Canções sobre Dança
Acertando o passo
[ Bulia o Baile ]
Acertando o passo ou nem tanto
escorregavam do lamento ao canto;
Sorrindo ao pisar e às estrelas
as promessas ateavam alvas velas.
Ardentias do amor anunciadas
vindouras dores eram semeadas;
No céu, o néon, luzem pregões,
desditas eram. Pintavam corações.
Bulia o baile,
buliam as raparigas
se levadas nas cantigas
e repetidos o par.
Bulia o baile,
buliam as raparigas
se levadas nas cantigas
e repetidos o par.
Eram olhares repetidos,
eram perfumes sentidos
misturados com o arfar.
Veredas de barro e de fel,
aço entrançado, favos de mel,
desejos jurados sem hesitar,
barca dos sonhos a navegar.
As canções meladas ao ouvido
eram cruzadas, no seu sentido;
e os passos que davam a saber
era o amor louco a acontecer.
Bulia o baile,
buliam as raparigas
se levadas nas cantigas
e repetidos o par.
Bulia o baile,
buliam as raparigas
se levadas nas cantigas
e repetidos o par.
Eram olhares repetidos,
eram perfumes sentidos
misturados com o arfar.
Letra e música: Lindolfo Paiva
Intérprete: Dialecto* (in CD “Aromas”, Dialecto/Cloudnoise, 2011)
Dança comigo
Dança comigo, morena
Leveza de pena
Esta dança breve
Dança e rodopia
Solta-me a alegria
De quem nada deve
Acende-me a cara, o rosto
Os lábios de mosto
Riso de marfim
Requebra a cintura
Que és a criatura
Nascida p’ra mim
Vamos, a dança é louca
Dá-me a tua boca
Que este beijo é meu
Dança comigo, amada
Que eu já estou na escada
Que me leva ao céu
Ao som da concertina
(Cinturinha fina
Pele de cetim)
Dança, meu amor
Não sei doutra flor
Que bem dance assim
Dança com fantasia
No fim deste dia
Que se vai embora
No passo da vida
Dancemos, querida
Que é a nossa hora
Vamos, a dança é louca
Dá-me a tua boca
Que este beijo é meu
Dança comigo, amada
Que eu já estou na escada
Que me leva ao céu
Vamos, a dança é louca
Dá-me a tua boca
Que este beijo é meu
Dança comigo, amada
Que eu já estou na escada
Que me leva ao céu
Ah vamos, que a dança é louca
Dá-me a tua boca
Que este beijo é meu
Dança comigo, amada
Que eu já estou na escada
Que me leva ao céu
Letra e música: Aníbal Raposo (2006-09-26)
Intérprete: Aníbal Raposo (in CD “Rocha da Relva”, Aníbal Raposo/Global Point Music, 2013)
Dançava, dançar, dançou
[ Saias das Sete Saias ]
Dançava, dançar, dançou,
Cantou e alegre cantava…
Se a vida alegre voou
A vida triste lhe paga;
Dançava, dançar, dançou,
Cantou e alegre cantava.
Sete saias rompia,
Sete saias rompeu…
Do nascer ao fim do dia
Muitas saias conheceu;
Sete saias rompia,
Sete saias rompeu.
Diz o povo sem lamúrias
Que a terra lhe paga em vida…
Que a morte lhe tira os dias
E só lhe dá a guarida;
Diz o povo sem lamúrias
Que a terra lhe paga em vida.
Sete saias rompia,
Sete saias rompeu…
Do nascer ao fim do dia
Muitas saias conheceu;
Sete saias rompia,
Sete saias rompeu.
Quando as saias compridinhas
No final da ceifa ou monda
Eram todas mais curtinhas,
Quase uma saia redonda…
Quando as saias compridinhas
Eram todas mais curtinhas.
Sete saias rompia,
Sete saias rompeu…
Do nascer ao fim do dia
Muitas saias conheceu;
Sete saias rompia,
Sete saias rompeu.
Da terra se faz a história
Que um povo diz a cantar…
A terra só tem memória
E tem muito p’ra contar;
Da terra se faz a história
Que um povo diz a cantar.
Sete saias rompia,
Sete saias rompeu…
Do nascer ao fim do dia
Muitas saias conheceu;
Sete saias rompia,
Sete saias rompeu.
Letra e música: José Barros
Arranjo: José Barros
Intérprete: Navegante com Janita Salomé (in CD “Meu Bem, Meu Mal”, Tradisom, 2008)
Quantas voltas tem a dança
[ Se Ainda Der para Disfarçar ]
Quantas voltas tem a dança em tantas voltas contadas?
Um segredo de criança escondido em mil gargalhadas
Tantas mãos que foram dadas na ternura de um abraço
Quantas vontades caladas na volta meiga de um passo
Quantas horas de viagem na alegria de te ver?
Quanta falta de coragem, tanta coisa por dizer
E acabamos a esconder, vá-se lá saber porquê
Nestas coisas do querer os sinais são p’ra quem os lê
Dá-me uma dança, faz-me acreditar
Uma lembrança p’ra eu levar
Que eu tenho sempre vontade de voltar e te dizer
Se ainda der p’ra disfarçar
Ensina-me a dançar
Faz de conta que o poente acontece a qualquer hora
Quando a noite se faz quente e um beijo se demora
Já o frio se foi embora ao tocar da tua mão
Que há-de ser de nós agora? Faz sentido: sim ou não?
Dá-me uma dança, faz-me acreditar
Uma lembrança p’ra eu levar
Que eu tenho sempre vontade de voltar e te dizer
Se ainda der p’ra disfarçar
Ensina-me a dançar
É a valsa do começo, é a vida a esvoaçar
É a pele a soltar um arrepio
É uma cor que eu não conheço, um sabor de acreditar
Uma praia cor de um desafio
Dá-me uma dança, faz-me acreditar
Uma lembrança p’ra eu levar
Que eu tenho sempre vontade de voltar e te dizer
Se ainda der p’ra disfarçar
Ensina-me a dançar
Ensina-me a dançar
Ensina-me a dançar
Ensina-me a dançar
Letra e música: Sebastião Antunes
Intérprete: Sebastião Antunes (in CD “Singular”, Sebastião Antunes & Quadrilha/Alain Vachier Music Editions, 2017)
Versão original: Sebastião Antunes (in CD “Cá Dentro”, Vachier & Associados, 2009)
Sete portadas
[ Baile das Vozes ]
Sete portadas
De pedra,
E mais sete
De madeira
Sete meninas
Sentadas
Outras sete
Na ladeira
Foram lavar
Suas vestes
Toda a noite
Noite inteira
Menina que olhos
Esses que me
Encantam
De maneira
E neste baile
Cruzado,
Sete cruzes
Se transformam,
Em redor
Do seu amado
Sete vénias
Que se
Formam…
Ficam
Bailando
Num pé
E no outro
Saltitando,
Cinco meninas
Saíram
E só duas
Vão ficando!…
E se acordarem
Os santos
Num bailado
De folia
Juntam-se as vozes
À noite
Bailam apenas
De dia!…
Menina que dança
E canta,
E seu canto
É noite fria!
E rodopia cantando,
No seu baile
De alegria!…
Letra: José Flávio Martins
Música: José Flávio Martins e Rui Tinoco
Intérprete: Frei Fado d’El Rei (in CD “Em Concerto”, Açor/Emiliano Toste, 2003)
Sorvem-me o sangue
[ Trocaram-me a Dança! ]
Sorvem-me o sangue,
Deixam-me exangue,
Ceifam-me a vida na terra prometida.
Tolhem-me a esperança,
Trocam-me a dança,
Solta-se o grito na raiva incontida.
Sorvem-me o sangue,
Deixam-me exangue,
Ceifam-me a vida na terra prometida.
Tolhem-me a esperança,
Trocam-me a dança,
Solta-se o grito na raiva incontida.
Na dança da vida com o passo trocado,
Na dança das fitas estou no filme errado;
Destroços de sonhos errantes na serra
Espezinham-me a flor…, tenho a Primavera.
Cercam-me o tempo,
Varrem-me o alento,
Ferem-me o voo, a paixão e o sustento.
Lanço a semente,
Rasgo o silêncio,
Cerro a decência, declino ser inocente.
Na dança da vida com o passo trocado,
Na dança das fitas estou no filme errado;
Destroços de sonhos errantes na serra
Espezinham-me a flor…, tenho a Primavera.
Cercam-me o tempo,
Varrem-me o alento,
Ferem-me o voo, a paixão e o sustento.
Letra e música: Álvaro M. B. Amaro
Intérprete: Dialecto* (in CD “Aromas”, Dialecto/Cloudnoise, 2011)
Vai ao centro
[ Centro ao centro ]
Vai ao centro, vai ao meio!
Agora vou andar
Com meu amor em passeio;
Agora é que eu vou andar
Com meu amor em passeio.
Vá de roda, cantem todas
Cada qual sua cantiga!
Eu também cantarei…
Eu também cantarei uma
Que a mocidade me obriga.
Vá de roda, cantem todas
Cada qual sua cantiga!
Que eu também cantarei uma
Que a mocidade me obriga.
Vai ao centro!…
Moda:
Vai de centro ao centro ao centro!
Vai de centro ao centro ao meio!
Agora é que eu vou andar
Com meu amor em passeio.
Com meu amor em passeio,
Com meu bem a passear,
Vai de centro ao centro ao meio!
Agora é que eu vou andar…
Cantiga:
Vá de roda, cantem todos
Cada qual sua cantiga!
Que eu também cantarei uma
Que a mocidade me obriga.
Moda:
Vai de centro ao centro ao centro!
Vai de centro ao centro ao meio!
Agora é que eu vou andar
Com meu amor em passeio.
Com meu amor em passeio,
Com meu bem a passear,
Vai de centro ao centro ao meio!
Agora é que eu vou andar…
Moda:
Vai de centro ao centro ao centro!
Vai de centro ao centro ao meio!
Agora é que eu vou andar
Com meu amor em passeio.
Com meu amor em passeio,
Com meu bem a passear,
Vai de centro ao centro ao meio!
Agora é que eu vou andar…
Cantiga:
Minha mãe, p’ra m’eu casar,
Ofereceu-me uma panela;
Depois de me ver casada,
Partiu-me a cara com ela.
Moda:
Vai de centro ao centro ao centro!
Vai de centro ao centro ao meio!
Agora é que eu vou andar
om meu amor em passeio.
Com meu amor em passeio,
Com meu bem a passear,
Vai de centro ao centro ao meio!
Agora é que eu vou… andar…
Centro ao Centro (dança de roda)
Letra e música: Tradicional (Ourique / Castro Verde, Baixo Alentejo)
Informantes: Grupo Coral e Etnográfico “As Papoilas do Corvo” (Aldeia do Corvo, Castro Verde), Manuel Bento (Aldeia Nova, Ourique) e Pedro Mestre (Sete, Castro Verde)
Recolha: Lia Marchi (in “Caderno de Danças do Alentejo”, Associação Pédexumbo e Olaria Cultural, 2010 – p. 34-35)
Intérprete: Aqui Há Baile (in CD “Caderno de Danças do Alentejo – adaptações”, Associação Pédexumbo/Caracol Secreto, 2013)
Vai de roda
Vai de roda, vai de roda,
Vai de roda que é tão breve;
Tenho uns amigos na roda,
Tenho uns amigos na roda,
Deixam a roda mais leve.
Vai de roda, vai de roda,
Vai de roda alguns amores;
Quantos mais amores na roda,
Quantos mais amores na roda
Mais te perseguem as dores.
Vai de roda, vai de roda,
Vai de roda até ao fim;
Já tentei fugir da roda,
Já tentei fugir da roda
Mas ela rodou por mim.
Vai de roda, vai de roda,
Vai de roda sem parar;
Quem nunca esteve na roda,
Quem nunca esteve na roda
Não pode a roda enganar.
Vai de roda, vai de roda,
Vai de roda até ao fim;
Já tentei fugir da roda,
Já tentei fugir da roda
Mas ela rodou por mim.
Vai de roda, vai de roda,
Vai de roda sem parar;
Quem nunca esteve na roda,
Quem nunca esteve na roda
Não pode a roda enganar.
Letra e música: Duarte (Outubro de 2010)
Intérprete: Duarte, com Mara (in CD “Só a Cantar”, Duarte/Alain Vachier Music Editions, 2018)
Versão original: Duarte (in CD “Sem Dor Nem Piedade”, Duarte/Alain Vachier Music Editions, 2015)