ALENTEJO QUANDO CANTA
[ Eu Ouvi o Passarinho ]
Alentejo quando canta
Peito dado à solidão
Traz a alma na garganta
E o sonho no coração
Eu ouvi um passarinho
Às quatro da madrugada
Cantando lindas cantigas
À porta da sua amada
Por ouvir cantar tão bem
A sua amada chorou
Às quatro da madrugada
Um passarinho cantou
Alentejo, terra rasa
Toda coberta de pão
As suas espigas doiradas
Lembram mãos em oração
Eu ouvi um passarinho
Às quatro da madrugada
Cantando lindas cantigas
À porta da sua amada
Por ouvir cantar tão bem
A sua amada chorou
Às quatro da madrugada
Um passarinho cantou
Alentejo quando canta
Peito dado à solidão
Traz a alma na garganta
E o sonho no coração
Eu ouvi um passarinho
Às quatro da madrugada
Cantando lindas cantigas
À porta da sua amada
Por ouvir cantar tão bem
A sua amada chorou
Às quatro da madrugada
Um passarinho cantou
Alentejo, terra rasa
Toda coberta de pão
As suas espigas doiradas
Lembram mãos em oração
Eu ouvi um passarinho
Às quatro da madrugada
Cantando lindas cantigas
À porta da sua amada
Por ouvir cantar tão bem
A sua amada chorou
Às quatro da madrugada
Um passarinho cantou
Letra e música: Popular (Alentejo)
Intérprete: Grupo Coral de Cantares Regionais de Portel (in EP “Cantes de Portel”, Orfeu/Rádio Triunfo, 1984; CD “Cantares Regionais de Portel”, Lusosom, 1993; CD “25 Anos a Cantar Portel”, Ovação, 2004; CD “O Melhor de Grupo Coral de Cantares Regionais de Portel”, Ovação, 2010)
VI POUSADO NUM RAMINHO
[ O Tentilhão ]
Vi pousado num raminho
Numa árvore toda em flor
Um pequeno passarinho
Cantando com muito amor
Era suave e meiguinha
A sua linda canção
A pequena avezinha
Era o lindo tentilhão
E veio-me logo ao sentido
Se as penas do tentilhão
Teriam elas caído
Do meu pobre coração
Julguei mal a ave querida
Através do meu pensar
Pensei que a sua vida
Fosse comer e cantar
Eu não tinha reparado
Ali num outro raminho
Estava mesmo a seu lado
A companheira no ninho
A cuidar dos seus filhinhos
Grande espanto foi o meu
Quando lhe vi dar beijinhos
Como a minha mãe me deu
Tanto trabalho e canseira
Teve aquele passarinho
Com a sua companheira
P’ra fazer ali seu ninho
Vamos todos trabalhar
Povo da minha nação
Para podermos cantar
Como aquele tentilhão
(Constantino José Abreu, “o Caipira”)
DIAS A FIO
[ O Pulo do Lobo ]
Dias a fio andou
Por andar chegou
Em chegando viu
E então sorriu
A sorrir pensou
Por pensar agiu
Ao agir falou
“Diz-me andorinha,
Deste voo teu,
Se é dança ou feitiço,
Se me emprestas a vertigem
Dessa queda livre
Do teu voo raso
Desse baile alado
Sim?”
E saltou,
Ao saltar tremeu
A tremer subiu
Por subir desceu
E então caiu,
A cair bateu
Ao bater sentiu,
Ao sentir pensou
“Diz-me andorinha,
Sentes como eu?
O poder da terra
Na torrente, rodopio
Estilhaço o corpo
Num grito calado
Sob um manto de água
Não?”
E voou
Eu vou dançar à tua porta
Vou acordar o teu sorriso
Quando soprar o vento frio
Eu vou deixar-te sem aviso
Vou partir
Eu hei-de ir por entre as nuvens
Bebendo a chuva, cortando o ar
P’ra descer num voo louco
Rasando as fragas
Cheirando a terra
Beijando o mar
E voou,
Por andar chegou
Ao saltar tremeu
Em chegando viu
E então caiu
Ao sorrir pensou
Ao bater sentiu
Ao agir falou
“Diz-me andorinha,
Deste voo teu,
Se é dança ou feitiço,
Se me emprestas a vertigem
Dessa queda livre
Do teu voo raso
Desse baile alado
Sim?”
E caiu
Eu vou dançar à tua porta
Vou acordar o teu sorriso
Quando soprar o vento frio
Eu vou deixar-te sem aviso
Vou partir
Eu hei-de ir por entre as nuvens
Bebendo a chuva, cortando o ar
P’ra descer num voo louco
Rasando as fragas
Cheirando a terra
Beijando o mar
Vou por entre as nuvens
Bebendo a chuva, cortando o ar
P’ra descer num voo louco
Rasando as fragas
Cheirando a terra
Beijando o mar
Letra e música: Manuel Maio
Intérprete: A Presença das Formigas (in CD “Pé de Vento”, A Presença das Formigas/Careto/XMusic, 2014)
QUANDO A PORTA ENCOSTA
[ A Pena de um Elefante ]
Quando a porta encosta e se fecha, o teu nome não vai
Quero um rosto quente e vago, mas o pecado não sai
Espero na noite fria, agora, uns braços sem dono
Fico pela casa toda à espera do teu retorno
Abre o guarda-fato e leva aquelas tuas promessas
Porque pesam sobre o chão dúvidas descobertas
Enchem todo o espaço, sobranceiro e errante
Dormem sobre a cama, como a pena de um elefante
E só espero que me acorde
Num espirro quase ofegante
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
Numa só pegada marcas o teu território
E num céu de lágrimas faço o meu dormitório
Sem pousar a alma na minha almofada
Sinto a lança em África de maneira errada
E só espero que me acorde
Num espirro quase ofegante
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Letra e música: Jorge Roque
Intérprete: Jorge Roque (in CD “Às Vezes”, Vidisco, 2013)
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