a casa rodeada, (oh ai)
Já te querem vir prender.»
— «Não tenho medo à Polícia
Nem à Guarda Fiscal,
Só tenho medo ao juiz (oh ai)
Que me leva ao tribunal.
Viva lá, senhor juiz!
Tenho muito a agradecer:
Deu-me cama p’ra dormir (oh ai)
E casa p’ra eu viver.
Letra e música: Tradicional (Aldeia do Bispo, Guarda, Beira Alta)
Informante: Júlia Costa Fonseca
Recolha: Américo Rodrigues
Intérpretes: Ariel Ninas & César Prata* (in CD “Cantos de Cego da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2016)
Primeira versão: César Prata (in CD “Canções do Ceguinho”, Aquilo, 2003)
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Ay eu, coitada
I
Ay eu, coitada,
como vivo em gram cuidado
por meu amigo que ei alongado!
Muito me tarda o meu amigo na Guarda!
II
Ay eu, coitada,
como vivo em gram desejo
por meu amigo que tarda e nom vejo!
Muito me tarda o meu amigo na Guarda!
Poema: D. Sancho I (c. 1199)
Música (reconstituição): Pedro Caldeira Cabral Intérprete: La Batalla (in “Cantigas d’Amigo”, EMI-VC, 1984, reed. 1991)
As façanhas do coveiro
[ O Coveiro de Pínzio ]
As façanhas do coveiro
De Pínzio, lindo lugar:
Desenterrava os defuntos
Para a roupa lhes tirar.
Como nunca tinham visto,
Tudo estava a duvidar…
Até que um certo dia
Lá o foram a espreitar.
Dia primeiro de Junho,
Fez tão grande tirania:
Defunto desenterrou
Manuel Francisco Maria.
Estava o povo lastimando
A morte daquele vizinho
Por na vida ser honrado,
Mostrava a todos carinho.
Talvez que durante a vida
Nunca levasse pancada,
Como lhe deu o coveiro
Nos braços com uma enxada.
Roubando-lhe toda a roupa,
Só com a camisa o deixou;
E até os próprios sapatos
Ao defunto raptou.
Letra e música: Tradicional (Castanheira, Guarda, Beira Alta)
Informante: José Fortunato
Recolha: César Prata
Intérpretes: Ariel Ninas & César Prata* (in CD “Cantos de Cego da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2016)
Primeira versão: César Prata (in CD “Canções de Cordel”, Teatro Municipal da Guarda, 2010)
Nota: Pínzio é o nome de uma freguesia do concelho de Pinhel, distrito da Guarda.
De Lisboa me mandaram
[ E o Cai Di e o Cai Dá ]
De Lisboa me mandaram
(E o cai di e o cai dá!)
Um prato com um belo molho:
(E o cai di ai dá!)
As costelas de uma pulga
E o coração de um piolho.
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai dá!
De Lisboa me mandaram
(E o cai di e o cai dá!)
Quatro pêras num raminho:
(E o cai di ai dá!)
Como era coisa boa
Comeram-nas no caminho.
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai dá!
Minha mãe, p’ra me eu casar,
(E o cai di e o cai dá!)
Prometeu-me quanto tinha:
(E o cai di ai dá!)
Assim que me agarrou casada
Deu-me uma agulha sem linha.
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai dá!
Minha mãe, p’ra me eu casar,
(E o cai di e o cai dá!)
Prometeu-me três ovelhas:
(E o cai di ai dá!)
Uma cega, outra coxa
E outra mocha sem orelhas.
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai di ai dá!
E o cai di e o cai dá!
E o cai di ai dá!
Letra e música: Tradicional (Beira Alta)
Intérprete: Ai!* (in CD “Ai!”, Ai!/RequeRec, 2013)
Deu-se agora, há pouco tempo
[ Casório Divertido ]
Deu-se agora, há pouco tempo,
Um casório divertido:
A noiva mais que danada,
Lá pela noite adiantada,
Arrancou o nariz ao marido.
É o que acontece aos velhos
Que procuram mocidade…
Quando se despiu deitou
E o nariz lhe arrancou
Por não fazer a vontade.
Procuraram-lhe as vizinhas:
— «Que fizeste ao teu Viriato?»
— «Dormir com homem e ter frio,
Dormir com homem e ter frio,
Vale mais dormir com gato!»
Foi consultar o doutor,
Disse-lhe que não tinha cura;
E agora, por qualquer lado,
E a chorar o desgraçado
Faz uma triste figura.
Letra e música: Tradicional (Aldeia do Bispo, Guarda, Beira Alta)
Informante: Júlia Costa Fonseca
Recolha: Américo Rodrigues
Intérpretes: Ariel Ninas & César Prata (in CD “Cantos de Cego da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2016)
Primeira versão: César Prata (in CD “Canções do Ceguinho”, Aquilo, 2003)
E onde vais, Rosalina?
[ Rosalina ]
— «E onde vais, ó Rosalina?
Onde vais que eu também vou?»
— «Vou colher caldo à horta,
Vou colher caldo à horta,
Que a minha mãe me mandou.
Chegou ao portão da horta,
Deitou-lhe um braço por cima…
— «Tu andas a namorar!
Tu andas a namorar!
Não mo negues, Rosalina!
— «Eu não lo nego a si,
Nem a si nem a ninguém;
Eu vou à minha vontade,
Eu vou à minha vontade,
De meu pai, de minha mãe.
— «Toma lá uma facada!
Vai levá-la à tua mãe!
Se não casares comigo,
Se não casares comigo,
Não casas com mais ninguém!
Toma lá outra facada
Já depois de estares morta!»
Isto foi acontecido,
Isto foi acontecido
Ao portal da nossa horta.
Até as faces lhe cortou
P’ra ninguém a conhecer;
Atou-lhe um lenço ao rosto,
Atou-lhe um lenço ao rosto
Para o sangue não correr.
Torradas, novas torradas,
E a faca corta as urtigas.
Olha o que os rapazes fazem,
Olha o que os rapazes fazem
Por causa das raparigas!
Letra e música: Tradicional (Avelãs de Ambom, Guarda, Beira Alta)
Informante: Maria dos Prazeres Ganhão
Recolha: Américo Rodrigues
Intérpretes: Ariel Ninas & César Prata* (in CD “Cantos de Cego da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2016)
Primeira versão: César Prata (in CD “Canções do Ceguinho”, Aquilo, 2003)
Estando a Dona Infanta
[ A Bela Infanta (romance novelesco) ]
Estando a Dona Infanta
No seu jardim assentada,
Com o seu pente d’oiro
Seus cabelos penteava.
Deitou os olhos ao largo,
Viu vir uma grande armada;
Capitão que nela vinha
Muito bem a governava.
— «Dizei-me, meu capitão
Dessa tão formosa armada,
Se vistes o meu marido
Em terras que Deus pisava!»
— «Dizei-me, minha senhora,
Os sinais que ele levava!»
— «Levava cavalo branco,
Selim de prata dourada;
Na ponta da sua lança
A cruz de Cristo levava.»
— «Pelos sinais que me deste
Tal cavaleiro não vi…
Mas quanto dareis, senhora,
A quem o trouxera aqui?»
— «Daria tanto dinheiro
Que não tem conto nem fim
E as telhas do meu telhado
Que são de oiro e marfim.»
— «Guardai o vosso dinheiro,
Vossas telhas de marfim!
Vosso marido sou eu,
Reparai bem para mim!
O anel de sete pedras
Que eu convosco reparti:
Que é dela a outra metade?
Pois a minha vê-la aqui!»
— «Andai cá, ó minhas filhas,
Que o vosso pai é chegado!
Abram-se os novos portões
Há tanto tempo fechados!
Vamos dar graças a Deus,
Graças a Deus consagrado!»
Letra e música: Tradicional (Dirão da Rua, Sortelha, Sabugal, Beira Alta)
Arranjo: César Prata e Vânia Couto
Intérprete: César Prata e Vânia Couto
Versão discográfica de César Prata e Vânia Couto (in CD “Rezas, Benzeduras e Outras Cantigas”, Sons Vadios, 2019)
Nasci em terras de xisto
[ Serra do Açor ]
Nasci em terras de xisto
à beira do rio Ceira
em lugar de balsa sem porto
numa serra onde o Açor pousou
em leito de feno dormi.
Cresci na terra de sargaço
correndo em lameiros verdejantes
ouvi o sopro dos ventos
junto ao correr das levadas
vi noites sem luar.
Ouvi histórias de bruxaria
lendas de lobisomens
almocreves e mouras encantadas
vi sementeiras e colheitas
as malhas e debulhas.
Saltei fogueiras de rosmaninho
acendi o madeiro de Natal
cantei janeiras pelo povoado,
cheirei alecrim e loureiro,
bebi chá de sabugueiro.
Nadei nas águas do Alva
na ponte que tem três entradas
em Avô, terra de poetas;
cantei baladas ao luar
até o galo cantar.
Que importa ser acordado
dos sonhos desta noite
pela coruja que é a “surga”
ou pelo sino da capela?
Tudo isto existe, tudo isto é belo,
nada mudou, tudo está como era dantes…
Letra e música: Fernando Pereira
Intérprete: Real Companhia in CD “Em Forma de Abraço”, 2005)
Os três Reis do Oriente
[ São José Estava Triste (Canção de Natal) ]
Os três Reis do Oriente
Toda a noite caminharam:
Procuraram o Deus-Menino,
Só em Belém o acharam.
Quando a Belém chegaram
Já toda a gente dormia:
Porteiro, abri a porta,
Porteiro da portaria!
São José estava triste
Ao ver Maria a sofrer;
Um anjo do céu lhe disse:
– Jesus está pra nascer!
Não há graça embaladora
Como a de mãe quando cria:
É como Nossa Senhora,
Mãe de Deus, Ave-Maria!
Indo José e Maria
Recensear-se a Belém,
Numa noite escura e fria
Nossa Senhora foi mãe.
Letra e música: Popular (Minho / Beira Litoral / Beira Alta)
Recolha: José Alberto Sardinha
Intérprete: Maio Moço (in CD “Canto Maior, Tradisom, 2002)
Pastoras da Estrela
Pastoras da Estrela
Pastoras para Estrela vão
Cantando e animadas
A vida em flor
Nenhum amor
Que as torne malfadadas
Com a Primavera
A palpitar
À serra vão chegar
No prado verde
Cheiros mil
Mal rompe
O sol a aurora
Com mantos vão
Um rancho são
De moças encantadas
Dançam em roda
Alegres estão
Saudando a alvorada
Ao longe no horizonte luz
O bronze aguçado
Da guerra vêm
Guerreiros cem
O louro festejado
Entram na dança
Magia no ar
P’la noite a repousar
No Outono é hora de voltar
Para a aldeia engalanada
Pastoras vão
Mas já não são
Meninas encantadas
Letra e música: Miguel Carvalhinho
Intérprete: Cristina Branco (in CD “Sensus”, Universal, 2003)
Sei que vais ficar sozinha
[ Carta da Mãe para a Filha ]
Sei que vais ficar sozinha,
Meu amor, minha filhinha,
Meu anjo, minha adorada!
Só pede o meu coração
Que tu tenhas compaixão
Da tua mãe desgraçada!
Minha filha, meu amor,
Por não suportar a dor
Do desgosto mais profundo,
Eu morro de sofrer farta!
Quando ouvires ler esta carta
Eu já não sou deste mundo.
Meu amor, minha querida,
Por não suportar a vida
Tormentosa que levava,
Morro sem soltar um “ai”!
Matei-me e matei teu pai
Que com outra me enganava.
Peço em minha confissão:
Não me negues teu perdão,
Diga o mundo o que disser!
Já por ti a Deus pedi:
Não sofras o que eu sofri
Quando um dia fores mulher!
Música: César Prata
Letra: Tradicional (Vela, Guarda, Beira Alta)
Informante: Joaquim Santos
Recolha: Américo Rodrigues
Intérpretes: Ariel Ninas & César Prata (in CD “Cantos de Cego da Galiza e Portugal”, aCentral Folque, 2016)
Primeira versão: César Prata (in CD “Canções do Ceguinho”, Aquilo, 2003)
Trigo loiro
Trigo loiro, trigo loiro,
Ai, quem me dera o teu valor!
Que entrara no cálice de oiro,
Ai, onde entra Nosso Senhor.
Trigo loiro, trigo loiro,
Ai, quem me dera a tua cor!
Levara a cruz ao Calvário,
Ai, como fez Nosso Senhor.
Trigo loiro, trigo loiro,
Ai, quem me dera o teu valor!
Que entrara no cálice de oiro,
Ai, onde entra Nosso Senhor.
Trigo loiro, trigo loiro,
Ai, quem me dera a tua cor!
Levara a cruz ao Calvário,
Ai, como fez Nosso Senhor.
Trigo Loiro (cantiga de ceifa)
Letra e música: Tradicional (Gonçalo, Guarda, Beira Alta)
Intérprete: Ai! (in CD “Lavra, Boi, Lavra: Canções de Trabalho”, Ai!/Coruja do Mato, 2015)
Outras versões com César Prata: Chuchurumel – “Canção da Ceifa” (in CD “No Castelo de Chuchurumel”, Chuchurumel/Luzlinar, 2005); Ai! (in CD “Ai!”, Ai!/RequeRec, 2013)
Tenho Sede, Amor, Dá-me Água
[ Tenho um grande amor por ti! ]
Tenho sede, amor, dá-me água!
Não me dês pela panela!
Dá-me pela tua boca
Que eu não tenho nojo dela!
Tenho sede, amor, dá-me água
Lá da fonte do Outeiro,
Que me não saiba a lodo
Nem à raiz do pinheiro!
Água da fonte da aldeia,
Ensina-me o teu cantar
Que os meus olhos volta e meia
Andam com água a chorar!
Tenho sede, amor, dá-me água!
Não me dês pela panela!
Dá-me pela tua boca
Que eu não tenho nojo dela!
Tenho sede, amor, dá-me água
Lá da fonte do Outeiro,
Que me não saiba a lodo
Nem à raiz do pinheiro!
Água da fonte da aldeia,
Ensina-me o teu cantar
Que os meus olhos volta e meia
Andam com água a chorar!
Letra e música: Tradicional (Guarda, Beira Alta)
Arranjo: César Prata e Vânia Couto
Intérprete: César Prata e Vânia Couto* (ao vivo no Estúdio 3 da Rádio e Televisão de Portugal, Lisboa)
Versão discográfica de César Prata e Vânia Couto (in CD “Rezas, Benzeduras e Outras Cantigas”, Sons Vadios, 2019)
Uma casa muito velha
[ Ó Zé ]
Uma casa muito velha, ó Zé,
Cheia de teias de aranha, ó Zé:
Está uma bruxa num canto, ó Zé,
Que te mata se te apanha, ó Zé.
Ó Zé, Ó Zé, Ó Zé, pequenino é!
Ó Zé, vai lavar a cara! Vai lavar a cara!
Vai lavar o pé!
Cala-te! Aí vem a raposa, ó Zé,
Com o rabo muito comprido, ó Zé:
Quer comer o meu menino, ó Zé,
Mas eu tenho-o aqui escondido, ó Zé.
Ó Zé, Ó Zé, Ó Zé, pequenino é!
Ó Zé, vai lavar a cara! Vai lavar a cara!
Vai lavar o pé!
Eu vi um lobo na serra, ó Zé,
Que te come se tu choras, ó Zé:
Não chores mais, meu menino, ó Zé,
Senão ele sabe onde moras, ó Zé.
Ó Zé, Ó Zé, Ó Zé, pequenino é!
Ó Zé, vai lavar a cara! Vai lavar a cara!
Vai lavar o pé!
O meu menino é bonito, ó Zé,
Está farto que se lhe diga, ó Zé:
«Assim bom e bonitinho, ó Zé,
Um dia será feliz, ó Zé.»
Ó Zé, Ó Zé, Ó Zé, pequenino é!
Ó Zé, vai lavar a cara! Vai lavar a cara!
Vai lavar o pé!
Letra e música: Tradicional (Manhouce, São Pedro do Sul, Beira Alta)
Intérpretes: Ana Tomás & Ricardo Fonseca (in CD “Canções de Labor e Lazer”, Ana Tomás & Ricardo Fonseca, 2017)
Vai-te embora, ó papão
Vai-te embora, ó papão,
De cima desse telhado!
Vai-te embora, ó papão,
De cima desse telhado!
Deixa dormir o menino
Um soninho descansado!
Deixa dormir o menino
Um soninho descansado!
Vai-te embora, ó papão,
De cima desse telhado!
Vai-te embora, ó papão,
De cima desse telhado!
Deixa dormir o menino
Um soninho descansado!
Deixa dormir o menino
Um soninho descansado!
Letra e música: Tradicional (Arganil, Beira Alta)
Recolha: Rodney Gallop (1932-33, in livro “Cantares do Povo Português”, trad. António Emílio de Campos, Lisboa: Instituto para a Alta Cultura, 1937; “A Canção Popular Portuguesa”, de Fernando Lopes Graça, col. Saber, Vol. 23, Lisboa: Publicações Europa-América, 1953 – p. 61; 3.ª edição, col. Saber, Vol. 23, Mira-Sintra: Publicações Europa-América, s/d. – p. 58; “Cancioneiro Popular Português”, de Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça, Lisboa: Círculo de Leitores, 1981 – p. 17)
Intérpretes: Ana Tomás & Ricardo Fonseca (in CD “Canções de Labor e Lazer”, Ana Tomás & Ricardo Fonseca, 2017)
Vós chamais-me Moreninha
Vós chamais-me Moreninha,
Isto é do pó do linho;
Lá me vereis ao domingo
Como a flor de rosmaninho.
O meu amor não é este,
Não é este nem o quero;
O meu tem os olhos verdes,
O teu tem-nos amarelos.
Tu dizes que me queres muito,
O teu querer é engano:
Cortais pela minha vida
Como a tesoura no pano.
Vós chamais-me Moreninha,
Isto é do pó do linho;
Lá me vereis ao domingo
Como a flor de rosmaninho.
Letra e música: Tradicional (Malhada Sorda, Almeida, Beira Alta)
Recolha: Michel Giacometti (“Maçadela do Linho”, 1969, in LP “Beira Alta, Beira Baixa, Beira Litoral”, série “Antologia da Música Regional Portuguesa”, Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1970; 5CD “Portuguese Folk Music”: CD 3 – Beiras, Strauss, 1998; 6CD “Música Regional Portuguesa”: CD 4 – Beiras, col. Portugal Som, Numérica, 2008)
Intérprete: Musicalbi* (in CD “Adufando: Sinais da Beira Baixa”, Musicalbi, 2012)
Outra versão: O Baú (in CD “Achega-te”, O Baú, 2012)
* Musicalbi:
Carlos Salvado – bandolim, boukouki, banjo, guitarra folk, guitarra eléctrica, adufe, voz
Filipa Melo – voz
Horácio Pio – acordeão, coros
Maria Côrte – violino, harpa
António Pedro – piano, percussões, voz
Dario Vaz – baixo
António Lourinho – bateria
Gravação – Gil Duarte, no Estúdio I Som, Alcains
Mistura e masterização – Jorge Barata