Canções de humor
Canções de humor
Letras
Acredito
Acredito em pouca coisa
que venha escrita em loiça,
dessa de pôr na parede.
Acredito mais no desempenho
da laranja que apanho,
que como e me mata a sede.
Acredito nas façanhas,
muito menos nas patranhas
de quem faz só porque sim.
Acredito nas crianças,
no meu ventre são esperanças
de um futuro sem fim.
Acredito na loucura
de quem pede mais ternura
e vira costas à guerra.
Acredito na fé dos outros
que às vezes abrem poços
só para encontrar mais terra.
Acredito no Caetano,
no Zambujo que é meu mano,
em todas as vozes calmas.
Acredito na poesia
e também na aletria,
em tod’os adoçantes de almas.
Acredito na minha mãe,
ela que sofreu bem
para que eu fosse como sou.
Crente nos frutos e flores,
nos mais impossíveis amores;
onde o Sol mais brilhar eu estou.
Eu estou
Eu estou
Eu estou
Eu estou
Eu estou
Letra: Celina da Piedade
Música: Alex Gaspar
Intérprete: Celina da Piedade (in CD “Sol”, Sons Vadios, 2016)
Era não era
[ Era Não Era do Tamanho de um Pardal ]
Era não era
Foi deixado ao abandono
Num dia quente de Outono
No meio de um meloal
Era não era
Sei lá eu se era ou não era
Só sei que os lados da esfera
Cortam mais do que um punhal
São mais ou menos
Cento e vinte e quatro lados
Redondinhos, afiados
Do tamanho de um pardal
Mas sem as penas
Nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis
Nem a corda do estendal
Era não era
Palmilhei o mar profundo
Sem parar um só segundo
P’ra apanhar estrelas do céu
No meio das nuvens
Nadei eu entre os rochedos
Cheio de frio e de medos
Ao sabor do macaréu
Os macaréus
São umas ondas muito altas
Da família das pernaltas
E maiores do que um pardal
Mas sem as penas
Nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis
Nem a corda do estendal
São mais ou menos
Cento e vinte e quatro lados
Redondinhos, afiados
Do tamanho de um pardal
Mas sem as penas
Nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis
Nem a corda do estendal
Os macaréus
São umas ondas muito altas
Da família das pernaltas
E maiores do que um pardal
Mas sem as penas
Nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis
Nem a corda do estendal
Era não era
Diz o nabo p’ra o repolho:
“Tu não me franzas o olho
Que eu de ti não tenho medo!”
Era não era
Diz a ameixa p’ra a cenoura:
“Vou para Paredes de Coura,
Vou partir de manhã cedo”
Uma linda terra
Do concelho de Alcobaça
Só conhece quem lá passa
Junto à tasca do Pardal
Mas sem as penas
Nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis
Nem a corda do estendal
São mais ou menos
Cento e vinte e quatro lados
Redondinhos, afiados
Do tamanho de um pardal
Mas sem as penas
Nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis
Nem a corda do estendal
Os macaréus
São umas ondas muito altas
Da família das pernaltas
E maiores do que um pardal
Mas sem as penas
Nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis
Nem a corda do estendal
São mais ou menos
Cento e vinte e quatro lados
Redondinhos, afiados
Do tamanho de um pardal
Mas sem as penas
Nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis
Nem a corda do estendal
Os macaréus
São umas ondas muito altas
Da família das pernaltas
E maiores do que um pardal
Mas sem as penas
Nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis
Nem a corda do estendal
Os macaréus…
Letra e música: Carlos Guerreiro
Intérprete: Gaiteiros de Lisboa
Versão original: Gaiteiros de Lisboa (in CD “Macaréu”, Aduf Edições, 2002; CD “A História”, Uguru, 2017)
Reciclanda
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração), realiza oficinas de música durante o ano letivo e dinamiza atividades em colónias de férias. Municípios, Escolas, Agrupamentos, Colégios, Festivais, Bibliotecas, CERCI, Centros de Formação, Misericórdias, Centros de Relação Comunitária, podem contratar serviços Reciclanda.
Contacte-nos:
António José Ferreira
962 942 759
Fez sábado quinta-feira
Fez sábado quinta-feira,
P’ra lá d’Évora três semanas,
Estive dez dias num Verão
Nas Américas Romanas.
Embarquei em dois caleiros
Na baía de Lisboa;
Arribei, fui dar a Goa,
Desembarquei em Alenquer;
Casei com sete mulheres,
Falta uma p’rá primeira;
Fui dar à Ilha Terceira,
Com três dias numa hora;
Abalei e vim-me embora,
Fez sábado quinta-feira.
Agarrei nos alforginhos,
Pus um pão em quatro enxacas,
Na gamela duas vacas
E na borracha toucinho;
Um açafate com vinho,
Trinta metros de banana;
Dei passos à americana,
Fui passar a Ayamonte;
Abalei hoje, cheguei ‘onte’
P’ra lá d’Évora três semanas.
Eu já estive em Erapouca,
Numa ocharia empregado;
Foi-se um carro carregado
Numa abóbora canoca;
Um mosquito com um boi na boca
Cem léguas em proporção;
Atirei-lhe um bofetão
Que pelo ar o fez ir;
À espera dele cair
Estive dez dias num Verão.
Fui soldado, assentei praça
No 15 de Sapadores;
Maquinista de vapores
Na carreira de Alcobaça;
Venci o Forte da Graça,
Também a Vila de Terena
E as províncias arraianas,
Venci toda a nobrezia;
Bati-me com a Turquia
Nas Américas Romanas.
Fez sábado quinta-feira,
P’ra lá d’Évora três semanas,
Estive dez dias num Verão
Nas Américas Romanas.
Letra: Popular
Música: José Manuel David
Intérprete: Gaiteiros de Lisboa
Versão original: Gaiteiros de Lisboa com Luís Espinho e João Paulo Sousa (Adiafa) (in CD “Avis Rara”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2012; CD “A História”, Uguru, 2017)
Lá no adro da igreja
[ Abaladiça ]
Lá no adro da igreja
Pára o Chico Pintaínho
Pede a Deus que bem proteja
Quem lhe der mais um copinho
Tem o filho para Lisboa
A mulher já lhe morreu
Não lhe anda a vida boa
Foi pró vinho que lhe deu
A Isaura é metediça
Com um lado reverente
Quando pode está na missa
Mas diz mal de toda a gente
Pode ser que seja fé
Ou que goste do prior
Tira bicas no café
Bem pingadas sem pudor
Vai mais uma abaladiça
Outro dedo de conversa
Esta agora pago eu
Depois tu e vice-versa
Dedilhando a campaniça
São dez cordas de saudade
À saúde dos que estamos
E de quem está na cidade
É na Tasca do João
Que a malta vai ao petisco
Há tomate, azeite e pão
E tremoço por marisco
Ninguém sai desconsolado
Por não ter o que comer
Bota abaixo um abafado
Para a gente se aquecer
Vai mais uma abaladiça…
Letra: José Fialho Gouveia
Música: Rogério Charraz
Intérprete: Rogério Charraz
Manhã na minha ruela
[ Dia de Folga ]
Intérprete: Ana Moura
Manhã na minha ruela, sol pela janela.
O Sr. jeitoso dá tréguas ao berbequim.
O galo descansa. Ri-se a criança,
Hoje não há birras, a tudo diz que sim.
O casal em guerra do segundo andar
Fez as pazes, está lá fora a namorar.
Cada dia é um bico d’obra,
Uma carga de trabalhos. Faz-nos falta renovar
Baterias. Há razões de sobra
Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga.
É dia de folga!
Sem pressa de ar invencível, saia, saltos, rímel,
Vou descer à rua, pode o trânsito parar.
O guarda desfruta, a fiscal não multa.
Passo e o turista, faz por não atrapalhar.
Dona Laura hoje vai ler o jornal.
Na cozinha está o esposo de avental.
Cada dia é um bico d’obra
Uma carga de trabalhos. Faz-nos falta renovar
Baterias. Há razões de sobra
Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga.
É dia de folga!
Folga de ser-se quem se é
E de fazer tudo porque tem que ser.
Folga para ao menos uma vez
A vida ser como nos apetecer.
Cada dia é um bico d’obra,
Uma carga de trabalhos. Faz-nos falta renovar
Baterias. Há razões de sobra
Para a tristeza ir de volta e o fado celebrar.
Cada dia é um bico d’obra
Uma carga de trabalhos. Faz-nos falta renovar
Baterias. Há razões de sobra
Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga.
É dia de folga!
Este é o fado que se empolga
No dia de folga,
No dia de folga.
No Império das aves raras
[ Avejão ]
No Império das aves raras
Quem não tem penas é Rei;
Entre pêgas e araras
Os Patos-Bravos são Lei.
A terra dos Patos-Bravos
Parece mais um vespeiro:
Andam todos à bicada
Para chegar ao poleiro.
Por sobre a terra, por sobre o mar
O Grande Irmão zela por nós:
A sua sombra é protectora,
Já vem dos egrégios avós.
Na terra dos papagaios
Quem não tem poleiro é pato;
Andam todos à bicada
Só p’ra ficar no retrato.
No reino das trepadoras
O papagaio é Senhor:
Mesmo até sem saber ler
Qualquer papagaio é Doutor.
Por sobre a terra, por sobre o mar
O Grande Irmão zela por nós:
A sua sombra é protectora,
Já vem dos egrégios avós.
Voar mais alto que os outros,
Esse era o sonho do galo:
Roubar as asas ao Pégaso
E voar como um cavalo.
Mas o galo de ser galo
É ter o chão junto à barriga;
Para alcançar o poleiro
Tem que usar de muita intriga.
Por sobre a terra, por sobre o mar
O Grande Irmão zela por nós:
A sua sombra é protectora,
Já vem dos egrégios avós.
No reino dos voadores
Impera a grande anarquia,
E a barata voadora
Já tem lugar de chefia.
A passarada oprimida
Só deseja que isto mude,
Mas as aves de rapina
Cada vez têm mais saúde.
Por sobre a terra, por sobre o mar
O Grande Irmão zela por nós:
A sua sombra é protectora,
Já vem dos egrégios avós.
Letra e música: Carlos Guerreiro
Intérprete: Gaiteiros de Lisboa
Versão original: Gaiteiros de Lisboa com Sérgio Godinho & Armando Carvalhêda (in CD “Avis Rara”, d’Eurídice/d’Orfeu Associação Cultural, 2012)
As forças em parada desfilam junto à tribuna de honra que é composta por cinquenta poleiros, onde estão representadas as espécies ornitológicas democraticamente nomeadas pelo marechal Avejão. Desfilam, neste momento, o esquadrão Falcão e o esquadrão Abutre, garantes da paz, da ordem, da liberdade e da segurança. À sua passagem, o marechal Avejão perfila-se no seu poleiro e erguendo a asa direita saúda as tropas em sinal de respeito e gratidão.
Ó Ana, Vem Ver
Ó Ana, vem ver! Ó Ana, vem ver!
Há fogo no mar e os peixes a arder!
La ri lo lela! Ó Ana, vem ver!
Oh alto e oh alto, oh alto, piu piu!
Passarinho novo da mão me fugiu!
La ri lo lela, oh alto, piu piu!
Senhora Maria, senhora Maria,
O seu galo canta e o meu assobia!
La ri lo lela, senhora Maria!
Oh alto e oh alto, oh alto e oh alto!
Quanto mais acima maior é o salto!
La ri lo lela, oh alto e oh alto!
Ó Ana, vem ver! Ó Ana, vem ver!
Há fogo no mar e os peixes a arder!
La ri lo lela! Ó Ana, vem ver!
Senhora Maria, senhora Maria,
O seu galo canta e o meu assobia!
La ri lo lela, senhora Maria!
Oh alto e oh alto, oh alto, piu piu!
Passarinho novo da mão me fugiu!
La ri lo lela, oh alto, piu piu!
Eu quero, eu quero, eu quero, eu queria
Dormir uma noite contigo, Maria!
La ri lo lela, eu quero, eu queria!…
Letra e música: Tradicional (Beira Interior)
Intérprete: Real Companhia (in CD “Orgulhosamente Nós!”, Lusogram, 2000)
O Judas teve sarampo
[ Quando Judas Teve Sarampo ]
O Judas teve sarampo,
Herodes teve bexigas;
Pilatos teve sezões,
O Caifás teve lombrigas.
O Judas quando nasceu
Foi de uma velha gaiteira,
O Diabo foi parteira;
Quando Judas rescendeu
Foi padrinho um pigmeu
Para o livrar do quebranto.
A todos causou espanto
Tal era a figura horrenda,
Mas só o Diabo se lembra
E Judas teve sarampo.
O Judas teve sarampo,
Herodes teve bexigas;
Pilatos teve sezões,
O Caifás teve lombrigas.
Letra: Popular (Monte Real, Leiria, Alta Estremadura); adap. Carlos Guerreiro
Música: Carlos Guerreiro
Intérprete: Gaiteiros de Lisboa
Versão original: Gaiteiros de Lisboa (in CD “Macaréu”, Aduf Edições, 2002; CD “A História”, Uguru, 2017)
Quem quer brincar
[ Brincar aos Fados ]
Quem quer brincar a uma nova brincadeira,
Que não tem índios, nem polícias, nem ladrões
E toda a gente pode brincar à primeira,
Basta saber cantarolar duas canções.
Uma vassoura pode ser uma viola,
Uma guitarra pode ser feita em cartão:
É muito fácil… basta usar tesoura e cola
Para dar asas à tua imaginação.
Uma cortina faz de xaile improvisado
E num instante nasce um palco no quintal;
Até o gato que não quer ser chateado
É a plateia que te aplaude no final.
Então tu escolhes um CD… põe-lo baixinho
E em ‘karaoke’, em ‘playback’ ou a cantar
És a Amália, a Mariza ou a Carminho
E vais aos fados… mesmo que seja a brincar.
Letra: Tiago Torres da Silva
Música: Bernardo Lino Teixeira (Fado Ginguinha)
Intérprete: Camané (in CD “Brincar aos Fados”, Farol Música, 2014)
Outra versão: Rodrigo Costa Félix
Subir, Subir
Subir, subir
lnd’ hei-de conseguir
Morder-te, ó cachopa,
Por dentro do teu vestir
Subir, subir
lnd’ hei-de conseguir
Morder-te, ó cachopa,
Por dentro do teu vestir
Mensageiros de Cupido
Eu ando deprimido
Intercedei por mim ao vosso Deus!
Estou de amores com uma catraia
Que p’ra subir a saia
Exige grandes sacrifícios meus
Subir, subir
lnd’ hei-de conseguir
Morder-te, ó cachopa,
Por dentro do teu vestir
Subir, subir
lnd’ hei-de conseguir
Morder-te, ó cachopa,
Por dentro do teu vestir
Levantei velas à barca
Mas a brisa era parca
Nem deu para agitar o meu corcel
Assim nunca mais te chego
A ter no aconchego
Tirar-te dessa ilha de papel
Subir, subir
lnd’ hei-de conseguir
Morder-te, ó cachopa,
Por dentro do teu vestir
Subir, subir
lnd’ hei-de conseguir
Morder-te, ó cachopa,
Por dentro do teu vestir
Fiz consulta a feiticeiros
E santos padroeiros
Deixei bruxeiros de cabeça à toa
Findei o consultamento
E como rendimento
Saíram-me (imaginem!) os Gaiteiros de Lisboa
Subir, subir
lnd’ hei-de conseguir
Morder-te, ó cachopa,
Por dentro do teu vestir
Subir, subir
lnd’ hei-de conseguir
Morder-te, ó cachopa,
Por dentro do teu vestir
Letra e música: Mário Alves (Vozes da Rádio)
Intérprete: Gaiteiros de Lisboa
Versão discográfica ao vivo dos Gaiteiros de Lisboa, com Vozes da Rádio (in 2CD “Dançachamas: Ao Vivo”: CD 1, Farol Música, 2000)
Versão original: Vozes da Rádio com Gaiteiros de Lisboa (in CD “Mappa do Coração”, Ariola/BMG Portugal, 1997)
Tubarão tinha dentes de tainha
[ Tamboril ]
Tubarão tinha dentes de tainha
E a tainha tinha dentes de tambor
Toca traz tempo chuva tempestade
Tubarão trincou um touro nos taleigos da vontade
Tubarão tinha o tímpano trocado
E trocado estava o tempo todo o ano
Toca traz tempo chuva tempestade
Tubarão tamborilou ‘inda a missa ia a metade
Tubarão traficou-se em tamboril
Troca-tintas com retoque teatral
Toca terça, quarta, quinta, noite e dia
Travestido no Entrudo c’uma tromba de enguia
Tamboril teve tísica ao contrário
Já tossia como tosse o tubarão
Toca terça, quarta, quinta, noite e dia
Tamboril entubarou num atalho p’rá Turquia
Tubarão tinha dentes de tainha
E a tainha tinha dentes de tambor
Toca traz tempo chuva tempestade
Tubarão trincou um touro nos taleigos da vontade
Tubarão tinha o tímpano trocado
E trocado estava o tempo todo o ano
Toca traz tempo chuva tempestade
Tubarão tamborilou ‘inda a missa ia a metade
Tubarão traficou-se em tamboril
Troca-tintas com retoque teatral
Toca terça, quarta, quinta, noite e dia
Travestido no Entrudo c’uma tromba de enguia
Tamboril teve tísica ao contrário
Já tossia como tosse o tubarão
Toca terça, quarta, quinta, noite e dia
Tamboril entubarou num atalho p’rá Turquia
Letra: Miguel Cardina
Música: Pedro Damasceno e Celso Bento
Arranjo: Diabo a Sete e Julieta Silva
Intérprete: Diabo a Sete (in CD “Figura de Gente”, Sons Vadios, 2016)